Tentação Eu já destruí uma, assim como Harry, o ruivo murmurou, colocando a taça de Helga Hufflepuff sobre o chão de pedra úmido e lhe estendendo uma presa de basilisco. Nada mais justo que seja você a destruir essa aqui.   A garota fez uma careta, mas não objetou. Esticou o braço e apanhou a presa, firmando-a em sua mão e vendo Ron se afastar, antes de olhar para a taça novamente. Era uma pena ter que destruir aquele objeto... Era tão bonito e delicado, tão antigo e precioso.   A grifinória respirou fundo e ergueu a presa da criatura morta, mas, antes que pudesse descer o braço e espetar a relíquia, algo pareceu isolá-la do resto do mundo, como se nada mais existisse a não ser ela e a horcrux.   Você não quer fazer isso, Hermione Granger, uma voz calma e profunda falou ao seu ouvido e a menina congelou. Você não precisa fazer isso.   Hermione ficou em silêncio, ainda com o braço erguido, sentindo os joelhos começarem a doer devido ao fato de estar ajoelhada no chão duro há muito tempo.   Srta. Granger... Tão inteligente, tão querida, a voz sussurrou e a garota sentiu alguma coisa gelada subir pelo seu braço e ir parar no seu ombro. Presa a estes amigos ignorantes... Aquele que só pensa em um jogo idiota e o outro, que acha que o mundo gira a sua volta. Hermione pressionou os lábios um contra o outro e contraiu as sobrancelhas. E onde você fica, minha querida? No fundo... Escondida pelo carisma do Weasley e pela fama do Potter.   Fique quieto, ela sussurrou, fechando os olhos.   Você sabe que eu estou certa, Srta. Granger. A grifinória sentiu a sensação fria em seu ombro passar para o seu queixo e, quando abriu os olhos, viu o rosto bonito de um jovem a apenas alguns centímetros do seu. Os olhos claros do rapaz prendiam os seus de uma maneira incrível, como se estivessem tentando convencê-la de algo, tentando puxá-la para algum buraco sem fundo. Você tem tanto potencial em suas mãos, Hermione. A outra mão do jovem segurou a sua que segurava a presa do basilisco. Tanto poder. Um sorriso sutil e simpático apareceu nos lábios dele. Tanta inteligência. O rapaz estava, no ponto de vista dela, perto demais... Ela conseguia sentir a respiração gelada dele contra a sua pele. Por que desperdiçar tudo isso com eles?   Hermione abriu a boca para falar alguma coisa, mas percebeu que não havia o que falar. A presença daquele rapaz era desconfortável e inebriante ao mesmo tempo... Era estranho. Aqueles olhos a tentavam.   Deixe isso de lado, ele sussurrou, abaixando a mão dela lentamente. E junte-se a mim... Eu sempre soube valorizar talento quando vejo um. O jovem sorriu ainda mais um sorriso gentil e deixou os seus dedos gelados acariciarem o rosto da outra. E você, Srta. Granger, tem muito talento.   Você... A voz da grifinória saiu fraca e trêmula enquanto ela olhava para o rapaz. Você também tinha... Muito talento, digo. Você era brilhante. As sobrancelhas escuras do outro se contraíram, mas ele não falou nada e nem se afastou. Mas você jogou tudo isso fora, Sr. Riddle.   Os olhos azuis do rapaz se arregalaram, mas, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, a mão de Hermione se livrou dos dedos compridos e pálidos dele e, após alguns segundos, a presa de basilisco estava cravada na taça dourada que estava entre eles. O jovem gritou ao ver a sua horcrux destruída e olhou para a garota com uma mistura de raiva e desespero em sua expressão.   Desculpe-me.   Foi só quando a figura de Tom Riddle desapareceu por completo da sua frente que Hermione percebeu que estava ajoelhada em uma poça de alguma coisa viscosa e negra que escorria da horcrux destruída e que Ron a encarava, assustado.   Pronto... Ela sorriu de leve. Outra a menos.