A janela escrita por Stephanie Orsina


Capítulo 2
Capítulo 2 - Os segredos do coração


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, este é o último cap, então se gostaram comentem, posteriormente vou escrever mais shorts, mas por enquanto é isso.

Beijoss



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No dia seguinte, meia hora antes do horário marcado, eu estava devidamente pronta, com meu melhor vestido, que consistia em um vestido simples e reto sem mangas, mas que cobria o ombro, sandálias brancas, o colar de perolas da minha mãe, e um formoso chapéu cor de pérola da minha mãe, meu cabelo estava trançado para o lado, e eu esperava ansiosa enfrente a porta enquanto Cato ia chamar Bah.

_Você tem certeza disso menina? _ Bah perguntou nervosa, se posicionando logo atrás de mim.

_Sim eu tenho! Apenas não pare, não importa o quanto eu grite!_ Falei sentindo o pânico tomar conta de mim a cada segundo.

_Pronta? _ Prim perguntou ao meu lado.

_ Não! _ Sussurrei agarrando minha bolça de mão o mais forte possível.

_Katniss nós temos horário e você também! _ Cato reclamou ao meu lado.

_Olha não é simples esta bem? _ Falei nervosa, sentindo o tão famoso frio tomar conta do meu estomago.

_Katniss! _Prim me apressou do meu outro lado.

_Certo! _ Falei decidida, e no segundo seguinte, quando Prim se mexeu o medo tomou conta do meu ser novamente. _ Espera, espera! _ Falei erguendo as duas mãos para afastar Prim.

_Katniss, está tudo bem, não tem nada lá fora e qualquer coisa você esta com o meu celular, e com Grace também ok? _ Prim me encorajou sem paciência.

_Tudo bem! _ Falei acariciando discreto relógio em meu pulso, me coloquei em frente à porta aberta, e encarei o portão branco a minha frente. _ Podem começar.

No instante em que senti as mãos de Bah, empurrando-me em direção a porta, meu corpo inteiro foi tomado por desespero, eu me debatia e gritava, enquanto minhas mãos cravavam nos braços e ombros de Bah, impedindo meu corpo de ultrapassar a porta.

_Por favor Bah, me ajuda! _ Implorei, sentindo as lágrimas invadirem meus olhos e o medo tomar conta do meu corpo.

Senti quando Cato puxou minhas pernas para além da porta e dediquei-me a chutá-lo diversas vezes, enquanto Bah e Prim se dedicavam a soltar minhas mãos dos braços de Bah, senti minhas mãos escorregarem, e chutei Cato a tempo de me agarrar ao batente da porta, e colocar uma perna de volta ao seguro espaço da casa.

_Katniss para!_ Cato gritou, enquanto me puxava em direção à varanda de nossa casa.

_Menina por favor! _ Bah implorava ao mesmo tempo em que tentava soltar meus dedos do batente da porta, ao passo em que eu me segurava a eles como se fosse minha vida, por que se eu o soltasse eu sabia que iria morrer.

_Bah por que você esta fazendo isso? Me solta! _ Eu implorava chorando entre berros e pedidos de ajuda.

_Menina foi você quem pediu! _ Bah argumentava ao mesmo tempo em que suas mãos escorregadias tentavam inutilmente soltar meus dedos.

Eu sabia o quanto Bah me amava, e o quanto aquilo doía mais nela do que em mim, e era por isso que eu implorava a ela, por que ela seria a única que sedaria as minhas chantagens.

_Por favor Bah, para, por favor! Eu não quero mais! _ Implorei ao mesmo tempo em que cravava minhas unhas bem feitas em Prim, que se afastou enraivecida.

_Agora chega! _ Prim gritou irritada, indo em minha direção. _ Cato as pernas! _ Prim falou, ao mesmo tempo em que desvencilhava uma de minhas mãos e a mantinha longe do batente da porta. _ Bah pega essa e não deixa ela se soltar! _ Prim mandou irritada, para logo depois de dedicar a desprender a outra mão.

Eu gritava e implorava, ao mesmo tempo em que tentava inutilmente chutar Cato que permanecia abraçado as minhas pernas, quando para o meu desespero Prim conseguiu soltar meus dedos do batente da porta, pus-me a gritar e a me mexer desesperadamente na tentativa de fazê-los cair enquanto eles me carregavam para o quintal.

Na rua senti o ar morno do verão bater em meu rosto, e quando finalmente me largaram no chão, senti a grama macia acariciar a ponta dos meus dedos, eu ainda estava com medo, á todo momento meu coração dizia que eu poderia ser assassinada a qualquer segundo, ao passo que eu não via ninguém, e nem avia acontecido nado comigo, então meu medo era sem fundamento.

Tirei as sandálias, e deixei que meus pés a absorvessem a sensação gostosa da grama sobre meus pés, que eu não sentia dês de que tinha seis anos, apreciei o vento sobe meu rosto, secando o suor contido nele e tirei o chapéu para absorver o calor do Sol pleno em meu corpo.

_Você esta atrasada e nós também! _ Prim falou seguindo em minha direção. _ Pegue a bolça coloque os sapatos, Cato vai com você até lá, depois você pode chamar um taxi para voltar, ou pedir que alguém te acompanhe! Não volte sozinha! _Prim ordenou preocupada.

Assenti com a cabeça e sorri vitoriosa para ela.

_Arrume seu cabelo e estique o vestido! _ Prim ordenou, ao mesmo tempo em que ela mesmo fazia os ajustes indicados.

Calcei meus sapatos, coloquei o chapéu de mamãe e caminhei até o pequeno portão onde Prim, Cato e uma multidão de curiosos apavorados me esperava.

_Tenha cuidado! _ Bah gritou da varanda.

Sorri e acenei em resposta, para logo depois fechar o protão e seguir com Cato ao lado contrario de Prim.

_Você me arranhou toda! _ Cato choramingou, enquanto caminhávamos na rua populosa.

Era tão bom estar ao lado do meu irmão, caminhando em qualquer lugar que não fosse cercado por paredes, ao mesmo tempo em que o pânico dominava metade do minha alma. A balança da serenidade tornava todo o novo muito mais glorioso, tornando meu medo muito mais fácil de ser controlado.

_Sinto muito por isso! _ Me desculpei ao mesmo tempo em que observava cautelosa cada pessoa que passava por nós.

_Tudo bem! Vou dizer que dormi com uma menina selvagem, para os caras do time! _ Cato justificou sorrindo.

_Isso é uma mentira! _ O repreendi sorrindo, observando as modificações que minha rua havia sofrido o tempo que eu havia deixado de andar por ela.

_É isso, ou dizer que tive que arrastar minha irmã que não sai a nove anos de dentro de casa, para a rua por que ela tem Agorafobia e queria ir a uma reunião do chá. _ Cato justificou sorrindo.

_Tudo bem! Eu perdoo você desta vez! _ Respondi sorrindo, analisando o homem de calça caqui e camisa xadrez que se aproximava de nós.

_Não encare tanto as pessoas Katniss, eles vão achar que você esta louca! _ Cato pediu baixinho, quando o homem passou por nós me olhando estranho.

_Sinto muito, mas não posso deixar de pensar que toda pessoa que se aproxima de nós pode ser um assassino! _ Respondi nervosa.

_Apenas se acalme ok? Nada vai acontecer, aquele cara já foi preso! _ Cato falou me abraçando carinhosamente.

_Certo! _ Afirmei, sem ter certeza realmente das palavras do meu irmão.

_Então você e Peeta em! _Cato falou, quando dobramos a rua à direita, deixando um braço preguiçosamente sobre meu ombro.

_Nós somos apenas amigos Cato Everdenn! _ Falei seria, sentindo minhas bochechas corarem por sua insinuação.

_Certo, mas você gosta dele? _ Cato perguntou curioso, seu olhos sondando os meus de cima para baixo.

_Não sei, Peeta é o primeiro menino que eu tenho um contato descente! _ Exclamei, observando as casas que passavam por nós.

_Ele gosta de você! _ Cato cantarolou sorrindo.

_Ele falou alguma coisa? _ Perguntei ansiosa, observando o face de sabichão do meu irmão, que era pelo menos cindo centímetros mais alto que eu.

_Não ele não falou nada! _ Cato esclareceu olhando para frente. _Mas dá para perceber sabe! Peeta odeia chá! _ Cato respondeu sorrindo.

_E por que você não falou nada? Eu poderia ter servido outra coisa! _ Perguntei exaltada, me sentindo culpada por fazer Peeta tomar algo que não gostava, apenas por pura educação.

_Não cabia a eu fazer isto! _ Cato respondeu dobrando novamente para a direita.

Eu devia estar prestando atenção no caminho, apenas por precaução, mas a verdade é que eu estava tão fascinada com o mundo novo que eu estava redescobrindo, e com a ideia de Peeta estar gostando de mim, que o caminho parecia algo insignificante para mim, já que eu voltaria de taxi, ou com Peeta me acompanhando.

_Não fique nervosa! _ Cato falou quando me viu verificando meu relógio pela milésima vez durante o caminho. _ Chegar atrasada é um charme!

_É uma falta de respeito! _ O corrigi, tentando desamassar as pregas do meu vestido.

_Chegamos!_ Cato anunciou parando em frente a um portão branco. _Katniss Everdenn, veio para o Chá dos Mellarck! _ Cato anunciou para o porteiro ao lado do portão branco.

_Ele mora aqui? _ Perguntei extasiada, diante das esplendorosas casas que se estendiam a minha frente.

_De me seu convite! _ Cato pediu, e eu me apressei a tirar meu convite da bolça, que Cato estendeu ao porteiro, que o leu, e abriu o portão ao lado do grande portão de ferro a minha frente.

_Sim, a casa do Peeta é aquela branca lá no fundo! _ Cato falou apontando, para a maior casa do condomínio, uma casa tão moderna que fazia minha casa parecer uma casa de caipiras. _ Tome cuidado. _ Cato falou depositando um beijo em meu rosto.

_Vou tomar! _ Respondi sorrindo atravessando o pequeno portão a minha frente.

Agradeci o porteiro, que me respondeu com um sorriso me entregando meu convite, e caminhei apressadamente até a última casa da rua, parei em enfrente a glamorosa porta branca com um letreiro pomposo escrita “Mellarck’s” em dourando na porta, e apertei a campainha.

Um segundo depois um homem de terno vermelho e gravata borboleta preta abriu a porta para mim, ele sorriu e pediu meu convite, que o entreguei na mesma hora.

_Srta. Everdenn seja bem vinda, a festa e nos fundos! _ O homem, cujo nome no crachá dizia Gale falou sorrindo para mim.

_Por favor, só Katniss! Se não se importa eu gostaria de ficar com o convite! _ Falei indicando o papel em sua mão.

_Sem problemas Srta.!_ Gale falou, pomposamente entregando o cartão para mim.

Olhei irritada, e ele sorriu sedutoramente.

_Katniss! _ Ele se corrigiu e sorri amigavelmente em troca, sentindo minhas bochechas corarem.

Caminhei devagar observando o cômodo que se estendia a minha volta, ao mesmo tempo em que sentia o olhar de Gale queimar minhas costas. Ignorei o fato de que tinha alguém me olhando, e permiti me deslumbrar com o glamour de uma casa moderna, havia estatuas estranhos e quadros coloridos espalhados por toda a sala branca, porém o que chamava mais atenção não eram os quadros, nem as estatuas, mas sim as almofadas douradas, sobre o estofado branco como o leite, acariciei uma delas discretamente, e me surpreendi ao perceber que seu tecido era de seda.

_Gostou?_ Uma voz feminina sou atrás de mim me fazendo pular para trás.

_São muito bonitas! _ Respondi sorrindo encabulada.

_E muito raras também, é seda egípcia! _ A mulher falou sorrindo, acariciando a almofada que há pouco tempo eu havia tocado.

Ela era alta e muito bonita, seu cabelo tão loiro quanto uma flor de Girassol estavam presos em um coque elaborado, seus olhos eram verdes e expressivos, seu vestido era apertado em seu corpo, e era de um azul tão profundo que me fazia lembrar o oceano em seu esplendor. De varias formas ela me lembrava á Madona no final de sua carreira, uma mulher batalhadora e deslumbrante.

_Realmente são deslumbrantes! _ Falei sorrindo educadamente, sentindo a magnitude sua elegância se sobre por a mim.

_Sou Effie Mellarck! Não lembro de conhecer você! _ A mulher, cuja agora eu havia percebido ser mãe de Peeta falou esticando a mão para mim.

_Katniss Everdenn! _ Respondi sorrindo, apertando sua mão.

_Katniss, é uma prazer conhece-la! _Effie respondeu sorrindo, apertando minha mão de uma forma um tanto exagerada. _ Venha comigo querida, Peeta esta lá no fundo! Quero lhe apresentar o Sr. Maellarck.

Ela nem se deu ao trabalho de soltar a minha mão, da mesma forma como ela a havia pegado, ela girou sua mão e colocou-se ao meu lado, abraçando meu braço de forma sutil, porém forte o bastante para me manter ao lado dela.

_Peeta vai ficar tão feliz em lhe ver! _ Effie falou, sorrindo, parando na porta de acesso ao quintal, onde uma luxuosa reunião se estendia a minha frente.

Mulheres com vestidos finos e chapéus esplendorosos, desfilavam entre mesas francesas com toalhas brancas, havia garçons vestidos de vermelho por todos os lados, desfilando estre homens e mulheres que riam e sorriam ao acaso, era como em uma cena dos livros de Jane Austen.

Procurei ansiosa por Peeta, e rapidamente localizei seus cabelos loiros reluzentes a luz do Sol, no canto mais afastado da festa, ele sorria e conversava com uma mulher loira esbelta em uma vestido vermelho tão absurdamente colado ao seu corpo, que já havia ultrapassados todos os níveis de vulgaridade, a loira sorria e apoiava suas mãos delicadas com as unhas perfeitamente pintadas do mesmo vermelho vibrante em seu peito, enquanto Peeta sorria e correspondia sua caricia pousando suas mãos delicadamente em seu quadril, estava prestes a me virar e correr pela porta, para longe de tudo aquilo, quando a loira insinuante debruçou-se sobre Peeta e lhe beijos os lábios delicadamente, de uma forma infantil e imperceptível, tão imperceptível que talvez apenas eu tenha visto. Soltei o braço de Effie e virei-me apressadamente para ir embora, antes que Peeta percebesse minha presença, mas falhei miseravelmente quando meu corpo chocou-se com um corpo, ouvi o sonoro som de bandeja e xicaras caindo e quebrando-se no chão, e senti braços fortes envolvendo meu corpo, instintivamente apoiei minha mãos no peito a minha frente, inspirando o perfume forte masculino, encolhendo-me discretamente, uma reação involuntária a bagunça que havia feito.

_Katniss você esta bem? _ Ouvi a sonora voz de Gale, o garçom que havia aberto a porta para mim, e afastei-me levemente para poder ver seu rosto preocupado.

_Sim, eu... _ Senti as lágrimas se formarem em meus olhos, e procurei algum tipo de consolo nos olhos cor de chocolate que olhavam preocupados para mim.

_Katniss! _ A voz de Peeta em meus ouvidos logo atrás de mim.

_Eu preciso ir, obrigada Gale! _ Sussurrei baixinho, me desvencilhando de seus braços e correndo em direção a porta.

_Katniss! _ Ouvi a voz de Peeta me chamar outra vez e virei à maçaneta da porta de saída a minha frente.

Virei-me para me permitir olhar uma ultima vez para Peeta que caminhava apressado em minha direção, desviando das pessoas que impediam sua passagem, senti uma lágrima criminosa correr por sobre minha face, e me pus a correr antes que suas palavras pudessem ferir ainda mais meus sentimentos.

Corri descoordenadamente através da rua branca e plana que se estendia a minha frente, sem me preocupar com a provável possibilidade de cair, quando finalmente cheguei ao portão do condomínio, Peeta corria em minha direção, passei direto pelo porteiro, e abri o portão, me livrando de meus sapatos assim que o cruzei, meu pus a correr na direção que havia vindo, sem me dar ao trabalho de olhar a paisagem ao meu redor, eu podia ouvir os passos e gritos de Peeta atrás de mim, e dobrei a primeira rua que cruzou meu caminho, o pânico tomou conta do meu coração, quando olhei e vi que as casas não haviam sido as mesmas que eu havia cruzado na vinda, tateei desesperadamente meu pulso, enquanto corria em disparada, e acionei o botão lateral do relógio, logo a voz monótona e irreconhecível de Grace soou do pequeno objeto.

_Identifique-se! _ Grace ordenou com sua voz graciosa.

_Katniss Everdenn! _ Gritei ofegante.

_Reconhecimento de voz positiva, Katniss Everdenn, no que posso ajuda-la? _ A voz monótona de Grace perguntou.

_Estou perdida! _ Gritei desesperada, sentindo minhas pernas fraquejarem.

_Qual seu destino, Katniss? _ Grace perguntou.

_Casa! _ Gritei eufórica, sentindo o pânico dominar meu corpo novamente.

A voz monótona e sem emoção de Grace estava apenas contribuindo mais para tornar toda a situação ainda mais desesperadora.

_Traçando rota para casa! _ Esperei alguns segundos enquanto Grace processava suas informações, e me permiti olhar para trás, e ver Peeta a cem metros de distancia de mim. _ Dobre a direita na próxima rua! _ Ouvi a voz de Grace soar em meu pulso, e acelerei o ritmo, obrigando minhas pernas a se mexerem.

Dobrei a rua indicada e rapidamente localizei minha casa mais a frente, eu podia sentir Peeta em meus calcanhares, quando finalmente cheguei ao portão, abri-o sem rodeios e me apressei em subir os degraus da varanda.

_Katniss espera! _ Peeta gritou, e virei-me para velo irromper meu portão.

_Save me Grace! _ Gritei entrando em casa e rapidamente as portas e janelas foram bloqueadas com imensas placas se metais.

Luzes vermelhas e sirenes ecoavam por toda a casa, logo ouvi a voz de Grace anunciando passo a passo os procedimentos de segurança serem executados e tampei meus ouvidos, agachando-me atrás do sofá, implorando para que aquele dia horrível apenas acabasse logo.

Despois de alguns instantes senti as mãos grandes e doces de Bah acariciando meus cabelos e eu sabia que estava protegida e segura de novo, mais a dor a dor que eu havia sentindo quando vi Peeta nos braços de outra ainda rasgava meu peito e dilacerava meu coração, eu só queria estar protegida e longe dele, pensei que assim que estivesse em casa segura, longe dos olhos azuis e encantadores de Peeta, mas a verdade é que assim que entrei em casa, e ativei nosso dispositivo de segurança inteligente, impossibilitando Peeta de entrar em minha casa e qualquer outro de sair, a dor em meu peito apenas se fez crescer cada vez mais.

Como se a natureza estivesse ligado aos meus sentimentos, os dias seguintes foram seguidos de uma chuva incessante, com negras nuvens cobrindo todo o céu de Nova Orleans, expondo a tristeza e escuridão em meu peito. Eu havia passado os dias trancada dentro da biblioteca sentada sobre a janela com uma xicara de chá na mão, saindo apenas para dormir, esperando que de alguma forma o tempo voltasse, e eu nunca tivesse conhecido Peeta, mas isso não aconteceu, e a dor no meu peito só se fez aumentar conforme o chá em minhas mãos esfriava.

_Katniss! _ A voz de Bah soou abaixo de mim na biblioteca.

_Não quero comer Bah! _ Sussurrei baixinho, sem me dar ao trabalho de levantar, olhando apenas as gotas de chuva que escorriam no vidro da janela.

_Você tem visita! _ Bah sussurrou temerosa.

Encolhi-me mais em meu refugio, agoniada com a ideia de que a minha visita, seja apenas o meu analista novamente, tentando a todo custo me arrastar da minha bolha segura de depressão.

_Não quero ver o Dr. Snow Bah! _Gritei em resposta em vão, ouvindo os passos pesados sorem nos degraus de madeira da escada.

_Não é o Dr. Snow! _ A voz grossa e irreconhecível de Peeta soou em meus ouvidos, e me obriguei a desviar meu olhar preguiçosamente para a figura parada no topo da escada.

Sua visão era tão surpreendentemente irreal, com seus cabelos loiros encharcados pingando sobre o chão de madeira, caindo como uma coroa em sua testa, sua camisa e calças coladas em seu corpo musculoso deixando uma poça de agua onde havia parado, e seus olhos brilhantes e profundos, de um azul extremamente cinza, destacados por seus cílios molhados longos e grossos, que por um segundo, eu pensei que tivesse apenas imaginando sua presença ali, mas estão ele caminhou em minha direção, deixando seu rastro molhado no assoalho encerado, sentando-se a minha frente na janela.

_É você! _ Falei sem sentimento, perdida entre minha emoção por velo e minha dor adquirida na ultima vez que o vi.

_É sou eu! _ Peeta respondeu amuado, e me limitei a olhar para a janela novamente.

_O que quer? _ Perguntei observando os galhos de a macieira curvarem diante da força do vento.

Peeta mexeu-se desconfortável mente em seu lugar, trocando sua perna de lugar, de forma que ficasse de frente para min e não para os livros a nossa volta.

_Katniss, eu não... _Peeta começou a tentar se explicar, torcendo suas mãos nervosamente.

Eu sábia que ele sequer entendia o tamanho do estrago que havia dentro de mim, e isso se devia ao fato de que ele conhecia muito pouco da minha história.

_Posso te contar uma história? _ Perguntei dando um grande gole no meu chá frio.

_Claro! _ Peeta respondeu aliviado.

Coloquei a xicara sobre o espaço entre mim Peeta, e me virei para olhei fundo dentro de seus olhos.

_Havia uma menininha... _ Comecei a narrar de forma monótona e sem sentimentos, olhando dentro de seus olhos confusos.

“Há muito tempo atrás que adorava brincar no parque alado da sua casa, ela passava horas brincando com seu irmão mais velho, enquanto sua mãe sentava-se abaixo da macieira, sobre a sombra e os observava com sua irmã ainda bebe. Os pais dessa menina não eram ricos, mas eram felizes, tinham uma boa casa, numa ótima vizinhança, mas o pai dela queria mais, muito mais do que eles tinham, ele começou a passar mais tempo trabalhando, todos os fins de semana ele trabalhava, e a mãe da menina levava ela e seus irmãos no parque ao lado. Um dia o pai dela conseguiu criar um sistema de segurança inteligente, que travava portas e janelas apenas com o reconhecimento de voz, e dentre muitas peculiaridades, o sistema escanava e isolava os meliantes, largando diretamente a policia mais próxima imediatamente apos o reconhecimento através do escaneamento fácil, buscando os dados na polia local, estadual e no FBI, ele estava feliz por que seu projeto renderia milhões parasua família, mas havia pessoas que e sentiam ameaçadas por sua criação, e assim surgiram as a ameaças, os telefonemas, e as lágrimas, mas isso não parecia importar para o seu pai, até que em um fim de semana, a menina e a mãe foram passear no parque, como faziam todo o fim de semana, seu irmão mais velho estava no quarto pegando sua bola de beisebol, sua irmãzinha estava no colo da nova baba e ela estava feliz por que fazia muito tempo que elas não ficavam assim juntas, de mãos dadas, uma com a outra, mas quando saíram pela porta...”.

Parei para secar as lágrimas dolorosas que escorriam por meu rosto, e limpei o nariz com as contas da mão sem me importar com a boa educação, desviando por um instante do olhar hipnotizado de Peeta. Eu já não conseguia mais manter o tom monótono, de forma que agora não era apenas uma história, mas sim a minha historia, e toda a dor que eu havia sofrido se projetava através de minhas palavras. 4

_Foi quando ela viu... !_ Continuei olhando novamente para seus olhos piedosos, segurando firmemente meus pés junto as minhas cochas.

“Ele parecia ser um jardineiro comum do governo, com roupas brancas e um sorriso encantador no rosto, estava podando os arbustos em frente do portão, então ele sorriu e puxou uma arma de dentro de seu macacão branco e tudo se tornou vermelho e sombrio, sua mãe caiu descordada no chão, havia sangue e massa cerebral por todos os lados, inclusive no vestido branco que a menina usava.”

_Depois disso, mesmo que ela quisesse a menina não conseguia mais sair de casa, não importava o quanto ela tentasse, não importava o quanto a arrastassem, toda vez que seu pé fosse erguido em direção à porta, uma onda de pânico tomava conta de seu ser a ponto de tentar matar qualquer um que a forçasse a sair. _ Terminei fitando as joaninhas em minhas meias, sem coragem de olhar os olhos piedosos de Peeta.

_Quantos nos você tinha? _ Peeta perguntou, sua voz beirando ao choro.

_Seis! _ Respondi espantada olhando seu rosto distorcido em uma face de dor e complacência. _ Cato tinha oito e Prim um ano.

_Mas você foi à reunião! _ Ele completou confuso, levando à mão a testa.

_Eles me arrastaram! _ Respondi fungando. _ Eu pedi para que não parassem até que eu estivesse do lado de fora da casa.

_Por quê? _ Peeta perguntou confuso.

_Por que eu queria ser normal para você, eu... eu... _ limpei as lágrimas que escorriam por meu rosto, com seus olhos brilhando repletos de agua. _ Eu odeio ser assim Peeta! _ Desabafei pulando de onde estava sentada. _Odeio ficar em casa, observando as pessoas pela janela! _ Gritei secando as lágrimas que insistiam em correr. _ A primeira vez que eu vi você fazia dois anos que minha mãe havia morrido, até então eu nem havia tentado sair de casa depois da primeira tentativa, não por vontade própria, e eu pensei comigo que o dia que alguém sentasse debaixo da macieira como minha mãe fazia, eu ia sair para falar com ela, durante dois anos ninguém se sentou ali, não que eu tenha visto, e então você veio, e sentou-se lá embaixo, e eu corri até a porta e tentei a todo custo sair, até pedi para Cato me ajudar, mas eu simplesmente não consegui! _ Expliquei andando de um lado para o outro do cômodo. _ Todo dia eu via você, e imaginava tudo sobre você, e aos poucos eu me apaixonei por você. _ Confessei me sentando novamente.

_Por que eu? _ Peeta perguntou confuso. _ A tantas pessoas na rua, por que eu?

_Por que você era diferente, às vezes você corria, às vezes brincava com os meninos menores, e às vezes apenas lia ou desenhava em seu caderno, por que entre todos você parecia ser o melhor. _ tentei explicar, mas parecia confuso até mesmo para mim.

_Eu não entendo! _ Peeta repetiu, virando seu olhar para a janela embaçada.

_Quando eu comecei com isso, era apenas um motivo para eu tomar coragem, mas depois, com o tempo eu aprendi a conhecer você de longe, eu sei que parece perseguição, mas não era no começo era apenas um menino, mas depois virou uma forma de conhecer aquele mundo que minhas limitações não me permitiam conhecer. Claro que eu tinha outras atividades, eu estudava e fazia balé, e tentava absorver o máximo que podia do lado de fora, mas com você, era como se através da sua imagem eu sentisse tudo aquilo que você sentia, quando dei por mim, eu estava pensando em uma forma de poder falar com você! _ Expliquei sentindo as lágrimas sessarem pouco a pouco.

_Então eu entrei por sua porta! _ Ele concluiu sorrindo.

_Exato!_ respondi com um sorriso fraco. _ E todo um mundo novo veio junto com você, com ideias e sentimentos, por um segundo a ideia de te conhecer não parecia ser apenas uma história em minha cabeça, mas sim a realidade! _expliquei cansada.

_Eu sinto muito! _ Peeta sussurrou baixinho, olhando para seus pés. _ Minha intensão nunca foi machucar você, quando eu entrei aqui, era apenas uma curiosidade, Cato sempre falou de você, de como você era solitária, mas eu nunca havia perguntado o porquê._ Ele explicou, levantando seus olhos cinza para poder olhar nos meus, olhos repletos de remorso. _mas parece que tudo começou errado, porque quando a conheci havia aquele ferimento enorme no seu pé, então eu me desesperei, mas fiquei feliz poder estar com você, de alguma forma você havia me cativado com seu jeito doce e sincero de ser. _ Peeta explicou sorrindo. _ Tanto que deixei de buscar minha irmã no aeroporto para poder estar com você!

Senti meu coração bater dolorosamente, e repreendi a esperança que crescia em meu peito, ao ponto de guarda-la novamente dentro da gaveta de onde ela não deveria ter saído.

_Mas quando você contou tudo aquilo! _ Peeta falou confuso, cruzando suas mãos com tanta força, que os nós dos seus estavam brancos.

_Eu assustei você! _conclui num fio de voz, sem coragem de olha-lo nos olhos.

_Sim, você assustou! _ ele falou relaxando as mãos. _ Mas não foi ruim, eu só não estava preparado para o fato de que talvez você sentisse o mesmo que eu! _Peeta falou olhando entre seus cilho loiros para mim, suas bochechas adquirindo aquele tom de vermelho que eu tanto amava.

_Você...? _ tentei formar as palavras, mas elas simplesmente não saiam dos meus lábios.

Meu coração batia tão forte, que eu tinha certeza de que ele podia ouvi-lo.

_Kath apenas me deixe falar ok? _ Peeta pediu, envergonhado, olhando diretamente em meus olhos. _ Aquele dia, eu simplesmente não estava preparado para tudo aquilo, então eu pedi para mim mãe lhe enviar o convite, eu queria concertar as coisas! _Peeta explicou com um sorriso nervoso, passando o mão no cabelo molhado, o arepiado de forma arrumada. _ Mas quando eu ouvi a bandeja caindo, qunado eu vi você, eu soube que tudo tinha ido por agua abaixo! _ Peeta e falou olhando pra mim, implorando que eu entendesse suas palavras confusas.

_A loira! _ Sussurrei baixinho, sentindo a dor de cada letra marcar meu coração com a imagem da mulher debruçada sobre seu peito, suas mãos sujas sobre seu ombro, seus lábios vulgares beijando os seus.

_Minha irmã! _ Peeta esclareceu, num suspiro.

_Eu vi você beijar ela! _ O acusei quase num sussurro, deixando claro que suas desculpas e mentiras não iam apagar as imagens de minha mente.

_Eu sei que parasse loucura, mas apenas ouça depois eu vou embora, mas apenas me de a chance de explicar! _ Peeta implorou, agarrando minhas mãos, me deixando sentir seu toque quente e molhado.

Olhei sem saber o que dizer, eu queria saber, meu coração implorava por uma misera fagulha de esperança, enquanto minha mente apenas dizia para ficar longe, olhei para sues olhos cinzentos, e as lágrimas simplesmente começaram a fluir de meus olhos, eu não entendia por que tudo aquilo era tão difícil, o amor devia ser fácil e bonito, mas ele insistia em se mostrar frio e doloroso para mim.

_Katniss, por favor! _ Peeta implorou limpando as lágrimas do meu rosto com se polegar, aproveitando a oportunidade para acariciar meu rosto molhado._ Glimmer é assim, ela foi criada na França, para ela um beijo daqueles é apenas a simples demonstração de amor entre irmãos, por favor, não é nada mais que isso! _ Peeta explicou sua voz, repleta de suplicas escondidas.

_Desculpe! Eu só... _ Respondi soltando minhas mãos da sua, para depois afastar sua mão do meu rosto, e secar eu mesma minhas próprias lágrimas. _ Eu só quero ficar sozinha! _ Falei olhando firmemente eu seus olhos.

Eu queria aceitar, queria dizer aquilo que eu evitava todas as formas, mas era impossível, sua mentira era impossível, seria um pecado tratar uma irmã, não importa o quanto você a ame, ninguém trataria alguém assim, como ele podia achar que eu seria ingênua o suficiente para acreditar naquilo.

_Tudo bem! _ Peeta sussurrou levantando-se, e olhando para mim uma ultima vez, com seus olhos tristes e cinzentos, antes de sumir pelas escadas, e pouco depois bater a porta das escadas.

Antes que pudesse perceber as lágrimas comeram a correr em meus olhos, mas sim como a chuva continuava a cair na rua, e a dor me tomou como uma grande onde que me arrastava cada vez mais para o fundo em meu desespero.

_Kath! _ Ouvi a voz doce de Prim soar e meus ouvidos, e abri os olhos para a claridade intensa que atingia meus olhos.

Demorou um tempo para eu entender que ainda estava na biblioteca, e que a claridade que feria meus olhos, era apenas o Sol brilhando através da janela.

_Prim? - sussurrei confusa, sentindo meu corpo protestar em dor, enquanto me espreguiçava.

_Sim! _ Prim sussurrou sorrindo._ Vamos caminhar? _ Prim perguntou alegremente.

Senti meu coração bater mais rápido com a ideia de me aventurar novamente na imensidão da minha rua, e aos poucos a dor e o medo foram tomando conta de mim.

_Prim eu ... _ Sussurrei baixinho, procurando as palavras certas para não feri-la.

_Vamos Kath! _ Prim implorou seus olhos verdes brilhando em alegria e tristeza por mim._ Eu esperei tanto tempo para poder sair com você! _ Ela insistiu, puxando meu braço delicadamente.

_Tudo bem! _ Desisti certa de que não deixaria mais o medo tomar conta da minha vida.

Demorei mais que o necessário no banho para me arrumar, queria ter certeza de que quando botasse meu pé para fora, e começasse minha nova vida, seria da melhor forma possível, com o Sol brilhando e meu vestido de domingo.

Caminhei angustiada com Prim e Bah até igreja pela primeira vez, e senti-me segura apenas quando atravessei as grandes portas de madeira, e sentei-me no banco mais afastado, enquanto ouvia o padre falar, procurou inconscientemente os cabelos loiros de Peeta, nas muitas cabeças a minha frente, mas para minha infelicidade ou felicidade não o achei.

_Katniss! _ A voz estridente da Sra. Mellarck soou as minhas costas, enquanto seguia Bah, e mais uma multidão de fieis para a fora da igreja.

Virei-me por reflexo apenas para vela em seu vestido tom de pastel, correndo em seus sapatos de salto alto, com sua bolça dourada em minha direção, parei ao lado de Bah para espera-la e apertei forte seu braço, procurando a segurança que meu coração insistia em procurar quando algo novo era-me apresentado.

_Você saiu tão cedo aquele dia! Mal pude conversar com você! _ Effie explicou, se aproximando apressada.

_ Ei tive que ir! _ Respondi educadamente sorrindo, apertando ainda mais o braço de Bah contra mim, que apenas respondia meu aperto, me dando apoio.

_Foi uma pena, eu queria tanto lhe apresentar o Sr. Mellarck! _ Effie cantarolou sorrindo.

_Quem sabe na próxima vez! _ Respondi sorrindo, destinada a me livrar de suas conversa sem sentido, que apenas me faziam lembrar mais de Peeta.

_Ho, por favor, querida, espere um pouco, ele apenas esta acertando alguns preparativos com o padre! _ Effie pediu acariciando meu braço, assenti com a cabeça e escutei-a tagarelar, até que finalmente uma cabeça loira surgiu ao lado do padre pela porta.

_Querido! _ Effie gritou, e me encolhi mediante ao som estridente.

Observei-o sorrir, e assentir enquanto apertava a mão do padre a caminhava tranquilamente nossa direção ao lado de uma bela mulher.

Observei confusa, seu caminhar distraído, até que reconheci os traços robustos escondidos atrás do vestido leve, da mulher que estava agarrando Peeta.

_Querido está é Katniss! _ Effie se apressou sorridente.

Construí o sorriso mais educado que meu humor sombrio podia aguentar, e estiquei a mão em educação.

_Tão bela quanto me foi descrevido! _ O pai de Peeta falou sorrindo, seus cabelos loiros caídos ao lado de seus olhos enquanto ele curvava-se para beijar minha mão.

_Ora seu galanteador! _ Effie brincou sorrindo. _ Katniss este é Haymitch o pai de Peeta.

_É um prazer! _ Respondi educadamente com uma leve reverencia. _ Estas são Primorouse, minha irmã e Berta nossa ama! _ Respondi sorrindo, enquanto percorria de forma sutil os traços de minha rival.

_É um prazer! _ Effie falou erguendo a mão, para cumprimentar cada uma, e voltando a ficar ao lado de seu marido.

_Mãe! _ A mulher loira sussurrou sutilmente e Efiie a olhou como se estivesse cometendo a maior gafe do mundo.

_Ho mil perdões! Esta é Glimmer minha filha! _ Effie cantarolou e senti minhas pernas fraquejarem no mesmo instante.

O fleches de Peeta surgiram em minha mente me atingindo como tiros de metralhadora, seus olhos tristes, sua expressão de dor ao descer as escadas, todas as palavras, todas a suplicas, tudo aquilo havia sido verdade, senti a dor subir em meu peito, e o gosto amargo do remorso dominar minha garganta. Olhei para a mulher a minha frente, irmã de Peeta, seu corpo escultural, seu cabelos loiros, seu rosto fino, sua boca carnuda desenhada por um sorriso de vitória, seus olhos verdes e mortais apreciando minha dor interna.

_Kath!_ A voz de Prim surgiu em meio a minha confusão, quebrando o contato entre nós.

Olhei para traz apenas para ver minha irmãzinha parada, me esperando, mais a frente entre Bah e Effie, enquanto Haymitch caminhava preguiçosamente até o estacionamento, sorri para disfarçar meus sentimentos, e fiz sinal para que caminhassem sem mim.

_Espero que meu comprimento inocente, não tenha atrapalhado você e Peeta! _ Glimmer apresou-se a dizer com uma falsa inocência, sorrindo, como se estivesse falando do clima para mim.

_Não procure algo, cujo qual você a sabe a resposta! _ respondi ríspida, tomando meu caminho em direção a Prim, tentando apenas evitar o veneno que ela despejava em mim.

_Desculpe, eu apenas quis me desculpar! _ Glimmer falou falsamente preocupada, apresando seus passos para igualar-se aos meus.

_Não você não quis não, você apenas quis jogar álcool em uma ferida já aberta! _ Sussurrei sem me dar ao trabalho de olhar para seu rosto cínico.

_Isso não é verdade! Eu... _ Glimmer tentou explicar-se, sua voz atingindo tons agudos, como se a minha resposta não fosse aquela que ela esperava.

_Escute!_ Falei a interrompendo, virando-me bruscamente para poder olhar em seus olhos falsos, fazendo-a parar. _ Incesto é um dos pecados mais abomináveis já existentes! _ Falei calmamente olhando firme em seus olhos.

_Você... _ Glimmer tentou falar novamente, seus olhos arregalado e surpresos encarando os meus.

_Não tente me enrolar, posso ser diferente, mas ainda sou mulher, sei diferenciar desejo de amor fraterno, e é isso que você sente você o ama, mas ele não o ama, ele nunca vai ver você, como você o vê. _ Falei firme, agarrando-me a minha bolça, suprindo o desejo de esbofeteá-la. _ Não sei se foi esse o motivo de você ter ido para a França, mas escute o que eu vou dizer, quando Peeta olha para você tudo o que ele mostra é amor, um amor puro de irmão para irmã, e isso nunca vai mudar, por que não há uma centelha nos olhos dele que diga o contrario _ Falei mais calma.

_Você esta errada! _ Glimmer sussurrou com a voz embargada.

_Não eu não estou, e você sabe, então siga meu conselho, e pegue seu rumo novamente para França ou qualquer lugar que você deseje, por que o fato é que isso nunca vai mudar, e se não for eu, vai ser qualquer outra mulher que ira conquistar o coração dele. _ Falei contendo a minha própria vontade de chorar mediante as minhas palavras duras.

Eu sabia o tamanho de sua dor, e por mais que fossem uma blasfêmia as leis da humanidade, ela ainda o amava e o amor doía de várias formas diferentes, mas todas com a mesma intensidade nos corações.

_Não! _ Ela sussurrou baixinho, contendo as lágrimas.

_Eu sei e você sabe que isso é verdade! _ Eu falei baixinho, agarrando-me com todas as forças em minha bolça.

Virei-me para não olhar seus olhos vermelhos e sua maquiagem bem feita se diluir, eu podia até mesmo odiá-la em alguma parte do meu coração, mas eu era humana demais para não sentir qualquer sentimento de piedade diante daquelas lágrimas, e não permitir que as minhas próprias rolassem.

_Eu sinto muito! _ Sussurrei, enquanto caminhava em direção a Prim, o mais rápido que podia, desejando desesperadamente fugir daquela situação incomoda.

_Katniss! _ Effie cantarolou sorrindo, virando-se para me olhar, e desmanchando seu sorriso no mesmo instante, curvando suas sobrancelhas em um sinal de preocupação. _ Glimmer?

_Eu acho que ela precisa da Sra.! _ surrei quase inauditamente.

Effie nem se deu ao trabalho de responder, passou direto por mim, seguindo seu caminho até a sua filha, que tentava inutilmente esconder as lagrimas.

_O que ouve? _ Prim sussurrou assim que me aproximei.

_Nada do nosso interesse! _ Respondia cruzando meu braço com o seu, e a rebocando para longe da cena que se passava a atrás de nós.

Eu até podia não gostar de Glimmer, mas o fato era que independente de como ela fosse, seus sentimentos e segredos não eram de interesse de ninguém, e eu ter descoberto eles, não me dava o direito de distribui-los aos quatro ventos.

Caminhamos calmamente até em casa, com Bah conversando sobre tudo, e Prim se contorcendo de curiosidade. Quando chegamos a casa, nem me dei ao trabalho de entrar, havia passado tanto tempo trancada naquela casa, que tudo o que eu queria fazer, era aproveitar o dia lindo que Deus havia dado a mim, e realizar o único desejo que meu coração realmente desejava realizar. Pedi a Prim que me trouxesse meu livro que estava na cabeceira de minha cama, enquanto garantia a Bah que voltaria para o almoço, quando finalmente a convenci de que estaria bem, caminhei tranquila com meu pequeno livro de poesia adquirido pela fascinação em Peeta, seguramente em minhas mãos, em direção ao parque, até encontrar a minha velha arvore, cuja qual eu podia ver da janela da biblioteca, e sentei na sombra de seus galhos protuberantes, recostei-me no grande troco largo e áspero, absorvendo a aroma de maças a minha volta, e abri o livro na pagina em que eu havia parado.

_Eu sabia que você estaria aqui! _ Ouvi a voz familiar de Peeta, antes mesmo que sua sombra alcança-se meus tornozelos.

_Esta um dia lindo! _ Resumi, fechando o livro levantando a cabeça para poder olha-lo.

De onde eu estava, Peeta parecia muito mais bonito do que já era, o Sol brilhando as suas costas, o fazia irradiar mais do que seu sorriso já demonstrava, sua camisa branca colada ao seu corpo destacava seus músculos, de forma que seu cabelo e olhos, pareciam apenas meros detalhes da perfeição que já estava pronta.

_Eu fui a sua casa, mas Bah disse que você não estava! _ Peeta falou sentando-se ao meu lado na sombra, seu cheiro de colônia masculina invadindo minhas narinas.

_Fomos à igreja! _ Respondi, sem saber realmente o que falar.

Eu senti algo por Peeta, e isso eu já sabia dês de o momento que ele havia entrado pela porta da minha casa, mas depois de tudo o que havia ocorrido, não estava certa mais sobre seus sentimentos por mim.

_Eu soube! _ Peeta, falou sério, olhando para seus pés.

_Hum! _ Imitei a velha mania de Cato de responder quando ele estava ocupado demais para dar atenção para mim, sem saber o certo se aquilo o ofenderia ou não.

_Sinto muito por tudo! _ Peeta Falou, seu rosto sério, encarando a mão agarrada ao pulso esquerdo, com os braços repousados sobre os joelhos.

_Sobre o que? _ Perguntei incerta, sobre o que realmente ele falava, havia tantas coisas para se desculpar, e tão poucos motivos para não fazermos isto.

_Por tudo, principalmente por Glimmer acho! _ Peeta sussurrou com as orelhas vermelhas, finalmente olhando em meus olhos, seus olhos repletos de um sentimento confuso e incerto, como o mar em dias turbulentos.

_Tudo bem, ela é apenas sua irmã! _ Respondi sorrindo, tentando encoraja-lo.

_Eu falei com ela Katniss! Eu não sabia de tudo aquilo, pra mim ela sempre havia sido minha irmã mais velha, então como eu poderia saber que ela sentia algo tão repulsivo quanto aquilo? _ Peeta explicou confuso, seus olhos perdidos num mar de desespero, repleto de duvidas e sentimentos.

_Por que você não foi a Igreja hoje? _ Perguntei educadamente, tentando desvia-lo do seu abismo próprio.

_Não vou a Igreja! _ Peeta respondeu direto, procurando algo em meus olhos, que provavelmente mostrasse algum rancor a ele.

_Você deveria, a Igreja é um lugar de Paz, e é muito sábio e poderoso ouvir a palavra de Deus! _ Respondi sorrindo, certa de que minha troca de assunto estava dando certo.

_Katniss por favor! Eu só... _ Peeta parecia desesperado, como uma criança presa em seu pesadelo eterno, desesperada por uma luz para iluminar seu caminho.

_Eu a entendo, você é de todas as formas lindo, mas não deixo de achar que o que ela sente é uma afronta as leis divinas! _ Expliquei, por fim, tentando dar um rumo ao seu desespero.

_Como pode entendê-la? O que ela sente é asqueroso. _ Peeta confessou sua face distorcida em uma careta de nojo.

_O que ela sente é amor, e eu o amo também, assim como ela o ama, mas em algum momento da vida, o amor que ela sentia passou a se tornar desejo, não sei bem ao certo e também não sei o por que, mas em algum lugar você deixou de ser um irmão para ser um homem. _ Falei tentando expor minha linha de raciocínio. _ Acho que foi nesse momento que ela se mudou, talvez o que ela sentia também tenha a assustado, e tenha a feito sentir nojo de si mesma, mas ela não pode aguentar, então teve que falar! _ Conclui, olhando para seus grandes olhos azuis, que agora se tornavam cada vez mais brilhantes para mim.

_Você disse que me amava?_ Peeta perguntou deslumbrado, suas bochechas tingidas de um vermelho intenso.

_Acho que sim! _ Falei confusa, sentindo a impacto de minha confissão fazer meu coração bater mais rápido.

Senti o sangue subir em minhas bochechas, e mesmo com a brisa fresca soprando contra nós, senti um calor inexplicável tomar conta do meu corpo.

_Diga de novo! _ Peeta pediu, sua mão doce pousando sobre meu rosto.

_Não! _ Respondi envergonhada, desviando meu olhar do seu.

_Katniss! _ Peeta chamou, deslizando sua mão até meu queixo, me obrigando a olhar seus olhos azuis e brilhantes. _ Quer ser minha mulher? _ Peeta pediu concentrado.

_O que? _ Sussurrei espantada.

_Case-se comigo! _ Peeta repetiu um sorriso bobo desenhando seus lábios.

_Peeta! _ O reprendi, sorrindo involuntariamente.

_O que?_ Ele perguntou confuso.

_Eu acabei de sair do minha fortaleza! _ Respondi ainda sorrindo, agarrando sua mão que repousava em meu queixo, e trazendo-a para junto de minha outra mão em meu colo.

_ Ok! Então seja minha namorada! _ Peeta pediu sorrindo, divertindo-se com minha recusa.

_Eu aceito ir ao cinema com você! _ Respondi sorrindo, acariciando sua mão.

_Você sabe que vai ser minha certo? _ Peeta perguntou sorrindo, com a escuridão existente em seus olhos, bem longe de nós dois.

_Nunca namorei ninguém! Quero completar todas as etapas! _ Conclui sorrindo, sentindo meu coração disparar a cada declaração minha.

_Tudo bem! _ Peeta falou fingindo estar decepcionado.

Uma pontada de dor surgiu em meu coração, e eu me aproximei mais para poder acariciar seu rosto em desculpa.

_Eu me contento com um beijo! _ Peeta falou rápido, para logo depois colar seus lábios com os meus em um beijo casto e sair correndo

_Peeta! _Gritei ainda sentindo o calor dos seus lábios contra os meus.

_Eu te pego ás 6h! _ Peeta gritou mais ao longe, com um sorriso gracioso nos lábios.

Sorri a acenei para ele, relembrando o que havíamos passado e imaginando toda a estória que escreveríamos no futuro.


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Notas finais do capítulo

Se curtiram me sigam como autora =)