Os olhares de Ron e Hermione ficaram fixos no rapaz do outro lado do jardim. Para eles, era impossível acreditar que aquele garoto poderia, um dia, vir a ser o Lord das Trevas, afinal, ele parecia apenas mais um adolescente qualquer.

- Ele...? – perguntou o ruivo, erguendo uma sobrancelha – Ele é você-sabe-quem?

Harry apenas concordou com a cabeça.

- Não parece muito ameaçador – o garoto de olhos azuis comentou.

- Tenho certeza de que ele já tem a mesma personalidade de Voldemort – a menina murmurou.

- Hermione, ele é o Voldemort! – os dois rapazes falaram, como se a amiga houvesse dito algum absurdo.

- Não, Harry... Ele ainda é, eu acho, Tom Riddle...

- Você não entende, Mione! Ele sempre foi Voldemort... Ele pode não ser aquela... Coisa que ele é no futuro, mas pode ter certeza de que, por dentro, ele já é Lord Voldemort!

- Meu Deus, Harry! – Hermione bufou, erguendo as mãos na frente do rosto, como se fosse se proteger do amigo – Eu só disse que achava que ele ainda não era tão mau quanto no futuro...

- Gente, não importa o quão mau ele é... – murmurou Ron, nervoso – O que importa é que ele está vindo para cá.

Os três se viraram para ver Tom Riddle se aproximar calmamente com um sorriso quase imperceptível nos lábios.

- Olá, vocês devem ser os garotos novos que Martha trouxe ontem – o rapaz falou, analisando cada um deles com um olhar de desprezo – Pensei que vocês estivessem lá dentro, tentando... Se enturmar.

- E por que estaríamos fazendo isso? – perguntou Harry, com a voz cheia de raiva.

- Todo mundo faz isso quando chega aqui... Tenta atrair amigos, parecer interessante...

- Acho que isso não se aplica a você, Riddle – Ron murmurou.

Tom lançou um olhar frio ao outro rapaz, contorcendo os lábios em uma expressão de nojo.

- Não é como se eu quisesse ter que interagir com... Com os outros – o garoto praticamente cuspiu as palavras – E não me lembro de ter falado o meu nome.

- Você não disse – Hermione falou, tentando acabar com o clima tenso – Nós... Alguém nos disse, não lembro quem.

O rapaz encarou-a, tentando descobrir se ela falava a verdade, antes de responder.

- Sendo assim... Meu nome é Tom Riddle. E vocês são...?

- Harry Pevensie e Ronald Purkiss – a menina apontou para o rapaz de óculos e para o ruivo – E eu sou Hermione Granger.

- É um prazer... Agora, se vocês me dão licença – disse Riddle, olhando uma última vez para eles antes de se afastar e entrar novamente no prédio.

Harry, Ron e Hermione ficaram olhando para o rapaz enquanto ele se afastava. O ruivo tinha os olhos arregalados, como se tivesse acabado de ver um fantasma, a garota parecia curiosa e assustada ao mesmo tempo... Já o moreno estava, obviamente, à ponto de sair correndo atrás de Riddle e atacá-lo.

- Fui só eu que achei... Ou esse "Foi um prazer" soou totalmente falso? – perguntou Ron.

- Não, Ron... Você está certo – a bruxa respondeu – Você viu como ele fala das outras crianças? Como se fossem coisinhas desprezíveis!

- Eles são apenas trouxas desprezíveis para ele, Mione – Harry explicou.

- Isso é ridículo... – a garota resmungou – Mas... Vamos tentar esquecer Riddle e pensar em nós mesmos. Precisamos descobrir como voltar...

- Hermione! Você ainda não entendeu que nós vamos parar Voldemort primeiro? – o moreno falou.

- Você ainda não entendeu que é muito arriscado! - Hermione bufou.

- Ei... Será que... – Ron começou a falar, erguendo a mão como se estivesse pedindo permissão para expressar a sua opinião – Será que nós não poderíamos pedir ajuda a alguém? Tipo... O Ministério, ou Dumbledore.

- Acho que não seria bom fazer isso –a menina respondeu – Dumbledore ainda vai... Mas não confio no Ministério.

- Nem eu – disse Harry – Mas será que ninguém percebeu que nós viajamos no tempo?

- Talvez Dumbledore tenha percebido – a bruxa falou, pensativa – Mas não tenho certeza.

- Podemos mandar uma coruja...

- Não, Ron – disse Hermione – Vamos esperar um tempo... Se nada acontecer, se ninguém de Hogwarts vier nos procurar, nós mandamos uma coruja. O que vocês acham?

Os dois garotos se entreolharam antes de responderem juntos.

- Você que manda, Mione.

- Muito bem – ela sorriu – Vamos entrar?

- Okay – murmurou Harry, seguindo a amiga até a porta do orfanato – Mione? E o Riddle...?

- Harry, você sabe a minha opinião – a bruxa suspirou, encarando os olhos verdes do rapaz – Se eu fosse você... Eu tentaria ficar na minha até nós conseguirmos voltar para o futuro.