Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 27
Um dia chuvoso


Notas iniciais do capítulo

Meninas, desculpe a demora... Ainda não tinha terminado este, espero que gostem... Bjs e comentem o que acham, é importante saber a opinião de vocês...



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Um dia chuvoso (Capítulo 27)

Edgar desceu para pegar nosso café da manhã, fui fazer minha toalete, não queria que me visse com a cara amassada, assim que terminei e me olhei no espelho vi o colar com a aliança em meu colo, lembrei-me da noite anterior. Tomei coragem e experimentei a aliança, olhava para ela em meu dedo, senti um aperto tão grande no peito, lembrei-me da briga com Edgar e a tirei em seguida, não queria que ele me visse com ela ainda. Queria ir devagar. Estava muito contente por está ali com ele, porém ainda me sentia apreensiva e não desejava que notasse isso. Terminei minha toalete e voltei para cama, meu querido namorado entrou em seguida com uma linda bandeja de café da manhã. Serviu-me um pouco de café com leite e um pedaço de pão delicioso.

Eu queria ficar ali com ele e conversamos. Falamos sobre o dia da assinatura do divórcio e como tudo aquilo naquela época. Ouvi o relato de Edgar, me comoveu. Como foram dias difíceis aqueles, um imenso pesadelo que insistia em nos assombrar. Mas por mais que nos doía falar, era necessário, precisava ouvir o Edgar e eu precisava falar também. Durante anos levei comigo a certeza que tudo aquilo havia mexido mais comigo que com ele. E quando conversamos percebia, pelas suas palavras, seu semblante, seu olhar todo o sofrimento que passou e também queria mostrar o quanto tudo aquilo mexeu comigo. Nossas vidas foram transformadas, não éramos mais aqueles e ainda éramos apaixonados um pelo outro. O nosso sofrimento foi apenas menor que o amor que sentíamos.

Ter o Edgar, ali diante de mim, era um presente que não almejava mais, por outro lado havia ainda nossa dor, e ela ainda estava em cada detalhe. Não acredito que um dia vamos superar por completo, afinal de contas até este sofrimento nos fez amadurecer e nos tornarmos quem somos hoje. Percebo que temos a necessidade de superar, aprender a conviver com a dor até se amenizar em nossas almas, talvez assim a vida possa tomar seu rumo e quem sabe juntos e esta é minha esperança. Não quero perder o Edgar novamente, nem suportaria isso. Por outro lado tínhamos que resolver nossas próprias questões. Havia tantos problemas para resolver.

Naquele dia mal saímos do quarto, o tempo ruim contribuía para que ficássemos ali, e ter a companhia do Edgar sempre ali, comigo, era maravilhoso. Era bom compartilhar cada momento com ele, estávamos ali, sozinhos. Estar com Edgar, depois de seis anos...

– Está tão quieta? Algum problema? – Ele notou meu silêncio.

– Não... Está tudo perfeito. – Eu o abracei mais ainda.

– Tem certeza, se há algo que sei muito bem é que você adora falar.

– Adoro... E também gosto de ter meus momentos de contemplação... Como agora, por exemplo.

– Interessante... E porque logo agora se poderia está fazendo ao mais interessante. – Insinuava-se a mim.

– O senhor está cada vez mais ousado.

– Pode ser... Eu ainda tenho saudades suas...

– Ainda...

– São seis anos.

– E até quando serei cobrada por isso. – Brinquei com ele.

– Apenas enquanto estivermos juntos o que suponho seja a vida inteira e sinceramente assim espero...

– O senhor não cansa nunca? – Continuei a brincar com ele.

– De você? Impossível... Ao contrário sempre vou querer mais ainda e não falo apenas disso... Falo de todos os momentos... De sempre querer saber mais de você... O que pensa... O que sente...

– Vejo que vai enjoar de mim muito rápido... – Fiz uma carinha de desânimo.

– Não me conhece... Não se preocupe, é mais fácil acontecer o contrário... Tenho certeza que nem isso vai acontece.

– Não conhecia este lado tão confiante.

– Não é uma questão de confiança...

– É o que então? –

– É uma questão de amor.

– Definitivamente Edgar, eu não sei de onde tira estas coisas. – Comecei a ri dele.

– Não ria de mim... Por favor... Laura, nós dois estamos aqui, juntos, eu a conheço o suficiente para saber que não estaria comigo, aqui se não fosse por amor.

– Isso é verdade... – Ele tinha razão não estaria ali se não fosse por amor.

– Viu só... Não uma questão de confiança... É apenas amor.

– É verdade... – Edgar me surpreendeu naquele momento e achei lindo o que disse.

– Tem uma coisa que tenho medo de perguntar? – Parecia inseguro.

– O quê?

– Neste tempo em que esteve fora... Em algum momento... Existiu outra pessoa? – A insegurança e o medo de uma resposta minha parecia o deixar mais tenso ainda.

– Você quer saber se eu tive alguém além de você? – Falei pausadamente.

– Eu tenho medo que possa ter gostado de outra pessoa. – Ainda inseguro.

– Está com ciúmes?

– O Guerra me disse tantas vezes para seguir com minha vida... Meu pai me dizia para encontrar até uma nova pessoa... Eu não tive coragem...

– Se isso lhe acalma, então pode ficar mais tranquilo. Não tive ninguém e nem queria. Ah Edgar... Como pensava que eu era solteira, Dona Eulália, sempre me aconselhava a casar... – Ria um pouco da insegurança dele. - Houve uma vez que chegou a me apresentar um dono de uma mercearia, Joaquim era o seu nome... Ele tentou me fazer à corte, chegou a ser engraçado ele tentando me cortejar, mas o convenci a desistir. Depois soube que se casou com a filha de outro comerciante... Como pode ver meus encantos ainda funcionam, mesmo que não os use... – Ri da minha própria brincadeira.

– Outro homem fez a corte a você? – Edgar quase pula da cama.

– Como o senhor pode vê ainda tenho meus encantos... – Eu simplesmente o provocava mais ainda.

– Laura! – Indignado.

– Ele não era você, meu amor... Nenhum outro homem é o senhor, meu namorado... Nenhum outro pode me deixar assim, tão realizada como você me faz senti. Eu não quero outro que não seja o senhor, meu querido... E se não for você Edgar... Não será com outro. – Eu acariciei seu rosto lhe beijando em seguida.

– Melhor assim, a ideia de outro homem pudesse tirar seu amor de mim me aniquilaria.

– Não seja tão desesperado... Estamos aqui e como você me disse a pouco, eu não estaria aqui se não fosse por amor... A você.

Eu lhe beijei novamente. E ele, será que houve alguma outra mulher...

– Então você também não teve outras mulheres. – Agora era a minha vez de ficar insegura.

– Laura, como poderia querer outra mulher se a tive em minha vida, você preencheu todos os espaços, cada canto que existe em mim... Sei que o quê tive como você... Se pertenço a alguém esta pessoa é você e não quero outra mulher... Quando foi embora, tive o vazio como companhia. Sabia que é a única que pode preencher minha vida? Nenhuma mulher é como você... E eu não quero outra mulher que não seja você... Poderia ter tido outras mulheres... Nenhuma delas seria você e isso me deixaria mais infeliz ainda. A senhora me deixou muito mal acostumado...

– Mas teve a mãe da sua filha...

– Se não fosse pela Melissa nem me lembraria mais dela... Não vou negar que tentou me seduzir do todas as maneiras, assim que você foi embora. Eu nem consigo olhar direito para ela. O único laço que tenho com ela, infelizmente é a minha filha. Ela foi meu pior erro e sei que vou pagar por isso durante o resto de minha vida, o que me consola e saber que Melissa existe. Vocês duas são a minha família, e se um dia Deus achar que mereço uma graça que esta seja poder dividir, com as duas mulheres que mais amo, o mesmo lar. Vamos deixar a mãe da minha filha para lá, não vamos deixar que sua lembrança contamine esta viagem. Não quero pensar nela e aconselho que faça o mesmo. Temos este tempo e quero ficar assim com você... Admirá-la... Beijá-la... Amá-la... Quero que se sinta bem ao meu lado assim como me sinto ao seu. Vamos aproveitar nossa Lua de Mel e não há outro lugar no mundo que gostaria de está agora. Tudo o que mais quero está aqui, na minha frente.

– Jura? – Fingia está desconfiada dele.

– Eu juro pelo que quiser... Tudo que quero está aqui, e eu apenas quero você agora. E tê-la assim, ao meu lado, podendo tocá-la... Acariciá-la... Abraçá-la... O quê eu posso desejar mais da vida? Durante muito tempo sonhei com isso e não imagina o quanto fez falta na minha vida. Mesmo que passe anos, não será o suficiente para suprir a sua ausência...

– Não sei Edgar? Sempre se pode desejar mais da vida?

– Laura, o único desejo que tenho é poder reunir a minha família. É voltarmos a ser uma família. É você voltar para nossa casa, poder ficar mais perto ainda da minha filha, se houvesse a possibilidade de ter as duas sempre perto de mim, já seria um sonho... Talvez até outros filhos...

– Ainda quer ter filhos?

– Eu nunca deixei de desejar ter filhos e eu os quero com você... Já basta ter tido a Melissa fora do casamento e sofro ao ver que pode pagar pelas minhas escolhas erradas do passado. Ela não tem nenhuma culpa pelos meus erros. Tampouco pela mãe que dei a ela, e mesmo assim seja a mais atingida por tudo isso. É o que me dói em relação a minha filha.

– Então ainda sonha com filhos? – Vi as lágrimas se formarem sem seus olhos.

– Eu desejo muito, como disse, apenas quero os ter se for com você... Eu quero poder ter a chance de ver você grávida, acompanhar sua gravidez e está ao seu lado quando a criança nascer... Se pudesse não teria perdido nosso filho, apenas aconteceu e me sinto muito culpado,até hoje, por isso, porque quando li naquela carta que estava grávida eu fiquei tão radiante, não pensava em outra coisa a não ser voltar para o Brasil e te abraçar, tocar na sua barriga, senti o bebê se desenvolver em seu ventre, vê-lo nascer, segurá-lo em meus braços... Sonhava como isso... De repente, quando voltei e me dei contar que nada disso aconteceria e tudo havia acabado antes mesmo de ter começado... Eu já lhe disse, não foi apenas você que perdeu aquela criança, eu também perdi e isso nunca vai mudar.A lembrança dessa criança vem vai nos acompanhar... Infelizmente ela se perdeu... Outras poderão vim no futuro e eu quero muito dá um irmãozinho para Melissa, e quero muito e com você.

– Sabe Edgar, todas às vezes que vejo uma criança... Eu sempre tenho vontade de abraçar nosso filho, eu sinto tantas saudades dele e nem mesmo tive a oportunidade de o sentir em meu ventre, apenas sabia que existia e depois não existia mais... Se seria um menino ou um menina, se parecia comigo ou com você ou mesmo seria uma mistura de nós dois... Naquela época eu demorei tanto para engravidar, queria tanto dá este filho a você, desejava tanto realizar este sonho... E descobrir que estava grávida e sem você por perto... A falta de notícias... Tudo aquilo... Depois do divórcio, não me dei o direito de sonhar com outros filhos, tinha consciência que não os teria. Porém isso nunca me impedir de pensar neste que se perdeu. É tão estranho perceber que não é apenas o corpo que muda, mas a alma... Eu não tive meu filho e não sou mais aquela Laura antes da gravidez. Algo se transforma aqui dentro, tudo ganha uma nova dimensão. Quando dava aulas no interior e olhava para meus alunos e vinha a lembrança dessa criança... Quando abraçava alguma daquelas, eu sentia uma vontade imensa de poder abraçar a ele... A vida não quis assim e lamento muito por isso... É estranho que alguém que mal chegou a existir tenha tomado conta da nossa vida dessa maneira. Eu amo tanta esta criança... E sei que nunca mais será minha... Apenas tenho uma lembrança de uma gravidez e nem sequer a senti me meu ventre e a tive em minha vida...

– Quando peguei a Melissa no colo, pela primeira vez, vi seu rostinho... Eu sentia tanto medo de perder minha filha antes mesmo de conhecê-la...

Senti-me incomodada por ouvir isso, não pela Melissa e sim por saber que naquele momento a figura da Catarina se tornaria onipresente em nossa vida e o quanto sua crueldade devastou a gente.

– Desculpe, sei que falar disso te incomoda...

– Edgar, nós precisamos falar... Não importa que isso o quanto nos machuque. É a nossa história...

– Talvez seja melhor deixar para outro momento... – Insistiu. Porém eu queria continuar.

– Não Edgar, precisamos falar... Eu quero que me conte como foi encontrar a Melissa, vê-la pela primeira vez, eu quero saber... Acho que preciso saber...

– Isso lhe machuca tanto...

– Eu sei, e mesmo assim eu preciso saber...

Edgar parecia preocupado comigo, talvez tivesse razão em querer me proteger, sua atitude não me protegeria, ao contrário, por um motivo que nem sei qual é direito, precisava saber o que ele sentiu ao colocar a filha no colo. Ele me fitou e apenas esperei que continuasse.

– Quando soube da existência da Melissa, meu único pensamento era está com minha filha, tinha medo de chegar a Portugal e receber a pior notícia que um pai pode receber... Ela estava internada num hospital, havia tido mais uma crise de Asma e mal conseguia respirar, apesar de já ter alguns meses ainda era tão miudinha, tão frágil. Engraçado que nem a tinha visto e já a amava tanto e tinha medo de perdê-la... Sei perfeitamente as consequências daquela viagem...

Não vou negar que ouvir a tudo aquilo me machucava bastante, apesar de que havia algo em mim que queria saber mais. Não era por masoquismo de minha parte, apenas queria entender os sentimentos de Edgar em relação à filha.

– Tem razão quando diz que algo dentro da gente muda... Aquele Edgar que soube da existência da filha não é o mesmo de hoje. Vejo a minha Abelhinha e sei que daria tudo por ela inclusive minha vida se fosse necessário. Um filho muda a vida, ao saber da sua gravidez fiquei radiante, e quando soube que não seria pai foi devastador, ali perdi nosso filho e em seguida perdi você. Parte da minha família havia esvaído de minha vida, e por mais que tentasse não havia muito o quê fazer... Perdi parte da minha família.

– A vida lhe deu a Melissa... – Tentei reconfortá-lo.

– E me tirou você e nosso filho... – Ele se levantou e foi em direção à janela.

Queria dizer algo, nem sei bem o quê... Mantive-me em silêncio. Edgar continuava a olhar pela janela, a chuva fina ainda caia lá fora. Fui até ele e o abracei.

– Sabe Laura, a vida está nos dando uma segunda chance, estamos aqui e podemos voltar ter a vida de antes, fomos muito felizes e eu quero tanto isso de volta... Voltar ao que éramos...

– Voltar ao que éramos? Não acredito nisso...

– Como assim não acredita? Podemos... – Ficou incrédulo com que eu disse.

– Edgar, nós não somos mais aqueles, mudamos. A vida nos levou por direções diferentes e agora nos coloca no mesmo caminho... Só que não é aquele que percorremos lá atrás, estamos em outro e é neste que temos que trilhar agora. A vida nos deu uma rasteira e agora estamos aqui, juntos. Não somos mais aqueles... É nisso que temos que pensar... Não sei como seria nossa vida se tivéssemos continuados juntos... Se aquela criança tivesse vingado... Nada disso aconteceu... Perdemos-nos e temos que nos redescobrir e reconstruir uma nova relação... Por isso que estamos aqui, por isso que aceitei fazer esta viagem com você... Eu quero muito percorrer este caminho, ao seu lado, nem à frente, nem atrás, eu quero que esteja comigo. Tudo mudou e precisamos entender e aprender a lidar com isso...

– Discordo... Acredito que podemos ter nossa vida de volta.

– Não creio que seja algo para discordar ou concordar... Apenas mudou, Edgar. A vida não é isso, uma eterna e constante mudança? Quando nos casamos e descobrimos que não queríamos nos casar, não poderíamos imaginar que, pouco tempo depois, algo que parecia ser tão ruim, mudasse nossas vidas por completo... De repente, estávamos apaixonados... O que a princípio parecia grande erro se transformou em um imenso acerto... E mesmo assim, a vida mudou novamente e nos vimos no meio de todo aquele tormento... Não temos controle sobre ela, apenas a vivemos... E nós somos levados por ela... Não sei qual a sabedoria de tudo isso, nem como lidar com as adversidades apenas sei que temos que tentar nos manter em pé e nem isso é possível na maior parte do tempo...

– Pode ser... – Edgar ainda não parecia muito convencido das minhas palavras...

Edgar ficou um pouco entristecido, não gostava de vê-lo assim... Ainda contemplava a chuva.

– O dia hoje está tão chuvoso... – Admirava a vista da chuva abraçada ao meu marido.

– Lamento por ter trago você, pensei que o tempo fosse ficar ensolarado, que poderíamos passear pela cidade...

– Eu estou adorando a chuva... Sinta o aroma de terra molhada, é o meu cheiro favorito, depois do alecrim.

– Cheiro de terra molhada? – Surpreso. – Nunca soube disso.

– Quando eu era criança, meus pais ainda moravam na fazenda e eu adorava quando chovia para sentir este cheirinho de terra molhada, havia algumas vezes que conseguia escapar e correr na chuva, para desespero da minha mãe, era tão gostoso correr na chuva, tinha vezes que até carregava o Albertinho comigo. A Baronesa me punha de castigo pela traquinagem, mas quem disse que me importava, se tivesse outra oportunidade corria novamente... Lembra-se quando lhe disse que no caminho da escola onde trabalhava tinha muito arbustos de alecrim... Quando chovia, o cheiro ficava tão forte, e isso me fazia lembrar mais ainda de nós dois e minha saudade aumentava... Pois, eu estou adorando esta chuvinha... Quem disse que precisamos sair... Tudo que precisamos temos aqui, neste quarto... Estou amando nossa Lua de Mel e espero que chova assim o resto do dia desde que, é claro, estejamos juntos... - Acariciava sua barba.

– Adoraria ter conhecido você quando era criança.

– Para desespero de minha mãe eu era um pouco moleca, subia em árvore, cavalgava montada e não sentada como uma dama deve fazer. E, é claro, em vez de brincar com as bonecas francesas que minha mãe mandava vim de Paris, eu adorava brinca com as de pano que uma alguma criada fazia para mim. A Baronesa mandava fazer vestidos e mais vestidos com renda, sedas e sapatinhos combinando, teve uma vez que houve um baile na fazenda e estava vestida com um lindo vestido cheio de babados e rendas, sem querer, ou não, acabei me sujando de lama, para desespero da minha mãe, manchou... É claro que aprendi a ser uma dama, gostava de ser livre e tudo aquilo que a Baronesa me oferecia parecia querer me prender... Quando aprendi a ler, aí sim, deixei de lado estas brincadeiras e mergulhava no universo dos livros e adorava, sempre pedia para meu pai comprar mais e todas as vezes que viajava para a cidade ele me trazia alguns que eu devorava em poucos dias. Pouco depois nos mudamos para a cidade, continuei meus estudos e minha paixão por livros apenas aumentou. Alguns anos depois nossos pais se conheceram e eu conheci você e quando vi, já estava de partida para Portugal e eu entrei na Escola Normal... O resto da história conhece tão bem quanto eu... E agora estamos aqui. E você, como era quando era criança? Dona Carmen disse que você e sua família viam muito a esta casa...

– Como você sabe, meu pai foi caixeiro viajante, quando nasci já tínhamos uma situação um pouco mais confortável, depois veio o Fernando, como meu pai viajava demais minha mãe cuidava da gente... Enquanto meu pai enriquecia, minha mãe cuidava de mim e do Fernando... Meu pai sempre preocupado em conquistar uma posição social, primeiro comprou aquela casa em que vivem até hoje e pouco depois minha mãe herdou esta da família dela... Sempre que podíamos, vínhamos para cá e tivemos uma infância tranqüila, eu não era do tipo que corria na chuva, nem me sujava de lama propositalmente... – Não conseguiu segura o riso para mim. - Porém eu sempre brincava com o Fernando, brincadeiras de meninos como de luta, eu sempre deixava meu irmão ganhar porque era menor que eu... Acho que éramos felizes... Minha mãe sempre foi muito presente em nossas vidas e fazia questão de ficar conosco... Foi com ela que aprendi a ler, sempre tive Dona Margarida como exemplo...

– Definitivamente se você é o homem que é hoje, eu tenho que agradecer a sua mãe. Ela é uma mulher extraordinária. O senhor teve sorte com a sua mãe... Enquanto eu tenho a Dona Constância...

– Não fique assim, se esqueceu que meu relacionamento com meu pai também não é dos melhores...

– Neste aspecto tive sorte com meu pai... Dr. Assunção sempre foi muito amigo... Edgar... – Comecei a me insinuar para ele... - Você não está com fome? Daqui a pouco vai anoitecer e não comemos nada deste o almoço.

– Você está falando sério? - Edgar me olhou surpreso.

– Então... Estamos em Lua de Mel... Dá uma fominha... – Estava manhosa.

– Você sempre me surpreendendo. – Edgar riu de mim.

– Eu sei... O senhor também consegue me surpreender de vez em quando.

– Sério? – Estava surpreso comigo...

– Esta viagem, por exemplo, não esperava por ela, nem por nada parecido e agora estamos aqui, isolados pela chuva, e tento um dia muito agradável... Apesar de começar a ficar com fome.

– Só você para achar isso. – Foi bom ver Edgar achar um pouco de graça do meu comentário.

– Será que minha companhia é tão ruim assim? – Brincava com ele e finalmente tirava um belo sorriso de Edgar.

– De nenhuma maneira... Se depender de mim sempre eu terei a sua companhia, nunca mais saíra do meu lado. De mim a senhora não escapa nunca mais... Com ou sem fome... – Ele ria de mim.

– Então? A chuva foi ou não providencial... Edgar, eu ainda estou com fome... – Como era ver aquele sorriso.

– Foi sim... Ainda bem... Vou buscar algo para você – Abraçou-me novamente e nos beijamos e seguida desceu rindo de mim...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, deixem a opinião de vocês... Tenham um ótimo final de semana... Obrigado por acompanhar minha fanfic... Bjs e até o próximo capítulo.