- Huh? Ah, me desculpe, Ron – a garota sacudiu a cabeça, antes de olhar para o amigo – Eu não estava prestando atenção.

- É, percebi – o ruivo riu – De qualquer maneira, só queria dizer que os testes para o time de Quadribol são hoje e Harry vai tentar...

- Eu pensei que nós havíamos concordado de que Harry não iria tentar entrar no time – Hermione murmurou, aproximando-se do outro para que mais ninguém escutasse a sua conversa – Será que vocês não podem levar isso a sério? Nós não podemos mudar o passado!

- Hey, não vai fazer muita diferença se o Harry for apanhador no Quadribol! Você já faz parte do Clube do Slug até...

- Ron, eu só estou participando daquela coisa porque se eu não o fizesse, Slughorn não pararia de me perturbar até o fim do ano letivo – ela se levantou, deixando quase metade do seu almoço ainda no prato, e pegou a bolsa que estava sobre o banco – Eu vou indo para Defesas.

- Mas, Mione, a aula só começa daqui vinte minutos!

Ignorando o amigo, a garota continuou se afastando. A bruxa passou por Harry, que estava entrando no Grande Salão para almoçar, e apenas lançou-lhe um olhar irritado quando ele a cumprimentou. Ela não entendia como seus amigos pareciam não se preocupar com o quão perigoso seria se eles mudassem algo no passado! Era como se eles acreditassem que aquele tempo que eles estavam passando em 1944 fosse um tipo de férias onde eles poderiam ficar jogando Quadribol todos os dias e fazer o que bem entendessem.

Quando finalmente chegou a sala, a bruxa viu que a porta ainda estava trancada. Suspirando, ela se sentou no chão e encostou-se na parede, abrindo a sua bolsa e pegando Contos de Beedle, o Bardo e o abrindo no colo. Talvez ela conseguisse terminar outro conto enquanto esperava, afinal, como Ron dissera, a aula só iria começar dali uns vinte minutos.

- Olhe quem já está aqui – ela ouviu uma voz masculina falar em um tom jocoso – A Sangue-Ruim Granger.

Erguendo a cabeça para olhar quem estava falando com ela, Hermione viu um grupo de sonserinos parados logo a sua frente. Havia um rapaz com cabelos loiros, olhos azuis e feições finas no meio deles. Ele tinha um sorriso sarcástico brincando em seus lábios finos. “Abraxas Malfoy; ele estava no Clube do Slug,” ela pensou. “Deve ser tão idiota quanto o neto.”

- Diga-me, Sangue-Ruim... Você deve estar se sentindo importante desde que Slughorn a convidou para se juntar ao clubinho dele, não? – outro rapaz perguntou. Este era mais alto que Malfoy e tinha cabelos escuros e cacheados – Não fique acostumada com isso; nós temos certeza de que você logo perderá o interesse no Clube do Slug.

- Eu sei... Avery, certo? – a bruxa falou, sorrindo falsamente para ele – Seu mestre já me avisou sobre o fato de vocês não gostarem muito de Sangues-Ruins.

- Não ouse falar conosco nesse tom de voz – Malfoy sibilou, tirando a varinha do bolso.

- E o que você irá fazer, Malfoy? – a bruxa se levantou, colocando a mão no bolso e fechando os dedos ao redor de sua varinha, e riu.

- Sua Sangure-Ruim nojenta – o loiro murmurou – Everte Statum!

A garota pulou para o lado, desviando por um fio o feitiço que o outro havia lançado contra ela. Tirando a varinha do bolso, a Grifinória murmurou um feitiço.

- Alarte Ascendare – Hermione viu Abraxas desviar do feitiço que havia saído de sua varinha e que acabou acertando o chão ao lado do sonserino.

- Densaugeo!

A garota, que estava ocupada tentando acertar Malfoy, não viu a azaração vinda de Avery. Quando o feitiço a atingiu, ela sentiu um formigamento estranho em sua boca. Tocando os lábios, Hermione sentiu os seus dentes frontais crescendo... A garota sentiu os olhos lacrimejando ao reconhecer o feitiço e tentou esconder o rosto com as mãos.

“Não! Não, não, não, não... Não de novo!”

- O que está acontecendo aqui?

Os dois rapazes sonserinos pararam de rir e se viraram para ver Tom Riddle parado ao fim do corredor, seus olhos presos na cena a sua frente. Enquanto se aproximava, o rapaz pareceu estar irritado e interessado ao mesmo tempo. Abraxas e Avery deram um passo para trás, parecendo estarem assustados com a reação de Riddle ao ver o que eles haviam feito.

- Dez pontos da Sonserina – o garoto falou, esticando o braço e agarrando o pulso de Hermione. Ela tentou puxar o braço para longe do outro, mas o aperto dele era forte o suficiente para que ela não conseguisse se livrar dele – Venha.

Ele guiou Hermione pelos corredores, onde alguns alunos pararam o que estavam fazendo para poder observá-los e murmurar, entre si, comentários sobre os dentes da garota. Riddle os ignorou e continuou levando-a para longe dos outros alunos, parando apenas quando eles finalmente chagaram a um corredor vazio.

- Deixe-me ver – ele ordenou, mas a bruxa apenas sacudiu a cabeça, encolhendo-se ainda mais por detrás de suas mãos – Eu não posso arrumar se você não me mostrar.

- E por que você iria querer arrumar? – ela perguntou – Eu não ficaria surpresa se você piorasse o estado deles!

Tom não disse nada, apenas segurou os pulsos da outra e puxou as suas mãos para longe de seu rosto. O bruxo teve que se conter para não rir quando ele finalmente viu o quão ruim ela estava... A grifinória estava parecendo um castor graças aos dentes anormalmente longos. Além disso, o rosto e seus olhos estavam avermelhados devido ao choro.

- Me leve para a Ala Hospitalar, Riddle – Hermione pediu, amaldiçoando a si mesma por não parar de chorar enquanto ela tentava enxugar as lágrimas em seu rosto com as mãos – Madame Pomfrey vai saber o que fazer...

- Pomfrey? Nossa curandeira se chama Madame Heilen – ele falou, erguendo uma sobrancelha – De qualquer maneira, eu consigo arrumar isso aí...

- Você só não quer me levar até a Madame Pom- Heilen porque ela pode punir os seus amiguinhos pelo que eles fizeram, não?

- Talvez, Granger. Agora, posso arrumar isso logo para nós podermos ir para a aula de Defesas?

A garota hesitou um pouco e olhou para Riddle, que agora estava segurando a sua varinha em frente ao seu rosto. Depois de respirar fundo e  enxugar as lágrimas mais uma vez com os dedos, a menina concordou.

- Certo... Só espere um pouco – a bruxa abriu a sua bolsa e começou a procurar por alguma coisa dentro dela.

- Granger, o que você...?

- Eu quero poder lhe dizer quando eles estiverem do tamanho certo – ela ergueu um pequeno espelho e o posicionou em uma posição na qual conseguiria enxergar a sua boca – Pronto.

- Denscurtus.

Quando o rapaz murmurou o feitiço, Hermione sentiu o mesmo formigamento estranho em sua boca e viu, pelo reflexo no espelho, seus dentes começarem a encolher. A garota acenou com a cabeça quando percebeu que seus dentes já estavam do tamanho certo e Riddle rapidamente interrompeu o feitiço, abaixando a varinha e a colocando no bolso de sua capa.

- Pronto.

- Obrigada – Hermione sussurrou, tocando os frontais com a ponta dos dedos – Não é de estranhar que seus amigos não saibam a função de um dentista... Eles podem consertar os dentes com um feitiço como este são rapidamente.

- De nada – o garoto falou – Mas não ache que isso significa que eu mudei minha opinião sobre você, Granger.

- E o que foi que o fez me ajudar?

O sonserino não responder. Ele apenas apontou para  próprio nariz e a imagem de um Riddle sentado em seu quarto, ainda no orfanato, tentando esconder o nariz quebrado e ensangüentado voltou à mente da bruxa... Ela também se lembrou que fora ela quem o ajudara na ocasião, mesmo que contra a vontade de Tom.

- Nossa aula já deve ter começado – ele murmurou – Eu não sei quanto a você, mas eu não estou com vontade de perder Defesas.

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Desenho do cap...