Aula para Melissa (Capítulo 38)

Não seria naquele momento que conversaria com Edgar sobre minha mãe, sei que teria seu ombro amigo, apenas desejava permanecerem silêncio e aproveitar a companhia dele... Como estava ainda um tanto chateada com a forma que se deu o reencontro com minha mãe... Anos sem nos vermos e pensei, ingenuamente, que poderia conviver em bons termos, inútil, a Baronesa sempre fora daquela maneira, e nada havia mudado com os anos de distanciamento... Ainda bem que ele veio me ver... A conversa com d. Constância tinha me deixado exausta e o ter ali, alivia um pouco do esse reencontro difícil, Ainda bem que ele estava aqui, que veio até mim... Em seu abraço encontrei o aconchego que tanto almejava... Edgar propôs que fossemos para nossa casa, não havia como não aceitar tal convite, apenas queria estar com ele e nada mais. Sentir-me acarinhada por alguém que me amasse e não existia ninguém melhor para encontrar tal pouso... Também não queria pensar em Antonio Ferreira, mesmo que ainda não tivesse desistido de conhecê-lo... Apenas queria a companhia de Edgar, e como sempre me consolou como apenas ele sabia fazer... Naquele momento apenas queria a companhia dele e assim aconteceu, ficamos abraçados ali, quietinhos e eu sentindo o calor do aconchego dos braços de Edgar...Como sempre deveria sempre ter sido... Adormecemos nos braços um do outro. Precisa desse aconchego e o encontrei.

Na manhã seguinte, ao acordar, fui surpreendida com uma linda bandeja de café da manhã. Edgar a tinha preparado, tomamos nosso desjejum e ficamos a manhã inteira no quarto, tínhamos outros compromissos, nada que não pudesse ser adiado por mais algumas horas, está ali me fazia bem, e não havia outro lugar que quisesse estar. Apenas queria está ali e assim aconteceu... Conversamos um pouco mais, sempre havia algo novo a ser dito...

Saímos do quarto apenas na hora do almoço. Matilde tinha preparado uma refeição deliciosa, com direito a um delicioso suflê e compota de Figo de sobremesa. Ficar ali, na minha antiga casa, na companhia do meu ex-marido, por um momento era como se todos os problemas não pudessem atravessar as portas de nossa querida casa. Apesar de que não adianta tentar fugir o tempo todo, em algum momento, temos que sair e encarar todos os dissabores que a vida nos apresenta...

– Você poderia ficar aqui, tenho que ir ao fórum, agora à tarde, adoraria voltar e encontrar você aqui, esperando por mim... – Edgar sugeria enquanto me beijava.

– Como uma boa esposa submissa? – Brinquei com Edgar.

– Eu prefiro mais como uma esposa enamorada de seu marido... E a propósito, a senhora não tem nenhuma vocação para esposa submissa, e honestamente, é isso o que mais me encanta em você... Esta total falta de vocação para uma esposa submissa... – Agora beijava delicadamente meu pescoço e sentia sua barba beliscando deliciosa e suavemente a minha pele.

– Se esqueceu que não somos mais casados. – Provocava-o.

– Não foi o que apareceu até agora a pouco, lá em cima... – Edgar se insinuava a mim.

– Entendo, seu convite é muito tentador, tenho que voltar para a casa, a Isabel está me esperando, temos um compromisso mais tarde.

– Não pode adiar?

– Poderia, apenas não quero. Não acho justo deixar a Isabel esperando, ela ainda quer acertar alguns detalhes comigo... Daqui a pouco a escola estará pronta... Em falar nisso precisamos marcar as primeiras aulas de Melissa, tenho tempo amanhã de manhã, se quiser pode levá-la até a minha casa...

– Por que não marcar aqui? Tenho certeza que aqui tem tudo que precisa e se faltar algo posso perfeitamente providenciar...

– Não, na casa de Isabel, já havia deixado isso bem claro para o senhor... – Eu o beijava delicadamente...

– Por favor, Laura... Seria tão agradável ver vocês duas aqui, perto de mim... – Edgar me pedia enquanto beijava meu pescoço...

– Isto não se faz... – Quase me deixando levar por suas carícias...

– Cada um usa as armas que tem. – Respondeu meu adorado namorado...

Dou-lhe mais um beijo apaixonado. Queria que fosse mais fácil resistir a ele...

– Será na casa de Isabel, quem sabe no futuro eu possa mudar de ideia, por hora eu prefiro assim... – Queria ficar mais tempo com ele.

Edgar confere as horas no relógio de bolso.

– Preciso ir, também, tenho uma audiência... Vemo-nos mais tarde? – Ele terminava de se vestir.

– Infelizmente não, tenho outro compromisso com a Isabel, hoje estreia a montagem de “Damas das Camélias”, quero está com minha amiga, é a primeira montagem depois da compra do Teatro... Quero apoiar a minha amiga, provavelmente, ela deva estar ansiosa e bastante nervosa...

– Ela me mandou um ingresso, mas não vou poder ir, mande meu abraço para Isabel.

– Então até amanhã e com a Melissa em minha atual casa... – Beije-lhe mais uma vez...

– Como queira, apesar de achar que aqui ainda é o melhor lugar... – Beijando enquanto balbuciava.

– Entendo o senhor, apenas prefiro assim, não vamos mais brigar por isso...

– Não, não vamos... Prefiro quando estamos assim... É tão mais agradável... Ter a senhora assim em meus braços, poder beijá-la, abraçá-la assim, junto a mim... Não quero brigar... Amanhã levo nossa menina até você... Infelizmente eu também preciso ir, a audiência não pode esperar...

– Tenha uma ótima tarde...

– Vou ter... Sempre tenho quando sinto que está perto de mim... – Outro beijo.

– Definitivamente Edgar, eu não sei da onde tira estas coisas... – Sorri.

– Da gente... Mudando de assunto... Já vou para o fórum, não quer que eu a deixa na casa de Isabel, assim teríamos mais um tempinho, juntos... Namorar um pouco mais você... Tenho que está na audiência um pouco mais tarde...

– Sabe que a ideia não é de toda má... Adoraria ficar um pouco mais com o senhor, meu marido...

– Marido? Adoro quando fala isso... – Apenas me lançou um belo sorriso.

– O senhor não é meu marido?

– Pensei que fossemos divorciados...

– No papel...

– Se quiser redijo agora mesmo a revogação do divórcio e vamos até o juiz por um ponto final neste divórcio absurdo...

– Eu tenho certeza que o senhor já teve ter este documento redigido há muito tempo... Em alguma daquelas gavetas de sua escrivaninha...

– Tenho sim... – Ficou tímido. – Apenas esperando que a sua volta para casa...

– Eu sabia... – Sorri para ele.

– Eu sei que fui um tantinho ansioso... Eu não vou negar que ainda sonho com isso... Não vejo a hora que aconteça...

– Então o deixe bem guardado por enquanto, no futuro será de grande serventia... Eu juro...

– Jura mesmo?

– Juro, eu sempre cumpro as minhas promessas... – Continuo a sorrir para ele...

– Eu vou cobrar isso... Não duvide disso.

– Nunca duvidei que não cobrasse... Vamos devagar, logo, logo, esse documento poderá ser apresentado ao juiz e lavrado em cartório... Eu prometo, senhor ansioso...

– Sou um bobo? – Eu segurei as mãos deles entre as minhas.

– Não... Não é não... Ansioso, certamente. – Não aguentei e fiz uma piada e ele riu comigo. - Se você for um bobo, então eu sou o quê, Edgar?

– Você ainda não voltou...

– Não voltei, e sinceramente, não gostaria de brigar com você mais uma vez por causa disso, sei que toda vez que falamos disso acabamos brigando e não quero isso... Eu quero ficar assim, sentir você... Olhar para você... Não quero brigar... Para que perder nosso tempo brigando se podemos ficar assim... Aproveitando a companhia do outro... – Lembrei-me das aulas de Melissa... - Vamos mudar de assunto e vamos ao que realmente interessa...

– O quê?

– Melissa, o quê mais poderia ser?

– Você sempre falar que temos tantas questões que resolver...

– Temos, vamos deixar nossas questões de lado e falar da sua princesa...

– O quê tem?

– As aulas, se esqueceu?

– Não, amanhã eu a trago em sua casa... A que horas quer que eu a traga...

– Pode ser as nove?

– Combinado, as nove.

– Preciso ir agora... Vejo vocês amanhã, sem falta.

– Já estou atrasado... Estaremos lá...

– Ótimo, espero por vocês, agora tenho que ir, a Isabel já deve está me esperando e eu não quero me atrasar... Vejo vocês amanhã... Dê um beijo em Melissa... Amo muito vocês... – Dei um selinho nele e sai enquanto ele ia em direção ao fórum...

Encontrei com a Isabel, ainda em casa, mas preste a sair para o Teatro Alheira, pedi que me esperasse e saímos juntas. Pegamos o bonde até a Rua do Ouvidor e ao chegamos ao Teatro Alheira, Mário fazia o último ensaio geral. Fui com Isabel para o escritório dela, onde foi verificar como andava a venda de ingressos.

A estreia foi um sucesso, todos aplaudiram a atuação de Diva Celeste e Frederico, apesar de, particularmente, ter achado a atuação um tanto cômica. O público se divertiu em vez de chorar... Logo na Dama das Camélias, uma peça dramática...

O final da noite eu fiquei em casa, queria conversar um pouco com Isabel, me sentia em falta com minha amiga queria que soubesse das novidades. Conversamos sobre o encontro com a minha mãe, Edgar e a Dama das Camélias e as atuações de Frederico e Diva Celeste... Por um momento até pensei ir à minha antiga casa, mas achei melhor descansar um pouco, dormir um pouco mais não seria mal ideia.

No dia seguinte, na hora combinada atendo a porta e Edgar, como havia prometido, trouxe Melissa para nossa primeira aula...

– Tia Laura? – Como é bom recebeu o abraço de Melissa.

– Bom dia...

– Bom dia Edgar, como sempre pontual... – Queria beijá-lo, mas com Melissa nos observando e ainda ignorando nosso namoro. - Então princesa, preparada para sua primeira aula?

– Estou, tia Laura, não vejo à hora de começar...

– Então eu já vou... Melissa você vai ficar bem com a tia Laura? – Edgar abaixava e dava mais um beijo na filha.

– Eu adoro a tia Laura, não se preocupe papai, eu já sou bem grandinha e tia Laura cuida de mim...

– Então já vou... Busco você depois... – Edgar abraçou e beijou sua princesinha novamente.

– Importasse se a Melissa almoçar comigo?

– Posso papai? – A menina ficou toda animada.

– Pode sim, venho buscar você às duas...

– Por que não almoça conosco... Adoraria ter companhia de pai e filha para o almoço...

– Almoçar? – Surpreso com o convite.

– Você sabe que a cozinheira não é grande coisa, mas prometo que vou me esforçar...

– Eu não duvido disso... Adoraria almoçar com as duas...

– Esteja aqui ao meio dia e meia...

– Estarei pontualmente e vou adorar... Você pode vim aqui fora só um instante. Melissa espera sua professora sentada ali, no sofá... Tenho um assunto sério para tratar com sua tia Laura... – Saímos.

– Algum problema Edgar? – Mal havia terminado a frase apenas senti ser pega pela cintura... E o seu beijo...

– A Melissa pode ver? – Tento recobrar um pouco da razão... Sentindo ainda o gosto.

– Tenha um bom dia. – Lançou-me aquele sorriso lindo que só ele tem...

– Depois de disso, como não ter... É melhor o senhor ir agora...

– Até mais tarde...

– Até... – E roubou-me mais um...

Edgar se foi e o vi se afastar... Ali na sala, Melissa a minha espera e fui ao seu encontro... Ela estava animada, e comecei a lhe ensinar, as horas passaram tão rápido, era uma delícia ensiná-la. Ouvia-me com tanta atenção, não me lembro de ter uma aluna tão interessada... Perguntava, tirava suas próprias conclusões e aprendia muito rapidamente... Quando me dei conta já era hora do almoço e daqui a pouco Edgar chegaria... Fui para a cozinha tentar preparar algo e Melissa veio comigo...

– Tia Laura, o que é divorciado? – Não esperava por esta pergunta.

– Por que quer sabe Melissa?

– A mamãe disse que o papai é divorciado, porém não me explicou direito o que era... Eu acho... – Rostinho de dúvida.

– O que a sua mãe disse para você? – Quase cortei o meu dedo em vez da cenoura.

– Disse que o papai não pode casar porque é divorciado... Eu não sei o que é divorciado...

– E sua mãe falou apenas isso? – Tentava me concentrar no corte da cenoura e não conseguia muito êxito.

– Todas as minhas amiguinhas do colégio... Os pais são casados... Mas os meus não... Por que meu pai e minha mãe não vivem na mesma casa como os pais das minhas coleguinhas? Por que meu pai mora em uma casa e minha mãe e eu em outra... Por que eles não são casados... E se não são como me tiveram... Eu não entendo tia Laura, é tão esquisito... Não era para todos nós morarmos na mesma casa?

Como explicar tudo isso para uma menina de sete anos... Era tão novinha para entender certas coisas...

– Além disso... Sua mãe falou mais alguma coisa Melissa... – Não tinha o direito de falar nada.

– Ela disse que meu pai teve uma esposa que ela foi embora porque não gostou de mim nem dela... Tia Laura eu fiz alguma coisa errada para ela não gostar de mim... Se o papai teve uma esposa porque não sou filha da esposa dele e onde ela está, tia Laura, a senhora conheceu ela...

– Melissa, sua mãe, sem querer, errou... Eu tenho certeza que a esposa de seu pai não foi embora por sua causa... Ao contrário, sua mãe está enganada, a mulher de seu pai gosta muito de você...

– Mas ela foi embora, eu nem a conheci... Nunca a vi... Não me lembro dela...

– Foi porque você era muito pequenina, eu juro que ela se foi, mas não foi por sua causa... Ao contrário... Ela gosta muito de você... Gosta tanto como se fosse sua mãe...

– A senhora a conhece?

– Conheço... E sei que gosta muito de você... Ela te acha uma menina tão linda... Meiga... Ela te ama muito, como se fosse filha dela... Ela tem tanto orgulho de você quanto seu pai.

– A senhora sabe o nome da esposa do papai...

Eu não tinha resposta... Por que logo agora Melissa me fazia estas perguntas... Ela percebia que algo estava errado, eu não podia tentar explicar a ela... Não cabia a mim dizer nada... Eu não... Como eu poderia dizer que era eu...

– O cheiro esta chegando até lá fora. – Salva pelo Edgar. – Desculpa entrar assim, bati na porta, e ninguém respondeu, a porta estava entreaberta e tomei a liberdade de entrar... Como vai Laura?

– Papai, o senhor chegou... – Melissa correu para o colo do pai. Ele a pegou e beijou sua bochecha.

– Então como foi à aula... – Com a filha ainda no colo. – Gostou da aula que sua tia Laura te deu?

– Supimpa papai, a tia Laura me ensinou um monte de coisa nova...

– Então vejo que gostou muito... – Era tão bonita a forma como ele mirava a menina.

– Foi muito bom, papai...

– Que bom, então vejo que gostou muito de ter uma professora só para você...

– Eu gostei muito papai... Tia Laura é muito boazinha...

– Ela é sim... – Edgar agora me observava. – Melissa, papai comprou um presente para você e eu deixei na sala e tem um pequeno buquê, faz um pequeno favor para o papai, pode abrir o embrulho maior e trás o outro aqui, é para sua tia Laura.

– Já volto, papai... – A menina saiu em direção à sala.

– Senti saudades... – Edgar já se aproximava de mim.

– Eu também... É melhor o senhor ficar onde está... Sua filha me fez algumas perguntas que não tive como responder... E se ficar assim, tão perto, com certeza, a cabecinha dela ficará mais confusa ainda...

– Aconteceu alguma coisa... Eu quero tanto te beijar...

– A Melissa perguntou para mim o quê é divorciado. Ela disse que a mãe falou que você é divorciado...

– Então ela falou que sou divorciado... – Ficou incomodado.

– Na realidade ela começa a perceber algumas coisas, ela vê que os pais não moram na mesma casa, ao contrário dos pais das coleguinhas... Perguntou sobre sua esposa que foi embora e ela acha que é por causa dela... A mãe dela disse que fui embora por isso... Eu confesso que fiquei sem reação... Acho melhor conversar com ela... Edgar, ela é uma criança e percebe as coisas e começa a notar que algo está errado nesta história toda... Fiquei sem saber o que responder e também não me caberia explicar isso...

– Eu vou conversar com ela melhor... Quer me ajudar nisso?

– Claro... Apesar de ser uma conversa de pai e filha.

Melissa voltou com um pequeno buquê de alecrim e uma linda boneca.

– Papai, o senhor me trouxe uma boneca linda, obrigada papai. – A menina abraçou o pai e beijo-lhe.

– Agora entrega o buquê de alecrim para sua tia Laura...

– Tia Laura é para a senhora... – Peguei e dei um beijinho no rostinho da filha de Edgar...

– Minha flor favorita... Obrigada meu anjo...

– Será que eu não mereço um... – Malicioso.

– Obrigada pelo alecrim... Não esperava... Depois vemos isso, agora o outro assunto...

– Que assunto, tia Laura...

– Você me fez uma pergunta para tia Laura, Melissa?

– Eu fiz, queria saber o que é divorciado?

Eu e Edgar apenas nos olhamos, ele se sentou e colocou a filha em seu colo, eu sentei-me na cadeira do lado deles.

– Melissa, como eu posso dizer... Divorciado é uma pessoa que foi casada... E que não é mais. Quando você for um pouco maior eu prometo explicar melhor... Você ainda é muito pequena...

– Mamãe disse que o senhor teve uma esposa e que ela foi embora por minha causa, ela não gostava de mim, eu fiz alguma coisa errada? Se eu fiz foi sem querer... Eu posso pedir desculpa... –Quase choramingando.

– Não Melissa, você não fez nada de errado, ao contrário... A esposa do papai gosta muito de você... Ela teve que fazer uma longa viagem... Ás vezes, os adultos... – Ele não sabia bem o quê dizer.

– Melissa a esposa do seu pai, precisou viajar porque precisa resolver um problema muito importante, e tenho certeza que vai voltar logo, a viagem dela já está quase acabando e tenho certeza que vai adorar conhecer você pessoalmente... Seu pai não foi com ela porque ele tinha que cuidar de você... Não era justo separar pai e filha, você era tão pequenina... Ela jamais faria isso e tenho certeza que a esposa de seu pai entendeu isso e ficou muito feliz por ele ficar e cuidar de você com todo carinho e amor... Ela teve que viajar por isso e seu pai ficou aqui, cuidando de você... Sei que gosta muito de você e não vê a hora de te conhecer e poder te abraçar com todo amor... Ela te adora Melissa, muito... – Foi a melhor resposta que me ocorreu na hora.

– A mamãe me disse que ela não gostou de mim, tia Laura...

– Melissa, a esposa do papai, tem um imenso carinho por você... Ela sabe que você é uma menina linda, esperta e não ver o momento de conhecer você... Tem por você um amor tão grande como fosse filha dela... Apenas não achou justo viajar e levar seu papai junto, ela queria que ele ficasse para cuidar bem de você... E foi o que ele fez... Cuidou muito bem de você, ela não vê a hora de conhecer você... Ela fala muito da princesinha do Edgar... – Tentei responder.

– Por que ela não volta então? É por minha causa... – O que Catarina havia dito estas coisas para a filha.

– Não, claro que não minha filha... Eu sempre falo para ela a menina maravilhosa que você é e ela sabe disso, e ela tem tanta vontade de abraçar, conhecer você, ela sempre me diz isso... Que você é a filha que ela gostaria de ter tido...

– Ela não tem filhos papai?

– Ainda não... E mesmo assim ela gosta tanto de você como se fosse filha dela... Eu tenho certeza que um dia nós vamos te dá um irmãozinho...

– Edgar, não complica. Ela ainda é muito pequena... – Eu o cutuquei.

– Claro.

– Melissa, você gosta da tia Laura? – Edgar me fitava.

– Eu adoro a tia Laura...

– Ela é boazinha?

– A tia Laura é supimpa... Eu amo a tia Laura... – Melissa me lançou um lindo sorriso. Achei tão bonitinho ela dizer isso.

– Então minha filha, a tia Laura também ama você, não é? Laura...

– Muito... Muito mesmo... Você não imagina o quanto... Te amo tanto como se fosse a minha filha... – Dei uma abraço em Melissa.

– Então a esposa do papai ama você como a tia Laura te ama...

– Então porque a sua esposa não está aqui... Eu não entendo, o senhor e a tia Laura falam que ela me ama e ela não está aqui...

– Ela já está voltando... Muito em breve você vai conhecê-la e tenho certeza que vai amá-la tanto quanto ama a sua tia Laura...

– E como que ela é? É bonita?

– Ela é linda, assim como sua tia Laura. – Edgar apenas me admirava.

– Papai a tia Laura disse que conhece a esposa do senhor...

– A Laura a conhece bem, e sabe o quanto ela gosta de você...

– E ela volta quando?

– Ela volta em breve, prometo... E você vai gostar muito dela assim como ela gosta de você também. Tenho certeza que serão boas amigas... Ela já te adora muito...

– Mas a mamãe falou que ela não gosta de mim... – Quase choramingando novamente.

– Sua mãe, sem querer, se enganou Melissa... A minha esposa gosta muito de você e quando ela voltar, tenho certeza que você vai gostar muito dela... Se ela for igual a sua tia Laura, você vai gostar?

– Eu vou adorar... Bem que podia ser a tia Laura sua esposa papai, eu ia gostar tanto...

Entreolhamos-nos definitivamente Melissa havia nos deixados sem ação... Edgar continuou a me olhar e voltou-se para a filha.

– Você ia gosta de a tia Laura fosse a minha esposa? – Edgar perguntou bem devagar.

– Eu ia achar supimpa... Adoro a tia Laura... Ela é como uma princesa de tão bonita... Qual é o nome da sua esposa, papai...

Fiquei apreensiva e Edgar voltou a olhar para mim e fiz um sinal negativo com a cabeça e depois voltou para a filha mais uma vez... Ele compreendeu e mudou de assunto.

– Melissa, faz outro favor para o papai, brinca um pouquinho na sala que o papai precisa conversar com sua tia Laura... Eu ajudo sua tia a terminar o almoço... Assim que terminarmos eu busco você, está bem? Agora vá brincar com sua boneca nova lá na sala...

Melissa pegou a boneca e obedeceu a ordem do seu pai.

– Viu só, ela gostaria que você fosse a minha esposa... – Ele me pega pela cintura.

– Vi sim, por um momento pensei que fosse contar... – Olhava para a porta pensando em tudo na conversa com Melissa.

– Pensei em contar, só vou fazer isso quando a senhora se sentir pronta... Apenas espero que não demore muito... – Meigo comigo.

– Mudando de assunto Edgar, nesta conversa teve algo que me preocupou...

– O quê?

– Reparou que por diversas vezes Melissa falou que a mãe, sempre dizia que fui embora por não gostar dela. Pode parecer uma bobagem, porém não é... Desculpa falar desta forma, a mãe de sua filha não é alguém confiável e sabemos bem que ela tem conhecimento da minha volta... Tenho medo que influencie de alguma maneira a Melissa... Promete que fica vai ficar de olho nela. – Realmente estava preocupada.

– Acha que Catarina pode fazer alguma coisa...

– Edgar, a minha experiência com a mãe de sua filha não é das melhores... Sei o quanto pode ser manipuladora... Sabemos que, Graças a Deus, neste aspecto Melissa não puxou a mãe, fica de olho, aquela lá já demonstrou que não é de confiança... Pode parecer inofensiva, entretanto sabemos que não é... Desculpa falar assim... Fiquei desconfiada porque a sua filha falou tantas vezes que a mãe disse que eu não gostava dela... Sabe lá mais o que tenha dito... Catarina sabe ser venenosa usando de sutileza e isso me assusta muito principalmente porque não custaria nada ela tentar manipular a própria filha... Peço desculpa por falar assim... Eu realmente não gostei disso. Eu não quero criar intriga... Apenas acho que temos que nos precaver...

– Eu prometo que vou tentar neutralizar o máximo a Catarina... Eu também não gosto da maneira como ela revelou que sou divorciado... É claro que quer deixar a menina mais confusa ainda... Melissa tem sorte porque tem a nós dois, podemos sempre orientá-la da melhor maneira e assim, não deixar que o veneno de mãe a influencie... Viu como é importante ela ficar mais tempo com a gente... Melissa ainda não sabe, e eu tenho certeza que vai adorar quando descobrir que a minha esposa e a sua professora são a mesma pessoa e que nós a amamos muito e nada e ninguém poderá mudar isso...

– Será que ela vai entender? Ela é tão pequenina... Tenho tanto medo que fique mais confusa ainda... – Terminava de fazer o almoço.

– Também é esperta... Ela vai entender, ela gosta muito de você e não imagina o quanto isto é importante para mim... Quero que as duas se dêem bem... E vocês já estão tão unidas... Tenho certeza que quando dissermos a verdade para ela, que é você a minha esposa, ela vai adorar... Ela vai ficar muito feliz... Sabe que você faz muito bem a ela... E a mim também... Não tem porque se preocupar com isso... De todos os nossos problemas, senhora Vieira, posso te garantir que este é o menor de todos eles... Melissa já a aceitou em sua vida e eu também, há muito tempo... Agora é a sua vez de nos aceitar na sua vida...

– Isso já aconteceu há muito tempo, vocês dois são parte da minha vida e não sei e nem quero saber de viver sem os dois... Mesmo assim, será que é tão simples assim? – Queria ter a certeza de Edgar.

– Laura, a Melissa já te ama tanto... Ela gosta de ficar com a gente, ela adorou quando contei que seria a professora dela novamente... Se soubesse o quanto me faz bem ver as duas assim, juntas... Tão unidas... Melissa vai saber e tenho certeza que isso irá unir mais as duas... O amor que sentem uma pela outra vai aumentar ainda mais... Disso eu não tenho a menor dúvida, Laura...

– Espero que seja assim... Amo tanto a sua menina...

– Ela é nossa menina... Eu sei que a ama muito e me alegra tanto que seja assim... Agora acho melhor terminarmos este almoço, eu não sei a senhora, mas passei a manhã toda na rua e não tive tempo de comer nada depois do café da manhã... O cheiro está uma delícia... Por acaso seria carne com batata...

– Cenoura...

– Tenho certeza que deve está delicioso... – Beijo-me no pescoço.

– Já te disse antes, a cozinheira não é lá estas coisas... Como dizem por aí... Se a fome dá o tempero à comida... Então o senhor vai adorar... – Brincava com ele.

– Eu sempre vou adorar qualquer coisa que você faça, Laura...

– Sério Edgar? – Ele sempre me surpreendia.

– Nunca falei tão sério. – Ele continua a beijar meu pescoço.

– Acho que o almoço está pronto... É melhor chamar a Melissa enquanto eu arrumo a mesa...

– Tem que ser agora... Está tão bom assim... – Era quase impossível resistir... Quase...

– Agora mesmo... Mais tarde, em casa, continuamos este assunto.

– Vou esperar... Já volto com a Melissa... – Lançando-me um mais um lindo sorriso depois de roubar-me outro beijo.