Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 45
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, tudo bem? Espero que gostem deste capítulo... Sei que muitas estão esperando por ele a muito tempo... E já estava na hora... Boa Leitura... Foi feito com muito carinho... Comentem, adoro saber a opinião de vocês...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427840/chapter/45

Descobertas (capítulo 45)

Por Laura

– Então Laura, se sente segura para contar ao Edgar?

– Eu não penso em outra coisa... Agora sim, um filho, uma criança nossa e apenas nossa... Ah Isabel, eu nem sei o que pensar direito. Eu tenho que ir para minha casa e falar com Edgar. Não vejo a hora de contar.

– É tão bom te vê assim, feliz... Se alguém merece esta gravidez este alguém é você... E pensar que daqui a pouco vamos ter um bebezinho para cuidar...

– E a senhora vai me ajudar, não entendo nada disso...

– Laura ser mãe é algo tão natural, esta no nosso instinto, mesmo que seja o primeiro, tenho certeza que vai dá conta, sem contar que é capaz da Dona Constância querer tomar as rédeas...

– Acredito que seja natural que ela ajude, mas não abro mão de minha amiga e agora comadre... Meu bebê está bem Isabel, isso já me tira um peso das costas, é como se carregasse o mundo... Agora sei que está bem e posso contar ao Edgar... Eu não consigo nem imaginar que cara vai fazer quando soube...

– Cara de felicidade, igual a sua, ou até mais...

– Vou ser mãe... Quanto tempo esperando por esta criança, nem tinha esperanças e agora...

– E agora a senhora tem que dá um destino a sua vida, ou pretende ser uma mãe divorciada...

– Como assim?

– Ora, Laura, será que já não está na hora de voltar definitivamente para sua casa e retomar de fato seu casamento.

– Nem tinha pensado nisso...

– Pois tem alguém que não para de pensar nisso e vai querer que você volte para a casa de vocês assim que soube da boa nova.

– Eu sei.

– E está preparada para voltar?

– Eu adiei tanto a minha volta... Fiquei tão receosa por tanta coisa e agora... Nosso filho merece nascer em um lar de verdade, com os pais juntos, em uma família de verdade e na realidade eu praticamente já havia voltado para casa... Preciso que me ajude a arrumar minhas malas.

– Claro.

Rumamos de volta ao Cosme Velho e Isabel me ajudou a arrumar minhas malas, e relembramos nossa volta ao Rio de Janeiro, a esperança de uma nova vida e os medos que nos rodearam. Naquela época, não imagina como seria... Tinha medo de voltar e rever o Edgar, medo de não o ver novamente... E agora estávamos juntos e com um filho a caminho... Assim que terminamos, dei uma olhada em volta do meu, agora, antigo quarto... Agora era vida nova.

Um coche já esperava por mim... Mas antes...

– Isabel, poderia me fazer um favor?

– Claro, qual?

– Será que eu posso deixar minhas malas aqui, até amanhã...

– Laura, nem precisa pedir, por que quer deixar as malas? – Surpresa com a minha atitude.

– Quero fazer uma surpresa ao Edgar, primeiro conto que estou grávida... É claro que vai pedir para que volte para casa... Vou fingir que ainda não, que não é o momento ainda... Se você puder mandar minhas malas amanhã, de manhã, na primeira hora, eu agradeço, peço para Matilde recebê-las sem que o Edgar saiba, quando eu ele acordar e descermos para tomar nosso café da manhã, ele verá as malas na sala e aí saberá que voltei definitivamente para casa...

– Está bem, peço para o cocheiro me buscar e as deixo em sua casa bem cedo...

– E tem mais uma coisa, minha querida amiga... Quero te agradecer.

– Agradecer, pelo quê?

– Por tudo, por ter me dado abrigo, por ter voltado ao Rio de Janeiro, por ser minha amiga e principalmente se não fosse por me convidar a morar aqui, com você, se não tivesse mandado aquela carta dizendo que queria voltar e praticamente me convocando para vim morar com você, certamente não estaria aqui hoje... Não teria reencontrado o Edgar, voltado com ele e muito menos a espera desta criança, se não fosse você Isabel, ainda estaria no interior, sonhando com uma vida que por muito tempo pensei que não fosse minha e agora, finalmente, eu a consigo de volta... Eu não tenho palavras... Não há agradecimento que faça que demonstre a minha imensa gratidão... Se eu tenho de volta tudo que havia deixado para trás há quase sete anos, devo a você... Você me ajudou a ter minha vida de volta e vou ser imensamente grata por isso... – Comecei a chorar e Isabel junto comigo.

– Eu não sabia que tinha feito tanta coisa... Não tem que agradecer Laura, quando decidi voltar... Se você tivesse dito não... Também não teria a minha própria vida de volta... Não sei bem se destino existe ou não... Eu também precisava voltar e você me deu coragem para fazer isso... Se eu te ajudei, então você me ajudou muito mais... Estamos juntas, e apesar de que esta casa vai ficar muito grande sem você... Sei que nunca vai precisar dela novamente, mesmo assim quero que saiba que esta casa também é sua e as portas dela sempre estarão abertas para você e sua família. Sempre que precisar estarei aqui, esperando por sua visita e com meus braços sempre abertos para você... – Abracei minha amiga.

– E eu sempre voltarei, sozinha ou com minha família, sempre estarei aqui, da mesma maneira que quero que esteja comigo em minha casa... Apesar dos poucos meses que vivi aqui, fui feliz, sempre terei boas lembranças daqui... Das nossas conversas nesta sala ou na cozinha...

– Eu já estou com saudades... Daqui a pouco vou ao Teatro, quando voltar, sei que não vou encontrá-la aqui novamente como antes... Tudo bem que já mal dormia aqui mesmo... – Rimos juntas e ainda abraçadas. – De certa maneira sabia que estava aqui, agora se vai... Estou triste, pois sei que vai embora... Porém muito, muito feliz, por saber que é para uma vida nova, que vai estar com seu amado Edgar, com a criança que espera e que vai ser muito feliz... E isso minha querida, agora, ninguém pode tirar de você... Este é meu consolo... E isso me traz uma imensa alegria.

– Mais uma vez, obrigada por tudo.

– Laura, eu estou muito feliz por vocês. Adoraria ver a reação de Edgar quando souber da sua volta definitiva para casa e que agora vocês terão um filho.

– É só vim comigo... – Disse a Isabel.

– Laura, este momento é apenas de vocês dois... Eu fico aqui, apenas imaginando, está bem?

– Obrigada por tudo. – Outro abraço, mais apertado ainda.

– O cocheiro já está esperando, vai minha amiga, vai atrás da sua felicidade e amanhã cedinho levo sua bagagem, vai ser feliz... – Isabel me abraçou com tanta força e nossas lágrimas teimavam em cair... Minha querida amiga me levou até o coche e mais uma vez me despedi... Acenei com a mão e parti, em direção a minha casa e para minha nova vida...

Por Edgar

– Guerra, procurei a Laura por vários lugares e nada... Sumiu, até a Isabel desapareceu também, não sei mais por onde procurar... Fui a casa delas, a escola nova, no teatro, na Garnier, na Colonial, andei meio Rio de Janeiro e nada delas, até na casa de dona Constância eu fui, e nada da Laura, não faço ideia onde elas podem ter ido... Só não fui à casa do Medeiros porque não sei onde fica... Fico com medo que algo possa ter acontecido... Sem contar que tenho que pedi desculpa para a Laura pela estupidez de ontem. – Andava de um lado para o outro no escritório do Guerra.

– Fica calmo, Edgar. Certamente nada aconteceu, notícia ruim sempre chega rápido, como jornalista deveria saber disso... O que aconteceu foi apenas um desencontro, provavelmente, Laura e Isabel estão juntas, talvez tenham ido ver algo relacionado à nova escola... Daqui a pouco é a inauguração e ainda tem muita coisa para arrumar, com certeza foram ver algo relacionado a nova escola...

– Talvez tenha razão... Não gosto de ficar sem saber notícias da Laura... E este silêncio todo me incomoda... – Andava de um lado para o outro.

– Edgar, apenas para te lembrar... Você ficou seis anos sem notícias da Laura e sobreviveu... – Guerra soltou um leve sorriso irônico.

– Tinha que soltar uma piada. – Havia momentos que o senso de humor de Guerra era irritante.

– Se não soltar não serei eu... – Guerra continuava a ri de sua ironia. – Fica calmo, tenho certeza que não é nada de mais. – Tentava inutilmente me acalmar.

– Este silêncio... Não sei há alguma coisa... Sei que há, estou sentido...

– Não conhecia seu lado sensitivo... – Outra risadinha do Guerra.

– Falo sério, Guerra.

– Meu caro Edgar, não se preocupe...

– E se a Laura estiver com o Henrique Medeiros...

– Se ela estiver e se eu a conheço bem... Então meu caro você será o primeiro a saber... Disso pode ter certeza... – Outra risadinha.

– Sinceramente Guerra, nos últimos tempos você está se superando...

– Calma, Edgar, apenas quero que relaxe um pouco... Daqui a pouco a Laura vai aparecer e verá que está tudo bem com ela.

– Tomara...

– Se tivesse contado que era o Ferreira, tenho certeza que não estaria nesta angústia toda.

– Você queria o quê, que eu contasse na frente do Medeiros... Era tudo o que não queria... – Não consegui ficar parado.

– Sei lá, Edgar, pedisse para conversar com ela sozinho, fizesse alguma coisa...

– E eu fiz...

– O quê aquela cena patética aqui, no meu escritório, eu no meio do fogo cruzado de vocês... Sem saber o que falar, ou fazer...

– Deveria ter me deixado ir atrás da Laura.

– Edgar, a Laura bateu com a porta na sua cara... Acha mesmo que ouviria alguma coisa... Vocês dois apenas continuariam discutindo... Vai por mim, foi melhor assim... Daqui a pouco ela aparece e muito mais calma.

– Foi tão melhor assim que nem sei por onde a Laura anda. – Inconformado.

– Nunca imaginei que fosse tão desesperado... – Guerra brincava comigo enquanto tentava revisar uma matéria feita pelo Neto.

– Ah, Guerra... Não é desespero, é saudade, é dor de consciência por ter agido como um idiota... Por que a Laura tinha que levar logo o Medeiros. Quando o vi ali, junto a ela e conversando animadamente... Eu fiquei sem reação... Já estava tenso por causa de ter que falar que era o Ferreira e ainda por cima vê aquele lá ao lado da minha mulher... O que será que passou na cabeça da Laura para levar aquele lá. É a Laura, a minha Laura... – Angustiado.

– Talvez tenha comentado que conheceria o Ferreira e o tenha chamado para ir junto... Já que para ela você tinha um encontro de trabalho em outro lugar... Ao menos a fez acreditar nisso.

– E tinha que levar o Medeiros? – Inconformado.

– Olha Edgar, serei bem honesto com você... Não sei nada sobre o Medeiros... Pelo que você sempre diz, sua querida esposa estima muito esta amizade... Quem sabe não é um motivo para você conhecer melhor este rapaz.

– Está propondo que eu faça amizade com ele? – Incrédulo com a sugestão do Guerra.

– Edgar, você é um excelente advogado, porém, que se deixa levar pelas emoções quando o assunto é sua família, principalmente a Laura... Como tal, sabe, perfeitamente, bem que é preciso manter calma... Usar a melhor estratégia para ganhar a causa... E como uma boa partida de xadrez, você sempre joga visando às próximas jogadas e para aí, sim, dá o Xeque Mate... Seja estrategista, se aproxime do Medeiros... Saiba quem é de fato...

– Não sou assim...

– Sei que não... Apenas se informe... Você também é jornalista investigativo, pode saber mais sobre o rapaz...

– A Laura já me falou muito sobre ele... É só elogios para o ele... Viajou meio mundo...

– Com certeza isso acabou fascinando a Laura, lembre-se que você também é um homem viajado... Fala algumas línguas, é um homem moderno... E além de tudo é um excelente jornalista e que a sua esposa, também, é fascinada pelo texto do Ferreira e que vem a ser você, meu caro Edgar... E, apesar de acreditar que...

– Apesar de acreditar que?

– Edgar, pensa comigo... Você conhece sua esposa como ninguém... A Laura sempre pautou pela sinceridade e pela verdade... Sempre foi honesta com você...

– A Laura sempre foi bem honesta comigo... – Concordei.

– Se a Laura te falou do Medeiros, teceu vários elogios a ele como mesmo disse, se ela fala dele para você... Acredita mesmo que, um dia, remotamente, o Medeiro vá consegui chamar a atenção da Laura?

– Como assim? – Confuso.

– Edgar, o que eu quero dizer que seus ciúmes em relação ao Medeiros não têm fundamento. Não precisa ficar inseguro... A Laura gosta dele sim, como amigo e apenas isso... Do contrário, meu caro, não falaria nada... Mulheres como a Laura são raras... Ela sempre põe você a par da vida dela. Se ela tivesse interessada nele, você seria o primeiro a saber... E eu vejo a maneira como ela olha para você e briga com você também... Meu caro isso é amor...

– É, pode ser, mas hoje a senhora Laura Vieira resolver desaparecer...

– Não seja dramático meu caro... Não tem com que se preocupar... A Laura tem olhos apenas para você... Por mais que o Medeiros possa ter viajado meio mundo, por mais que seja culto, por mais que tenha visto ou vivido, que a sua esposa fique encantado com ele... Não é por ele que a Laura se apaixonou há muito tempo atrás e por quem voltou também... Fica tranquilo, sua esposa tem olhos para você e assim como você tem olhos para ela... Nem o Medeiros, nem o Ferreira... Para Laura apenas existe você... Falo sério, meu amigo. E com isso o tal engenheiro nunca vai poder competir. – Sério.

– Espero que tenha razão... – Tentando me convencer das palavras de meu amigo.

– Eu tenho razão... Sempre tenho... – Guerra voltou a ser irônico.

– Quer saber vou para casa... A Laura conhece o caminho de nossa casa... Se ela quiser falar comigo tenho certeza que vai me procurar lá...

– Isto mesmo. Apenas mais uma coisa...

– O quê?

– Se a Laura for te procurar... Fale a verdade para ela sobre o Antônio Ferreira, seja honesto com ela, sua esposa sempre prefere a verdade e vai querer saber sobre o Ferreira por você, tente não brigar... Conversem, explique porque omitiu dela que é o jornalista que ela tanto admira... Tentem conversar... Fale do ciúme que sente do Medeiros, seja honesto com sua mulher e tenho certeza que ela vai ser com você também, e vai entender seu ponto de vista.

– Vou tentar... – Inseguro.

– Vai conseguir.

– Então já vou... – Deixei Guerra no escritório

Sentia-me derrotado, procurei Laura por todas as partes e nada... Antes de ir para casa, mais uma vez passei na casa do Cosme Velha e como antes ninguém me atendeu. O silêncio da Laura me deixava mais desnorteado ainda e pensar que novamente eu havia causado isso... Prometi a mim mesmo que contaria a verdade sobre o Ferreira, mesmo temendo toda e qualquer reação da Laura... Só queria ver a Laura... A ausência dela era como uma ferida dolorida e ficar sem notícias... Sei que não era como antes e mesmo assim me martirizava. Queria que viesse para casa e nada, e como resposta apenas seu silêncio... Ao voltar para casa, ainda tinha a esperança que pudesse está lá, porém, para meu dissabor, nada. Fui para meu escritório e sentei-me no meu velho sofá de couro. Por um momento tive um sentimento de orgulho ferido e decidi não procurá-la mais... Porém, nada que durasse mais que dois segundos... Sabia que jamais cumpriria tal promessa... Eu queria ir atrás dela e deixei todo e qualquer orgulho de lado e assim que cheguei perto da porta essa se abre e a figura de Laura surge diante de mim, deixando para trás qualquer sentimento ruim que passara em meu coração naquele dia.

– Laura. Que bom que veio.

– Edgar. Como vai? – Seu semblante estava tão tranquilo, nem parecia a mesma que brigara comigo um dia antes...

– Laura você sumiu o dia inteiro... Eu procurei por você... Não sabia mais por onde procurar... – Demonstrando minha aflição por não saber dela.

– Procurou por mim? Por quê? – Sem entender direito o que se passava comigo.

– Senti saudades...

– Eu também? Por que procurou por mim? Parece aflito, aconteceu alguma coisa? – Entrou e colocou o pequeno chapéu e sua bolsa em cima do sofá azul.

– Eu não sabia de você... E hoje nem deu nenhuma notícia... Eu não sabia mais por onde procurá-la. Desculpa por ontem, eu fui um completo idiota, aliás, só para variar... Não era para ter sido daquele modo... Eu precisava falar algo importante e quando vi... Já estávamos no meio de uma discussão. – Falava tão rápido que quase atropelava as palavras.

– Edgar, o que aconteceu ontem não tem mais nenhuma importância, por isso eu vim aqui... Na realidade eu vim para falar de algo muito importante para a gente... – Ela se sentou e eu a segui.

– Por favor, Laura, eu preciso falar... Ontem você foi embora do escritório do Guerra batendo a porta na minha cara... – Levantei novamente, não conseguia ficar parado no mesmo lugar.

– Desculpa-me por isso... Eu não deveria ter feito aquilo... Perdão... Você não merecia e fui uma idiota também... Edgar eu vim aqui para falar algo muito importante para você... Para nós... – Ela se levantou também.

– Eu mereci, fui um completo imbecil e você não merecia isso... Eu menti para você... Fiquei com medo que não compreendesse o motivo de ter escondido isso de você... – Andava de um lado para o outro.

– Edgar, faz dias que eu tenho algo para te dizer e fiquei em silêncio porque tinha tanto medo de criar expectativas e depois me frustrar... E frustrar você... Há dias que sinto meu corpo diferente... Tenho sintomas que normalmente não teria e meu corpo começou a mudar... Minhas regras não aparecem há semanas... – Ela voltou a se sentar.

– Laura, eu tenho algo muito importante para dizer... É sobre o Ferreira... Na realidade ele e eu somos a mesma pessoa... Fui eu que escrevi aqueles artigos que você gostou tanto... Foi minha maneira de mostrar que eu me importava... Eu sou o Ferreira... – Mal ouvia o que ela falava, tamanha era a minha aflição e dizer logo.

– Fico enjoava toda a manhã, ou tenho um muito apetite... Eu fui ao médico... Precisava confirmar... Era tão maravilhoso e eu tinha tanto medo que não fosse verdade... Eu queria tanto isso... Esperamos tanto tempo por isso... Edgar eu estou grávida... Você disse que é o Ferreira... – Ela se levantou novamente.

– Grávida? – Foi a única coisa que ouvi e senti meu corpo parar.

– Grávida, Edgar... Grávida de um filho nosso... Você disse que é o Ferreira... Como assim? – Sem entender nada, eu acho.

– Grávida, Laura, foi isso mesmo que ouvi... – Naquele momento eu não sentia meu corpo.

– É Edgar, grávida, estou grávida... Como assim você é o Ferreira?

Eu não aguentei de abracei minha esposa com tanta força que a levantei do chão. Depois me dei conta que poderia está fazendo mal a ela e ao nosso bebê... Sentia-me tão aliviado, eu nem sei bem o por quê.

– Desculpe-me não deveria ter a abraçado com tanta força, você está bem? Grávida Laura, é isso mesmo.

– Abraçar nunca machucou ninguém... Pode me abraçar a vontade... Estou grávida... Estamos bem... – De todos os sorrisos que Laura me deu, certamente aquele foi o mais belo de todos...

– Grávida Laura, eu esperei a vida toda para ouvi isso... – Comecei a chorar feito uma criança e Laura junto comigo...

– E agora o que devemos fazer? – Eu não sabia bem o que fazer, como agir...

– Bom, o médico acha que estou de quase três meses... Temos que esperar apenas...

– Você está bem... Quer dizer vocês estão bem? – Aflito, porém feliz.

– Estamos ótimos Edgar. Eu tinha medo de contar antes de ter certeza... Há alguns dias que me sentia estranha... Eu tinha muito sono, enjoava ao acordar... O desejo de comer aquele pão delicioso... As vertigens...

– Então era desejo... Sovei o pão para nosso filho. – Sorri. – Eu estava fazendo algo pelo nosso bebê e nem sabia... Já desconfiava que estivesse grávida naquele momento?

– Um pouco, mas tinha tanto medo de pensar que poderia ser um rebate falso... Meu corpo começou a dá sinais... Não reparou que meus seios cresceram um pouco e perdi um pouco de cintura também...

– Reparei sim... Para mim apenas havia engordado um pouquinho, nada de mais... Não imaginava que pudesse ser uma gravidez... Um filho a caminho...

– Ou filha... – Animada.

– Não importa... Que esta criança venha, a gente esperou por ela por tanto anos... Laura se soubesse como estou feliz. – A abracei novamente e a beijei com tanto gosto...

– Eu também estou feliz... Muito feliz porque eu chorei tanto por aquela criança que perdemos há tanto tempo...

– Por minha culpa... – Senti um desconforto.

– Não se culpe... Não era para ser naquele momento... Só que agora Deus nos deu a chance novamente... Não estamos mais naquela época... Estamos aqui junto, pude ver seu rosto ao saber que estou grávida... E ver sua felicidade agora... Você está ao meu lado e nosso bebê está bem... Edgar eu já amo tanto nosso filho... Que estória é essa que você é o Ferreira... Como assim? Por que não me falou ontem? – Mudando repentinamente de assunto e sem parecer compreender o que havia dito.

– Eu não quero falar sobre isso agora... Laura, nós vamos ter um filho... Qual importância tem está estória agora... – Realmente o Ferreira era a última coisa que me passava na cabeça naquele momento.

– Toda... Como assim é o Ferreira... Agora eu quero saber... Estou grávida e não pode me contrariar... – Riu.

– Se você tinha medo de me contar que estava grávida antes de confirmar... Eu tinha medo de contar que era o Ferreira, pois não sabia qual seria a sua reação...

– Medo? Por quê? – Sem entender.

– Enquanto estudava Direito em Portugal... Fiz a faculdade apenas para agradar meu pai... Só que minha paixão sempre foi o jornalismo e quando me vi sozinho, em Portugal, eu consegui uma vaga como jornalista e comecei a fazer matérias investigativas... E tentava conciliar a faculdade e o trabalho de jornalista... Por isso não tinha muito tempo para ficar escrevendo cartas para você... Muito menos comprando lenços, ou camafeus... – Ela se sentou e eu a segui.

– Seu período de noivo omisso... De fato você foi um péssimo noivo.

– Isso mesmo... E um dia fui chamado para fazer uma matéria sobre uma apresentação da Ópera Aída que teria no Teatro Nacional Dona Maria II, eu fui fazer a matéria como faria qualquer outra e tinha que entrevistar a soprano... Fui substituir um colega que não pode ir...

– Eu já até imagino quem era a soprano... – Seu rosto ficou tenso.

– Laura, eu já te disse tantas vezes... Se me arrependo de algo foi de ter me deixado envolver com a Catar...

– Não fala este nome... Não este momento... Por favor... Por isso sentiu medo de me contar.

– Eu usava o pseudônimo de Antônio Ferreira para meu pai não descobrir o que fazia em Portugal quando não estava me dedicando aos meus estudos de Direito... Quando voltei ao Brasil, disposto a terminar nosso noivado e retornar para minha carreira de jornalista e...

– Voltar para os braços da Catarina... – Senti meu corpo gelar ao ouvir isso da Laura.

– Naquela época já havíamos terminado, pois não sabia se conseguiria ao não terminar nosso noivado... Graças a Deus eu não consegui terminar e nos casamos... Quando me dei conta, tudo que eu queria era você... Só que aconteceu tudo aquilo... – Laura apenas me olhava com uma expressão grave. – Laura me perdoa, por favor... Eu sei que errei... Eu deveria ter contado...

– Seu medo era eu descobrir que foi através do Antônio Ferreira que a Cat... Que aquela mulher entrou em nossas vidas... É isso mesmo? – Ela mal me encarou por um momento.

– É isso mesmo... Por isso tinha tanto medo de falar... – Receoso, e procurando pelo olhar dela. E ela finalmente olhou para mim.

– Edgar... Isso agora é passado... Não temos como mudar o passado... Eu prefiro pensar que foi através do Ferreira que a Melissa chegou até a gente e neste aspecto tenho muito que agradecer... Eu me dei conta que nunca te perguntei como conheceu a mãe da sua filha... Só que agora isso não importa, talvez nunca tenha importado para mim porque isso não mudaria nada... O que realmente é importante agora é nossa criança que está aqui. – Laura colocou a minha mão e as dela em seu ventre. – Temos que pensar no agora e no futuro... Vamos deixar tudo isso no lugar devido, que é o passado... Temos uma vida nova se formando aqui e é nela e na Melissa em que temos que pensar... – Continuava a olhar para mim.

– Eu sei... Em falar no agora e no futuro... Laura, você ainda vai insistir em ficar na casa da Isabel? Se antes não havia motivos para você ficar lá... Agora menos ainda... Daqui a pouco sua barriga vai crescer e as pessoas vão comentar e eu não quero ver isso se tornar uma chuva de comentários maldosos...

– Edgar, tudo ao seu tempo... E nunca nos demos o trabalho de pensar no falatório alheio...

– Laura, não faz mais sentido não voltar para sua casa agora... Esta casa é tão minha quanto sua... Eu quero vê você aqui... Eu quero acompanhar a sua gravidez... Ficar sempre perto de você, do nosso filho... Eu quero ver nosso filho nascer nesta casa... Eu quero participar... Volta para casa, vamos retomar definitivamente nosso casamento... Vamos contar logo para a Melissa que você é a minha esposa e que agora ela vai ter um irmãozinho... Eu já vejo o rostinho da nossa menina de felicidade... Laura eu vou ser pai e quero minha família perto de mim... Eu não quero impor isso a você, porém não vejo razão para continuar longe...

– Edgar, eu não estou longe, estou aqui agora...

– Está? Laura. – Aflito. - É a nossa família que está crescendo... Eu quero participar... Eu quero ter vocês aqui perto de mim... Será que já não basta não ter a Melissa comigo... Será que não vou ter este filho também... Laura se for assim eu não vou aguentar... – Quase desesperado.

– Calma, Edgar... Tudo ao seu tempo... Edgar, já não estamos mais naquela época... Você está aqui e eu também e agora este bebê... Ele é nosso e ninguém vai nos tirar ele... Eu não disse que não vou voltar... Eu apenas preciso de mais um tempinho... Só isso... – A calma com que falava quase me assustava.

– Não faz sentido Laura...

– Edgar, tudo vai voltar ao seu eixo... Eu prometo, está bem? – Muito calma para meu gosto.

– É nosso filho... – Mais aflito ainda.

– Eu sei e estou muito feliz por isso... Um filho nosso... Edgar e ter a certeza que tudo vai bem agora... Eu carrego esta certeza comigo... Você está aqui comigo e isso já me dá a paz que naquele momento nem sonhava em ter... E agora estamos aqui... Daqui a poucos meses teremos nossa criança em nossos braços. – Mais tranquila ainda.

– Se você quer assim... – Confesso que fiquei decepcionado.

– Não fica com esta carinha não... Vamos pensar no agora... Sabe Edgar... Agora que eu sei que é o Ferreira... Nunca imaginei que pudesse ser você... Deveria ter me contado... – Parecia se divertir com isso.

– Eu já disse senti medo...

– Eu sei... Por que voltou com o Ferreira? Foi por causa daquela vez como o senador Laranjeiras?

– Eu fiquei tão indignado e para piorar brigamos... Você me fez ir embora da casa de Isabel me sentido o pior dos homens... Fiquei tão chateado, não queria que me visse daquela maneira... Você achou que eu achava que você tinha provoca o senador a fazer aquilo, que eu a culpasse pelo que ocorreu e não era verdade... Quando dei por mim eu já havia escrito e mostrado ao Guerra e ele publicou... Eu fui um idiota e o Ferreira falou o que eu deveria ter dito a você... E você adorou o que ele disse... Depois vieram as outras matérias e você ficou mais encantada ainda com o Ferreira e eu fiquei enciumado e não aguentava a admiração que você tinha o Ferreira...

– Você tinha ciúmes do Ferreira? – Sem entender.

– Tinha. – Sentindo-me um idiota completo.

– Mas o Ferreira é você? – Indagou-me.

– Eu sei... Mas você não sabia disso... – Tentava justificar.

– É, de fato, eu não sabia... Engraçado Edgar... Já parou para pensar que mesmo quando era outro homem... Esse era você... Sempre você, Edgar... E não imagina o quanto me deixa feliz por saber que é sempre você...

– Você não está chateada por ter omitido isso?

– Chateada... Não, surpresa sim... E feliz por ser você... E pensar que estou grávida do Ferreira e nem o conhecia... – Laura começou a rir

– Laura! – Eu não acreditava que ela fazia piada com isso. – Não fala isso nem brincando.

– Ah, Edgar... É verdade... Estou feliz por ser você... Agora eu entendo o meu grande interesse em conhecer o Ferreira... Por que era você... – Laura continuava a ri.

– Você acha isto tudo engraçado?

– Como não achar Edgar... Então é a você que eu devo agradecer... Você sempre me surpreende... Você me entendeu Edgar... Eu me vi naquele texto, pois você me compreendeu profundamente e sou muito grata por isso... É por isso que te amo tanto e vou amar cada vez mais...

– E eu aqui sofrendo por achar que não iria compreender... Que pudesse não querer me perdoar por ter escondido isso de você...

– E eu sofrendo por medo de não estar grávida... Somos dois grandes idiotas... – Ela simplesmente ria de tudo isso, e eu me vi a acompanhando.

– Acho que somos...

– Eu nunca imaginei que pudesse me senti tão feliz, por você... Por mim... Pelos nossos filhos... Edgar, eu não consigo me imaginar mais feliz...

– E pensar que até a pouco estava me angustiado por você não está aqui comigo, cheio de medo... Tolice minha... – Sentia um imenso alívio por ter dito a ela, e principalmente por ela ter compreendido.

– Reparou que nossa vida deu uma nova guinada, só que agora, para algo melhor... A Isabel sempre me dizia uma frase que diz: Depois da tempestade a bonança... Minha amiga tinha razão... Ela tinha mais certeza disso que eu... Há poucas semanas, lembro-me que ela me disse que engravidaria e que procurasse você e eu fiz isso... Aquele dia que cheguei aqui quase de madrugada... E aquela noite foi maravilhosa...

– Lembre-me de agradecer a Isabel por ter trago você para mim...

– Sabe que eu disse isso a ela hoje... Se não fosse pelo convite, aliás, quase uma convocação... Se não fosse pela Isabel, não estaríamos aqui... Vivendo esta felicidade e tão pouco haveria esta criança...

– Definitivamente devo muito a sua amiga...

– Devemos. – Laura lançou-me um lindo sorriso.

– Devemos.

– Edgar... Reparou que está ficando tarde...

– É bem tarde...

– Você não quer subir? – Laura se levanta e se dirige a escada e olhou para mim.

– Vamos... Temos muito que comemorar... – Segurei a mão da Laura e subimos a escada de nossa casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então meninas, gostaram... Espero que tenha sido como queriam... Bjs e até próximo capítulo...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laura E Edgar - Um Novo Olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.