Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 5
A Casa


Notas iniciais do capítulo

Oi tudo bem, espero que tenham gostados dos capítulos anteriores. Desta vez volto novamente ao Edgar, mas agora tento colocar em uma situação mais engraçada... Afinal de contas qual o homem que nunca tomou um porre com o melhor amigo.



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A Casa (capítulo 5)

Mas uma manhã, pensei, sem ainda ter aberto os olhos, percebo a claridade do dia entra através das cortinas, abro preguiçosamente os olhos e vejo tudo com no dia anterior, o quarto continua o mesmo, a cama, até a penteadeira da Laura continua no mesmo lugar, me levanto e vou até o quarto de banho, como sempre, faço a toalete e vou tomar meu café que já está pontualmente servido por minha fiel Matilde, tudo sempre igual, leio o jornal do Guerra e depois cuido dos afazeres do dia. Há dias que fico trabalhando pela manhã ou recebendo meus clientes em casa, mas nunca sem deixar de levar e trazer minha querida Abelhinha na escola. Quando estou entediado, como num sábado à noite e o sono insiste em não aparecer escrevo sobre algum assunto relevante, mas não tenho coragem de entregar a matéria ao Guerra e deixo dentro de uma das gavetas de minha escrivaninha. Uma vez ou outra eu janto com meu amigo jornalista na Colonial ou no bar Guimarães, ou visito na redação do Correio da República, também visito a minha mãe, ela sempre tenta me animar, finjo que está tudo bem, mas ela conhece seu filho melhor do que ninguém e não acredita quando digo que estou bem. Esta tem sido a minha vida nos últimos seis anos.

Apesar de não ter saído da minha casa, há momentos que evito chegar em casa mais cedo, busco distrações em outros lugares apenas para não ter que ficar em casa, vou a teatro, a casa de minha mãe ou a casa do Guerra onde conversamos e bebemos um pouco além da conta. Guerra já me aconselhou várias vezes a vender a casa e buscar outro lugar, mas não tive coragem, nem de me mudar e tão pouco de mudar os móveis ou objetos de lugar. A casa é a certeza que vivi minha história com a Laura, é uma recordação, às vezes saudosa, outras vezes dolorosa.

Outro dia Guerra e esteve aqui e conversamos animadamente, entre uma taça e outra de vinho do Porto, conversávamos sobre o quanto eu era um tolo por ainda viver ali. Que deveria me livrar definitivamente daquela casa. Quem sabe assim me livrava das lembranças que eu insistia em cultivar.

- Seu problema meu amigo é que você, assim como está casa, esperam a volta da sua antiga dona. – Disse Guerra em um tom provocador.

- Não é verdade, gosto da casa. – Eu estava quase bêbado, mas tomando mais uma taça de Porto.

- Seu hipócrita mentiroso. Tenho certeza que seu maior desejo é que aquela porta se abra e a Laura entre como no passado.

- Acho que você bebeu demais Carlos Guerra... – Edgar iria pegar a garrafa de Porto que estava sobre a mesa de centro, para tirar do alcance do amigo quase embriagado.

- Bebi quase nada. E não ouse mexer nesta garrafa. - Guerra disse rindo da situação ridícula em que os dois se encontravam.

- Aposto que quando está sozinho aqui, fica pensando na Laura, no que ela estaria fazendo, onde estaria e principalmente... - Toma mais um gole de vinho.

- O quê? - Pergunta Edgar como se desafiasse o amigo.

- Por que ela não volta para mim. – Guerra choramingava ironizando o amigo.

- E quem disse que eu quero a Laura de volta?

Guerra ri da cara de indignação que Edgar faz.

- Edgar, eu o conheço há anos, sei como funciona esta cabecinha. Tudo que faz é pensar na Laura, é querer a Laura, mesmo quando a desdenha, no fundo é como gritasse: Eu quero a Laura de volta.

- Não seja tolo meu amigo, a Laura é passado. - Falou enfático.

- Meu caro Edgar, nunca ninguém lhe disse que a maior ausência acaba sendo a maior presença. Um advogado renomado como você deveria saber dessa simples lição de vida.

- Lamento informar, mas seu faro jornalístico está um desastre hoje. Laura Vieira é passado, meu caro jornalista.

- Pois eu nunca vi um passado tão presente. E meu faro, meu caro, nunca falha.

- Pois dessa vez falhou. – Edgar tenta desmerece o amigo.

- Então meu faro falhou?

- Certamente!

- Edgar Vieira, me responda com toda sinceridade, quantas mulheres você trouxe para esta casa nestes anos todos?

Edgar quase que engoliu a seco ao ouvir a pergunta do jornalista.

- Que pergunta é está? – Edgar fazia cara de indignado com a audácia do amigo.

- Uma pergunta simples. Você é um homem solteiro. É mais que natural que tenha seus namoricos por aí.

- Divorciado! O senhor quer dizer.

- Você entendeu. Enfim, um homem livre, de ótima aparência, bem sucedido e que pode ter a mulher que quiser.

- Eu não posso ter a mulher que eu quiser, se esqueceu que o divórcio me impede de casar novamente.

- Edgar, apesar da hipocrisia da nossa sociedade, eu e você sabemos que há outros arranjos que podem ser feitos as escuras.

- Guerra, sabe perfeitamente que não sou homem de outros arranjos e tão pouco às escuras.

- Não me respondeu.

- Não respondi o quê?

- Quantas mulheres, Senhor Edgar Vieira trouxe a sua casa.

- Que pergunta mais descabida. – Edgar ainda faz cara de indignado.

- Ainda não tive minha resposta. – Guerra se faz de sério, mas toma mais um gole de Porto.

- Não trago mulheres a minha casa. É minha casa, onde minha filha vem, minha mãe também. Jamais desonraria minha casa dessa forma.

- Boa resposta excelentíssimo senhor advogado, mas a resposta verdadeira é a seguinte: Jamais macularia o lar que viveu com o grande amor de sua vida, a presença de uma mulher que não seja a Laura seria inaceitável nesta cabecinha aí.

- E Se fosse verdade, qual o problema? – A falsa indignação de Edgar continuava.

- Nenhum, apenas prova que meu amigo é um eterno romântico apaixonado e que nunca esqueceu seu verdadeiro e grande amor. – Guerra em tom de deboche.

- Do que adianta se Laura me deixou sem olhar para trás.

- E se Laura voltasse?

- Sem chance. - Edgar toma mais um gole de Porto.

Guerra tentava provocar ainda mais o amigo.

- O que faria você, agora, neste exato momento se Laura adentrasse por aquela porta, dissesse que ainda o ama e pedisse para revogar o divórcio, o quê faria meu ilustríssimo amigo?

- Eu a mandaria voltar pelo caminho que veio, a ainda diria que foi ingrata comigo. – outro gole.

Guerra não agüentou e teve um ataque de gargalhada. Edgar olha o amigo e ria também.

- Pois a verdade é a seguinte meu caro advogado: se a senhora Vieira adentrasse por aquela porta, dissesse que o amava e pedisse para voltar você, no dia seguinte estaria no fórum providenciando os papeis da revogação do divórcio, eu conheço você Edgar, não pense que me engana. Admita Edgar, você ainda é apaixonado, aliás, apaixonadíssimo pela Laura, sempre foi, é e sempre será. Meu amigo eu não sei se destino existe, mas no seu caso é ser um eterno apaixonado por sua ex-esposa.

- Guerra, meu caro, se eu tenho uma paixão nesta vida, ela atende pelo nome de Melissa Vieira e não Laura Vieira. Minha filha é a única merecedora do meu amor.

- Boa resposta, mas Melissa é sua filha e Laura foi sua esposa, mesmo que tenha sido por alguns meses, mas foi e sei que no início você não foi um noivo muito entusiasmado, mas depois do casamento se transformou em um marido devotado, apaixonado e exemplar, aliás, o marido que qualquer mulher sonharia em ter, mas apenas a Laura teve a sorte de possuir.

- Debocha, debocha mesmo de mim. - Disse Edgar, esboçando um sorriso.

- Eu posso, se esquece, sou o seu melhor amigo.- Responde Guerra as gargalhadas.

- É melhor eu começar a rever os conceitos desta amizade, isso sim.

- Edgar, você sabe que eu te adoro.

- Eu também te adoro meu amigo.

Guerra fica sério por um momento.

- O quê foi? - Indagou Edgar.

- Já imaginou se a Laura tivesse conhecido outro homem, estivesse se relacionando com outra pessoa, é possível, não é?

Edgar altera o tom de voz, indignado:

- Agora você enlouqueceu de vez, Carlos Guerra. Jamais a Laura teria outro homem, eu sou o único homem da vida da Laura, nunca haverá outro. Nenhum homem encosta na Laura, não admito isso e jamais permitirei que isso aconteça. – Edgar ficou irado com a sugestão do Guerra.

- Mas é uma possibilidade. – Insiste o jornalista.

- Está possibilidade não existe. A Laura é a minha mulher e ninguém vai mudar isso nem este divórcio. A Laura pode fazer o que bem entender da sua vida, mas nenhum homem encosta nela, nem mesmo eu se for o caso. Mas a Laura é minha e nada e ninguém pode mudar isso. – Estava mais irritado ainda. – Se você não quiser perder minha amizade e continuar com ela em bons termos, jamais, ouviu bem, jamais insinue algo parecido novamente.

Guerra olhava admirado o amigo e com certo medo de ser agredido pelo mesmo.

- Certo, mas fique calmo. Falei apenas por falar, não acredito que ela tivesse outra pessoa que não fosse você. Sei que apesar de ter se divorciado de você, Edgar, ela foi embora apaixonadíssima por você. Não fique bravo comigo, não quis ofendê-lo, por um momento pensei que você fosse ter uma sincope aqui na minha frente, mas, mesmo assim você acaba de comprovar minha teoria.

- Que teoria?

- Que seu amor pela Laura é realmente eterno meu amigo. Não adianta negar. – Guerra sorri para o amigo.

Edgar sorriu da afirmação do amigo.

- Edgar, eu reconheço que nestes anos todos de amizade nunca o vi tão exaltado meu amigo, para alguém que tenta negar para si mesmo o quanto ainda gosta da Laura você ficou bastante bravo. – Guerra se serviu com mais uma taça de Porto e Edgar o acompanhou mais de uma vez.

A conversa continuou por mais um tempo e Carlos Guerra deixou Edgar sozinho. O jovem advogado sabia, que mesmo bêbado meu amigo Guerra tinha razão, ele não consegui esquecer Laura e tão pouco parece ter se esforçado neste sentido. A lembrança da esposa estava em cada canto daquela casa e se dependesse dele continuaria assim. Ao entrar no quarto que foi dele e de Laura e deitou na cama, abraçou o travesseiro que no passado tinha o aroma do cabelo da esposa, era como se buscasse o cheio que esteve ali um dia, mas agora, a muito perdido no passado. Mas uma dúvida assolava seu espírito.

- Será que a Laura poderia se apaixonar por outro homem? Será que ela poderia ter me esqueci, encontrado outra pessoa que não fosse eu. Se isso acontecer, eu mato desse desgraçado!


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Notas finais do capítulo

Então espero que tenham gostado, o próximo capítulo volta a ser sobre a Laura, a jovem professora, finalmente chega ao seu destino e com isso uma nova vida se inicia para ela.



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