– Você sumiu depois de Hogsmead.

– Eu... Não estava muito bem e decidi voltar para o castelo – Hermione respondeu, desviando o olhar do amigo – Aproveitei e coloquei algumas matérias em dia.

– Bom – o rapaz riu – Você vai ver o jogo hoje, certo?

– Talvez, Harry – ela sorriu para o moreno – Você sabe como eu “amo” Quadribol.

O grifinório riu, antes de voltar sua atenção para Ron, que discutia com ele as estratégias que o time poderiam ser usadas no jogo da Lufa-Lufa contra a Corvinal. A menina observou os amigos e depois olhou para a mesa da Sonserina o mais discretamente possível.

Tom estava olhando para ela também... Mas assim que percebeu que a garota o observava, abaixou o rosto, dando um sorriso quase imperceptível. Hermione não pôde deixar de sorrir também, ao mesmo tempo que se sentia meio idiota por estar agindo daquele jeito... Se ela se sentia idiota, imagine como Riddle deveria estar se sentindo!

– Mione, nós estamos indo para o campo – Harry falou, tirando-a de seus pensamentos.

– Ah, certo... Bom jogo para vocês!

Ela ouviu Harry, Ron, Minerva e Charlus se despedirem animadamente antes de saírem do Grande Salão. Ver os quatro saindo para o jogo fazia a garota se lembrar de quando eles ainda estavam no tempo deles, quando o time “normal” da Grifinória ia jogar... Como os alunos da casa ficavam animados e como eles comemoravam quando a casa ganhava. Hermione chegou a rir baixinho se lembrando de Luna, com o chapéu de leão, torcendo para a Grifinória.

****

A biblioteca estava vazia devido ao jogo, que atraíra os alunos para a quadra. Hermione, pelo que ela pôde ver, era a única aluna no local... Haviam alguns fantasmas e a bibliotecária, mas todos mantinham o maior silêncio possível.

– Bom dia.

– Bom dia – a garota murmurou, reconhecendo a voz no mesmo instante – Não está assistindo o jogo?

– Não estava com muita vontade de ver alguns idiotas se matarem por uma bola. E você, não foi acompanhar os seus amigos?

– Como você, Riddle, eu não sou muito fã de Quadribol – Hermione finalmente olhou para o rapaz, que agora estava sentado ao seu lado – Ao invés de aproveitar, fico me preocupando com o fato de que um dos meus amigos pode despencar da vassoura a qualquer momento.

O sonserino riu, parecendo se divertir com a idéia de algum grifinório despencar de alguns metros de altura. A menina voltou a ler o seu livro, tentando prestar a maior atenção possível nas informações sobre vira-tempos contidas no pequeno exemplar.

– Ainda fascinada com vira-tempos?

– Sim...

– No meu terceiro ano, quando pudemos escolher matérias extras... – Tom começou a falar, um sorriso divertido brincava em seus lábios - O prof.Slughorn considerou a idéia de me dar um vira-tempo, para que eu pudesse ver todas as aulas...

– O que!?

– Eu me empolguei na hora de me inscrever para as aulas extras, acho que só deixei de fora Estudos dos Trouxas – Riddle continuou – Slughorn disse que conseguira uma autorização do Ministério para me emprestar um vira-tempo, para que eu pudesse assistir todas as aulas... Mas Dumbledore ficou me pressionando tanto sobre o assunto que eu acabei desistindo da idéia e deixei de fazer algumas matérias, ou seja, nunca coloquei as minhas mãos em um vira-tempo.

Hermione o estava olhando com os olhos arregalados... O que acontecera com Tom, fora a mesma coisa que acontecera com ela no seu terceiro ano, exceto pelo fato de que a garota usou, de fato, o vira-tempo para conseguir ver as aulas.

– Você esta bem, Granger?

– Estou... ótima – ela sussurrou, balançando a cabeça de leve.

– Ah, lembrei-me de uma coisa – o rapaz falou – Slughorn me pediu para avisá-la de que a próxima reunião do Clube do Slug será esta sexta-feira.

– Obrigado por avisar – Hermione sorriu – Mas, eu não tenho certeza de que eu vou aparecer por lá...

– Seria melhor não aparecer.

– O que?

– Avery, Lestrange e Malfoy não estão muito felizes com você – o sonserino respondeu – Tenho certeza de que eles fariam aquela ruiniãozinha idiota ficar ainda pior para você.

– Vocês já fizeram isso da última vez.

Tom deu de ombros e sorriu, lembrando-se de como a garota havia ficado desconfortável no meio de todos aqueles sonserinos puro-sangues participantes do clubinho de Slughorn...

– Granger, eu sei como você ama essa biblioteca, eu também adoro esse lugar, mas... Podemos sair daqui? Esse lugar está parecendo uma funerária de tão quieto...

– Tudo bem – a menina riu e se levantou da cadeira – A propósito, adorei a comparação.

****

– E CORVINAL MARCOU MAIS UM PONTO! SÃO CEM PONTOS PARA A CORVINAL AGORA! OH! AHÁ! LUFA-LUFA MARCOU MAIS UM....!

A torcida amarela e preta vibrou. Ron, Minerva e Charlus comemoraram também, mesmo não torcendo por nenhum dos times. Harry era o mais quieto dos amigos, o rapaz ficara calado praticamente o jogo inteiro, apenas observando tudo... Ele vira o que Hermione estava lendo no café da manhã, alguma coisa sobre objetos mágicos, e aquilo despertou nele um desejo de ir atrás de alguma informação útil... Não importava se era sobre as horcruxes ou sobre um jeito deles voltarem para casa.

– Ron? – o moreno chamou – Ron!

– O que foi, cara? – o amigo desviou a atenção do jogo e se aproximou dele.

– Vamos aproveitar que todo mundo está aqui – o rapaz de óculos falou alto para que o outro ouvisse – E vamos voltar para o castelo, procurar a Dama Cinzenta e tentar arrancar alguma informação dela... Com todos aqui, fica mais fácil. Não precisamos tomar cuidado para que ninguém ouça!

– Mas, Harry... O jogo ‘ta ótimo e... Tudo bem, isso é mais importante do que o jogo – o ruivo deu de ombros e virou-se para Minerva e Charlus – Ei, eu e o Harry estamos voltando para o castelo! Até depois!

– Por quê?

Ele não responderam a pergunta de McGonnagal, apenas deram-na as costas e se afastaram, sumindo no meio da multidão de capas pretas.

****

A neve do pátio do castelo já começava a derreter, deixando o chão de pedra com um aspecto úmido e escorregadio... Nessa época, não era difícil ver um aluno caindo sentado no chão, depois de andar ou correr sem tomar muito cuidado sobre o chão liso. Hermione gostava dessa época, de quando o gelo começava a derreter... Parecia que tudo voltava a ter vida e ver esse degelo a fazia se sentir bem.

– Granger? Hermione, você está me ouvindo?

– Me desculpe, eu não estava prestando atenção... O que você estava dizendo?

– Tudo bem – Riddle a olhou com desconfiança – Estava perguntando se, por algum acaso, você já tinha... Sabe... Se relacionado com algum outro garoto?

A garota sentiu o rosto corar e pôde ver que o sonserino também tinha o rosto um pouco vermelho.

– Tipo, namorar? – o rapaz assentiu – N-Não... Por que?

Tom respirou fundo, não acreditando no que ele estava a ponto de fazer... Alguma coisa devia tê-lo enfraquecido naquele ano, não era possível que tudo estivesse normal.

– Eu sei que isso é idiota e clichê... – disse Riddle, virando-se para olhá-la nos olhos – Mas, eu estive pensando... Pensando muito, por sinal, e eu gostaria de saber se... Você gostaria de namorar comigo?

Hermione sentiu as próprias pernas fraquejarem por alguns segundos. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo de verdade! Tudo deveria ser algum sonho louco do qual ela iria acordar a qualquer instante... Só podia ser.

– Tom, eu...

Será que era medo aquilo que ela via no rosto sempre tão inexpressivo do rapaz? Medo de ser rejeitado? Mas ela não podia aceitar! Aquilo poderia mudar toda a história, poderia ser catastrófico... Mas alguma coisa dentro dela, uma pequena parte dentro de si mesma, parece ter falado mais alto do que a sua parte racional.

– Eu adoraria, Tom.

Assim que ela aceitou, percebeu que aquela era a escolha certa... Pois nem uma catástrofe na linha do tempo iria fazê-la esquecer o lindo sorriso que se desenhou nos lábios de Tom Riddle assim que ele ouviu a resposta dela.