Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 52
Culpada


Notas iniciais do capítulo

Bom dia meninas, tudo bem? Pois é como todo o domingo... Aqui está mais um capítulo fresquinho para você... Espero que gostem, pois, não nego que foi muito gostoso escrever este capítulo em especial... Boa leitura e não deixem de comentar, quero saber a opinião sobre ele... Outro detalhe que preciso falar, agora faltam 3 capítulos para "Um novo olhar" terminar... Boa leitura.



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Culpada (Capítulo 52)

– Edgar, podemos conversar sem sermos interrompidos? – Medeiros mais sério do que o de costume.

– A Laura está descansando, não vai descer tão cedo... A Matilde não vai aparecer... Por que quer saber da Catarina, como chegou ao nome dela... – Não compreendia.

– Como te disse, eu andei investigando... Eu achei muito estranho o incêndio da escola...

– Mas o que o nome da Catarina tem a ver com isso... – Confesso que começa a sentir medo.

– Edgar, vamos ter uma conversa bem longa e você vai entender onde quero chegar...

– Começa. – Impaciente.

– Eu achei estranha a maneira como a escola pegou fogo... E fui averiguar... Eu descobri, encostado na parede, atrás da escola, um monte de madeira seca e folhagens, restos de jornal...

– E o que tem isto de mais?

– É ai que está, Edgar... Este material não estava lá até o dia anterior, sei disso porque havia ido até o local, há árvores frutíferas ali, e peguei algumas frutas para duas alunas que me pediram, e tenho certeza que não havia os restos de madeira ali, não estavam ali antes sei disso...

– Alguém pode ter posto, sem querer...

– Pode ser, só que foi exatamente ali que começou o incêndio... Conversei com alguns moradores e um me disse algo que me pareceu estranho... Disse que viu um morador do morro, chamado Caniço, que não é bem visto no lugar rodeando a escola na noite anterior ao incêndio... Ele carregava, junto com outro homem, madeira seca e jornal velho... Perto da escola... E outro morador me disse que o viu com um balão de papel, desses que se acende e solta... E detalhe importante... Perto da escola... Normalmente isto é feito em dia santo... Ou alguma data comemorativa... E no dia do incêndio, não era nada disso... Não havia motivo para soltar perto da escola, normalmente se solta balões em descampados... Tudo é muito suspeito...

– Só que isto não prova nada e ainda não vejo ligação entre o que está me falando e a Catarina...

– Calma Edgar, tudo ao seu tempo... Eu fui investigar o tal Caniço, descobri que é um ladrãozinho, furta pequenas coisas e ainda vira e mexe se mete em alguma encrenca... Já foi preso por vadiagem e pequenos roubos... Sem contar que já brigou algumas vezes na rua... É capoeira.

– Certo, mas isto ainda não prova nada... E porque ele faria isto, colocar fogo na escola... Teria que ter um motivo...

– Ele não precisa ter um motivo... Ele apenas precisa de alguém que pague... Alguém nada satisfeito com a construção da escola... É obvio que o tal capoeira faria isto por uma boa quantia de dinheiro... Ele não tem escrúpulos e quem o pagou menos ainda...

– E onde a Catarina entra nisso?

– Foi por acaso, estava investigando o tal Caniço e a melhor maneira de fazer isto era segui-lo... E foi o que eu fiz durante alguns dias... Eu o vi entrar no Bar Guimarães, e pediu uma bebida qualquer...

– Até aí nada de mais... – Disse.

– Pouco depois vejo uma mulher bem vestida, estatura mediana e cabelos longos e negros, entrar no bar e se senta em uma mesa no fundo do bar... O Caniço disfarça e vai até lá... Ele se senta e a vejo entregar um pacote para ele discretamente, ele abre e vejo o dinheiro... Ele sai em seguida, ela fica mais um tempo... Algo me diz para investigar a tal mulher... Eu a segui e a vejo entrar em um pequeno sobrado no bairro da Urca...

– A Catarina mora na Urca, fiz questão de colocá-la, pois ficaria distante... – O meu temor começava a fazer sentido.

– Enfim, Edgar... Eu a segui... Durante dois dias fiquei observando a casa... E vi a criada cuidando do jardim e a sua filha brincando no quintal, em um balanço de árvore... Eu vi você buscando a Melissa depois. Só poderia ser ela, quem mandou pagar para colocarem fogo na escola... Conclui.

– A Catarina pagou o Caniço... Ela nunca suportou a Laura... Eu não acredito nisso... Ela poderia ter matado a Laura, o meu filho... Isto não pode ser verdade... – Incrédulo.

– Enfim, eu fui até a casa seguindo a Catarina, inventei um nome perguntei a criada se havia uma pessoa com aquele nome que morava ali, ela me disse que não, então perguntei o nome da dona da casa... E ela me falou... Catarina Ribeiro... E quando vi a Melissa sair com você, e o vi buscar a menina tive certeza... Foi isso.

– A Catarina... Eu não posso acreditar...

– Edgar, nada pior que uma mulher ressentida e pelo jeito, vingativa... A Laura nunca me falou dela... Mas se você é pai de uma filha dela... Acredito que esta mulher tenha razões suficientes para tentar atacar a Laura...

– Eu não posso crer... A Catarina seria incapaz... Durante estes anos todos ela não fez nada...

– Pelo que eu sei desta história, a Laura nem aqui estava e ficou longe durante anos... Ela não iria agir com a Laura longe... Agora por perto... Pode ter se sentido ameaçada... Não sei Edgar... Quem a conhece é você... Eu apenas descobri isto... Não são provas conclusivas, mas é muito suspeito, a mãe da sua filha, pagar ao Caniço... E é muita coincidência...

– Elas nunca se suportaram... Porém a Laura sempre preferiu manter distância dela...

– Quem as conhece é você Edgar, sabe do que sua ex é capaz ou não... Enquanto a Laura esteve longe e era conveniente ela ficar quieta... Agora que vocês voltaram e revogaram o divórcio... Talvez ela não tenha ficado muito contente... Uma mulher rejeitada e mal intencionada é capaz de qualquer atrocidade...

– Reconheço que a Catarina nunca foi um anjo de candura... Porém isso seria de mais até para ela... – Ainda incrédulo.

– Eu não a conheço pessoalmente... Porém é bom ficar de olho na mãe da sua filha... E vê o tal capoeira e ela juntos e, pouco depois do incêndio da escola, e ainda ela pagando a ele... Desculpa Edgar, é muito suspeito sim e principalmente se as duas nunca se deram... Eu acredito que a Catarina tenha culpa sim... Não quero julgar... Porém tudo leva a crer que ela tenha feito isto sim...

– Tudo isto é muito sortido... Se a Catarina fez isso... Não vai ficar assim... Ela vai me pagar... Eu me lembrei de algo...

– O quê?

– A Catarina... Quando disse que a Laura seria a professora de Melissa... Ela já sabia... A minha filha contou para ela... Ela sabia da volta da Laura, sempre soube e se manteve em silêncio, até eu revelar a verdade...

– É mais que natural que sua filha tenha contado...

– Realmente não havia como esconder isto dela... Porém, ela me disse que, na hora dei pouca importância, mas agora faz sentido... – Praticamente divagava comigo... Lembrando da ameaça da Catarina...

– E o que ela te disse?

– Disse que: isto não vai ficar assim... Tivemos uma briga... Ela me acusou de esconder dela a volta da Laura... Ela sabia da volta... Sabia que a Laura era professora da Melissa... Professora da Melissa... Quando a Laura saiu da escola... Foi demitida por causa de uma foto... Que dizia que a Laura era divorciada... Nunca descobri quem foi... Se a Catarina foi responsável pelo incêndio da escola... Uma fotografia publicada em um jornaleco não seria nada...

– Fotografia? Que história é essa? – O Medeiros não entendia o que estava acontecendo.

– A Laura, por uma grande coincidência, foi trabalhar no Colégio onde minha filha estudava... Eu a encontrei lá... Ela e Melissa ficaram encantadas uma pela outra... É claro se ela me falou da professora que ela gostou tanto... Certamente falou para Catarina também e é claro que ela ligou o nome a pessoa... E como vingança mandou publicar a foto... Só pode ter sido ela e agora isto é tão nítido para mim... Eu não queria enxergar, era cruel demais... Até para Catarina... A Laura me convenceu a deixar a história da foto de lado e foi o que eu fiz... Eu cheguei a pensar... Porém deixei de lado, estava mais preocupado em me reconciliar com a Laura...

– Faz sentido... E com sua volta, é claro que se sentiu ameaçada...

– É sortido demais...

– É o que mais faz sentido... O incêndio foi criminal... E a tal Catarina pagando ao Caniço... Desculpa Edgar, tenho certeza que tudo isso foi feito pela mãe da sua filha... Eu acho que devemos ir até o jornal onde foi publicada a foto... Tenho certeza que podemos descobrir algo mais...

– Vamos sim... Eu deixei isso de lado, fui negligente e agora a Laura quase morreu... Temos que descobrir... Agora mais do que nunca...

– Sugiro irmos amanhã de manhã...

– Pode ser... Amanhã vamos até a sede daquele jornaleco...

No dia seguinte, como combinado com Henrique fomos até o jornal, conversamos com algumas pessoas, levei o jornal com a matéria e um deles me disse quem era responsável pela tal matéria era um jornalista, Oswaldo, o nome que nos deram... Falei com ele, como não sabia do que se tratava disse que uma mulher havia indicado a ele sobre a Laura e sua condição, achou que seria uma matéria interessante, quando disse em eu era e minha ligação com a Laura, tentou negar, mas já era tarde... Perguntei o nome da mulher quem havia indicado minha esposa para que ele fizesse a matéria... Reticente, não queria dizer... Tive que praticamente ameaçá-lo e veio o nome que tanto temia ouvi, porém sabendo que não seria outro... Catarina Ribeiro. Meu sangue fervia de raiva... Como eu pude ser tão ingênuo, não era ingenuidade... Era pela Melissa, minha filha, antes aguentava e agora, não era mais obrigado a aturar...

– Henrique, eu preciso que me faça um favor?

– Claro.

– Primeiro, eu preciso que não comente com ninguém o que descobrimos agora.

– Não era necessário pedir.

– Também preciso que me ajude a desmascarar a Catarina.

– Tem certeza? É a mãe de sua filha.

– A Catarina fez muito mal a minha família, e faz muito tempo isso... Se ela mandou colocar fogo na escola... Ela poderia ter matado a Laura... Eu... Eu não quero nem pensar... Eu a quero longe da minha família... Tenho vontade...

– Edgar, talvez...

– Não há talvez. Não a quero mais por perto e vou cuidar disso e você vai me ajudar...

– É a mãe da Melissa.

– Bela mãe que dei para minha filha... Uma mulher que manda botar fogo em uma escola, que quase mata a Laura, esta é a mãe que dei para minha filha e está na hora de reparar este erro... Eu a quero longe... Se não faço algo pior é por ser a mãe da minha filha...

– Edgar, pense melhor...

– Eu já pensei e tinha que ter cortado este mal pela raiz há muito tempo... Não o fiz e quase perdi a Laura pela segunda vez... Não vou dá oportunidade para que ela faça novamente, desta vez a Laura se salvou, e se houver outra... E se for pior? Não faço isso pelo bem da minha família... Eu a quero bem longe... Não vou dá chance ao azar, ou eu a afasto, ou faço coisa pior e não me igualar a Catarina... Preciso da sua ajuda... A Catarina já arruinou minha vida uma vez, quase fez isso novamente, não haverá uma terceira vez, isto eu garanto.

– O que quer que eu faça?

– Preciso que arranje um garoto de recados... Lá no morro mesmo... Quero me mande uma mensagem ao tal Caniço, diga que é para ele ir amanhã à tarde à casa da Catarina, que ela tem mais um serviço para ele.

– E depois...

– Pela manhã vou buscar a Melissa, como faria normalmente. Não quero minha filha em casa na hora que o Caniço aparecer... Eu e você estaremos a espreita, esperando ele entrar... Assim que ele entrar... Eu vou atrás... Então, meu caro, eu vou desmascarar definitivamente a Catarina e tirá-la de vez das nossas vidas...

– Eu farei isso... Hoje mesmo vou arranjar o garoto de recados... Assim que fizer isso mando uma mensagem para você...

– Marque para as duas horas da tarde.

– Claro.

– A Laura não pode saber de nada... Ao menos por enquanto...

– Não direi nada...

– Ótimo.

– Tem certeza do que vai fazer...

– Tenho. Deveria ter feito há muito tempo... A Catarina destruiu a nossas vidas daquela vez e quase agora novamente, não posso deixá-la perto da minha família... Eu a aturei por todos estes anos por causa da Melissa, agora minha filha já é grandinha, e pode ficar longe da mãe...

– Você vai mandar prender a mãe da sua filha?

– Não... Não é por falta de vontade... Adoraria mandar a Catarina de vez para a cadeia... Eu não quero ver o desgosto da minha filha em ter uma mãe presa, por mais que ela mereça apodrecer na cadeira...

– Então o que você prende fazer?

– Lamento muito pelos portugueses, mas vou mandar a Catarina para Portugal, e ela que se vire por lá... Não a quero perto da Laura, nem da Melissa... Sei que não se deve separar uma mãe de um filho... Porém, este caso, é a minha família que está correndo risco... Se ela mandou fazer o que fez, se quase matou a minha mulher e nosso filhinho... Eu não vou dá oportunidade de fazer novamente... Eu a quero longe, e acredite, ela ainda estará muito perto...

– Mas e a sua filha?

– Eu já errei com ela quando fiz da Catarina mãe de uma filha minha... Se me arrependo de algo nesta vida foi fazer daquela mulher mãe... Como pai, tenho o pátrio poder e posso tirar a Melissa da Catarina e vou fazer isso... Com a minha filha aquela mulher não fica mais... Nem os olhos ela põe em cima da menina. Nunca quis usar desse recurso, não há outro jeito... Nem eu a quero por perto, tenho medo da minha própria reação sobre ela...

– Tem certeza?

– Tenho... Eu sou capaz de matá-la, e isso é o que mais me assusta...

– Edgar...

– Eu espero seu recado, ainda hoje...

– Não se preocupe, tudo será como quiser...

– Melhor assim...

Naquela tarde, me refugie nos braços da Laura, não disse a ela nada do que acontecia... Minha esposa nunca foi alguém que se pudesse enganar facilmente, e viu em meu semblante a minha preocupação... Não gostava de mentir para ela, mesmo assim me mantive em silêncio... A descoberta sobre a mãe da minha filha tinha causado em mim uma grande decepção, apesar de saber que não deveria esperar nada diferente da Catarina... Minha revolta era tamanha... E realmente tinha medo do que pudesse fazer com ela... Sentia um ódio muito grande e por isso pedi que o Henrique estivesse por perto, assim, ele me conteria... Nunca havia tido um sentimento tão ruim dentro de mim, era não queria alimentá-lo. Por isso também me refugiei nos braços de Laura, pois ali encontraria um sentimento bom e quem sabe assim poderia amenizar o que sentia pela Catarina naquele momento... Tinha medo, por mim... Pois, pela primeira vez, sabia que talvez não conseguisse me controlar... Eu era capaz do pior...

Na manhã seguinte, depois de receber o recado do Henrique que o Caniço já tinha recebido a mensagem em nome da Catarina, fui até lá, e para minha sorte, ela não estava, como disse tinha medo da minha reação... Pedi a criada que arrumasse uma pequena mala para Melissa já que ela passaria poucos dias comigo... Peguei minha menina e a levei para casa, como já fiz tantas outras vezes... E no horário marcado, na esquina da casa de Catarina, eu e o Henrique esperávamos e não tardou o Caniço aparecer e ir em direção a casa da mãe da minha filha... Corremos até lá e deu para ouvi Catarina dizendo que não havia marcado nada com ele, tão pouco o faria em sua casa... Eu e o Henrique entramos para surpresa dos dois...

– Edgar? Você aqui?

– Quem é os doutores? – O capoeira se assustou ao nos vê ali.

– Então Catarina, este é o seu cúmplice? – Falei.

– Não sei do que está falando? – Arredia e assustada.

– Não tente negar... Eu sei que foi você... – Fui direto.

– Da licença que não tenho nada que fazer aqui. – O tal Caniço tentou sair da casa, porém o Henrique se pôs a frente do rapaz.

– Você fica! – Henrique disse ao Caniço.

– É melhor você ficar bem quieto ou eu vou chamar a polícia. – Eu disse.

– Eu não fiz nada não doutor...

– Fez sim... Eu já levantei a sua ficha rapaz... Sei que já praticou vários crimes... E pelo jeito agora se tornou um incendiário... – Fui categórico.

– Não sei do que o doutor está falando... – Arredio.

– Virão você perto da escola... Colocando madeira seco e papel velho atrás da escola com a ajuda de outro homem... E no dia seguinte houve o incêndio... Também te viram com um balão, perto da escola ainda... Sem contar que o viram também com a dama aí presente no Bar Guimarães, dando um pacote de dinheiro para você... Eu tenho testemunhas, ou vai negar...

– Eu não sei do que você está falando Edgar. – Catarina tentava negar.

– De você ter mandado colocado fogo na escola... Eu vai querer negar... Eu sei que foi você Catarina... Também sei que foi a senhora que está por trás da história da foto... Eu sei de tudo...

– Eu não sei do que está falando... – Negando ainda.

– Sabe sim, Catarina. A sua máscara caiu... Ou você fala a verdade ou eu te mando para cadeira junto com seu comparsa...

– Eu não sei do que você está falando, Edgar. – Negava.

– E você rapaz... Sabe do que eu estou falando? – Fui em direção a ele.

– Não sei não doutor... – Também negava.

– É melhor, você falar a verdade... – Foi a vez do Henrique dizer algo.

– Não sei de nada...

– Sabe sim... Ou fala, ou eu te mando para a cadeia e vou tratar de nunca mais sair de lá...

– Eu não tenho medo do senhor... – Desafiava-me.

– Não tem mesmo?

– Eu posso partir o senhor em dois se quiser... – Ameaçou-me.

– Faça isso. Você vai me agredir, e eu vou colocá-lo na cadeia de vez... Vou processá-lo e acredite rapaz eu vou ser seu pior pesadelo... Da cadeia você nunca mais sai e vou tratar disso pessoalmente... Quer realmente bater de frente comigo... Não seria um bom negócio... Em falando em negócio... Eu tenho um para você... Eu e meu amigo aqui o deixamos sair... Prometo não colocar a polícia do Rio de Janeiro atrás de você... Desde, é claro, me conte a verdade... Foi você que colocou fogo na escola...

– Não sei do que está falando... Aliás, eu nem devia está aqui... – Arredio.

– Rapaz, não brinque comigo... Você não pode comigo...

– Não sei do que o senhor da falando...

– Sabe sim... Você quer ou não apodrecer na cadeia... Pense bem...

– Não diga nada Caniço... – Catarina finalmente se manifestou...

– Não precisa mais... O que acabou de dizer já foi o suficiente... – Virei para ela.

– Eu não disse nada Edgar... – Altiva como sempre.

– Não seja tola Catarina... – Henrique falou.

– Chega!! Eu sei que foi você Catarina... – Gritei. Meu desejo era pular em cima dela...

– Saiam da minha casa... – Ela rebateu.

– Errado Catarina. Esta casa é da minha filha... Era, pois a Melissa não mora mais aqui...

– Com assim não mora mais aqui?

– A Melissa, a partir de hoje, mora comigo... – Disse.

– Me deixa ir doutor... – Caniço parecia que iria partir para cima do Henrique e este não se intimidou.

– Deixe-o ir Henrique... – Falei.

– Tem certeza? – Olhando de igual para igual para o Capoeira.

O rapaz saiu rápido da casa e ficamos nos três ali...

– Eu espero você ali fora Edgar... – Henrique fez menção de sair.

– Fica Henrique. – Pedi.

– Tudo isso é um absurdo... Quem você pensa que é Edgar? – Gritava Catarina.

– Confessa... Eu sei que foi você... – Era direto com ela.

– Eu não tenho nada para confessar... – Gritava de volta.

– A fotografia... Foi você! Eu desconfiava, mas era sortido demais até para você Catarina... Eu nunca imaginei que pudesse fazer algo tão cruel, mas então vem a história da escola... Quase matou a Laura...

– Eu já disse, não sei do que você está falando... – Fria.

– Não negue Catarina... Eu já estou cansado de você... Uma vez na vida seja honesta...

– Eu já disse não sei do que está falando... E eu quero a minha filha de volta...

– Aqui a Melissa não põe mais os pés... Eu quero você longe da minha filha...

– A filha é minha... Eu tenho meus direitos... – Gritou novamente.

– A filha é minha... E tenho todos os direitos sobre ela... Eu sou o pai...

– E quem disse que você é o pai? – Eu gelei ao ouvi isso. Sabia que a Catarina é cruel, a agora havia passado todos os limites.

– Do que você está falando... – Senti como se levasse um soco na boca do estômago.

– Edgar, seu tolo... Seu grande tolo... Eu sempre soube que se dissesse que a menina era sua você iria correndo para Portugal... Nunca questionou... Acreditou de imediato... A grande verdade é que eu não tinha apenas você como amante naquela época... Seu tolo... Achou mesmo que era o único... – Quase que se divertindo com minha incredulidade.

– Do que você está falando? – Incrédulo.

– Melissa, pode não ser sua filha... – Ela tinha prazer em me falar isso. Se já tinha o desejo de matá-la, naquele momento me vi partindo para cima da Catarina e senti ser puxado para trás... Era o Henrique que me impedia de acabar de vez com a Catarina.

– Ah Edgar, como foi fácil... Eu nunca tive certeza da paternidade da Melissa, por outro lado tinha certeza que você a aceitaria sem me questionar... Seu grande idiota... Foi tão fácil...

– Sua desgraçada... – Gritei.

– Calma, Edgar... – Henrique ainda me segurava.

– Quer saber... Fui eu sim, quem pagou para fazer aquela foto... Foi tão fácil, o tal de Oswaldo aceitou fazer a matéria por míseros tostões... E o mais engraçado é que foi com o seu dinheiro que paguei para que ele fizesse a matéria... Que pena que não vi a sua querida Laura ser escorraçada da escola, foi um prazer que não pude ter... Mas adorei saber que a Madre a expulsou sem piedade... Foi um imenso prazer jogar o nome da sua queridinha na lama...

– Eu vou... – Senti mais uma vez a força do Medeiros tentando me segurar...

– Edgar, eu disse que não ficaria assim... Tinha que colocar aquela mulherzinha para ser professora da minha filha... Achou mesmo que aceitaria tudo isso calada... Nunca... Eu nunca engoli a Laura... Por causa dela você me deixou em Portugal... Por causa dela, você nunca olhou para mim... Por causa dela, você me jogou nesta casa escondida de tudo e de todos como se eu fosse nada... E me dando apenas tostões e não dava para nada...

– Cale-se Catarina... Desgraçada... Maldita... – Gritava com ela, desesperado.

– Edgar, quando eu tive a Melissa... Nunca quis ter filhos... E me vi grávida... Pensei em tirar, mas quando descobri a gravidez, já era arriscado, então não tive outro jeito a não ser ter a criança... Assim que nascesse, pensei comigo, a colocaria na Roda dos Enjeitados e nunca mais pensaria nisso... Só que a vida me aprontou uma falseta, no parto eu tive problemas e acabei prejudicando minha voz... E para minha salvação a menina tinha problemas respiratórios... É claro que pensei nos meus outros amantes, todavia, certamente se recusariam a aceitar a menina... Porém havia você... Jovem, nobre, um perfeito cavalheiro... Alguém que se soubesse que seria pai, não deixaria uma filha adoentada de lado, ao contrário, a acolheria com todo o amor... – Debochada. – E foi o que você fez meu caro... Aceitou a Melissa. É claro que há a chance de ser sua, porém nunca tive certeza e como eu imaginei, você a acolheu... Deixou para trás um recém casamento, a esposa... Foi tão fácil Edgar, você se encantou com a Melissa assim que a colocou no colo... O pai ideal para minha filha... Meus problemas estavam todos resolvidos ali... Só que para minha surpresa chega uma carta do Brasil... A esposa querida comunicando a gravidez... Sua felicidade ao saber... Eu não poderia deixar esta criança ameaçar o lugar da minha filha...

– As cartas de Portugal... As cartas que a Laura nunca recebeu... Até isso foi você... – Mais desnorteado ainda e com mais raiva.

– Foi. Aliás, belas cartas que você escreveu para a Laura, eram lindas e cheias de sentimentalidades... Comoventes... Eu ainda não conhecia sua esposa, porém, se não recebesse sua resposta ficaria em prantos... Foi fácil, também, conseguir receptá-las, você ficou hospedado no mesmo hotel onde tínhamos nossos encontros fortuitos no passado... Eu conhecia o pessoal do hotel...

– Você é doente, Catarina... – Desesperado.

– Não, é apenas a lei da sobrevivência... Tinha que tirar a Laura do meu caminho e foi o que eu fiz... E honestamente, foi um imenso prazer fazer isso... Confesso que por um momento até pensei que voltaríamos, entretanto, você nunca esqueceu a sua queridinha... Porém me dei por satisfeita por você me manter... No final das contas aquela menininha enjeitada me deu a segurança financeira que eu precisava... Você poderia ter sido mais generoso, por outro lado, tinha como me manter já que perdi minha voz por causa da menina... Foi a lei da compensação...

– Por sua culpa a Laura foi embora... Você não facilitou me nada... Desalmada. Sua desgraçada... – Outra vez senti Henrique me deter.

– Era claro para mim que a Laura apenas atrapalharia meus planos... Eu tinha que me livrar dela, e, sua esposinha foi tola demais ao desistir tão fácil de você... Nem se deu o trabalho de lutar por você... Realmente Edgar, você merecia alguém mais digna...

– Não fale da Laura... Eu não te dou este direito... – Gritei.

– Em vez de lutar... Na primeira oportunidade ela o deixou... Se você comigo, eu jamais deixaria tão fácil... Se ela fosse tão apaixonada por você assim teria aceitado o fato de você ter uma segunda família... Fez um escarcéu por tão pouco... Na realidade foi até bom ela ter ido embora... Assim ficava longe de mim e da Melissa... E assim você ficava apenas para a gente...

– Você é louca Catarina.

– Não Edgar, sou prática, apenas isso... E tiro do meu caminho quem me atrapalha...

– Pois, agora chegou a minha vez de tirar do meu caminho quem me atrapalha... Eu vou mandar você para Portugal... – Cheio de ódio.

– Você não pode me mandar para Portugal... Você não tem provas contra mim...

– Eu tenho o testemunho aqui do Henrique... Posso e vou colocar você na cadeia, a não ser que queira ir para Portugal... Eu tenho várias testemunhas que podem testemunhar e que a viram conversando com o capoeira... Sei das fotos, ou você acha que o jornalistazinho que fez aquela matéria vai querer mofar na cadeia por sua causa... Se ficar provado que o Caniço colocou fogo na escola eu o coloco na cadeira e, é claro, também, que dirá a verdade e você vai apodrecer na cadeira... Agora, por amor a minha filha, minha ouviu bem... – Enfatizei. - Eu quero que pegue o primeiro navio de volta a Portugal e esqueça-se de mim e da minha família...

– Não tem o direito... – Tranquilamente.

– Escolhe Catarina, a cadeia ou Portugal.

– E a minha filha... Não tem o direito de me separar dela, afinal de contas, ela é a minha filha...

– Errado Catarina, a Melissa é a minha filha, porque eu cuidei dela deste o primeiro momento em que pus os olhos nela... Não houve um dia que não tenha dado remédio para ela, que tenha contado uma estória para ela... Velado seu sono... Cuidado e amado... Eu sou o pai da Melissa, não me importa os homens com quem você andou enquanto estava comigo... A Melissa é minha e isso você nunca vai tirar de mim... Não importa se ela tem meu sangue ou não, ela é minha e isso você não pode mudar... – Aos gritos com ela.

– Calma, Edgar. – Henrique ainda me segurava com medo que eu fosse para cima da mãe da Melissa...

– Se você quer pensar assim ainda... – Disse com a maior calma do mundo e com tom sarcástico.

– Onde eu estava com a cabeça quando me deixei envolver por você... Você é nociva, mal, cruel... Uma mulher que é capaz de tudo... Eu te odeio Catarina...

– Não seja dramático, Edgar... Eu me lembro bem que gostava de estar comigo... – Calma e com tom sarcástico.

– Eu era muito ingênuo, me deixei levar e você quase acabou comigo, sua miserável... Hoje mesmo vou providenciar sua volta a Portugal... Aqui você não fica nunca mais, nem ouse chegar perto da minha família, ouviu bem... Tão pouco escreva para Melissa e se tentar, eu juro que sou capaz de ir atrás de você e acabar com você de uma vez por todas, não ouse ouviu bem!

– Eu não tenho o direito de me despedi da menina... Ela vai estranhar a mãe sumi assim... – Aparentando calma.

– No dia do embargue eu levo a Melissa, você terá o direito de se despedir da minha filha... Apenas se despeça dela e não ouse nada que vá fazer querer acabar com você ali mesmo...

– E eu posso saber como eu vou me manter em Portugal... Eu não tenho mais a voz de antes...

– Não é problema meu... Mas por consideração a minha filha... Eu vou te dá uma pequena quantia em dinheiro, o suficiente para se manter por pelo menos nos primeiros dois meses... Alugue um quarto em alguma pensão e vá cuidar da sua vida... Longe de mim e da minha família... E acredite em mim Catarina, será a última nota que tiro da carteira para te dá...

– Edgar é melhor irmos... Não temos mais nada que fazer aqui... Você está muito alterado... – Henrique tentava me puxar.

– Vamos sim Henrique, eu não quero mais vê esta miserável... Mil vezes maldita... – Mais uma vez tentei ir para cima dela e fui impedido pelo Henrique...

– Vamos Edgar... Já basta... Por favor...

– Vai com seu amigo... Como ele disse bem, já basta... – Catarina apenas me olhava.

– Eu não quero nunca mais pôr os olhos em você novamente depois da sua partida... Não quero me lembrar de você, não pense em voltar ao Brasil, ou a coloco na cadeia onde é o seu lugar... Não pense em entrar em contato com a Melissa também... Fique longe para sempre Catarina...

– Nem uma carta para minha filha, assim ela vai se esquecer de mim... – Irônica.

– Honestamente é o que eu espero que aconteça... Que a Melissa esqueça que um dia teve você como mãe...

– Está bem... Eu vou para Portugal... Ao menos da menina você vai cuidar...

Eu e Henrique saímos dali... Estava arrasado, nunca imaginei, como alguém poderia ser tão cruel e quando pensei que não havia mais nada... Catarina coloca em dúvida minha paternidade... Melissa era minha filha e isso nunca iria mudar... Pedi ao Medeiros que me levasse ao porto e providencie a passagem de volta dela... Tinha ainda vaga no navio que sairia no dia seguinte... A assim como havia prometido a Catarina, levei Melissa ao porto e vi mãe e filha se despedirem... Sempre de olho nas atitudes da mulher que quase acabou com a minha vida... Sentia um imenso ódio, o pior sentimento que alguém pode sentir... E de longe vi que o Medeiros acompanhava a cena.

– Então a senhora vai embora mamãe... – Melissa choramingava.

– Eu vou sim, eu voltei a cantar... E a mamãe precisa trabalhar... – Mentia para a filha.

– E eu não posso ir com a senhora? – Melissa sempre doce, até com a mãe dela...

– É melhor você ficar com seu pai. – Catarina olhou para mim, via eu seu olhar a lembrança da revelação do dia anterior... – Seu pai vai cuidar muito bem de você... Lembre-se que agora vai ganhar um irmãozinho... Sempre quis um, se lembra... Eu não vou poder dá a atenção que você merece...

– Eu sei mamãe... Mas eu não vou mais vê a senhora... – Ainda choramingando.

– Quem sabe um dia... Quando você estiver maiorzinha... – Pela primeira vez vi uma lágrima brotar dos olhos de Catarina. – Que Deus a abençoe, minha filha. – Parecia sincera.

– Adeus mamãe. – Melissa abraçou a mãe e depois veio para os meus braços.

– Adeus Edgar...

– Adeus. – Foi a única coisa que pude dizer. E mesmo assim porque a minha filha estava comigo.

Catarina entrou no barco que a levou até o navio que estava na baía. Finalmente havia me livrado dela, e meu único desejo, agora, era tirar de dentro de mim o sentimento ruim que ela tinha provocado em mim e segui com minha família... Medeiros acompanhava toda a cena e foi embora assim que vi que a mãe da minha filha embarcou... Eu apenas o cumprimentei com a cabeça... Eu e Melissa voltamos para casa e ao colocar Melissa para dormir naquela noite vi a tristeza no semblante da minha menina, sentei-me na cabeceira da cama e a coloquei em meu colo.

– Papai, eu nunca mais vou vê a minha mãe?

– Talvez não, meu amor... Não se preocupe... Ela nunca vai se esquece de você...

– Eu quem vai cuidar de mim agora? – Com os olhinhos cheios d’água.

– Ora Melissa... Você tem a mim, a sua tia Laura... Nós te amamos muito e sempre vamos cuidar de você... Eu sou seu pai, se esqueceu...

– Não... Eu te amo papai...

– Eu também te amo muito minha filha. – Eu abracei a minha filha se senti as lágrimas percorrem meu rosto...

– Por que o senhor está chorando papai... – Ela me viu chorar.

– Por que te amo muito, minha filha... Eu te amo muito e nada e ninguém vai poder mudar isso... Você é a minha filha, minha abelhinha... – Eu a abracei novamente, e com mais força ainda e ali eu soube... A Melissa era minha.


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Notas finais do capítulo

Então meninas, o que acharam... Espero que tenham gostado... Finalmente nos livramos da Catarina... Comentem quero muito saber se gostaram de como a Catarina saiu da vida da família Vieira... Bjs e até o ante-penúltimo capítulo desta estória...