O resto do dia passou tranquilamente, todos os alunos do sétimo ano que tiveram aula com Merrythought sobre os Patronos não paravam de falar de seus respectivos Patronos, até mesmo aqueles que não haviam conseguido produzir muito mais que uma fumaçinha prateada. Hermione e Minerva estavam na aula de Aritmancia, tentando se concentrar  nos exercícios que a professora havia passado enquanto os outros alunos aproveitavam o momento para conversar.

                - Terminei – sussurrou McGonnagal, fechando o livro e guardando a pena – Erm... Hermione, posso perguntar uma coisa?

                - Claro – a menina respondeu, sem tirar os olhos do livro.

                - Como você, o Harry e o Ron conseguiram fazer um Patrono tão bom?

                - Não fomos os únicos, Minerva – a grifinória falou, desistindo dos exercícios e fechando o livro – Você fez um perfeito, o do Charlus também estava bom...

                - Mas nós só conseguimos depois de tentar algumas vezes! Até o Riddle só produziu alguma coisa decente depois de quase jogar alguma coisa na cara da professora de tanta frustração! E ele é o melhor da turma de Defesas... – a futura professora comentou – Vocês conseguiram de primeira! Não ficaram fazendo aquelas coisinhas prateadas mínimas saírem de suas varinhas...

                - Erm... Um amigo dos pais do Harry o ensinou a produzir um Patrono uma vez – Hermione tentou explicar, não era uma total mentira – E depois o Harry nos ensinou.

                Minerva a encarou seriamente por detrás dos óculos quadrados que usava, mas antes que perguntasse mais alguma coisa, a professora anunciou o fim da aula e todos os alunos começaram a se movimentar para sair da sala.

                - Vamos indo? Harry e Ron disseram que iriam nos encontrar na saída de Aritmancia.

                ******

                Tom havia pensado muito sobre o que havia acontecido na aula de Defesas... Tudo o que se passava pela sua cabeça era em relação à Hermione Granger e o Patrono que ele havia conseguido produzir mais cedo. Na verdade,  a grifinória já estava em sua mente desde a festa de Ano Novo, mas ele havia conseguido dar uma aliviada na memória do beijo deles... Até aquele dia, na aula de Defesas.

                O rapaz não sabia o que estava acontecendo com ele. Nunca em seus dezoito anos de vida ele havia sentido aquela vontade de ter alguém por perto como estava sentindo naquele momento... Riddle estava acostumado a querer ter certas coisas, e fazer tudo o que for possível para consegui-las, mas isso nunca havia se aplicado à alguma pessoa.

                Ele não sabia o que o atraía nela... Comparada com outras alunas de Hogwarts, a grifinória não era considerada bonita e nem legal. Ela era apenas a sabe-tudo estranha de cabelos armados que andava com pilhas de livros pelos corredores. Talvez fosse isso que chamou a atenção de Tom, o fato de ela dar mais importância aos estudos e aos amigos do que a outras coisas... E, é claro, o fato dela não ter quebrado a promessa de não contar nada sobre as duas vezes que ela o vira em uma situação um tanto constrangedora.

                Agora Riddle tinha que descobrir o que ele sentia por Hermione Granger e o que ela sentia em relação a ele.

                ****

                - Boa noite, Mione! – Ron acenou para a amiga enquanto ela se afastava deles, indo para o dormitório dos monitores-chefe.

                Hermione sorriu para o ruivo antes de dar as costas para ele. Ela sempre gostara de Ron, gostara de um jeito que não era só amizade... Mas durante o sexto ano, depois de passar um bom tempo chorando e se lamentando pelo fato de que Ronald Weasley estava beijando Lavander Brown pelos cantos do colégio, ela parecia ter conseguido empurrar esse sentimento para o fundo de sua mente.

                Eles terminaram, mas ela achava que o ruivo continuava gostando da outra garota... Mesmo que eles não estivessem se vendo tanto quanto antes. Mas Hermione continuava gostando de Ron, ela só não sabia se era do mesmo jeito que antes.

                A primeira vez que ela vira Tom Riddle fora quase que um choque. Harry já havia contado sobre como Voldemort era quando era mais novo... Mas ver o Lord das Treva mais novo era  diferente de imaginá-lo. O rapaz era bonito e charmoso, como o amigo havia dito, mas tinha sempre aquele ar de perversidade ao seu redor.

                Hermione descobriu que admirava Tom às vezes... Nem ela sabia o porquê dessa admiração, mas ela sentia isso toda vez que ele conseguia responder uma questão antes dela ou fazia alguém ficar quieto só com um olhar.

                O que a fez se assustar com si mesma foi a sua reação ao beijo dele durante a festa de Ano Novo. O certo seria ficar com nojo do que havia acontecido, afinal, o futuro bruxo das trevas mais temido a havia beijado... Mas ela ficou feliz! E depois daquele dia, Hermione não conseguia mais ficar perto de Tom Riddle sem sentir o coração acelerar e sentir-se nervosa... E ela se amaldiçoava por isso.   

                - Boa noite, Granger – a garota sentiu um arrepio ao ouvir a voz calma do sonserino assim que entrara no dormitório. Virando-se para vê-lo, Hermione se surpreendeu ao ver que ele não estava sentado no sofá como sempre ficava depois do jantar, e sim em pé a alguns metros dela.

                - Boa noite, Riddle – ela viu o garoto colocar Nagini, que estava enrolada em seu braço, em cima do sofá antes de se aproximar dela – O que você quer?

                Tom não respondeu, apenas tocou o rosto da menina de leve. Hermione segurou a respiração e deu um mísero passo para trás, mas isso não quebrou o contato entre eles. Observando como o rapaz parecia tão confuso quanto ela, a grifinória sentiu o rosto corar.

                - Riddle...O que...?

                - Pare de fazer perguntas por alguns minutos, por favor – ele murmurou e a beijou.

                Não foi o mesmo beijo da virada do ano, esse era mais exigente e desesperado, como se ambos precisassem muito daquilo. Tom deu um sorrisinho ao sentir os dedos da garota tocarem o seu cabelo enquanto ela o beijava com a mesma intensidade que ele o fazia.

                Hermione sentiu os braços de Riddle se enroscarem ao redor de seu corpo e sentiu-se segura, com uma sensação de que o rapaz não deixaria nada de ruim acontecer...

              “Ele é a única coisa ruim que pode acontecer”

                O sonserino parecia não querer largá-la, mas também não era como se a garota quisesse se afastar dele. Depois de um tempo, Tom afastou os lábios dos dela, meio relutante, e a encarou.

                - R-Riddle...?

                O garoto sacudiu a cabeça de leve e beijou-a  suavemente antes de se afastar, como se nada tivesse acontecido.

                - Boa noite, Granger.

                Deixando Hermione parada no meio da sala e confusa, Riddle fechou-se em seu quarto. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto ele andava pelo cômodo...

                Hermione Granger havia se tornado mais um de seus objetos de desejo, e ele não descansaria até conseguir tê-la em sua pequena coleção de troféus.