‘’Every now and then, I get a little bit lonely and you're never coming round, every now and then, I get a little bit nervous that the best of all the years have gone by, every now and then, I get a little bit terrified and then I see the look in your eyes.

Once upon a time, I was falling in love but now, I'm only falling apart.

Once upon a time, there was light in my life but now, there's only love in the dark, nothing I can say. A total eclipse of the heart.’’

Eu tinha apenas três horas para me recompor, mas eu não conseguia sair da posição em que eu estava: deitada no chão segurando um bastão de xixi. Respirei fundo e abri meus olhos. Eu precisava me mover, precisava ser forte pelo bebê que estava agora em meu ventre. Eu esperei tanto por aquele momento, esperei tanto pela ligação de Rhodes e agora eu havia recebido, eu precisava ficar bem. Lavei o rosto, pois minhas feições estavam horríveis e me recompus.

Desci até a lavanderia e comecei a colocar as roupas de cama do quarto de Tony para lavar. Eu já havia me trocado, colocando um shorts jeans e uma blusa rosa de alcinha, decidi que naquele dia não iria para as indústrias. Simplesmente me permiti vagar pela casa arrumando tudo com a ajuda das faxineiras. Decidi também arrumar meu guarda roupas no quarto de hospedes e colocar algumas peças em uma mala para levar de volta ao meu apartamento, algumas peças dele também. Acho que eu já não conseguiria dormir sem sua camisa e o cheiro e a lembrança que ela me trazia.

Às quatorze horas Hogan já estava a minha disposição na sala. Mas eu simplesmente estava estática no meu quarto olhando freneticamente para minha barriga de frente para o grande espelho, conclusão: nada. Minha barriga ainda estava completamente plana, meus seios estavam um pouco doloridos e levemente inchados, mas era só.

O que eu estava esperando com apenas um mês de gestação? Que a pessoa simplesmente olhasse para mim e descobrisse que eu sorrateiramente peguei os espermatozoides do meu patrão e fiz uma inseminação artificial? Que eu simplesmente havia engravidado do homem mais rico na face da terra por medo de ser sozinha para o resto da vida. Eu tinha que tirar aqueles pensamentos narcisistas da minha cabeça.

Aquele bebê nada tinha a ver com o medo de eu morrer sozinha, com o simples fato de eu ter pensando que eu havia perdido a única pessoa que eu tinha ao meu lado.

Então eu voltei minha camisa social para dentro da saia, peguei minha bolsa, meu celular e fechei a porta do meu quarto.

- É hora do show. – Murmurei para mim mesma descendo as escadas.

Meu coração parecia querer saltar fora do meu peito, eu veria novamente Tony. Eu poderia novamente o apreciar, poderia novamente rir de suas piadas e me esquivar de suas cantadas, mas seria só isso? Não, o pequeno enjoou que eu senti no momento em que passava pela cozinha e o cheiro de café fresco no ar passou pelas minhas narinas me fez lembrar que não era só aquilo.

Corri para o banheiro e vomitei o pouco que havia comido no almoço.

- Senhorita Pepper, está tudo bem? Seu ritmo cardíaco está um pouco elevado. – Disse a voz robótica de JARVIS me assustando um pouco.

- Esta tudo bem querido. – Me levantei da privada, dando uma descarga frenética e escovando meus dentes. – Esta tudo bem. - Eu disse novamente sorrindo e colocando a mão esquerda descansadamente sobre o meu ventre. Tinha que ficar tudo bem, pensei comigo mesma.

~ ~

- Duas horas e quarenta, aeroporto.

- Pepper, veja! – Hogan apontou para algo e pude ver o enorme avião das forças armadas se preparando para descer.

Eu simplesmente estava maravilhada, eu não conseguia segurar minhas lágrimas ‘’Malditos hormônios’’ eu estava a poucos minutos de ver Tony e tudo o que eu conseguia pensar era no pequeno feijão que estava no meu ventre.

Como ele reagiria?

E então as portas se abriram e todos os meus medos sumiram porque eu vi Tony. Eu conseguia vê-lo, mas eu queria mais, queria senti-lo, abraça-lo. E então passei a mão no meu ventre liso, como se estivesse acariciando o meu bebê, só para ele ver que o papai estava chegando.

Papai, fiquei pensando. Tony não fazia, de maneira alguma o jeito de pai, e talvez ele estivesse certo em relação a isso. Eu simplesmente não conseguia pensar no que fazer.

Eu amava aquele homem, amava Tony com todas as minhas forças, havia sido assim durante dez anos e então ele desapareceu. Mas é claro que eu surtei, me desesperei, e então... Eu...

Ele não sorriu para mim, não me abraçou, não disse uma palavra, ficamos apenas ali, por alguns segundos nos olhando, transmitindo aquilo que não conseguíamos falar. Ele estava do mesmo jeito que eu me lembrava, cabelos curtos, roupas impecáveis, aquele sorriso charmoso no canto da boca, exceto que em seu lábio havia alguns machucados, assim como em seu olho esquerdo, uma tala em seu braço e que ele estava mancando.

- Vejo que estava chorando. – Ele disse me admirando.

- Lágrimas de alegria...

- Saudades do seu charmoso chefe. – Ele sorriu torto.

-... Odeio ter que procurar trabalho. – Sorri.

E então eu o abracei tão forte. E depois de alguns segundos, ele retribuiu. Eu não chorei, não falei nada, assim como ele, e então eu cortei o contato.

Rhodes se aproximou e comprimento Hogan, assim como Tony fez depois de ficar mais alguns segundo olhando para mim, talvez para entender o porquê de eu ter feito aquilo.

- Você está bem? – Perguntou Rhodes.

- Sim. – Sorri.

- Eu... Pepper, eu gostaria de saber...

- Ei, meninos, vamos? – Tony já estava dentro do carro.

~ ~

- Industrias Stark, Dezesseis e Vinte e nove.

- Pepper, você não vai me escapar agora. – Disse Rhodes ao meu lado.

- Desculpe James, mas acho que esse não é um horário apropriado. – Eu disse ainda encarando Tony que conversava com os jornalistas ao lado de Obadian.

- Acho que esse é o horário perfeito, Pepper, por favor! – Ele pediu.

- Okay. – Eu disse revirando os olhos. – Me prometa que você não chamará a atenção de ninguém! - Eu pedi.

- Claro, okay, agora, por favor, me diga! – Ele pediu e então eu me virei em sua direção.

- Eu... – Disse colocando as mãos por cima do ventre e sorrindo. – Eu... Estou prestes a me tornar mamãe. – Eu disse por fim e Rhodes continuou estático.

- Meu Deus! – Ele sorriu de volta e me abraçou forte. – Vou ser titio?

- Sim. – Eu ri mais ainda. – Meu Deus. – De repente a ficha caiu. – Eu vou me tornar mãe, eu não estou preparada! – O desespero bateu forte em mim.

- Sim, você está! – James colocou suas mãos em meus ombros. – Tudo vai ficar bem, pois eu estou ao seu lado, fique tranquila. – E então ele puxou o assunto que eu tentava evitar. – O que você vai fazer agora? – Ele estava se referindo ao pai do bebê, claro. Tony...

- Eu já pensei em tudo. – Eu disse por fim. – E você tem que me prometer que irá me ajudar.

- Tá, ok. Mas quando você vai contar para Tony que está esperando um filho dele?

- James, eu não vou contar, eu decidi que Tony nunca vai saber que esse filho que eu espero é dele, eu...

Ele segurou o meu braço.

- Você não pode fazer isso Pepper, Tony tem o direito.

- Eu não acho uma boa ideia. – Eu disse sentindo que ele estava apertando cada vez mais o meu braço. – James, você está me machucando. – Eu disse por fim.

Nossa sorte é que estávamos num canto escondido da sala de entrevistas e ninguém nos viu aquilo seria um prato cheio para a imprensa.

- Pepper, eu não entendo... Tony tem o direito de saber sobre essa criança que você espera. – Ele disse sussurrando.

De repente os jornalistas se alvoroçaram e vimos Tony se aproximando do canto em que estávamos.

- Pepper, me prometa... – Ele pediu.

- Eu... Eu não posso fazer isso.

E então o assunto se encerrou porque Tony havia chegado e me pegando pela mão e nos levando para outra sala, juntamente com Obadian.

Tony havia me pedido para dormir na mansão aquela noite, mas eu estava muito cansada, então, quando entrei no meu pequeno apartamento eu me joguei no sofá, exausta e desesperada, e então me permitir chorar.

~ ~

Naquela tarde eu havia feito minha primeira consulta pré-natal e descobri que estava tudo bem com o meu grãozinho de feijão.

Tomei um banho demorado, coloquei um shorts jeans bem curto e uma blusinha sem mangas vermelha e comecei a ler.

Demorou uma eternidade para eu me dar conta que a campainha estava tocando e então eu me levantei com desgosto e me encaminhei até a porta.

- Pepper. – Sorriu Tony ao batente da porta.

Eu sorri.

- Tony?!

- Eu estava sozinho em casa, e então... Bem, você está sozinha? – Ele parecia um pouco perdido.

- Sim, entre. – E dei caminho para ele entrar. – O que o trás aqui? – Eu não pude deixar de perguntar, estava muito curiosa.

- Você come? – Ele perguntou.

- Claro, eu não...

- É que eu não queria fazer mais essa refeição só. – Ele disse e então eu pude ver a tristeza em seus olhos.

- O que vamos comer? – Eu mudei de assunto.

- Que tal pizza? – Ele perguntou.

- Ótima escolha. – Ele me olhou de cima a baixo e então só nesse momento me lembrei da roupa que eu estava usando. – Você deveria se vestir assim quando fosse até a mansão, eu não me importaria.

Corei até o coro cabeludo e soltei uma risada nervosa.

- Ah... Eu vou me trocar. – Eu disse já me encaminhando para o quarto.

- pare de ser boba. – ele disse segurando meu braço. – Vem. – Ele apontou para o sofá e então eu sentei ao seu lado. – Vou pedir duas pizzas, uma de pepperoni e uma de frango com catupiry, tudo bem para você? – Ele perguntou já pegando o seu celular.

- Sim,- Sorri, - estávamos sentados no sofá do meus minúsculo apartamento. Eu estava com uma roupa minúscula e Tony Stark, meu chefe estava ao meu lado sorrindo para mim enquanto pedia pizzas.

- O que você tem feito nesses últimos quatro meses? – Ele perguntou depois de um momento.

- Ah bem. - Eu sorri nervosa.

~ ~

- Quatro semanas depois, mansão de Malibu.

Eu me sentia diferente, meu sexto sentido já estava aflorado e eu me sentia maravilhosa por saber que o meu bebê crescia cada vez mais forte e saudável.

Eu até mesmo já estava pensando nas mudanças que teria que fazer no meu apartamento, talvez quebrar alguma parede para que os nossos quartos pudessem ficar interligados, eu ainda não sei. Mas estava muito feliz e preparada para qualquer eventualidade, eu queria muito poder ver o meu bebê logo, segura-lo em meus braços, poder cheirar sua cabecinha, beijar... Um mini Tony, como eu poderia querer algo mais?

- Pepper, você pode, descer aqui... Uh... Deixe-me ver suas mãos. – Ele pediu. – E então eu levantei elas. - Ótimo, pequenas. – Ela sorriu através do holograma. – Você pode vim aqui?

E então eu me levantei do sofá onde estava lendo alguns e-mails e desci as escadas.

Eu não consegui acreditar quando vi um grande buraco no peito de Tony e não acreditei ainda mais quando ele me pediu para trocar aquele troço por outro. Meu Deus, aquilo cheirava mal e atacou minhas narinas, eu queria vomitar.

Enquanto ele me explicava que aquilo era um reator que o matinha vivo, meu coração deu um salto, e se ele simplesmente ficasse sem aquilo? Ele morreria? Eu não queria nem pensar.

Eu estava muito feliz, faltava apenas mais duas semanas e eu entraria no meu terceiro mês de gestação, por enquanto as coisas seguiam normalmente exceto pelo meu sono e fome que pareciam infinitos.

Meus seios estavam ligeiramente maiores e mais doloridos e minha barriga estava, enfim, ganhando forma. Rhodes e JARVIS eram os únicos que sabiam e que pareciam apoiar minha decisão de, por enquanto não contar nada para ninguém.

- Isso é tudo Sr. Stark. – Eu perguntei quando peguei o ser reator velho e segurei em minhas mãos.

- Sim, sim, isso é tudo senhorita Potts.

Eu ainda usava minhas saias justas, mas agora usava camisas mais largas para não marcar tanto. Salta alto para mim parecia o inferno, mas eu não podia simplesmente abandonar eles.

Voltei ao trabalho.

~ ~

- Duas semanas depois, mansão de Malibu.

Tony então era o Homem de ferro e então minha opinião de não contar que estava esperando um filho dele estava cada vez mais firmes. Eu simplesmente não poderia deixar um bebê correr o risco.

Ele saia por ai feito um louco com aquela armadura que ele havia acabado de fazer, salvando o mundo e eu ficava com o coração na mão esperando ele retornar para casa.

Ele já havia me perguntado algumas vezes se estava tudo bem comigo, e eu apenas dizia que sim. ‘’Sim, sim sim, não!’’ Eu não estava preparada para contar ao mundo sobre o bebê, principalmente para Tony. Tudo bem que ele já não bebia desde a sua volta do Afeganistão ou muito menos havia mulheres em sua cama para eu expulsar, ele até mesmo havia parado de produzir armas, ele estava mudado, mas não a ponto de se tornar pai. Eu sabia que um filho seria a última coisa que ele ia querer na face da terra, então, eu continuaria guardando segredo até eu já não conseguir mais.

Eu não sabia o que fazer, minha barriga agora estava completamente dura e levemente arredondada, o doutor Josh havia me dito que de acordo com minha estatura e peso eu não ficaria muito grande e então eu poderia esconder minha gravidez, quem sabe até os cinco meses. Porque não?

Tony havia saído em sua primeira missão me deixando a cargo das reuniões da empresa, aquele havia sido um dia muito estressante, talvez Steph sabia. ‘’Mas se ela sabe, meu Deus, todos sabem’’ Eu não conseguia raciocinar. Mas daí eu me lembrei que ela também era mãe e que talvez esse negócio de sexto sentido, enfim fazia algum sentido.

- Senhorita Potts, seus níveis estão muito altos, gostaria de ligar para algum médico, isso não faz bem ao bebê. – Disse JARVIS com sua voz robótica para mim, enquanto eu estava deitada em minha cama no quarto de hospedes.

- Não JARVIS, eu estou bem. – Agradeci e voltei aos meus e-mails.

Depois de alguns minutos sua voz robótica se fez presente novamente.

- Senhorita Potts, o senhor Tony acaba de aterrissar na oficina, ele precisa da senhorita. – Eu me levante um pouco contrariada e vesti meus saltos altos.

Murmurei um ‘’Que merda, não sabe nem ao menos calçar os sapatos sem minha ajuda’’ eu disse por fim e desci as escadas apressada em direção à oficina.

Uma tontura forte se apoderou de mim e faltando apenas três degraus e cai.

Meu último pensamento antes de desmaiar foi: perdi meu bebê.

Mas então braços fortes, que eu sabia ser de Tony antes mesmo de conseguir abrir meus olhos me abraçou e começou a gritar palavras desconexas como: Rhodes, Médico, Pepper, sangramento, Salve-a.

A única coisa que eu consegui dizer antes de apagar complemente minha memória foi falar com Tony. Minha voz saiu fraca e chorosa:

- Tony...

- Pepper, vai ficar tudo bem, a ambulância já esta chegando. – Seu olhar estava desesperado. – Vai ficar tudo bem... – Ele beijou o topo da minha cabeça. – Eu vou te proteger.

- Tony... Tony. – Eu queria falar, mas não conseguia. – Salva o meu bebê. - Será que ele ouviu? – salva o meu bebê, Tony, por favor.

E então cai na mais profunda escuridão...