– E esta? – Clary pergunta erguendo um vestido vermelho balonê muito curto.

– Clary eu... – Alec começa, mas ela o interrompe.

– Tem razão, muito vulgar para a ocasião. – Ela fala guardando o vestido de volta no cabideiro. – E este? – Ela ergue um vestido branco com um cinto preto na cintura.

– Eu não...

– Tem razão! Muito sério! – Ela fala bufando.

– Clary... – Alec a chama, mas ela já desaparece com cerca de cinco vestidos no provador.

O caçador suspira impaciente. Ele devia estar preparando as coisas para um jantar romântico, não ajudando Clary a escolher um vestido para sair com o pessoal.

Mas ali estava ele. Em uma loja de vestidos para festa enquanto várias mulheres lhe mandavam sorrisos indiscretos e sorrisinhos cheios de segundas intenções.

Alec até fora convidado para sair com os amigos. A banda de Simon fora convidada para tocar em um show de abertura de um grupo musical local e todos resolveram sair para comemorar. Mas Alec tinha outros planos para a noite e eles com certeza não envolvem escolher vestidos para a namorada de seu parabatai usar.

– Psiu! – Um som chama a atenção de Alec que olha em volta confuso – Aqui! – Alguém grita/sussurra e o caçador reconhece a voz.

– Jace? – Alec chama seu parabatai ainda sem encontra-lo.

Um movimento vem de uma arara de vestidos que faz um círculo e Alec se aproxima esticando a mão.

– Alec! – Jace coloca a cabeça para fora dos vestidos assustando o moreno.

– Pelo anjo! – Alec ofega com o susto. – O que diabos você está fazendo aqui?!

– Shhhhhhh!!!! – Jace coloca o dedo indicador em cima dos lábios e puxa Alec pelo colarinho para o meio dos vestidos.

– O que você está fazendo aqui?! – Ele repete a pergunta.

– Estou aqui para lhe ajudar com essa empreitada meu caro irmão! – Jace fala fazendo pose dramática colocando a mão no ombro de Alec.

O moreno ergue uma sobrancelha – Você não quer que Clary use nada muito curto não é?

– Com certeza! – Jace assente convicto.

Alec revira os olhos – Então porque não veio ajuda-la antes?!

Então Alec se lembra de quando Clary lhe fez o pedido:

Flash Back on

“ – Porque eu? – Alec pergunta.

– Porque você é bastante sincero em dar opinião! Por favor Alec! – Clary junta as mãos fazendo cara de cãozinho pidão.

– Isabelle...

– Isabelle vai escolher algo muito curto porque ela diz que eu preciso “valorizar meus dotes” – Clary fala fazendo aspas com as mãos.

– Simon?

Clary ri – Certo! Ele vai me dizer para fazer um cosplay de Ashe de Final Fantasy! – Ela fala emburrada como uma criança.

Alec revira os olhos – Em primeiro lugar, eu não faço ideia de quem seja Ashe e do que seja Final Fantasy. Segundo: Porque não pede ajuda ao próprio Jace já que é ele que você quer agradar?

Ela bufa – Eu vou ir vestida de freira se depender dele!

Alec abre a boca para responder, mas logo a fecha, afinal ela tinha razão.”

Flash Back off

– Ela não me pediu ajuda. – Jace fala meio deprimido.

Alec já estava impaciente. Hoje ele queria fazer algo especial para ele e Magnus, afinal era aniversário de seu primeiro beijo.

Não que Magnus comemorasse coisas desse tipo, na verdade é exatamente por isso que Alec é quem quer fazer algo especial. Por ser imortal, Magnus não é muito ligado a coisas como “aniversário de primeiro beijo” e ele nem deve se lembrar do dia em que isso aconteceu, mas para o caçador foi algo muito importante e especial, por isso não quer passar a data em branco.

E também porque é uma ótima oportunidade de passar um tempo como namorado.

Mas parece até que seus amigos estão pregando uma peça nele. Primeiro Isabelle o arrasta para comprar um presente para Simon, ela e o “talvez namorado” discutem pelo telefone e enfim a morena arrasta o irmão para a sorveteria no intuito de “afogar as mágoas”. Depois Simon pede para “conversar” com Alec, queria pedir desculpas à sua irmã e lhe solicitou ajuda.

Agora Clary e Jace.

– Alec? – Clary chama o moreno do lado de fora.

– Vai vai vai! – Jace empurra o irmão para fora – Vou te ajudar daqui!

Clary estava de costas para o lugar de onde Alec saíra, por isso não o viu escondido e nem os cabelos loiros do namorado assim que Alec saiu dali.

O caçador respira fundo, sua raiva estava prestes a ser libertada, não, ele podia fazer melhor do que isso.

– Não gostei desse. – Alec fala apontando para o vestido dourado de Clary que ficara perfeito na caçadora realçando suas curvas sem ser vulgar, mas o caçador estava tão furioso que iria fazer seu parabatai pagar.

– Sério? – Ela lhe pergunta triste.

Ele assente – Te engorda.

Ela arregala os olhos – Então acho melhor ir trocar.

O moreno sorri satisfeito ao ouvir Jace gemer um “Não!” de onde se escondia.

Clary sai agora provando um vestido negro colado ao corpo, ela fazia um movimento repetitivo puxando-o para baixo numa tentativa falha de cobrir suas coxas.

Isabelle com certeza aprovaria.

Os ouvidos aguçados de Alec lhe permitem perceber que Jace se engasgara com a própria saliva e tossia desesperadamente.

– Perfeito!

– Mesmo? – Clary o olha incrédula e se vira de costas para ele para se olhar no espelho.

Alec sente algo lhe atingir a nuca, um cabide lançado por Jace.

– Ai! – Ele geme massageando o lugar acertado.

– O que houve? – Clary olha para ele ainda tentando puxar o vestido para baixo.

– Nada. – O moreno murmura.

Ela dá de ombros e volta a se encarar no espelho com uma careta – Acho que vou experimentar outro. – E se retira de volta ao provador.

– Você está maluco?! – Jace grita/cochicha colocando a cabeça para fora dos vestidos pendurados.

Alec abre a boca para responder, mas Clary retorna em tempo recorde fazendo Jace retornar rapidamente ao seu esconderijo.

A ruiva trajava um vestido longo e vermelho com um decote baixo (baixo demais) e com um corte até a parte superior de sua coxa.

– Se eu fosse você usaria este! – Alec fala com falso entusiasmo.

– Oh! – Clary fala estranhando o gosto duvidoso do caçador, no mínimo pensando se fora uma boa ideia trazer Alec para ajudá-la.

Outro cabide acerta a cabeça do caçador e este se irrita. Ele aproveita quando Clary vai se olhar no espelho mais uma vez e se aproxima de onde Jace se esconde dando passos para trás. Ao chegar onde queria ele estica seu braço para frente e o puxa para trás com força acertando seu cotovelo em algo.

Jace geme.

– O que foi isso? – Clary olha para os lados quando ouve o som.

– Nada! – Alec finge estar olhando os vestidos e Clary volta-se a ficar de costas para o caçador.

O moreno sente um par de mãos em suas costas e não dá tempo de impedir o grande empurrão que seu parabatai lhe dá o fazendo cambalear três passos para frente.

Vermelho de raiva Alec repete o movimento acertando Jace com seu cotovelo e o loiro lhe acerta no braço. Ambos começam a se estapear feito duas menininhas e as pessoas da loja olham confusas para o belo rapaz que está dando tapas nos vestidos.

– Alec o quê... Jace?! – Clary olha confusa para ambos que estão vermelhos e ofegantes.

***

Alec destranca a porta do apartamento e suspira antes de abri-la.

Infelizmente já era tarde e o caçador estava cansado demais para preparar algo. Depois de Clary flagrar Jace eles fizeram a maior cena na loja e Alec desejou uma runa para ficar teletransportar, ou virar um avestruz por mágica para enfiar a cabeça em um buraco. Eles foram expulsos da loja e Clary teve que ir até outra para achar o dito vestido.

E quem ela levou junto?

Isso mesmo, o belo caçador de olhos azuis.

Apesar de toda a cena ser cômica, Alec estava chateado por não conseguir fazer nada para Magnus. O feiticeiro acabara de retornar de um trabalho e deve ter se cansado de esperar o retorno do caçador.

Alec abre lentamente ao reparar uma luz amarelada por baixo da porta e quando encontra sua fonte, suas sobrancelhas sobem.

O lugar onde estaria a sala de estar estava sem nenhum móvel exceto pela mesa pequena de dois lugares que estava arrumada para um jantar à luz de velas. Um carrinho ao lado desta continha as mais variadas comidas prediletas do caçador e do feiticeiro assim como uma garrafa de vinho vindo de uma bela safra.

O moreno solta o ar que nem sabia que estava segurando. Tudo ali parecia tão... romântico.

Alec sente duas mãos enroscarem em sua cintura e seu corpo se arrepia ao sentir a respiração de uma voz sussurrada em sua nuca.

– Bem-vindo de volta. – Magnus murmura depositando um beijo na base do pescoço do caçador que morde o lábio inferior para não gemer.

– Foi você que voltou de viagem, você que deveria ser bem-vindo. – Alec responde com um suspiro ao sentir o namorado apertar o abraço – O que é isso? – Ele pergunta indicando a mesa.

Magnus solta-se do moreno e o caçador tenta evitar demonstrar o quanto ficou insatisfeito com a ausência de contato, logo mais o feiticeiro o pega pela mão guiando o menor até a pequena mesa.

– Não é óbvio? – Magnus fala enquanto servia de duas taças de vinho – É o aniversário de nosso primeiro beijo.

– Mas eu pensei que...

– Alec, datas nunca foram muito importantes para mim. São coisas passageiras que somente me servirão no futuro para lembrar tudo que um dia eu tive e perdi. – O feiticeiro fala pegando as mãos do caçador – Mas, quando se trata de você, eu faço questão de comemorar cada dia a mais que eu possa passar ao seu lado.

Alec sente seu peito apertar-se ao pensar que um dia ele partiria deixando aquele que ama para trás, mas não era momento para pensar naquilo, afinal o sentido de tudo aquilo era o oposto: comemorar cada dia a mais que ambos possam passar um ao lado do outro.

– Além do mais – Magnus continua – O primeiro beijo de um casal é muito importante, principalmente se, em seu caso pelo menos, eu fora o único que provara de seus lábios. – Ele termina bebericando o vinho após sentir seu cheiro.

Alec fica anormalmente vermelho, fazendo o bruxo franzir o cenho.

– Alec? Eu fui o único que você beijou não fui?

– Erm... eu... bem... – O caçador começa a gaguejar tentando não olhar nos olhos do namorado.

Magnus olha incrédulo – Quem? Onde? Quando? E como devo matar ele?! – O feiticeiro assume uma expressão de fúria.

– Não foi bem isso! – Alec fala exaltado temendo que o namorado se tornasse um homicida de nephilins – Jace, ele...

– JACE?! – Magnus pergunta assustado – VOCÊ E JACE SE BEIJARAM?!

– Não foi bem isso! – Alec fala de novo gemendo frustrado enfiando o rosto entre as mãos e sacudindo a cabeça freneticamente – Ele queria me mostrar que era você que eu queria e...

– E por isso te beijou?! – Magnus olhava descrente para o moreno que parecia prestes a entrar em combustão espontânea a qualquer momento ali em sua sala.

– Você disse à Jace que eu estava apaixonado por ele! – Alec reverte a situação – Disse que por isso nosso relacionamento não estava andando!

– E por isso ele te beijou?! – Magnus repete a pergunta parecendo um disco arranhado.

Alec sacode as mãos – ELE ME BEIJOU PARA MOSTRAR QUE MEUS SENTIMENTOS PARA COM ELE NÃO ERAM NADA! ELE ME BEIJOU PARA QUE EU PERCEBESSE QUE ERA VOCÊ QUEM EU AMAVA!

Magnus parece estático. A sala fica silenciosa e o único som vem das respirações de ambos que estavam um tanto aceleradas devido aos gritos.

– Amava? – Magnus pergunta finalmente com uma sobrancelha erguida e um sorriso nos lábios.

Alec assente – Amava... amo... quer dizer... ARGH! – Ele volta a enfiar o rosto entre as mãos – Não me faça repetir isso – Resmunga com a voz um tanto manhosa.

O caçador ouve a risada do namorado e logo em seguida sente suas mãos em seus pulsos afastando-os de seu rosto corado. Ao encontrar os olhos do maior ele sente um calor repentino ao ver o sorriso malicioso que tomava o rosto dele.

– Eu também amo você.

Alec não tem tempo para responder antes que Magnus baixe a cabeça levando seus lábios ao encontro dos do outro. Um gemido escapa da boca do menor fazendo com que o bruxo o puxe para mais perto colando ainda mais seus corpos.

Ambos se separam quando o ar se faz necessário, Magnus passeia com os lábios pelo maxilar do outro, passando para a clavícula e concentrando-se no pescoço fazendo o caçador arfar.

– Magnus?

– Hmmm?

– E o jantar?

O feiticeiro ri dando um chupão no pescoço do menor que se assusta dando uma espécie de grito.

– Nós aquecemos depois. – Ele responde voltando a atacar os lábios do caçador.

Alec segura-se com força na camisa pelos ombros do namorado. Magnus, por sua vez, desliza suas mãos pela cintura, costas e quadris do menor o empurrando de leve até que este encontrasse na parede. O Caçador arfa ao sentir as costas batendo no concreto e as mãos do feiticeiro o agarram pelas coxas o erguendo de modo que ele circulasse as pernas na cintura do maior paea pender-se no ar.

Magnus ofega empurrando os quadris conta os de Alec o fazendo sentir seu desejo e isso faz o caçador deixar escapar um gemido fraco e suas mãos se agarram ainda mais em sua camisa. O bruxo desce para seu pescoço com a língua brincando ali, suas mãos sobrem por debaixo da camiseta a subindo de forma lenta e torturante para o de olhos azuis.

– Magnus.... nhhg, eu...

O celular de Alec começa a tocar fazendo os namorados congelarem e fuzilarem o pequeno aparelho que estava depositado sobre a mesa de jantar.

– Mas será possível!? – Magnus pragueja soltando o menor e indo ele mesmo atender o telefonema. Ao olhar a tela sua expressão de raiva aumenta e ele aperta com força o botão fazendo Alec temer perder seu celular.

– Eu espero que tenha um bom motivo para interromper nosso momento seu projeto de nephilim oxigenado! – Alec revira os olhos, provavelmente Magnus estava chateado com a história do beijo. Ele franze as sobrancelhas – Isabelle? Não nós não queremos.... vocês estão bêbados?! Não! Nós não vamos servir de motoristas para... Isabelle que pare de dançar então! Eu não mandei vocês beberem! – Ele desliga o celular furiosamente respirando fundo.

Alec ri – Você sabe que vamos acabar indo buscar eles não sabe?

Magnus revira os olhos – Vou pegar as chaves. – Ele murmura mal-humorado e para se virando para o namorado sorrindo novamente – Acho melhor colocar algo para disfarçar essa marca no pescoço.

Alec engasga com o ar levando as mãos automaticamente até o pescoço enquanto via seu namorado sair divertido com sua expressão.