A Caçadora escrita por Swiper


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Alguns dias se passaram desde o incidente com Louis. Lucy mexeu nas memórias de Louis e sua irmã, Quinn e Nina pintara seu cabelo. Ela havia ficado o tempo todo virando o nariz por causa do cheiro da tinta. Nina particularmente desejava manter seu ruivo, mas aí suas amigas e Peter a reconheceria e teria que explicar seu sumiço e não queria fazer isso nem um pouco. Nem para Louis contara ainda. O pior de tudo seria quando fosse embora. Nina apesar de ter endurecido durante esses últimos cinco anos, era um pouco sentimental e sentiria muita falta de seus amigos.

Quanto a seus poderes, simplesmente se esvaíram. Ainda tinha sua capacidade física de antes, mas não tinham os poderes de uma caçadora. Por causa disso, Lucy dissera que teria de se apresentar para a Ordem para informá-los sobre sua situação. Enquanto não chegasse o dia, teria de ficar fora de caçadas, mesmo que continuasse a treinar.

Nina se levantou um pouco mais disposta que nos outros dias e foi tomar banho. Vestiu suas costumeiras roupas pretas e foi para a cozinha.

– Bom dia.

– Bom dia – disse Lucy. Ela colocou café, pão e geléia na mesa.

Tomaram café e se despediram. Nina, como se tornara costume, encontrou Maggie no caminho para o colégio.

– Hey, Eliza.

– Oi.

– Quer sabe como Carl vai indo naquele negócio da aposta?

– Diga.

– Sabe as pessoas começaram a saber dessa aposta. Acho que foi Kenan que espalhou.

– Então...

– Tipo, um monte de garotas começou a dar em cima dele. Cara, você tinha que ver a cara de Carl, estava aponto de chorar – disse Maggie rindo.

– Tadinho, Maggie – disse Nina.

– Tadinho nada, Eliza. A culpa é dele por fazer uma aposta idiota daquela, mas tudo bem. Como sou uma pessoa muito caridosa, hoje vou tentar manter as garotas longe dele.

– Essa é minha amiga super gentil e caridosa.

Elas continuaram conversando sobre qualquer assunto quando finalmente chegaram ao colégio. Na aula de química, Nina fez dupla com Fred e descobriu que ele era um gênio na matéria, apesar dele dizer ser péssimo em inglês.

– É sério, Fred, você devia participar da feira de ciências. Você é muito bom nas ciências em geral, mas é ótimo em química – disse Nina após saírem da aula.

– Na verdade eu não tenho tempo. Tenho trabalho. O tempo que resta faço as tarefas e estudo.

– Não haja feito um velho, seja adolescente pelo menos uma vez na vida.

– Olha quem fala, nunca fez uma loucura como aqueles outros animais que chamo de amigos.

Nina riu. Fred geralmente era sério, mas sabia fazer piada de vez em quando.

– Touché.

No horário do almoço, Louis e seus amigos foram sentar com Nina, Maggie, Carl, Kenan e Fred.

– Oi. Podemos almoçar com vocês? – perguntou Louis

– O quê? Ai – Maggie deu uma cotovelada em Nina.

– Claro.

– Bem, eu sou Louis, o oriental é Ryu e este é Josh.

– Sou Maggie – disse a mesma – Eliza, que você já conhece, o baixinho é o Kenan, este é Fred e o outro é o Carl.

– É você que está fazendo abstinência de garotas? – perguntou Ryu para Carl.

– É – disse Carl mal humorado.

– Sabe, tem algumas pessoas que andam dizendo que você... sabe... saiu do armário – disse Josh.

Todos na mesa riram, à exceção de Carl que ficou ainda mais carrancudo.

– E que a fachada de nerd é para as pessoas não suspeitarem.

– Mas não é, tá? – disse Carl com raiva.

– Ele está fazendo uma aposta com o irmão – disse Nina divertida.

– Bem, isso explica muita coisa – disse Louis.

Eles continuaram conversando até as aulas retornarem. O resto do dia passou lentamente para Nina. Principalmente nas aulas em que nenhum de seus amigos participava.

Após terminar as aulas, quando Nina estava caminhado para ir para casa, foi abordada por Louis.

– Hey.

– Oi.

– Que tal a gente sair amanhã?

Nina achou estranho, mas resolveu brincar um pouco.

– Tá me chamado pra um encontro? – perguntou com um sorriso enviesado.

Louis corou no mesmo instante.

– Não, meu Deus, não.

Nina riu.

– É que – continuou ele – Eu queria te apresentar minha irmã.

– Aque... – Nina parou. Ele não saiba que Nina já havia visto a irmã dele, pelo menos não tinha lembranças – Você tem uma irmã? Desde quando?

– Er, ela é minha meia irmã, na verdade. Filha de um caso do meu pai.

– Oh.

– Ela estuda em um internato e eu tenho permissão para pegá-la todo sábado. Que tal? A gente pega ela depois do meu treino, aí nós almoçamos.

– Treino de quê?

– Ah, eu não te contei? Faço parte do time de basquete.

– Junto de Peter.

– Aham e Ryu.

– Está certo e quando é seu treino?

– Sábado de manhã. Se quiser me esperar na escola...

– Aham, e quando acaba o treino?

– Por volta das onze horas. Que tal?

– Ok.

Eles continuaram a conversar até terem de se separar. Nina caminhou um pouco distraidamente até chegar na sua casa. Abriu a porta e se anunciou.

– Lucy? Cheguei.

– Oh, oi – Lucy estava sentada no sofá lendo uma revista.

– Er, quando vou ter que ir me apresentar na Ordem?

– Próximo mês.

– Só próximo mês? Mas eles têm que resolver minha situação. Você mesmo disse que eles têm uma espécie de treinamento especial para amaldiçoados.

– Sabe, Nina, o pessoal da Ordem tem muita coisa pra fazer. Você não é a primeira nem vai ser a última a ser amaldiçoada.

– Eu sei, você já me falou sobre isso, mas até lá vou ter que ficar se participar de caçadas. Vou ficar com muito tempo sem ter o que fazer.

– Estude, arranje um emprego, treine suas outras habilidades, entre em um clube...

– Você nunca me deixou entrar em um clube.

– Porque você era uma caçadora. Agora que não tem mais seus poderes pode fazer o que quiser.

– Humf.

– Mas não se engane. Amanhã de manhã você vai correr comigo.

Nina assentiu e foi para o seu quarto estudar. No dia seguinte elas fizeram a mesma rotina. Acordaram às cinco horas, tomaram café e às seis horas correram por duas horas e depois treinaram suas habilidades em artes marciais. Elas treinavam seus poderes, mas como Nina perdera os seus, não podia participar.

– Bem, eu vou para a escola.

– Escola? O que vai fazer lá às dez horas?

– Louis está no treino e depois quer me apresentar a irmã dele.

– Pelo menos ele não se lembra de nada. Bom passeio.

Nina assentiu e foi tomar banho. Vestiu uma blusa preta, jeans e tênis. Despediu-se de Lucy e saiu de casa. Chegou ao colégio e entrou na quadra onde estava havendo o treino. Os garotos estavam jogando entre si e eram muito bons. Ficou olhando por um tempo e quando Peter fez uma cesta, percebeu que não era a única ali. Na arquibancada oposta a que estava, havia um grupinho de garotas gritando.

Apesar de Nina achar extremamente irritante aquilo, sabia do porquê daquele Fan Club. Peter havia ficado muito bonito. Era alto, musculoso e tinha uma boa aparência. Contudo, Nina não havia gostado da sua nova personalidade. Com os poucos dias que entrara no colégio, já tinha presenciado cenas que Peter ignorava ou insultava outros alunos, geralmente os considerados perdedores.

Nina balançou a cabeça e procurou Louis entre os garotos que estavam jogando. Depois de uma olhada melhor ela o encontrou. Os cabelos castanhos estavam grudados na testa e sua camiseta estava molhada de suor. Nina havia percebido que ele era musculoso também, apesar de menos que Peter. O mais estranho ainda foi ter descoberto que Louis também era ovacionado pelas garotas histéricas. “Definitivamente nunca serei uma dessas garotas” pensou Nina.

Quando o treino acabou, ela desceu das arquibancadas e foi esperar do lado de fora. Não demorou cinco minutos e alguns garotos já começaram a sair. Alguns olhavam para ela e seguiam seu caminho, outros nem a percebiam.

– Hey Eliza – disse Ryu que passava junto a alguns garotos.

Ela sorriu em resposta. Algum tempo depois apareceu Peter. Ele estava rindo com seus amigos, mas assim que percebeu Nina colocou um sorriso debochado no rosto e caminhou em direção a ela.

– Olha só, se não é a esquisita de Nova Iorque.

Nina continuou impassível, apesar de querer saber como era que Peter sabia que ela viera de Nova Iorque.

– Veio esperar seu único amiginho popular? Que patético, deve estar desesperada por popularidade.

A paciência de Nina se esgotou.

– Se disser isso outra vez vai se arrepender de ter nascido – ameaçou Nina.

Peter abriu ainda mais seu sorriso debochado.

– Ah, o que você pode fazer comigo, o rei da escola? Por favor, fique no lugar onde pertence e se afaste dos da elite.

Nina riu.

– E esses seriam você? Aposto como não era assim na sua infância – disse Nina se lembrando de como Peter era perturbado pelos valentões do bairro. Sabia que era um pouco arriscado falar disso, mas pareceu deixar Peter nada menos que furioso.

Os dois ficaram fuzilando-se pelo olhar.

– Ei, ei, ei, o que está acontecendo aqui? – perguntou a voz que parecia ser de Louis.

Nina e Peter se viraram para onde a voz vinha.

– Ora, ora, se não é o grande Louis. Venho pegar a novata para ir ao motel?

Nina explodiu em raiva e avançou furiosa em direção a Peter. Louis, no entanto, conseguiu agarrá-la antes que batesse nele.

– Para, para, Eliza – pediu Louis – Calma.

Nina estava pulando e se debatendo, tudo para se livrar dos braços de Louis e dar um belo soco naquela cara.

– Há-há, além de desesperada é violenta – disse Peter sorrindo debochadamente – Eu até que gostei de você.

– Fica na tua, Peter – disse Louis tentando controlar a raiva em sua voz. Ainda segurando Nina por trás, eles saíram de lá.

Caminharam por um bom tempo e somente quando julgou seguro, soltou Nina, apesar dela ainda estar tremendo de raiva.

– Mas que... Idiota filho da mãe – berrou Nina e socou o portão de metal que dava para a saída do ginásio.

O soco foi tão forte que fez um barulho imenso, além de amassar o metal. Louis ficou horrorizado. Ele já havia conseguido fazer um estrago parecido ano passado, por causa de uma aposta, mas uma coisa era ele fazer, outra era Nina fazer o mesmo.

– Opa – disse Nina.

– Opa? – perguntou Louis exasperado – Você amassou o portão!

– M-mas isso nem é tão forte assim.

– Eu já fiz algo parecido, e segundo o que se fala nos livros, era para eu ser mais forte que você!

– Hum, eu já fiz musculação.

– Que mentira. Você é da grossura de um graveto.

– Hey.

– Ok – disse Louis tentando se acalmar – Vamos seguir e frente e pelo o amor de Deus tente segurar esse seu punho.

Nina ainda com uma cara envergonhada escondeu as mãos atrás das costas. Eles saíram sem dizer mais nada e Louis tomou a frente do caminho. Eles andaram em um silêncio até Nina se pronunciar.

– Então... – disse sem graça – Er, como é que você e Peter se tornaram inimigos ou algo assim?

– Hum, não somos inimigos.

– Mas com certeza não são amigos.

– É que nós mudamos muito durante esses anos, sabe.

– E onde está Ben? Ainda não o vi.

– E provavelmente nunca mais o verá.

– Por quê?

– Nada não, vamos continuar.

Nina achou um pouco chato ele ter ignorado sua pergunto, mas não disse nada. Eles continuaram andando e finalmente chegaram ao colégio. Era grande e com muros cinza altos.

– Espere um instante, vou buscar a Quinn – pediu Louis.

Nina assentiu e esperou. Viu várias crianças passarem por ela e a encará-la com curiosidade. Nina apenas sorriu para elas, que foram embora. Depois viu Louis chegar com a mesma garota loura que tinha vista uma semana atrás.

– Então, Nina essa é Quinn. Quinn essa é Nina, uma amiga de infância.

A menina lançou um olhar estranho para ela, mas não disse nada. Nina achou que provavelmente era por causa de sua aparência. “Como sempre” pensou.

– Então você é a famosa Quinn – disse sorrindo – É um prazer conhecê-la.

– Oi. Meu irmão me disse que vocês geralmente brigavam.

– Quinn! Não diga coisas inconvenientes.

– Mas não é verdade?

– É, mas não é apropriado para a ocasião. Não sei se percebeu, mas estamos tentando agir civilizadamente.

– Certo, certo. Então vamos indo? Estou morrendo de fome.

– Eu gostei de você – disse Nina sorrindo.

A menina deu um sorriso, mas logo começou a perturbar o irmão para irem logo para casa.

– Vamos, Louiis, ande mais rápido.

– Calma garota. Até parece que nunca viu comida na vida.

– Boa eu só vejo duas vezes por semana. Você, por acaso, já provou aquela coisa com cheiro de vômito que eles insistem em chamar de comida? É horrível.

Nina riu. Ela gostaria de ter tido uma irmã mais nova. Louis apenas grunhiu e revirou os olhos.

– Então – começou Nina – Vamos para sua casa?

– É. Foi mal, eu contei de você para minha mãe.

– Tudo bem. Acho que ela não mantém muito contato com seus amigos. Se me lembro bem, era seu pai que geralmente cuidava de você. Sua mãe trabalhava muito.

– Certíssima, mas desde que meu pai morreu, ela ficou de cuidar da Quinn. Tadinha, nos primeiros dias estava quase pifando.

– Oh desculpe.

– De quê?

– Por falar em seu pai.

– Não se preocupe, já faz tempo. Ah e eu acho que minha mãe não vai muito aprovar essa sua nova... aparência.

Nina suspirou. Já esperava por isso.

De repente, Louis pega uma mecha do cabelo de Nina e começa a brincar com ele.

– É tão estranho te ver morena.

– Eu me acostumei. Você se acostuma – dito isso puxou seu cabelo de volta.

Ao chegar à casa de Louis, Nina sorriu. Já havia entrado na casa dele antes e continuava igualzinha. Ao chegarem à cozinha, Nina avistou uma mulher de estatura média, cabelos grisalhos e um ar cansado.

– Olá, queridos. Oh, então é você, Nina?

A mulher sorriu, apesar de olhar estranho para Nina.

– Sim. É um prazer revê-la.

– Igualmente. Você mudou muito, hein?

Nina deu sorriso sem graça. Sendo uma visita, Nina tratou de ser simpática e bem disposta, o que não foi muito difícil. Já convivia com Louis ,sua irmã era uma graça e a mãe dele não a estava criticando então era bom conversar com eles.

– Então você adora pregar peças nos professores, né, Quinn? – perguntou Nina sorrindo.

– Eles são muito bobos, nunca duvidam de uma aluna quieta com cara de anjo.

– Pode até ter cara, mas duvido que você seja quieta – disse Louis.

Quinn mostrou a língua para ele – Pelo menos eu nunca fui para a diretoria, ao contrário de você.

Nina riu.

– Sua irmã é adorável, Louis.

– Traíra.

Nina e Quinn riram ainda mais.

– Louis – gritou sua mãe.

– O quê? – gritou Louis de volta.

– Venha aqui um instante.

Louis revirou os olhos e saiu do aposento.

Nina ainda estava rindo um pouco mexendo no resto do seu almoço quando Quinn fala de repente:

– O que você fez com meu irmão?

Nina olhou para ela. Quinn tinha um olhar sério e penetrante, não parecia estar brincando.

– O que você quer dizer?

– Domingo, quando acordei misteriosamente no meu quarto, fui perguntar à Louis o que havia acontecido na sua casa, ele nem se lembrava de ter te visto no dia anterior. Disse que havia ficado com os meninos do basquete, mas eu me lembro muito bem. Então eu te pergunto de novo. O que você fez com meu irmão?

Nina ficou sem fala. “Ela na foi afetada pelo o que Lucy fez?” pensou. Depois de um tempo, se recuperou do susto.

– Se puder esperar mais um pouco lhe explicarei tudo, mas acredite, não quero machucar Louis ou deixá-lo desmemoriado.

Quinn olhou novamente séria para Nina que correspondia com o mesmo olhar intenso. Quando Louis voltou, Quinn tirou esse olhar do rosto.

– O que mamãe queria?

– Ela vai ir pro hospital de novo, então disse que era para eu tomar conta de você.

– Que droga.

Nina definitivamente não estava mais se sentindo confortável naquele ambiente. Principalmente com Quinn sendo uma verdadeira duas caras.


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Notas finais do capítulo

E aí??



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