Affectum Serpentis escrita por Lady Holmes


Capítulo 14
O amor é o processo químico que causa a desilusão


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo: no capítulo anterior eu cometi dois erros que só percebi após postar. Primeiro chamei a Hermione de Minne, é costume, desculpem-me. E segundo disse que Amelia cresceu em um orfanato no mundo bruxo. Era trouxa. Que loira burra que eu sou. Bem, desculpem-me.

Consegui! Eu estava achando que não conseguiria postar esse capítulo hoje, apenas amanhã... Mas a criatividade bateu e, alem de mudar um pouco o rumo que eu tinha planejado para a fic [nada grande não gente] eu ainda consegui escrever o capítulo! Não ficou tão dark o quanto eu queria. Motivo: meus capítulos darks são escritos quando estou em um momento assim. Só que dessa vez eu esperei e nada apareceu. Nem um pouquinho. Por isso... Não ficou tão depressão como eu queria. Mesmo assim eu gostei do resultado.

Quero agradecer a cada um/uma que está lendo a fanfic e comentando. E avisar que eu adoraria recomendações viu? UAHUHAHUAHU

A frase que dá título ao capítulo é de Bones [o seriado] e há referência a Sherlock [BBC].

Beijos e até o próximo. E me desculpem qualquer erro.



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Havia se passado um mês desde que Amelia e Tom decidiram encarar um relacionamento de frente. Já era começo de dezembro e o frio já se fazia presente dentro do castelo. Alunos tentavam o mínimo andar pelos corredores, preferindo ficar nas salas de aulas quentinhas. Não se via ninguém caminhando pelos jardins e o lago estava quase congelado. Os únicos que encaravam passear lá fora eram os jogadores de Quadriboll, que voltavam à noite tremendo de frio.

O antigo lugar de encontro de Amy e Tom precisou ser mudado. A torre de astronomia estava gélida e, por isso, o casal se encontrava na sala precisa durante esses dias. Toda vez que Gillian chegava lá, havia um cenário novo, cada vez mais belo e de tirar o fôlego. Quem diria que Lord Voldemort era um romântico incorrigível?

O tempo ia se passando. Para Amelia, sua antiga vida, com os gêmeos, o orfanato, a Hogwarts de 1996 já parecia ser um sonho. Ela gostava da vida que levava ali. Com Minne e Dô. Com Charlus e Septimus e as pegadinhas. E principalmente com Tom. Havia também Marcus. Que no último mês andará estranho com a loira. Continuava atencioso e amigo, como sempre foi. Mas estava tão protetor que quase sufocava a jovem amiga. Mesmo assim, Amy sentia que tinha alguém se preocupando com ela. Quase como se fosse família.

Era o primeiro final de semana de dezembro. Dumbledore já passará a lista pedindo quem ficaria no castelo para o natal. Claro, Amy assinou de prontidão. Nem tanto pelo fato que não havia lugar ao qual ela poderia ir, mas mais porque Tom estaria ali. Seria a oportunidade perfeita para dar o livro de poções que o namorado tanto gostará na loja e que Amelia já não aguentava mais guardar. E seria o melhor natal que já tivera na vida.

– Amy! - Gritou Minerva enquanto ela saia em direção à biblioteca. Sabia que Tom estaria lá naquele fim de tarde. - Eu preciso falar com você. Sobre uma coisa.

Amelia Gillian ainda não sabia, mas o efeito da poção que Callidora lhe deu, semanas atrás no dia de seu aniversário finalmente passará. E McGonagall queria ser a primeira a contar à amiga.

– Diga ruiva!

– Você se lembra de tudo que aconteceu em seu aniversário? - Amy apenas concordou. Já fazia um mês que ela tinha suspeitas que Calli fosse a culpada daquilo. Mas maneira alguma de comprovar. - Bem... Marcus contou a nós a verdade. Que você estava sob o efeito de uma poção. Claro, não tínhamos como lhe contar antes... A poção só perdeu o efeito totalmente no meio dessa semana.

– Como é que sabe disso?

– Dumbledore. Ele me avisou agora na saída na aula. Não me pergunte como. Eu só... Bem, achei que você deveria saber agora.

– Foi Black, não foi? Aquela nojenta cobra! Eu vou... - Minne a olhou desafiando que a amiga terminasse a frase. - Dar uma bronca naquela vaca! - A ruiva deu risada e, se afastando da loira gritou:

– Não faça nada que irá se arrepender!

– Eu não prometo nada! Eu já sinto falta da detenção com Marcus. Acho que deveria voltar! - E a loira foi em direção ao lugar que Tom a esperava.

Afinal, nem mesmo Callidora Black poderia estragar aquele relacionamento.

Bem, era isso que Amy achava.

*

Era hora da janta. O grupo de Grifinórios ia em direção ao grande salão. Parado na entrada estava o belíssimo moreno, com os mais belos olhos verdes. Ele abriu um sorrio quando viu a loira aparecer dentre os demais estudantes. E Amelia fez o mesmo ao vê-lo sorrir para ela. Infelizmente o sorriso não durou tudo que queria. Logo que viu Tom, Gillian viu Callidora, parada na entrada no grande salão. Tomada pela fúria e pela vontade de tirar a história a limpo e terminar a última pendência que havia com a serpente, Amy tomou a dianteira do grupo e chamou a morena.

– Black! Eu acredito que tenhamos um último assunto para colocar a limpo. - Calli, que estava conversando com Lestrange, apenas a olhou petulante como sempre.

– O que eu poderia ter com a mestiça? Eu desejo apenas distância de você - e virando-se para Riddle - e de seus animais de estimação. - Tom não gostou nem da maneira e nem das palavras de Callidora, mas respirou fundo e ignorou.

– Poderíamos começar admitindo quem foi você que colocou a poção em meu sistema. - Calli aparentou ficar surpresa, encarando a loira que estava apenas centímetros de onde ela se encontrava. - Isso mesmo Calli querida. Eu já sei sobre a poção. E não foi preciso pensar mais que um segundo para saber quem teria os benefícios de colocá-la em mim.

– E como você acha que eu consegui tal façanha Gillian? A não ser que você seja muito burra para tomar a poção diretamente de mim.

– Eu preciso lhe dar os devidos créditos Black. Você enfeitiçou Dorea quando ela foi pegar o bolo e entregou outro no lugar do que ela havia pedido aos elfos. Nesse havia um pequeno pedaço com a poção. Dô não sabia, mas inconscientemente ela foi induzida a entregar o pedaço para mim. Eu não preciso ser Sherlock Holmes para descobrir como você fez querida.

– E você acha que eu seria capaz de fazer tudo isso sozinha? - Amelia não viu. Mas naquele mesmo momento Tom Riddle se retesou. Como se tentasse se proteger de alguma coisa. Como se tentasse se proteger da verdade.

– Sim, eu acho que você seria capaz. - Por um alguns segundos Amy achou que ela iria negar. Continuar negando até a morte. Porém Callidora sorriu. Abriu um sorriso irônico e, as palavras que saíram de sua boca, acabaram destruindo tudo que Amelia um dia sonhou.

– Eu? Oh sim. Sim, fui eu que enfeiticei o bolo. Mas você realmente quer saber quem fez a poção? Ou pior, quem enfeitiçou minha adorável priminha? - O sorriso diabólico de Black indicava que não vinha nada de bom do resto da história. - Foi seu adorável Tom! – E falando isso, virou-se, saindo em direção ao jantar.

Amy demorou alguns segundos para processar. Lembrava-se de uma cabeça dolorida, como se sua oclumência não tivesse sido o bastante naquela noite. Aquilo explicava tudo. Tom havia planejado cada movimento. Cada segundo. Para que as memórias lhe fossem entregue de bandeja. Quantas vezes mais ele tentou invadir sua mente enquanto se beijavam? Ou enquanto faziam amor? Seria tudo aquilo, todo o mês de sonhos e felicidades, apenas um plano?

– Diga-me que não é verdade. - Ela falou baixinho. - Diga-me que é apenas Callidora tentando mexer com a minha cabeça. - Ela continuou. - DIGA!

Tom não respondeu. Claro, ele poderia mentir. Mas não queria. Não queria construir o relacionamento sobre um manto de mentiras.

– Como eu pude ser tão estúpida! - Amelia levou o silêncio como afirmação. Era a verdade. - Isso tudo, esses mês todo... Tudo que aconteceu era para que minha guarda baixasse. PARA QUE VOCÊ CONSEGUISSE ENTRAR EM MINHA MENTE! Riddle, como você pode ser tão frio? Oh claro, afinal de tudo, você é o Lord das Trevas!

Ninguém parecia entender as palavras que Amy falava, sem nexo algum. Apenas Tom. E ele não conseguia falar nada em sua defesa. Ele só conseguia ver os olhos de sua loira. Eles estavam machucados. Ela estava machucada. Ferida com a verdade.

– Quantas vezes mais você tentou descobrir a verdade de quem eu sou Riddle? Quantas vezes você se gabou para seus comensais sobre como era fácil jogar comigo? Como eu era burra e uma leoa idiota? - Agora Amelia já estava descontrolada. Sua visão estava turva das lágrimas que caiam. Ela não conseguia pensar claramente. Ela só sentia uma dor tão profunda e negra em seu coração que ela desejava morrer.

– Amy... Eu... Sim eu o fiz. Mas isso foi antes. Merlin! Isso foi antes de eu me apaixonar por você. Eu nunca mais tentei descobrir a verdade. Eu até mesmo larguei o nome. Eu voltei a ser Tom Riddle por você.

– Claro! - Ela respondeu dando uma risada melancólica - Você esqueceu todo o poder, todas as coisas que acreditava. E A PIOR PARTE: EU ACREDITEI NISSO! Eu achei que pudesse mudá-lo. Salvas as pessoas. Ajudar o mundo bruxo. Mas tempo e destino são coisas perigosas. Eu deveria ter voltado no minuto que cheguei aqui. Eu sempre soube! Eu só não quis ver.

Atrás do casal estavam os amigos de Amelia. Minne começava a juntar os pontos, acreditando que agora o passado de Amy poderia não ser mais tão misterioso. Septimus mal conseguia acompanhar tudo que estava acontecendo. O problema mesmo era Dorea que estava aos prantos. Ela chorava ao saber que fora sua culpa tudo que aconteceu com Amelia. Se ela não fosse boba e inocente... E Potter... Bem, ele estava uma massa de raiva ambulante.

– Por favor, loira - o moreno dos olhos verdes lhe pediu. - me perdoa. Eu não... - ele foi em direção a namorada tentando tocá-la. Amy desviou, retraindo-se. Foi quando Charlus perdeu a cabeça.

Potter ergueu o punho direito acertando em cheio o rosto de Riddle. Tom, que até ali estava calmo, tentando reconquistar Amelia, olhou-o profundamente.

– Mexa com elas mais uma vez, e na próxima não será apenas um soco! - Charlus gritou para a cobra a sua frente. Tom nada respondeu. Ele apenas fez um movimento com a varinha e Potter estava no chão. Ele gritava de dor.

Amelia teve um reflexo rápido, lançando um feitiço na mão da varinha de Tom. O garoto foi distraído em defender-se do feitiço e, por isso, parou de lançar a maldição da tortura no Grifinório.

– Colocando as presas a vista, Riddle? - A loira perguntou. Ele não respondeu. Teria coragem de duelar com Amy?

– Vamos ver do que o famoso lord das trevas era capaz quando um adolescente! - E ela atacou.

Foi uma batalha árdua. Onde Amelia atacava e Riddle ficava na defesa. Alguns alunos já estavam ao redor da dupla, mas ainda não havia professor algum. Foi quando Amelia decidiu terminar a batalha usando um Sectumsempra que Marcus apareceu.

Ao mesmo tempo, Tom caiu, sangrando por milhares de facadas invisíveis. Também foi o momento em que Amelia saiu de um transe de ódio e dor. Vendo o garoto no chão o coração se apartou. Correu até Tom, recitando o contra-feitiço baixinho.

– Eu... - ela começou a dizer. - Por favor, Tom, nunca mais venha até mim. E me prometa uma coisa: nunca mais me procure. Se eu sumir, apenas me esqueça. - E foi afastada por Marcus que estava acompanhado de Dumbledore.

– O que aconteceu Amy? - Marcus perguntou. - Porque você atacou Riddle?

– Tom Riddle é a pior serpente que já encontrei. E ele quebrou meu coração. Eu só queria que ele sentisse a dor que estou sentindo agora. - E sem dizer mais nada, começou a chorar silenciosamente, indo com os dois únicos seres humanos daquele tempo que poderia entendê-la por completo.

*

Amelia estava sentada na sala de Marcus. Duas horas depois, a loira ainda não havia parado de chorar, mas finalmente conseguia falar.

– Amy, o que foi que aconteceu?

– Foi tudo uma mentira Marcus. Ele apenas queria me usar para saber quem eu era, e como eu sabia sobre Lord Voldemort. Ele... Céus. Ele jogou comigo. E eu caí direitinho. Estúpida, estúpida, estúpida!

– Como você ficou sabendo disse?

– Callidora! Ela em contou a verdade sobre a poção. Ela colocou no bolo, mas o resto fora tudo Tom. Fora tudo ele e seu plano de acessar minhas memórias. Maldito seja aquela cobra!

Doía a Marcus vê-la daquela maneira. Desde que descobrira a verdade sobre Amy e quem ela era, tinha vontade de contar tudo. Dizer-lhe que não estava mais sozinha no mundo. Mas ela tinha Tom. Agora... Agora ela não tinha mais ninguém.

– Eu deveria ter visto. Deveria saber. Qualé, eu sei quem ele é, sei do que ele é capaz. Como foi que me deixei enganar por Riddle?

– Você se apaixonou.

– Faça um favor Marcus, nunca me deixe fazer isso novamente. Que burrice! Amor é uma desvantagem perigosa. Deveria agradecer a cobra por me provar o que no fundo eu já sabia. Eu deveria saber que apenas sozinhos nós não nos machucamos.

– Você não está sozinha Amelia! Você tem seus amigos. Você tem a mim! - Amy sorriu, indo em direção a Marcus, que estava sentando-se à mesa olhando para alguns papeis.

– Sim. Eu tenho. Por hora. Mas agora eu só quero voltar ao meu tempo. Sim, eu sentirei falta deles. E de você. Mas eu preciso ficar longe de Riddle. Melhor tê-lo como um homicida do que como colega de aula de Transfiguração.

– Você não pode voltar! - Marcus disse sem nem mesmo perceber que havia dito.

– Não! Você com essa história de destino também não! Eu vou chutar a bunda magra de Dumbledore se ele não me mandar de volta dessa vez.

– Amy!

Ela revirou os olhos, dando uma risadinha fraca. Marcus não sabia. Não sabia como poderia resolver o problema. Ela deveria saber a verdade? Ou aquilo pioraria tudo? Merlin, ele queria acabar com a vida de Riddle por fazê-la chorar! Maldito seja Tom Riddle! Olhando para a loira de perfil, que limpava pela milésima vez as lágrimas, decidiu que deveria. Ele deveria contar-lhe tudo. Ela era a única família dele. E ele a dela.

– Eu preciso lhe contar uma coisa. - Marcus começou. - É algo importante. Eu peço que não fique braba por ter escondido isso de você.

– Ah não Marcus! Já me basta uma revelação por dia. Não preciso de mais coisas me fazendo chorar.

– Eu não sei se você vai chorar. Quer dizer. Não é uma coisa ruim. - A loira sentou-se sob mesa, de frente para o professor.

– Então faça como tirar um band-aid. Rápido e sem dor.

– O que é um band-aid? - Marcus pediu confuso.

Amy deu risada e então deu de ombros.

– Apenas diga Marcus. Seja o que for. Melhor tudo de uma vez do que essas coisas por partes.

– Bem... - ele começou, coçou a parte de traz da cabeça, tentando pensar em uma maneira de falar. - Dumbledore me contou isso já faz um mês eu diria. Ele descobriu sua descendência.

– Ele sabe... Sabe quem são meus pais? - Amy segurou o ar. Ela sempre achou que o Dumbledore do futuro sabia mais do que lhe contava.

– Sim. E ele me contou. Bem. Como posso dizer isso... Você é filha de um trouxa. Foi seu pai que lhe deixou no orfanato após... Após que sua mãe, uma bruxa, morreu lhe dando a luz.

Aquilo doeu. Seu pai negara a própria filha por causa da magia. Ou ela acreditava que fosse. E era por causa dela que a mãe estava morta.

– Não termina por aí. Sua mãe... Amelia, sua mãe é minha filha. A minha filha que está com Irina agora. A filha que, segundo Alvo, eu nunca irei conhecer e que irá morrer trazendo você ao mundo. Amelia... Você é um Black. Mas mais importante que isso. Eu sou seu avô!

Um, dois, três... Vinte segundos depois. Amelia ficou olhando Marcus por todo o tempo em que processava a informação. E então as lágrimas recomeçaram. Mas diferentes das causadas por Tom, essas era de alegria. Ela pulou da mesa, abraçando Marcus com força.

Era a primeira vez na vida que não se sentia sozinha. Que tinha alguém de verdade. Uma família.

*

Amelia dormiu no quarto de Marcus naquela noite. Não queria voltar ao dormitório. Ela havia dito de mais. Certamente Minerva já havia deduzido tudo agora. Então ela e Marcus deitaram. Ele lhe contou histórias sobre a vida dele. Quando ele foi a Hogwarts, como ele conheceu Irina, sua avó. As dificuldades. E as tristezas. Amy e Marcus choraram pela filha que ele nunca conheceu, pela mãe que Amy também nunca conheceu. E dormiram. Horas e horas após conversarem ela caiu no sono e ele deixou-a dormir. Feliz por poder protegê-la. Feliz por tudo.

– Bom dia Amy.

Era um sábado frio. Gélido na verdade. A loira coçou os olhos para abri-los e sorriu para Marcus. Tinha bolsas de choro sob os olhos, mas ignorou-as. Colocou-se de pé, indo à busca ao uniforme. Havia dormido com uma camiseta velha de Marcus. Havia um café preparado sobre a mesa de Marcus. Os dois se sentaram ali, dando risadas e brincando. Por todo o café, Amy nem se lembrou da dor que estava escondida, espreitando o momento de aparecer. Escutou Marcus brigar por causa do café que ela tomou, não era café bruxo. Mas sorriram. Estavam felizes por estarem juntos.

Foi quando o café terminou e Amelia estava pronta para ir de volta à torre que tudo começou a voltar a ficar cinza e triste. Marcus tinha papéis para corrigir. E, por mais que Amelia tenha se oferecido, ele disse, e estava certo, ela precisava voltar. Os amigos deveriam ter perguntas. Várias. As quais ela não queria responder, mas ira.

– Nos vemos na hora da janta! Você vem aqui não é? - Amy concordou, dando um beijo na bochecha de Black.

– Até logo, vovô! - Ele se sentiu velho sendo chamado assim, mas gostou.

– Não me chame assim! Marcus está bom. - Ela deu risada, fechando a porta atrás de si.

Ao mesmo tempo em que o frio gélido da manhã de sábado lhe cortou o rosto, a memória do que aconteceu na noite passada também o fez. E no mesmo instante, silenciosas lágrimas escorreram pelo rosto. Os corredores do castelo estavam vazios. Poucos haviam acordado tão cedo naquela manhã. A maioria ainda aproveitava o conforto de suas camas quentinhas.

Mas não os quatro amigos de Amy. Dorea Charlus Septimus e Minerva nem mesmo foram às camas na noite anterior. Adormeceram nas poltronas ao redor da lareira do salão comunal. Quando o quadro abriu e Gillian adentrou o lugar, Minerva saltou. A ruiva não acordou os outros e apenas olhou a loira. Ela parecia que havia chorado boa parte da noite. Tinha olhos cansados e cheios de lágrimas ainda. Um ar triste com o tempero de algo diferente. Como se em momentos ela tivesse um flash de felicidade.

– Amy! - Ela se levantou, correndo em direção a amiga abraçando-a. Amelia se deixou ser abraçada com prazer, soluçando no ombro de McGonagall.

Os soluços de Amelia acordaram os outros três que vieram em direção as duas amigas.

– Acho... - Amy começou a dizer, entre soluços. - Acho que está na hora de lhes contar quem sou e de onde vim.

Os quatro se olharam concordando. Voltavam em direção as poltronas quando Gillian continuou.

– Não aqui. Vocês podem passar na cozinha pegar alguma coisa para comer e vão para sala precisa. Encontro-os lá depois de um banho. Ainda tenho sangue na roupa. - Ninguém ousou falar alguma coisa, apenas acenaram em concordância e foram em direção a cozinha.

Amy subiu, controlando o choro para que parasse. Precisava respirar fundo e colocar as coisas em perspectiva. Contaria aos amigos a verdade e depois iria ver Dumbledore. Não passaria mais um dia no castelo que não fosse necessário. Sentiria falta dos amigos. E principalmente de Marcus. Mas doeria menos se não precisasse ver Tom Riddle a cada passo que dava pela escola.

Ela tomou um banho rápido e quente. Colocou um suéter e uma calça de lã quente. Secando os cabelos magicamente, saiu em silêncio caminhando para a sala precisa.

– Desculpem-me a demora. - Disse a amiga. - Eu precisava de um banho.

– Onde você dormiu essa noite? - Dorea perguntou.

– No dormitório de seu irmão. - Black fez menção de falar, mas a loira logo a cortou. - Eu explico isso mais para o final. Se eu começasse aí as coisas dariam errado.

– Então fale. Por mais que eu já tenha algumas ideias por tudo que você disse ao Riddle ontem a noite.

– Vamos começar com uma regra: não o chamem de Riddle e sim de serpente. Não quero escutar o nome hoje. E nem nunca mais.

Amelia se sentou em uma poltrona vazia, das várias que havia ali. A sala precisa havia imitado o salão comunal da Grifinória e tinha uma lareira acessa que deixava o lugar bem agradável.

– Começando pelo fato: eu nunca tive uma mãe. Nunca vivi em uma casa estudei em uma escola trouxa ou coisas assim. Eu estudei minha vida toda em Hogwarts. E vivi minha vida toda em um orfanato no mundo trouxa.

– Amy... Se você tivesse estudado aqui nós saberíamos. - Sep disse.

Todos concordaram menos Minerva. E Amy viu. Ela já sabia.

– Não saberiam. Porque eu estudei em Hogwarts nos anos de 1990. De uma maneira bem clara: eu vim do futuro.


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