– Quem disse que eu não quero? – Rony estava sendo estúpido com Luna

– Deixe os dois serem felizes Ron – a garota continuava segurando seu braço.

– E eles me deixaram Luna? – o Weasley estava com voz de choro.

– Sim, a única pessoa que não está deixando você ser feliz é você mesmo.

– Luna, chega, você não fala coisa com coisa, vive em outro mundo. E é toda... estranha.

Ron tentou sair, mas Luna o segurou novamente e dessa vez usando toda sua força.

– Ron, me escute – Luna gritou – Esqueça isso!

– É muito fácil falar não é?

– Não. Não mesmo, falar é mais difícil do que sentir, vai por mim – Ron franziu o cenho confuso, como se Luna fosse maluca.

– Como assim? Claro que não.

– Claro que sim, pense comigo: Você gostar de uma pessoa é muito fácil, agora você falar para ela o que sente é o difícil. Sempre falar é mais difícil Ron.

– Até que faz sentido, não tinha pensado por este lado – Ron coçou a cabeça – Mas não estamos falando disso.

– Nunca ninguém pensa e será que você não percebeu que não importa do que nós estamos falando?

Harry e Hermione estavam sentados em um banco, tentando descontrair o clima que havia se formado.

– Será que o Ron relaxou um pouco? – perguntou Hermione, preocupada.

– Não sei, acalme-se Hermione – Harry puxou-a mais para perto e ela pousou sua cabeça no ombro dele.

Ron observava tudo e seus olhos ficaram marejados. Ron baixou a cabeça, naquele momento não era raiva o sentimento que o consumia e sim tristeza.

– Vai passar Ron, aceite que passa mais rápido. Sempre fica mais fácil depois da fase de aceitação – garantiu Luna.

Ron levantou a cabeça e presenciou Hermione tocando o hematoma no rosto de Harry e sorrindo, seus olhos ao ver aquilo não continham ódio, continham algo mais profundo e era como se Ron fosse voltando aos poucos.

– Hermione nunca me olhou daquele jeito – murmurou Ron.

– Ela gostava de você – Luna afagou os cabelos de Rony – Pode dizer qualquer coisa, menos que ela não gostou de você. Ela gostou, aceitou seus defeitos e passou por cima de muitas coisas para poder ficar com você e uma dessas coisas foi o orgulho.

– Mas nunca foi desse jeito, ela o olha diferente, o trata diferente, na verdade sempre tratou.

– Ron, eles sempre foram amigos.

– Eu também sempre fui amigo dela – o ruivo protestou, mas mantendo a voz baixa.

– Era diferente Ron, ela e o Harry sempre tiveram uma ligação forte – quando Luna viu o olhar de reprovação continuou – Eles não traíram você, tenho certeza que Harry e Hermione nunca, jamais fariam isso com você. Apenas ninguém escolhe de quem gosta, ninguém manda no coração e Hermione não escolheu isso, apenas aconteceu e se não acontecesse agora, iria acontecer em um futuro do qual vocês não estivessem mais juntos. Esse sentimento não foi a única causa que fez seu relacionamento com Hermione acabar e sabe disso – Luna segurou à mão de Ron e o puxou para um lugar mais afastado e eles se sentaram.

– Não consigo perdoar eles – uma lágrima escorreu pelo seu rosto – Por mais que você passe várias horas falando, eu não consigo.

– Você não tem o que perdoar Ron.

– Mas ao mesmo tempo sinto falta deles, é como se eu estivesse sozinho agora. Queria que isso nunca tivesse acontecido sabe?

– Não, você não está sozinho, estou aqui. Mas em relação à sentir saudades deles, acho que deveria ir falar com eles, ou melhor, tentar.

– Tudo bem.

Hermione e Harry pararam de conversar, dando oportunidade ao silêncio de ficar com os dois.

– Posso te dizer uma coisa? – perguntou Harry quebrando o silêncio.

– Diga – Hermione respondeu carinhosamente

– Estou morrendo de vontade de beijá-la – Hermione corou e não conseguiu esconder um sorriso.

– Harry...

– Hermione, não vou fazer isso, você precisa parar de se preocupar tanto com tudo – ele a interrompeu. Harry e Hermione levantaram e Ron chegou.

– Preciso falar com vocês – disse Ron.

– Ron... Não... – começou Harry

– Vamos para o salão comunal, aqui está muito cheio – mas Ron não esperou Harry acabar de falar.

– Tudo bem, vamos... – Hermione disse rapidamente o que fez Harry ficar confuso.

Quando Ron, Harry e Hermione chegaram ao salão comunal, estava vazio, pois as pessoas ainda estavam jantando no salão principal.

– Pode falar Ron – murmurou Harry.

– Bom... Acho... Acho melhor sentarem.

– Sem muitos rodeios Ron, o que você quer? – Harry estava impaciente e Hermione segurou sua mão com força.

– Bom... Eu... Hermione, eu ainda amo você.

– Bom... Acho que essa conversa não me inclui – resmungou Harry, virando-se para ir ao quarto.

– Não Harry, fica. – sussurrou Hermione, o olhar da garota implorava para que ele ficasse.

– Gente, desculpa, eu fui muito infantil, mas creio que todos seriam se passassem por isso. Sinto falta de vocês, eu estava fora de mim e só Luna me fez perceber o que eu estava fazendo. Hermione, desculpe ter sido agressivo e estúpido, e Harry...

– Acho que precisamos conversar à sós Ron – a voz de Harry estava carregada de rancor.

– Concordo.

– Bom... Vou para o quarto então – disse Hermione. Harry lhe lançou um olhar, como se quisesse algo a mais, mesmo sabendo de que não podiam. Hermione deu um beijo no topo de sua cabeça e se foi.

– Harry, quanto a você eu não sei o que dizer...

– Você sacou a varinha, aposto que queria me matar. Quer dizer, se não fosse por Hermione você teria me matado.

– Talvez sim, estava com ódio – Ron foi sincero.

– Não justifica ter quase me matado, mas tudo bem.

– Não Harry, não está tudo bem, você não entende, nunca teve ódio dentro de si.

– Quem disse?

– Eu sei Harry, você tem a cabeça forte, diferente de mim.

– Deixe de besteira Ron.

– Então quer dizer que me desculpou?

– Sim Ron, você sempre foi meu melhor amigo e que tipo de pessoa eu seria se não lhe perdoasse? Mas... Ron, você queria me matar e isso não dá para esquecer de um dia para a noite.

– Você tem total razão – Ron baixou a cabeça

– Mas como havia dito, está tudo bem.

– Mesmo assim Harry, mesmo pedindo desculpas eu ainda não posso voltar a falar com vocês como antes, pelo menos agora não.

– Eu já sabia, te entendo Ron, mas só queria deixar claro que eu e Hermione não estamos namorando.

– Nem precisa, o jeito que vocês se olham e se tratam... Acho que isso é bem mais que namoro.

– Ron...

– Não Harry, sério, estou de boa.

– Bom, se você está falando. Quando você quiser voltar a falar com a gente, é só chegar tagarelando, o que você sabe fazer muito bem – Ron riu.

– Tudo bem – ele deu de ombros.

– Tenho que ir agora, Weasley.

– Já chego lá.

Harry foi para o dormitório.