Laura E Edgar - Um Novo Olhar escrita por Bia


Capítulo 12
Notícias de Edgar


Notas iniciais do capítulo

Confesso que fiquei com dúvidas em relação a este capítulo, mas tinha elementos são serão importantes no futuro... Laura toma conhecimento da existência de Heloísa... e é claro ficara mordida de ciúmes...



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Notícias de Edgar (Capítulo 12)

Isabel chegou em casa aquele dia bastante aflita, tinha me contado sobre o encontro com Edgar e sua insistência em saber notícias minhas. Minha querida amiga foi fiel a mim. Mas eu fiquei mais apreensiva ainda, agora sabia que Edgar queria saber notícias minhas, mas não entendia bem o porquê. Isabel disse que eles foram interrompidos pela presença de uma jovem, que veio ao encontro de Edgar. Ela disse até um nome: Heloísa, mas quem era esta moça e porque se direcionou a ele com intimidade. Isabel, também contou que ele não foi atrás dela, será que ele ficou na Colonial para fazer companhia à moça? Mas quem era tal moça? Será que o Edgar havia esquecido? Mas se havia esquecido porque perguntou insistentemente por mim para Isabel?

A ideia de Edgar com aquela mulher já me angustiava, imaginar ele com outra mulher era torturante demais. Não queria pensar mais não conseguia pensar em mais nada. Isabel estranhou a maneira como ela se tratou a ele. Outra mulher? Mas da onde saiu esta tal Heloísa. Minha cabeça doía só de pensar. Edgar e Heloísa, será? Já não bastava a presença da Catarina na vida do Edgar, agora essa tal de Heloísa.

Fiz mil perguntas a Isabel sobre a tal Heloísa, como Edgar se comportou na frente dela, se pareciam íntimos, se ela era muito bonita. Enfim, tudo para me martirizar um pouco. Só de pensar que ela e Edgar estavam juntos, meu sangue fervia e tanta raiva.

Mas por outro lado, que direito eu tinha de sentir ciúmes, Edgar tinha todo o direito de refazer sua vida, e quem era eu para me intrometer nisso. Não tinha o direito, mas não deixava de doer. Sei que o Edgar não era mais meu marido por iniciativa minha, mas pensar nele com outra pessoa. Apesar de tudo queria bem a ele, queria vê-lo feliz e ele tinha direito a isso. Edgar com outra mulher, significa que ele seguiu em frente e eu fiquei no seu passado.

Confesso que pensar no Edgar com outra pessoa me deixava com raiva, mas tentava me distrair, mas pensar era inevitável. Mandei um recado a Sandra convidando para um passeio, resolvemos passear um pouco pelo belo Jardim Botânico, adoro ficar perto da natureza e com calor que fazia no Rio de Janeiro era um lugar ótimo, já que todo aquele verde amenizava o calor. Foi ótimo me distrair com um pequeno piquenique. Assim não pensava, mas quem disse que conseguia não pensar, tentava dá atenção a minha amiga, mas ainda assim, Heloísa, até mais que o Edgar, povoava meus pensamentos. Comemos e observávamos as crianças brincando. Tinha prometido a mim mesma não pensar mais no Edgar, ao menos naquelas horas em que estivesse ali. Foi ótimo passar àquelas horas ali. Sandra contava-me sobre o trabalho na biblioteca e como estava adorando dá aulas em uma escola para meninas perto do Largo de São Francisco. Assim como eu, Sandra tinha paixão por lecionar. Trocamos ideias sobre como deveríamos ministrar nossas aulas, como era absurda a ideia da palmatória, o ensino deveria ser um prazer e não um castigo. As crianças deveriam aprender com carinho e respeito. Contei a Sandra que teve uma vez que ao entrar na sala da Madre Superiora vi uma aluna sendo castigada, estava ajoelhada no milho e ainda tinha que rezar vários Pai Nossos e outras tantas Ave Marias, tentei questionar a Madre, mas ela, dentro de uma mentalidade arcaica, tentou me convencer que aquele era um método correto de castigar quando uma criança não cumpre com suas tarefas.

- Sandra, eu tive que pedi a Madre que parasse com aquilo. A menina chorava, como ensinar daquela forma se a criança se sente acuada.

- Você tem razão Laura, mas na minha escola funciona do mesmo jeito, eu, ao menos, quando uma aluna deixa de fazer uma tarefa, tento resolver na sala de aula, sem precisar levar o caso à direção. Não gosto da ideia de uma das minhas alunas receberem um castigo. Mas há outros professores que não pensam assim e não tem a mínima compaixão.

- Gostaria tanto de ter minha própria escola, mostrar que é possível sim ensinar com prazer, ver as crianças com prazer em aprender. – Laura quase lamentando o fato de nunca ter realizado o sonho de ter sua própria escola.

- Este sonho também é o meu, uma escola onde aprender fosse um ensinamento para a vida. Por enquanto é apenas um sonho.

- Eu sei, mas se eu consegui um pequeno passo, mesmo na escola onde leciono, já será um grande feito.

- É verdade, por isso que sempre tento resolver os problemas da minha turma, dentro de sala de aula.

Nossa conversa durou ainda bastante tempo, ótimo passar àquelas horas na companhia de minha amiga. Fazia tanto tempo que não tinha uma tarde tão agradável, era bom sonhar de novo em ter minha própria escola, ter com quem dividir minhas aspirações.

O bonde me deixou na rua da casa de Isabel e Sandra seguiu nele para sua casa. Ao chegar me casa a realidade bate novamente em minha porta. Meus questionamentos sobre Edgar quiseram me atormentar novamente, mas estava disposta a não me deixar dominar por estes pensamentos. Isabel ainda não tinha voltado da visita à tia Jurema no Morro da Providência, eu aproveitei e tomei um banho, depois fui preparar um jantar, ao menos tentar fazer um jantar, já que meus dotes de cozinheira não eram grandes coisas. Depois da chegada da Isabel, conversamos amenidades, falei a ela do encontro que tive com a Sandra, acabei comentando o sonho que tínhamos de um dia criar uma escola.

- É uma ótima ideia Laura. Por exemplo, agora mesmo conversava com tia Jurema que era uma pena que as crianças no morro não tinham uma escola. Para elas sobra apenas ajudar os pais na lida, sem perspectiva de uma vida melhor.

- Seria maravilhoso se as crianças do Morro tivessem a oportunidade de aprender, seria uma maneira de abrir os horizontes, a oportunidade de criar um futuro melhor do que os de seus pais.

- É verdade, seria uma forma de fazer com que estas crianças abrissem um novo mundo para elas. A oportunidade de ter empregos melhores no futuro, a aprender a questionar, aprender a ter um novo olhar diante da vida, bastar querer e trabalhar duramente por isso.

- Laura você me deu uma ótima ideia. – Isabel parecia efusiva.

- O quê foi?

- Por que não tentar criar uma escola no Morro, será uma maneira de ajudar a minha gente a ter uma nova perspectiva de vida. Dá uma escola a gente dali. Eu tive a oportunidade de aprender muito enquanto trabalhei com a Madame Besançon, depois que fui para Paris tive a chance de aprender que o mundo é muito maior que imaginamos, mas que se quisermos podemos fazer dele nosso quintal.

- Uma escola no Morro? Seria maravilhoso.

- Primeiro tenho que tomar algumas providências, antes de qualquer coisa eu preciso ter meu próprio negócio, penso em comprar o teatro Alheira, tenho conversado com Mario a respeito, esta quase tudo acertado. Preciso esperar ele chegar de viagem.

- Nossa, seria maravilhoso mesmo e, além disso, dá àquelas crianças do Morro a oportunidade de freqüentar uma escola seria ótimo, algo que para muitas seria impensável. – Laura estava entusiasmada.

- Mas temos que ir com acalma Laura, primeiro tenho que resolver a questão do Alheira, mas depois podemos amadurecer melhor a ideia. Mas deste já aviso que não será muito fácil convencer muitos pais, para eles as crianças precisam ajudar no sustento da casa, aprender é um luxo que, a princípio, está longe do alcance deles.

- Imagino que seja verdade mesmo Isabel, mas não deixa de ser um grande passo se conseguirmos convence alguns deles, é um começo.

- Claro que é, tenho esperança e acredito que podemos fazer alguma coisa. Mas cada coisa de cada vez. – Isabel estava animada, mas também cautelosa.

Pouco depois Laura se recolheu ao seu quarto e tentava ler um livro, mas mesmo deitada em sua cama olhou para o lado e sentiu saudades de dividir a intimidade de seu leito com outra pessoa, seus pensamentos estavam em outra casa, longe dali, no bairro do Botafogo, em sua antiga casa, com seu antigo marido, sentiu saudades dos abraços, da intimidade que compartilhava com ele. Mas, também, não deixava de pensar que seu lugar poderia ter sido substituído por outra, mesmo não sendo quem sempre mais desprezou, mas por uma nova ameaça, alguém que poderia ocupar o seu lugar no coração do Edgar, alguém como Heloísa. Respirou profundamente, buscando o ar que por um momento parecia faltar, mas os olhos ficaram marejados, uma dor na alma alcançou o corpo e as algumas lágrimas corriam suavemente sua face, era um choro contido. Mas que direito tinha naquele momento, escolhas tinham sido feitas, mas a que preço. Eu não conseguia não sentir ciúmes do Edgar, por mais que tentava ser racional, por mais que evitasse encontrar o Edgar, estava morta de ciúmes, não sei quem era esta tal de Heloísa, mas pensar que ele pode estar com outra pessoa, pensar que possa gostar de outra pessoa, eu não consigo respirar direito, meu corpo está dolorido, meu sangue ferve, mas que direto eu tenho... Quem quer saber de direito, apenas não suporto a ideia do Edgar com qualquer outra mulher que não seja eu, mas por outro lado o receio de procurá-lo apenas aumenta a minha angústia. Pensar que pode ter intimidades com outra pessoa... Minha cabeça doía mais ainda... Tentei dormir, mas não tive muito êxito.

Na manhã seguinte, novamente viu Melissa chegar com o pai na escola, me manteve escondida, não precisava encontra com Edgar, mas não negava que sentia sua falta, mais que antes. Sentia saudades de uma vida que agora parecia que pertencia a outra pessoa. Que direito tinha de interferir, nenhum. Mas não podia deixar de sentir saudades, ia além dela. Mas a única atitude que poderia tomar era ficar realmente distante. Mas ao olhar Edgar, o vi mais bonito que no tempo em que viviam juntos, e era tão bonito o ver com a filha, o carinho dedicado à ela o sorriso encantador de sempre, tudo aquilo que um dia foi seu, mas agora era apenas uma lembrança doída. Um passado que insistia em não ficar no seu lugar, mas sempre presente. E agora com a presença da tal Heloísa, sentia saudades, sentia raiva, sentia ciúmes...

Tomara que Isabel viabilize a escola no Morro da Providência, assim poderia sair daquela escola e assim, mais uma vez evitar a presença de Edgar, mesmo ele não sabendo que a professora de sua filha era sua ex-esposa. Seria uma pena deixar aquelas meninas, em especial Melissa, por quem já nutria um carinho muito especial, um carinho materno.


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Notas finais do capítulo

Em algum momento a vida nos dá de presente o que tanto queremos, e não será diferente com Edgar... E tudo o que quer saber vem da onde mesmo espera... Obrigada por acompanhar, sei que está um pouquinho enrolado, mas já é hora de desenrolar este novelo... Uma abraço e obrigada...



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