Path Of The Dead escrita por Dafne Federico


Capítulo 3
Capítulo III: Enterro e Possibilidades


Notas iniciais do capítulo

Olá! Olá! Olá!
Não consigo fazer notas iniciais sem dar spoiler do capítulo, mas quem se importa???? Espíritos podem se tocar?
O QUE VOCÊ FARIA SE ESTIVESSE NO SEU ENTERRO?



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 O caixão estava fechado, devido ao estado precário que deveria estar o meu corpo. O caixão era de madeira branca, com hieróglifos dourados entalhados. Sempre imaginei se os egípcios ainda se enterravam em pirâmides com tumbas, gatos e ouro.

 Reconheci os aprendizes maiores do primeiro nomo, Zia, meus avós, Liz, Emma ...

 - Emma! - gritei. - Liz! Por favor, digam que estão me vendo ...

 Amós estava parado do lado de Carter. Meu tio parecia acabado, como se Set o tivesse possuído novamente, o terno impecável e o ouro preso no cabelo dava lugar a uma expressão vazia e triste.

 Carter estava ainda pior.

 Desde que Anúbis supôs que eu estava morta, Carter tinha começado a agir de maneira estranha. Estava vestindo um moletom azul que eu comprei para ele há alguns meses atrás, jeans folgados e tênis de basquete. Até parecia um garoto comum. Tirando a aparência doentia.

 - Carter ... - eu chamei-o, mesmo sem esperanças de que ele ouvisse.

 O céu estava escuro, como em dias de garoa. Parecia que todo dia estava assim agora, mesmo quando as pessoas usavam roupas de calor, eu via o céu escuro e nebuloso.

 Eu não estava me sentindo nada bem. Chorava por horas e horas e, quando percebia que não sentia minhas próprias lágrimas, chorava de novo. Temia por Carter. Andava sem direção, tudo parecia estar ficando mais confuso a cada momento.

Anúbis me puxou para longe do meu caixão.

Quando o Deus ameaçou me levar a força eu disse para ir em frente, imaginava, que quando ele tentasse me tocar, atravessaria meu corpo como acontecera com Zia e o cara do metrô. Porém, o punho dele agarrou meu pulso com força, ele estava gelado, e fiquei feliz em não ter me esquecido do que era isso.

Ele saiu me puxando para dezenas de tumbas de distância.

- Você precisa ir embora, garota!

Me desvencilhei do braço dele.

- Preciso?

Ele balançou a cabeça inacreditável. Anúbis sabia que eu não era fácil enquanto estava viva, ingenuidade dele imaginar que melhoraria agora que estava morta.

Ele pegou a lâmina que usava naquele ritual com nome estranho e que me emprestara na luta contra a serpente gigante, Apófis.

- Preciso executar o ritual de abertura da boca em você. - ele disse balançando a adaga como vinha fazendo na última semana - Osíris, seu pai, está ficando impaciente com a minha demora em leva-la para a cerimônia.

O pouco que Anúbis tinha falado comigo nos últimos dias se baseava em dizer que meu pai, o Deus dos Mortos Osíris, tinha pedido que ele se dedicasse ao máximo em me convencer a seguir o meu caminho e estava cobrando dele a demora.

Anúbis tendo problemas com o meu pai? Isso não era da minha conta, ele que se resolvesse com ele e me deixasse em paz, como eu tinha implorado.

Encarei Anúbis lembrando que costumava sentir uma queda por ele enquanto estava viva, mas agora sentia um ódio profundo e irremediável. Ele sabia o motivo da minha morte, sabia porque de uma hora para outra todos estavam tratando Walt com desgosto e falta de importância, e não me contava nada.

- Não estou preocupada com o quê meu pai tem exigido de você, ou com qualquer outra coisa que você tenha a dizer que me faça querer seguir o caminho... Como foi mesmo que você disse? O Caminho Das Almas. - disse rememorando a última conversa que tinha tido com ele, na varanda da casa do Brooklyn - A única coisa que você pode fazer por mim e me dizer o que aconteceu, então irei com você sem objeções.

Minha proposta não era verdadeira, jamais deixaria Carter e tudo o que tinha conquistado, só precisava que ele acreditasse nisso e me contasse tudo o que tinha acontecido dia 09 de julho.

Anúbis encarou o horizonte e depois voltou-se para mim.

- Não posso interferir, teria que ver como é difícil para mim não me vingar, Sadie. - ele respondeu voltando para o mal humor que o cercava quase o tempo todo - Você não deveria estar morta.

Morta.

Quantas vezes tinha ouvido aquela palavra na última semana? Era como se a cada vez que alguém a pronunciava uma parte da minha alma queimasse.

- Por quê você pode me tocar?

Não sabia porque queria a resposta daquela pergunta, mas não poderia negar que tinha ficado intrigada.

- Isso a perturba? - ele deixou um sorriso irônico surgir - Não tenho um corpo físico, agora você também não tem, é como se estivéssemos no mesmo patamar agora.

Ótimo. Agora poderia ser um espirito ninfomaníaco que teme ficar tentada com um Deus que não tem hospedeiro físico ... Será que espíritos poderiam ter relações sexuais?

- Você não deveria pensar esse tipo de coisa, Kane. - ele me advertiu como se pudesse ler a minha mente, esperava que não, tudo o que não queria era um Deus bisbilhotando meus sentimentos - Se decidiu? Vai comigo ou não?

- Não. - disse firme - Poderíamos fazer um acordo, como já propus. Você disse que não pode intervir no que aconteceu, mas disse que eu perdi minha memória daquela noite, existe alguma maneira de recuperá-la?

Anúbis ponderou a pergunta como se estivesse pesando os pós e contras.

- Existe. Todas as almas passam por um caminho, assim como os vivos traçam o caminho deles, as almas traçam o caminho delas, mas quando uma pessoa se esquece da própria morte ela pode escolher traçar o caminho da morte novamente. - ele parecia um maníaco tentando me assustar na penumbra de um cemitério. - Você reviveria as últimas horas de vida até o momento da morte. É um processo complicado, Sadie, exigiria muito de você... e acredite quando eu digo que é melhor não saber.

Você pode escolher traçar o caminho da morte de novo. Eu poderia reviver minhas últimas horas de vida e descobrir o que me tinha acontecido, porque e como tinha morrido. Não tinha dúvidas que queria traçar o caminho da morte quase mais do quer queria traçar o da vida.

Tentei parecer o mais confiante possível, o que era fácil, porque realmente estava confiante na minha escolha.

- É isso o que quero fazer.

Ele me olhou atônito.

- Não é tão fácil quando parece. - ele engoliu em seco - Alguns espíritos ficam viciados e escolhem o caminho da morte eternamente, ficam revivendo suas últimas horas para sempre. E é um caminho muito especifico, você não poderia tentar mudar nada, se tentasse sua alma seria condenada, e pode sentir toda sua dor novamente. É melhor não saber.

Eu ri.

- Sadie Kane não volta atrás.- falei decidida e contente - Mas como posso saber que quando acordar irei me lembrar de tudo o que aconteceu? Não terei esquecido de novo?

Anúbis colocou a lâmina na cintura.

- Certo. Você irá se lembrar de tudo o que aconteceu porque tem sangue de faraó e é uma maga, digamos que é mais difícil para uma alma comum do que para você. - explicou certificando-se de que eu estava entendendo - Para ganhar a permissão para seguir esse caminho e estuda-lo antes de vivencia-lo você precisa escolhe-lo. É como realizar um feitiço. Você mentaliza o que vai querer fazer, acreditar nele e dizer. Quando estiver pronta.

Sentia saudades de praticar magia e aquilo foi revigorante. Depois de muitos dias eu soube exatamente o que fazer. Respirei fundo e disse:

- Eu escolho o caminho da morte.

E o mundo virou um funil.


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Notas finais do capítulo

Sadie indo atrás de revelações... O que será que aconteceu?



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