Quando o mundo parou de girar, Hermione se viu parada na mesma rua em que ela se encontrava antes, mas o lugar estava mais barulhento e com algumas coisas diferentes nas construções.


– Estamos de volta – ela ouviu Ron murmurar e depois rir – Voltamos para 1997! Estamos em casa!


Harry também riu, mas ela ficou quieta, apertando com força o pingente de borboleta que Tom lhe dera e sentindo os olhos lacrimejarem. A garota estava feliz por estar de volta a 1997, mas mesmo assim...


– Mione? – a voz do amigo de olhos verdes a chamou e ela sentiu o braço dele em volta do seu ombro – Mione... Não fique assim.


–Ah... Por favor – dessa vez foi Ron que a abraçou pelo outro lado – Estamos bem, está tudo bem... Não chore.


Ela riu baixinho... Era ótimo ter Harry e Ron por perto, eles lhe davam força para erguer a cabeça e continuar a viver.


– Eu amo vocês – a menina sussurrou, abraçando os amigos – Não se esqueçam disso.


Os três ficaram daquele jeito por um tempo, desejando que aquele abraço fizesse com que tudo o que estava acontecendo desaparecesse... Fizesse com que tudo ficasse bem.


– Será que mudamos alguma coisa? – Harry perguntou – Mexendo no passado...


– Não sei, cara.


– Temos que descobrir – Hermione enxugou os olhos e se afastou dos amigos – Vamos aparatar para um lugar mais seguro... Grimmauld Place?


– Pensei que Grimmauld Place não era muito seguro – disse Ron.


– Eu não consigo pensar em outro lugar, me desculpem – a menina murmurou.


– Vamos para lá, quem sabe tenham colocado alguma proteção contra Snape e os outros comensais – o Potter sorriu e segurou a mão da amiga, assim como o ruivo.


Sentiram a vertigem da aparatação e se viram diante da casa n°12 do Grimmauld Place. Harry seguiu até a porta da frente rapidamente, abriu-a e entrou seguido pelos amigos... A casa estava quieta, escura e suja... Igualzinha a quando ela ainda era a sede da Ordem da Fênix.


– Será que colocaram algum feitiço protetor? – perguntou Ron.


– Não sei, temos que estar preparados para qualquer ataque – Hermione sussurrou, deixando a varinha em punho.


Os três ficaram petrificados ao ouvirem um barulho abafado vindo do andar de cima. A garota apertou ainda mais a varinha, vendo os dois rapazes irem para o pé da escada, prontos para atacar qualquer coisa que os ameaçasse.


– Quem está aí!? – Harry chamou, erguendo a varinha.


– Harry? O que você está fazendo aqui?


Ao ver quem falara com eles, Harry engasgou, Ron gritou e Hermione cobriu a boca com a mão, sentindo o ar faltar em seus pulmões.


Parado no alto das escadas do Grimmauld Place n°12 estava um homem alto de cabelos negros que iam até os ombros, barba por fazer e olhos cinzentos com um brilho brincalhão.


– S-Sirius? – o garoto de cabelos negros sussurrou, não acreditando no que estava vendo – O que...? Como?


– Como você ‘ta aqui!? – Ron encurtou a conversa.


– Estando aqui? – o homem parado no alto das escadas falou e riu – Vocês estão tão esquisitos... O que houve?


– Sirius, em que ano nós estamos?


– Merlin do céu, 1997! Hermione, vocês tem certeza de que estão bem? – Black descera as escadas e agora estava muito perto deles.


– Você não é o Sirius...


– Poção Polissuco! Só pode ser!


– Harry, Hermione... Eu sou o Sirius! – o bruxo riu – O que está acontecendo com vocês?


– Prove que você é Sirius Black – Harry falou firmemente.


– Vocês estão ficando paranóicos como o Olho-Tonto! Mas tudo bem... – o animago sorriu – Eu sou Sirius Black, também conhecido como Almofadinhas, um dos criadores do Mapa do Maroto... Sou um animago e me transformo em um cão negro.


Os três ficaram parados por um tempo, antes de Harry correr e abraçar o padrinho que ele acreditava estar morto. Hermione e Ron ficaram apenas olhando, esperando que alguém explicasse o que estava acontecendo.


– Sério, o que houve com vocês? Espera aí! Molly sabe que vocês estão aqui!? – o homem perguntou, afastando-se de Harry – Estão todos preocupados com tudo o que está acontecendo e vocês andando por aí! Molly vai ficar irada... É melhor vocês voltarem para a sua casa, Ron, podem usar o pó de Floo.


Sirius praticamente empurrou os três para a sala onde se encontrava a lareira, entregando para eles um pouco de pó de Floo e resmungando “Molly vai me matar!”. O primeiro a ir foi Ron, seguido por Harry e depois por Hermione.


– Hey, Hermione – Almofadinhas a chamou antes que ela pudesse desaparecer no meio das chamas verdes – Diga para o Harry voltar a aparecer por aqui... E diga para a Molly que não é minha culpa vocês estarem perdidos por Londres!


– Tudo bem, Sirius – ela riu e jogou o pó na lareira – A Toca!


Fechou os olhos e, quando os abriu, viu-se parada na lareira da casa dos Weasley. Molly Weasley estava gritando com Ron por ele “ter desaparecido sem dar explicação” enquanto Harry ficava no canto apenas observando tudo. Ela ainda percebeu que Ginny estava parada no meio da sala, rindo do irmão e olhando discretamente para o amigo de cabelos negros.


– Mãe, não é minha culpa!


– Ronald Weasley, chega! Você quer me matar do coração! Só pode ser... Estão havendo ataques por todos os lados e vocês me somem do mapa! – a mulher ruiva gritou, arrastando o filho pelo braço – Fiquei desesperada quando vocês sumiram do casamento! SUMIRAM!


– Vocês deixaram a mamãe louca – Ginny riu – Achei que ela fosse convocar aurores para ir atrás de vocês.


– Bill e Fleur...?


– Já estão no Shell’s Cottage, Mione – a ruiva sorriu – Estão aproveitando a vida de recém casados.


Antes que os dois pudessem perguntar mais alguma coisa, a senhora Weasley apareceu na sala, ainda gritando para Ron na cozinha.


– Você tem sorte, mocinho! Mas espere até depois que o diretor for embora – a mulher se virou para os três ocupantes da sala e sorriu – Harry, Hermione... O prof.Dumbledore está aqui para vê-los.


– O prof.Dumbledore? – a garota de cabelos armados perguntou, arregalando os olhos.


– Vocês estão tão esquisitos hoje! – Ginny riu.


Os dois adolescentes foram até a cozinha, onde Ron estava sentado na mesa com os olhos azuis fixos no diretor de Hogwarts, que estava parado sentado do lado oposto, bebericando chá e comendo alguns biscoitos.


– Ah, bom dia – o velho bruxo sorriu – Está uma ótima manhã, não? Querem biscoito?


Vendo que os três iriam ficar quietos, o professor riu e mordeu outro biscoitinho.


– Vocês devem estar se perguntando o que está acontecendo...


– Sim, parece que os mortos estão voltando à vida! – Ron falou, parecendo assustado.


– Pelo jeito eu sou um dos mortos que voltou à vida – Albus sorriu.


– Professor, o que houve? Mudamos tanto as coisas no passado? – Harry perguntou, sentando-se ao lado do amigo ruivo.


– Vocês não, Sr.Weasley e Sr.Potter... – os olhos azuis e gentis do professor pousaram sobre a menina.


– Você leu...


– Leu o que?


– O Sr.Riddle é capaz de tudo para ter alguma coisa que ele quer, Srta.Grnger...


– Meu Deus... - a garota sussurrou, sem perceber a expressão de confusão que tomava conta do rosto dos rapazes.


– Deixe-me explicar tudo o que aconteceu – o diretor se ajeitou melhor na cadeira antes de começar – Há alguns anos atrás, surgiu um grupo de bruxos e bruxas que tinham o propósito de purificar o mundo dos bruxos, muito parecido como que Grindelwald queria fazer.


“Essas pessoas se intitulavam ‘Comensais da Morte’, acho que vocês conhecem o nome... Bom, existiam outros bruxos que decidiram combatê-los, a chamada Ordem da Fênix. Esses bruxos lutavam contra os comensais, mas sempre corriam o risco de serem atacados.”


“Os comensais começaram a atacar os integrantes da Ordem e aqueles que tinham famílias, como os Potters e os Longbottoms, se esconderam para se proteger... Mas não demorou muito para que os comensais os encontrassem. Os Longbottoms foram torturados até a loucura, enquanto os Potters foram mortos... O único que sobreviveu fora o filho deles, afinal, os comensais não estavam tão interessados em matar bebês”


Ao ouvir isto, Ron olhou para o amigo e analisou o rosto dele, finalmente percebendo uma coisa estranha.


– Cara! A sua cicatriz! – o ruivo apontou para a testa do outro – Sumiu! Como não percebemos isso antes!?


– É claro! Não tentaram matar o Harry... Ele nunca foi atingido pelo Avada – começou Hermione – Nunca teve a cicatriz.


– Isso mesmo, Srta.Granger – Dumbledore sorriu – Mas continuando... Harry foi viver com os tios trouxas e só descobriu que era um bruxo quando completou onze anos. No primeiro ano em Hogwarts, Harry conheceu Ronald Weasley e ficou amigo dele. Eles conheceram uma menina nascida trouxa e, no começo, não se deram muito bem com ela...


“Houve um incidente com um troll montanhês no dia do Halloween e eles salvaram a menina nascida trouxa, depois disso eles ficaram mais próximos, é claro. Durante o resto do ano, os três descobriram que a Pedra Filosofal estava escondida dentro da escola e que alguém estava tentando roubá-la... No fim, fora descoberto que um professor nosso, o Sr.Quirrel, fazia parte do grupo dos comensais e estava tentando roubar a Pedra para eles.”


– No segundo ano... bom, o segundo ano de vocês fora bem tranqüilo levando em consideração os outros anos – o professor riu – Ginny Weasley entrou para a escola, houve uma confusão com o prof.Lockhart depois que descobriram que ele era uma farsa, mas nada muito além disso.


“Terceiro ano, Sirius Black, acusado de ser aliado dos comensais e de ter traído James e Lily Potter, escapou de Azkaban e todos acreditavam que ele estava querendo matar Harry... No fim, foi descoberto que ele não era um assassino e o real culpado era Peter Pettigrew, outro amigo dos Potters que havia se juntado aos comensais. Mas é claro que o Ministério não aceitou esta versão dos fatos... Sirius estava condenado ao beijo do dementador e o Sr.Potter e a Srta.Granger conseguiram salvá-lo depois de usar um vira-tempo... Uma experiência perigosa, mexer com o tempo... Mas deu certo”


“Quarto ano, Hogwarts sediou o Torneio Tribruxo... As provas ocorreram bem, mas no fim, um garoto foi morto. A morte de Cedric Diggory servira para mostrar ao mundo bruxo que os comensais estavam fortes novamente”


“Quinto ano... O Ministério continuava se recusando a ver a verdade sobre a força dos comensais. Hogwarts ganhou uma nova professora de Defesas Contra as Artes das Trevas, Dolores Umbridge, e... Bom, vamos dizer que vocês e a chamada ‘Armada de Dumbledore’ viraram a vida da pobre Dolores de cabeça para baixo! Os comensais atacaram o Ministério, tentando mostrar o poder que eles tinham, mas ninguém fora ferido, apenas alguns comensais foram presos, como Lucius Malfoy... Ah, sim, nesse ano, a Ordem da Fênix voltou a ativa”


“Ano passado foi um ano relativamente calmo... Descobrimos que Draco Malfoy havia se juntado aos comensais, mas com alguma ajuda, conseguimos trazer o garoto para o nosso lado novamente.”


Albus respirou fundo antes de continuar.


– Os ataques a nascidos trouxas, mestiços e traidores do sangue continuam, mas o Ministério e a Ordem estão trabalhando para acabar com eles - o diretor falou.


– Como eles surgiram? Os comensais...


– Nos anos 40’, um grupo de jovens sonserinos costumava se reunir para conversar sobre essas idéias de purificação mágica... Sabemos que entre eles se encontravam Alphard Avery, Canopus Lestrange, Abraxas Malfoy, Cygnus e Órion Black entre outros – Hermione apertou com força o tecido de seu suéter... Ela não queria saber dos seguidores, ela queria saber do líder – Eles tinham um líder, um rapaz que começou com essas reuniões e que conseguia se impor sobre eles... Esse garoto era um mestiço, mãe bruxa e pai trouxa, mas alguma coisa aconteceu – o bruxo olhou de relance para a garota – E este rapaz desistiu de todos aqueles planos que ele e os amigos haviam feito.


– Então Riddle pulou fora... – Ron murmurou – Por causa da Mione?


– Sua amiga, Sr.Weasley, fez algo muito perigoso – o professor falou com a voz séria – Você poderia ter estragado a vida de muitas pessoas, Srta.Granger.


– Eu sei – ela murmurou, abaixando a cabeça para esconder o rosto corado - Eu devia ter me controlado! – ela falou para si mesma – Bruxos que brincaram com o tempo sempre acabaram fazendo coisas erradas...


– Na realidade, Srta.Granger, nunca foram confirmados casos de mudanças na linha do tempo que deram certo... Mas só porque os bruxos são medrosos demais para admitir que fizeram alguma coisa proibida, mesmo que a tal coisa proibida tenha dado certo.


Aquela definitivamente não era a voz de Albus Dumbledore