Riddles Riddles escrita por themuggleriddle


Capítulo 42
Capítulo 42




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Descer na Plataforma 9 ¾ pela última vez fora uma experiência no mínimo triste para Tom Riddle. Aquela plataforma sempre significara que ele estaria voltando para Hogwarts no ano seguinte, estaria voltando para a Sonserina, para a sua casa... Daquela vez, aquela plataforma indicava que ele nunca mais veria o castelo novamente, pelo menos não como aluno.


Desde que entrara no Expresso de Hogwarts na estação de Hogsmead, o rapaz estava sentindo alguma coisa ruim dentro de si mesmo, finalmente percebendo que Hogwarts era uma fase de sua vida que já havia passado e não iria voltar... E agora que ele arrastava o malão pela Plataforma 9 ¾ aquela sensação ruim crescia ainda mais.


Viu Abraxas se reunir com a família, um casal de bruxos de cabelos claros e pele pálida como ele, e acenou rapidamente para o companheiro de casa, antes de ver os Malfoys se afastarem em direção à barreira que os levava para a estação trouxa.


– Então, nosso último desembarque do Expresso de Hogwarts – ele sentiu alguém segurar a sua mão e falar ao seu ouvido.


– É o seu primeiro e último desembarque, Hermione.


– É verdade – a garota pareceu meio desconfortável enquanto olhava em volta com os olhos tristes – Esse foi o meu único ano em Hogwarts, mas parece que eu estudei lá a vida inteira...


– Que bom que você gostou do colégio – Riddle riu e puxou-a em direção a barreira da plataforma, vendo que Purkiss e Pevensie já os haviam avistado – Vamos?


– Sim.


Hermione sorriu e apertou a mão dele com força enquanto eles atravessavam a barreira, deixando a Plataforma 9 ¾ sem terem uma previsão de volta.



****



– Estamos fora de Hogwarts há algumas semanas e não fizemos nada ainda – resmungou Ron, jogando-se na cama do seu quarto no Orfanato Wool’s – O que bruxos formados devem fazer?


– Procurar emprego, trabalhar... – murmurou Harry – Vamos arrumar empregos aqui no passado?


Hermione fez uma careta ao ouvir o amigo falar “no passado”. Ela já estava tão acostumada a viver em 1944 que aquele ano parecia ser normal para ela.


– O que o Riddle está fazendo?


– Ahm? Ah... Ele está procurando um emprego e um lugar para ficar, Ron – a menina respondeu, dando um sorrisinho triste – O prof.Dippet não aceitou ele como professor de Defesas Contra as Artes das Trevas... Disse que ele ainda era muito novo.


– Ele acabou de se formar e já quer dar aulas? – o ruivo riu – Vocês conseguem imaginar Lord Voldemort dando aula para um aluno de onze anos?


Harry riu, mas logo ficou quieto ao ver o olhar frio que a amiga lançara para Ron. Falar que Tom Riddle era Lord Voldemort se tornara um tipo de tabu entre eles.


– Hermione – o rapaz de olhos verdes a chamou – Será que vamos ter que fazer os N.I.E.Ms de novo? Quero dizer, no futuro...


– Não sei... Falando em futuro – a menina murmurou – Dumbledore nunca mais tocou no assunto do vira-tempo.


– Acho que ele estava ocupado demais, não? Quero dizer, ele derrotou Grindelwald! – Ron sorriu – Não estava com muito tempo para falar sobre vira-tempos.


– Mas ele disse que iria mandar o vira-tempo para alguém que soubesse consertar – disse Harry – Temos que esperar para ver se esse alguém conseguiu consertar...


Hermione ficou quieta. Ela queria que o vira-tempo fosse consertado, é claro, mas com o objeto funcionando normalmente, eles teriam que voltar para o futuro... E voltar para o futuro significava deixar toda aquela vida que ela desenvolvera em 1944 para trás.


– Eu já volto – a bruxa murmurou, erguendo-se da cama onde ela estava sentada e saindo do quarto dos rapazes.


Harry e Ron observaram a amiga sair e ficaram em silêncio por um tempo.



– Então... Não sei se já me acostumei com a idéia da Mione e o Riddle juntos – o ruivo deu uma risadinha.



– Nem me diga.


– Mas, me diga se eu estou enlouquecendo ou não... – o rapaz mais alto começou, coçando a cabeça e olhando para o nada – Parece que o Riddle está meio diferente... Quando ele acha que não tem ninguém por perto, ele realmente parece gostar da Mione.


Harry não respondeu, apenas encarou o amigo.


– Lembra na festa da Lufa-Lufa? Ele parecia feliz com ela.


– Sim, porque ele tinha excesso de firewhisky no sangue – o moreno riu – ‘Ta, Ron, eu entendi o que você quer dizer... Mas é estranho pra mim pensar nele e não me lembrar de Voldemort.


– Eu sei, cara... E eu realmente espero que ele não acabe fazendo besteira, se não ele terá que se entender conosco.


Os dois riram e desviaram a conversa do assunto “Tom Riddle”.



****



Ele demorara um tempo para conseguir desenvolver aquela marca, mas valera a pena. Ver aquela imagem verde esmeralda de um crânio com uma cobra saindo pela boca pairando na sua frente valia o seu esforço. A Marca Negra... Esse era o nome que ele havia escolhido.


O rapaz riu... Hitler tinha a suástica, Grindelwald tinha o símbolo das relíquias e ele, Lord Voldemort, tinha a Marca Negra.


– Tom? Eu queria saber se... – a voz de Hermione ecoou da entrada de seu quarto, mas logo desapareceu.


O garoto fez a marca desaparecer com um aceno da varinha e se virou para olhar a namorada que entrara no quarto. O rosto dela estava pálido e os olhos castanhos arregalados, fixos no ponto no ar onde a Marca Negra estava há alguns minutos.


– O que é isso? – a voz dela saiu trêmula enquanto ela fechava a porta atrás de si.


– Nada.


– O que é isso, Tom?!


– É uma marca, certo? Nada muito importante – Riddle respondeu, não entendendo a irritação da garota.


– Uma marca do que?


– Hermione, isso não é nada...


– É uma marca daquele grupinho de sonserinos sádicos que você liderava em Hogwarts? – ele a encarou quando a ouviu falar isto – Pensei que você tivesse parado com isso.


– Hermione... Eu tenho planos – ele explicou com calma – Planos que, caso derem certo, irão me conceder poder... Muito poder.


A bruxa parecia não estar prestando atenção. Os olhos dela estavam marejados de lágrimas, o rosto pálido e as mãos estavam cerradas com força... Como se ela estivesse se segurando para não fazer alguma coisa.


– Eu venho arquitetando tudo faz muito tempo, e eu sei que é a coisa certa a fazer – Tom sorriu – Imagine o poder que eu não irei ter caso tudo o que eu planejei dê certo! Não só eu, é claro... Todos que estiverem ao meu lado! Os Malfoys, os Averys, os Lestranges, os Blacks... Você, Hermione! Imagine quanto poder você não teria...


– Eu não quero poder! – ela quase gritou.


– Não quer poder...? – o rapaz riu debochadamente – O que mais você poderia querer, se não quer poder?


– O que eu quero? – pronto, ela não agüentava mais segurar as lágrimas que inundavam os seus olhos – Eu quero ser feliz! Quero ter um bom trabalho, quero viver em um mundo onde não há guerras, quero ficar junto dos meus amigos... Eu quero você, Tom!


– Hermione – ele se levantou da cama e foi até ela – Eu vou ficar com você... Não se preocupe.


– Não! Você não entende! Eu quero aquele garoto que eu ajudei quando estava aqui no orfanato, aquele garoto que me ajudou quando eu precisava, que dançou comigo na festa de Ano Novo, que me deu um presente de Natal e Dia dos Namorados ! – ela parou um pouco para respirar e tentar enxugar as lágrimas – Quero aquele rapaz que tem um sorriso lindo e adora chá, que sai de noite pra comer escondido na cozinha, que esquece da realidade quando está lendo, que fica bêbado com três copos de firewhisky e conta para todo mundo que tem medo de voar em uma vassoura – ela riu – Quero aquele bruxo cuja a inteligência me encanta... Aquele bruxo que gosta de mim... Eu quero você! Eu quero Tom Riddle...


– Eu já não te disse que eu vou estar com você o tempo todo? Não importa... – Tom começou a falar, mas foi interrompido novamente.


– Agora, o que eu não quero... – ela tomou fôlego antes de continuar – Eu não quero aquele rapaz que chama os nascidos trouxas de sangues-ruins, que tortura aqueles que ele chama de amigos – Hermione parou um pouco, vendo como a expressão de Riddle não havia mudado – Não quero aquele bruxo que tentou me torturar um dia...


– Pensei que nós já tivéssemos conversado sobre isso...


– Não quero o sonserino que abriu a Câmara Secreta, matou uma garota por ela ser nascida trouxa e incriminou Hagrid por isso! – os olhos azuis do garoto se arregalaram – Não quero o bruxo que matou o próprio pai por vingança...


– Como é que você sabe disso? – a voz dele estava perigosamente baixa e parecia haver um brilho avermelhado em seus olhos – Como é que...?!


– Eu quero Tom Riddle! – Hermione gritou, vendo o outro se aproximar dela – Não Lord Voldemort...


O rapaz parou de andar e a encarou. Parecia que ele estava de volta na noite que Avery e Lestrange tentaram violá-la, pois ela estava com o mesmo rosto vermelho de tanto chorar, olhos arregalados e soluçando desesperadamente...


Mas dessa vez Lord Voldemort não iria deixar aquela imagem o amolecer.


– Que pena – Riddle murmurou, olhando para ela friamente – Porque... Lord Voldemort é o meu passado, presente e futuro, Hermione.. Se você quer Tom Riddle, terá que ter Lord Voldemort.


– Você não sabe o que está falando...


– Eu sei muito bem o que eu estou falando, Hermione! – aquele não era o Tom que ela conhecia.


A garota ficou o encarando por mais alguns minutos, antes de dar as costas para ele e sair do quarto.



*****



“Idiota, idiota, idiota!”


Ela não devia ter falado todas aquelas coisas para ele! Aquilo apenas servira para deixá-lo furioso... Mas ver Tom conjurando a Marca Negra por pura diversão apenas fez com que ela se lembrasse de tudo o que ela estivera fugindo fazia meses.


“Se você quer Tom Riddle, terá que ter Lord Voldemort”


A menina se encolheu em sua cama, tentando afastar as palavras do sonserino de sua cabeça, mas era quase impossível! Como aquela pequena frase conseguira machucá-la tanto?


– Srta.Granger?


Hermione ergueu a cabeça e viu, parado na porta de seu quarto, o professor Dumbledore. O bruxo tinha um sorriso gentil nos lábios enquanto olhava para ela.


– Já falei com os seus amigos – ele fechou a porta e se aproximou dela, estendendo-lhe o vira-tempo consertado – Eu disse que encontraria um jeito de ajudá-los.


A bruxa não sabia o que fazer... Ela devia estar feliz por finalmente poder voltar para casa, mas a única coisa que a visão do vira-tempo causara nela fora outro acesso de choro.


– Srta.Granger?


– Professor, eu preciso falar com você! É sobre o...!


– Não, Srta.Granger – Dumbledore ergueu a mão,pedindo para que ela ficasse quieta – Sem detalhes sobre o futuro.


– Mas...


– É melhor você se arrumar, quanto mais cedo partirem... Melhor.



*****



Ela não acreditava que havia feito aquilo! Estava errado, muito errado, e podia acabar com as vidas de todos que ela conhecia... Com a sua própria vida do jeito que ela conhecia! Mas alguma coisa fora mais forte do que aquela voz dentro dela que a mandara parar e parar de cometer erros.


– Mione... Vamos? – Ron a chamou no fim do corredor, quando ela estava passando na frente da porta fechada do quarto de Tom.


– Eu já vou, Ron.


Respirou fundo e bateu na porta de leve, antes de entrar no quarto.


Tom estava sentado em frente à escrivaninha do quarto, olhando para fora da janela fixamente. Hermione se aproximou devagar e tocou-lhe o ombro de leve, mas ele não se mexeu.


– Tom...


– O que você quer? – fria e ríspida, era assim que a voz dele estava.


Ela não respondeu, apenas se abaixou e beijou-lhe a bochecha delicadamente.


– Eu te amo.


– Me deixe em paz, Granger.


A garota sentiu aquela sensação ruim dentro de si mesma e percebeu que estava prestes a chorar. Afastou-se dele, levando a mão até o colar que ele lhe dera e saiu apressadamente do quarto.


Quando chegou ao hall de entrada do orfanato, Harry, Ron e Dumbledore a esperavam e ignoraram a expressão de choro que ela tinha em seu rosto.


– Vocês sabem como funciona o vira-tempo – o professor falou e sorriu – Vão até uma rua mais deserta e voltem para o tempo de vocês... Espero que tudo dê certo.


Os três concordaram com a cabeça e, enquanto os dois rapazes saiam do prédio, Hermione ficou para trás, sozinha com o futuro diretor de Hogwarts.


– Srta.Granger?


– Eu só queria lhe dar isto – ela estendeu um envelope para o bruxo – Agradecendo tudo o que o senhor fez por nós...


– Tudo bem, Srta.Granger – Albus sorriu – Espero vê-la no futuro... Agora vá.



*****



– Acho que aqui está bom – disse Harry, apontando para uma rua deserta – Não há ninguém aqui.


– Certo, Mione? O vira-tempo...


– Está aqui – a garota murmurou, aproximando-se dos amigos.


Ela colocou a corrente em volta dos pescoços deles e olhou em volta, observando a rua vazia por um tempo e sentindo um nó se formar em sua garganta.


– Mione?


– Me d-desculpe – ela sussurrou e segurou a ampulheta nas mãos.


– Nós estamos fazendo o que é certo, Mione – Ron deu um sorrisinho triste.


Hermione concordou com a cabeça e começou a girar a ampulheta.




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