Nada melhor para atrair Monkey D. Luffy, do que um banquete suculento contendo das mais variadas carnes e molhos preparados exclusivamente para ele. Essa artimanha maquiavélica elaborada por Margareth (sob os mandos de Boa Hancock), tinha como objetivo fazer o Chapéu de Palha soltar os desejos amorosos reprimidos em seu coração em relação a ela.

A subordinada da imperatriz, sentia-se abalada por engabelar um homem tão amável e singelo. Porém, de forma nenhuma desobedeceria as ordens de sua querida Hebihime-sama, pois além da devoção que detinha pela mesma -isso a impossibilitava que negar qualquer pedido feito por Hancock– uma desobediência poderia motivar a transformação de seu corpo em pedra.

– Então... - ela procurou selecionar as palavras corretas para começar a interrogar Luffy descaradamente, enquanto o observava devorar ferozmente um grande pedaço da coxa de frango em suas mãos. Supôs que o plano de sua ídola pudesse funcionar, visto que o capitão parecia extasiado ao abocanhar os alimentos disseminados a mesa. Não havia remédio melhor para soltar sua língua. - Luffy-san, você já gostou ou gosta de alguém?

Margareth não poderia ser mais direta. Enquanto aguardava a resposta, idealizava exatamente as palavras que soariam como música para seus ouvidos:''Sim, me casarei com a Hebihime-sama''. Sorriu abobalhada ao pensar na feição satisfeita que sua imperatriz exalaria perante a sua futura suposta confissão -ainda não concretizada.

Luffy inclinou vagarosamente a cabeça para o lado, ainda mascando um pedaço de carne. Nem ao menos ponderou acerca do assunto e tampouco lembrou-se de que a loira amigável e generosa na sua frente, era subordinada a Hancock, que coincidentemente detinha sentimentos amorosos por ele.

Não tinha jeito. Luffy era ingênuo por completo. Com um pedaço de carne na mão, ficava ainda mais vulnerável.

– Hmm - cocou a cabeça pensativo, procurando a melhor reposta para Margareth. - Sim!

– QUEM? - a loira berrou exaltada. Sua empolgação era tanta que derrubara o copo de água ao seu lado.

– Tem os meus nakamas... - contou ingenuamente, enquanto empanturrava-se com mais pedaços exorbitantes da carne suculenta. - o Shanks também... a Camie, o Hachan, o Coby...

– Não, Luffy-san, você entendeu errado. - sorriu a loira docilmente, tentando consertar algo que havia proferido anteriormente. - Digo, alguma garota que você detém sentimentos...

– AH, tem a Nami e a Robin. Elas são minhas nakamas! - interrompeu empolgadamente ao lembrar da face de suas companheiras. Tinha a esperança de encontrá-las, pois após do acidente em Sabaody, nunca mais havia visto nenhum delas. - A Makino também! Ela junto com o Shanks cuidavam de mim...

Devorou uma tigela repleta de bolinhos de arroz, passando suas mãos sobre a boca a fim de limpar os resquícios de molho de carne que lá havia. Margareth contemplava-o intrigadamente. Afinal, um homem com uma recompensa considerável não poderia ser tão lerdo ao ponto de obrigá-la a ser mais direta em suas investidas. Parece que nem o banquete suculento -o qual já estava cessando– surtia feito. Desta forma, concluiu que deveria ser ainda mais direta.

– Sim... - sibilou simpática, preparando-se para disparar a pergunta tão direta e descarada que formulava em sua mente. - Mas estou tentando lhe perguntar, se você já gostou de alguém de forma amorosa.

– Amorosa? - indagou confuso. Aquela balela toda realmente o deixava intrigando. Mas comer sua carne era tão mais proveitoso, que não se inquietaria em pensar algo mais abrangente.

– Isso! - o interesse era evidente na face da loira. Sua ânsia em escutar o nome''Hancock''era tanta, que quase estava obrigando-o a dizer o nome dela a contragosto.

– Não.

Margareth inalou todo ar que a circundava. Não sabia que aquele homem destemido poderia ser tão lerdo a esse ponto! Será que todos os homens detinham uma raciocínio lento como o dele? Será que Hebihime-sama terá tanta paciência para lidar com ele? Ou será que ele realmente não gosta de ninguém?

– Luffy-san, nunca alguém despertou sentimentos estranhos em você? Bem, eu não sei como é''gostar de alguém''mas já ouvi falar muito sobre isso! Certa vez, li em um livro que nossas pernas tremelicam, nosso coração bate acelerado e nos sentimos feliz ao lado da pessoa amada...

– AH sim... - o capitão tentava compreender a informação dada. Mastigar e compreender eram ações que exigiam muito esforço de sua parte. - Bem... - tentou se lembrar da última vez que se sentiu dessa forma, evocando suas aventuras e emoções. - Eu me sinto assim toda vez que como carne.

Seus olhos formaram-se sem dois corações, equiparadamente aos de Sanji, enquanto mirava a grande coxa de frango em suas mãos. Ao presenciar essa cena, Margareth respirou profundamente supondo que não estava sendo clara o suficiente. Domar alguma criatura feroz na floresta da Amazon Lily, era mais fácil do que arrancar alguma informação de Monkey D. Luffy. Talvez ele fosse lerdo demais ou extremamente inteligente!''Homens são confusos'', concluiu.

– Luffy-san, esses efeitos que a carne provoca no seu corpo, você nunca sentiu com uma pessoa? Pernas tremelicantes, coração acelerado... nunca sentiu isso ao lado de alguém? Nem em uma de suas aventuras? - a loira inebriava-se apenas de imaginar sua Hebihime-sama rendida no calor dos bracos do Chapéu de Palha, na aventura em Impel Down.

– Agora eu entendi! - concluiu orgulhoso de si mesmo. - Eu já fiquei assim em um lugar. Fui muito perseguido quando cheguei neste, mas acho que hoje já está tudo bem... - o aspecto de menino inocente, o impossibilitava de constatar a maliciosidade nos olhos de Margareth. - Esse lugar é comando por uma mulher muito bonita! - um sorriso formou-se em seus lábios, pondo-se a mastigar estridentemente a carne com que se empanturrava.

''Mulher muito bonita.''

''Comanda um país.''

Essa pessoa só poderia ser...NÃO!Era bom demais para ser real!

Era sua Hebihime-sama!Não tinha dúvidas!

Margareth exibiu um sorriso que mal cabia em seu rosto. A face da loira ficava ruborizava ao imaginar um beijo apaixonado e repleto de lascívia executado por eles. Diante a essa revelação, a felicidade imperava no seu ser. Doía-lhe a alma de prazer ao imaginar que quando essa notícia chegasse aos ouvidos perfeitos de sua Hebihime-sama, ela seria beneficiada com aquele olhar impetuoso e magnífico! Primeiramente, Hancock exalaria aquele sorriso inebriante que faziam todas as guerreiras da Amazon Lily se encantar. Depois, ela seria a mulher mais amada do mundo por um dos piratas mais perigosos da Grand Line!

Eles eram perfeitos juntos!

– Verdade, Luffy-san? - seus olhos cintilavam equiparadamente a duas estrelas no céu escuro.

– Yosh! - respondeu animadamente, distribuindo carícias sobre sua barriga volumosa pelo excesso de carne. - Ela era uma princesa. - confessou de forma aleatória, despertando ainda mais o interesse de Margareth.

– Princesa? ou Imperatriz?

– Tanto faz. Tudo é a mesma coisa. - ressaltou desinteressado.

Decerto, tudo era mesma coisa! Na concepção da loira, Luffy era tão devagar que poderia confundir ambos os títulos facilmente. Para ser clara, o que separava uma princesa de uma imperatriz? As posições até que eram parecidas.

– Conte mais sobre ela, Luffy-san!

– Hmm, ela me ensinou muitas coisas! - empolgado feito uma criança, lembrava-se dos sucessivos momentos que lhe transmitiam felicidade. - Ela era generosa...

''Generosa? Claro que é a Hebihime-sama!''

– Ela tinha um animal engraçado que vivia perto dela...

''Animal engraçado? Só pode ser a Salome.''

– Ela cuidou de mim...

''Cuidar é igual a amar, então só pode ser a Hebihime-sama!''

– Luffy-san... OBRIGADA! - Margareth interrompeu os relatos de Luffy acerca da garota que conversavam. Contava os minutos para transmitir esses fatos esclarecedores para sua Hebihime-sama.

Momentaneamente supôs que essa artimanha de atrair o capitão não fora tão necessária, visto que era impossível algum homem não se apaixonar pela beleza devastadora de sua imperatriz. No mínimo, os sentimentos reprimidos foram soltos e Hancock finalmente se entregaria ao furacão que é o amor. Era evidente que Luffy estava fingindo-se de desinteressado o tempo todo!''Esses homens realmente são espertos!''Margareth pensava empolgada.

Retirou-se desesperadamente da sala de jantar, deixando Luffy sem compreender absolutamente nada. Outrora o capitão perguntaria o motivo de todo aquele alvoroço de se ausentar repentinamente da mesa de jantar. Porém, estava tão satisfeito e empanturrado de comida, que apenas desejava descansar por alguns minutos.

Retirou o chapéu de palha de seu cabelo. Encarando-o por alguns instantes.

Poderia jurar para si mesmo que havia visto um fio de cabelo azul preso em uma de suas dobras. Levou o objeto próximo a suas narinas, inalando o aroma que este detinha.

Aquele perfume... ele conhecia bem. Era o perfume dela.

– Vivi. - disse finalmente, com o olhar fixado no chapéu.

Era ela o tempo todo. Ela era a princesa que fazia suas pernas tremelicarem.

Pobre Margareth.