Path Of The Dead escrita por Dafne Federico


Capítulo 2
Espiríto Obcessor?


Notas iniciais do capítulo

Sadie sempre foi teimosa, depois de morta isso não iria melhorar, não é mesmo?
Enjoy!



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Eu daria qualquer coisa para poder abraçar Carter.

Não poderia estar morta, poderia?

Se eu tivesse morrido como ainda estava aqui? Como não me lembrava do que tinha acontecido? Como ainda sabia quem eu era e do que gostava?

 Por outro lado tinha reparado em coisas esquisitas. Como a garoa parecia não me atingir, como minha mão desaparecia quando tentava tocar a maçaneta do carro ... E as palavras daquele maldito deus do funeral.

 "Você não deveria interferir no caminho dos vivos"

 - Não! - eu gritei - Estou viva, muito viva!

 Embora nãos sentisse as lágrimas, sabia que estava chorando.

Depois que Anúbis abriu a fenda temporal e desapareceu eu não sabia o que fazer. Fiquei tentando abrir a maçaneta da porta, gritar, pedir socorro pelo que pareceram horas, até finalmente o resgate chegar.

A ambulância chegou primeiro e começou a tirar o garoto das ferragens. Tentei me comunicar, mas eles não pareciam me ouvir, um enfermeiro até atravessou o meu corpo. Ele parou ao lado da maca e ligou aparelhos no corpo do garoto, e eu o reconheci.

Era Walter Stone, um dos alunos do vigésimo primeiro nomo e um quase namorado. Não entendi porque não o reconheci assim que o vi, a pele negra, o cabelo curto, as roupas descoladas e os milhares de colares enrolados no pescoço eram únicos.

Quis chorar.

Mas tudo piorou.

A Mercedes de Carter percorreu a estrada em alta velocidade e comendo pneu. Meu irmão desceu do carro junto com Zia, sua namorada, e vê-lo cortou meu coração.

- Não é verdade! - Carter gritou perfurando a barreira que os policiais fizeram com fita isolante. - Diga que não é verdade, Zia. Sadie está bem, viva ...

- Estou! - gritei pulando na sua frente, sem sucesso, ele não me via, sequer ouvia.

Zia encarou a cena séria e suspirou.

- Não, Carter. - ela falou com uma serenidade invejável, eu jamais conseguiria ser tão impassível as situações como Zia conseguia, ela transbordava calma - Você não pode querer que ela esteja viva, porque não está. Se ficar se apegando a esperança, ela não conseguirá fazer a passagem.

- Eu estou bem viva, sua piranha! - eu gritei esmurrando a barriga dela, contudo meu corpo atravessou o de Zia e ela apenas sentiu um arrepio - Irei lhe amarrar com as sete fitas por ser tão ruim com meu irmão!

Carter olhou para a ambulância e para o corpo de Walt. Esperei que ele perguntasse se estava tudo bem com o nosso aluno, que perguntasse para que hospital o levariam. Ele não o fez.

- Ele vai querer estar morto quando colocar minhas mãos nele. - urrou tentando alcançar a parte da ambulância onde estava a maca com o corpo de Walt e os seguranças o impediram.

Assim que Carter foi embora eu tentei segui-lo sem sucesso. Caminhei pela estrada por horas, o vento que açoitava as árvores não me atingia, me atravessava como se não estivesse ali. Espera nunca entender como é "não sentir".

Quando alcancei a cidade tentei me lembrar de como ir para a casa. Peguei um metrô na direção do Brooklyn e um cara gordo e alto teria sentado no meu colo se sua bunda não me tivesse atravessado e encostado no acento do metrô.

E observei Carter.

Ele estava deitado na minha cama olhando para o teto, sua aparência era pior do que me lembrava. Os olhos tinham duas bolsas escuras em baixo, como sacos de presente do papai Noel, inchados de tanto chorar. O cabelo estava despenteado e armado e ele usava as mesmas roupas de três dias atrás.

Carter tinha colocado um dos meus CDs prediletos da Adele, remexera nas minhas coisas, fotografias de infância, bilhetes que eu trocava com Lis e Emma - não fiquei brava - até encarou o meus pôster de Anúbis e soltou um sorriso fraco, depois voltou a chorar.

E eu daria qualquer coisa para abraça-lo. Acredite, eu tinha tentado.

Anúbis abriu a porta do quarto e entrou balançando a cabeça negativamente. Carter não estava vendo, porque seus reflexos rápidos e lapidados pela luta com a espada não foram ativadas, era como se Anúbis não estivesse ali, assim como eu.

- Você não deveria estar aqui, Kane. - disse sentando na minha cama despreocupado com o fato de Carter estar sentado ali - Isso faz mal a Carter. Ele pode sentir.

Eu queria sentir, pensei comigo mesma.

- Diga a ele que eu o amo. - mandei, apontado para Carter.

- Não posso interferir. Como já disse a você, quanto mais tempo você passa aqui mais negará ir embora, com o tempo pode se sentir humana de novo e começar a viver entre eles. Será um caminho quase sem volta. E sua presença afeta Carter mais do que deveria.

Eu queria esfaquear esse Deus de meia tigela, embora soubesse que não conseguiria nem segurar a faca sem que a minha mão a atravessa-se. Ele ficava aparecendo e tentando me convencer de que tinha morrido.

- Você não se lembra de nada, não é mesmo? - Anúbis perguntou me provocando com a pergunta - Já ouvi relatos desse tipo de morte, quando a destilação do corpo e da alma é difícil sua memória nega todos os fatos e você reaparece sem as lembranças, só noção de pessoas.

Ótimo. Agora ele estava me olhando como se eu fosse um grande projeto de ciências.

- Você sabe o que aconteceu comigo, não sabe, Anúbis? - indaguei caminhando na direção dele e deixando um olhar diabólico fluir.

Ele assentiu.

- Nem me pergunte como foi. - respondeu. - Tudo o que Osíris me deu permissão para falar eu já disse. Sadie, você precisa aceitar a sua morte e seguir o seu caminho, não a levara a nada saber como e porque morreu - ele percebeu o erro que comentou assim que disse a última frase, ele confirmava minha expectativas tinha um porque.

A raiva crescia a cada palavra de Anúbis.

- Eu não vou embora até saber como e porque isso aconteceu, você nem ninguém me farão aceitar embarcar no mundo dos mortos e viver vagando pelo submundo, Anúbis. Me deixe em paz! - senti meus olhos arregalarem e a boca abrir ameaçadoramente quando ordenei que ele me deixasse em paz.

Anúbis desapareceu do meu colchão e reapareceu a alguns metros, parado na porta. Dessa vez, quando ele entrou, meu irmão levantou a cabeça e o viu.

Carter se sentou e encarou Anúbis.

- Precisa se decidir, Carter. Posso sentir que em alguns dias Walter Stone vai deixar o transe de morte e precisará de algum lugar para ficar. As portas do vigésimo primeiro nomo estão abertas? - Anúbis perguntou como se esse fosse um assunto muito conversado entre os dois, e não era, vigie Carter desde que encontrei a mansão do Brooklyn e Anúbis não era uma visita frequente.

Carter lhe lançou um olhar de ódio.

- A decisão não é de Amós?

Anúbis sorriu triste, nem sabia se isso existia.

Não entendia a pergunta sem cabimento que ele estava fazendo. Walter era parte da nossa família, assim como Cléo e todos os outros, era óbvio que as portas da mansão estariam abertas quando ele voltasse do hospital.

- Ele não conseguirá tomar essa decisão, caberá a você o acolher ou não. - respondeu o Deus caminhando-se em direção a porta - E há outra coisa para você pensar, ou melhor, para deixar de pensar. Seus pensamentos em sua irmã estão impedindo que ela faça o que deve ser feito, se não deixa-la ir, Sadie se tornara um espirito obsessor. Pense nisso.

Comecei a gritar que ele não sabia de nada, não queria ir embora porque não queria deixar Carter e não porque ele estava pensando em mim, mas Anúbis já tinha ido embora.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
Quem leu isso,
comente!!!
É isso ♥

POR QUE ACHAM QUE ESTÃO DESPREZANDO O WALT???



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