A Caçadora escrita por Swiper


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Nina voltou para a casa abalada. Como Louis a havia reconhecido? Nina se perguntava constantemente. Também estava se repreendendo por ter chorado em frente dele. Praticamente tinha se revelado. Mas Nina sabia que não podia fazer nada a respeito disso. Havia se emocionado. Louis era tão chato e metido que não achou que ele sentisse sua falta, mas vê-lo reconhecê-la e dizer que ficara preocupado, havia sido um choque. Voltou para casa e se deparou com Lucy engatilhando uma arma.

– Oh, olá Nina, como foi o dia?

– Ahn, por que você está com uma arma?

– Ah, eu achei bom lhe ensinar a usar uma. Armada com a bala certa pode ser fatal para um astoniano.

– Sério?

– Sim, mas você não respondeu minha pergunta. Como foi o dia?

–Foi... Péssimo.

Lucy deu um de seus raros olhares de simpatia.

– Por que não se deita um pouco? À noite nós iremos treinar.

– Certo.

Assim, ela foi para o seu quarto e deitou-se na cama. Sentiu uma leve pontada na cabeça por ter chorado. Sentia que havia sido fraca. Como não conseguira controlar as emoções? Tinha experiência com emoções fortes há cinco anos, mas nada havia sido tão forte. Não era dor, não era medo, ressentimento, pena ou nojo. Era saudade. Porém, determinada a superar isso, decidiu parar de chorar apenas por ver amigos antigos. Secou os últimos vestígios de lágrimas e disse a si mesma.

– Não vou mais chorar, não vou.

Levantou-se, fez os deveres e foi treinar com Lucy à noite. Lucy amarrou uma corda entre dois prédios altos, e chamou Nina para lutarem lá. Cada uma tinha de tentar derrubar a outra usando o que sabia. Até agora, Nina só conseguiu vencer Lucy três vezes. Começaram a lutar. Combinavam seus poderes com golpes enquanto se equilibravam. Nina avançou com a palma para frente na altura da cabeça de sua mestra. Lucy desviou e lançou seu braço encoberto por uma chama negra como uma espada em uma estocada. Nina andou para trás equilibrando-se na corda e continuou a atacar.

Treinaram até tarde da noite onde Nina acabou caindo da corda.

No dia seguinte, Nina acordou com menos vontade de ir à escola do que em sua vida toda. Não gostaria de ter de rever todos os seus antigos amigos e nem queria olhar para a cara de Louis.

– Nada disso, você vai. Deixe de ser mole – ralhou Lucy depois que Nina perguntou se podia faltar a aula.

Assim foi para a escola de mau gosto.

Vendo que a próxima aula seria de biologia, percebeu que talvez tivesse de fazer dupla com alguém. ‘Droga’. Entrou na sala e sentou-se ao fundo. Como esperado, ninguém quis chegar perto dela. Por isso, pegou seu caderno, folheou até a última página e começou a rabiscar nada em especial. Seu lápis rabiscava círculos, retas, um olho, mais retas... Entrou em um devaneio em que o mundo só se resumia naquela folha de papel. De repente, levando um susto, ouviu um barulho ao lado e virou a cabeça. O motivo do barulho era uma mochila pesada sendo jogada no chão e uma cadeira sendo arrastada por uma garota desconhecida. A garota era alta, tinha cabelos dourados com mechas pretas e azuis, usava roupas normais de alguém que não gosta de se destacar, mas usava pulseiras de couro e vários anéis nos dedos.

– Olá – disse a menina sorridente – Meu nome Margareth, mas pode me chamar de Maggie. Você é nova aqui, não é?

– Olá Maggie, sou sim – disse Nina sorrindo confusa – Sou Elizabeth.

Mesmo que Nina nunca tivesse visto essa Maggie na vida, não queria expor seu nome.

– É um nome bem bonito. Posso te chamar de Eliza?

– Mas por quê?

– Fica mais fácil quando te apresentar para a galera.

– A galera?

– É. Acha que eu vou falar com você só hoje e depois ficar te ignorando? Não, você parece legal.

– Obrigada, é que geralmente minhas amizades não surgem assim.

– E como é que surgem?

– Bem, das maneiras mais anormais possíveis. Uma vez, eu fiz amizade com um garoto chamado Jeremy após uns idiotas jogarem um balde de tinta na gente. Outra vez, conheci uma menina após brigar com ela no refeitório. Ficamos amigas depois da detenção.

Maggie riu.

– É, se fosse eu, também ficaria desconfiada. Bem, hoje você conseguiu uma amiga da maneira normal.

– Legal. E quem é faz parte da galera?

– Ah, somos poucos. Tem o Carl, um idiota piadista. O Kenan, outro idiota, mas é mais comportado. O Fred, que não é idiota, aliás, é um pouco sério e temos a Kate, que anda com a gente às vezes.

– Por que às vezes?

– Ela é líder de torcida sabe. E aquelas garotas nojentas gostam de monopolizar com quem cada uma deve andar. O bom, é que Kate não finge que não é nossa amiga. E por isso, ficam fazendo planos com a Kate e a coitada não pode reclamar, pois pode sair da torcida.

– E por que ela não sai?

– Porque ela adora dar piruetas, usar aquelas roupas ridículas e ser jogada para cima. O sonho dela é ser bailarina profissional ou trabalhar num circo. E o máximo que aqui tem disponível, são as líderes de torcida. Mas não importa, eu respeito suas escolhas.

– Mesmo que sejam bem malucas – disse Nina sem pensar. Envergonhada pelas palavras, ficou vermelha – Desculpe.

– É, ela é bem maluca mesmo – disse Maggie rindo.

A conversa, porém, foi interrompida pela chegada do professor. As aulas passaram rápido para Nina e ela viu que tinha muitas aulas em comum com Maggie. Quando chegou o horário do almoço, Nina estava tão alegre, que se esqueceu de suas preocupações. Quando pegaram seus almoços, Maggie a conduziu para uma mesa que estava com dois garotos.

– Ei Eliza, deixa eu te apresentar os meus amigos. Esse é Kenan.

Maggie apontou com a cabeça para um garoto meio baixinho e magricela. Tinha os cabelos pretos bem curtos, um rosto amigável, mas com um sorriso travesso.

– E aí – respondeu ele.

– E aquele, como eu tinha te apontado na aula de matemática, é Fred.

O garoto, diferentemente do amigo, era alto e tinha os cabelos louros arrepiados. Não tinha uma expressão séria, mas Nina não se deixou enganar.

– Olá – saudou Fred.

– Ei Fred, cadê o Carl.

– Tá paquerando uma líder de torcida. Não sei como aquele cara não se cansa de levar patada – disse Kenan pegando seu copo de suco e bebendo.

– Ele deveria parar com isso. Daqui a pouco vai ser acusado de assédio sexual – disse Fred.

Kenan se engasgou com o suco e começou a tossir. Maggie riu e Nina também não se aguentou.

– Não creio! Fred fazendo piada. É o fim do mundo.

– Pior que é mesmo - disse Maggie.

– Não fiz piada. Voltando às apresentações – disse Fred emburrado – Você é Elizabeth não é?

– Sim.

– Mas podem chamá-la de Eliza – disse Maggie.

– Não deveria ser eu a dizer isso? – perguntou Nina.

– É, mas eu sei que você não faria isso, então fiz isso por você.

Nina sorriu de canto, mas não chegou a rir como Maggie. Sua risada era contagiante. Se alguém contasse uma piada e ela risse, iria rir mais da risada dela do que da piada em si.

– Ah, olha lá o Carl – apontou Kenan.

Ao longe vinha um garoto de estatura média e cabelos castanhos curtos. Nina o achou bonito, mas não ao ponto de conseguir paquerar as líderes de torcida. Para comprovar o que Nina pensava, o garoto vinha com marcas de dedos vermelhos bem definidos. Ao se aproximar, Maggie e Kenan não conseguiram se manter sérios e começaram a gargalhar. Somente Nina e Fred limitaram-se a apenas sorrir.

– É, pelo visto, o dia de hoje só vai dar sorte – comentou Maggie tentando conter o riso.

– Cala a boca – disse Carl.

– Então – disse Maggie – Você já conhece Eliza?

– Quem? – perguntou Carl – Ah, oi.

Carl foi se aproximando devagar em direção a Nina com um sorriso enviesado. Nina percebendo a intenção, simplesmente sorriu.

– Tenho certeza que você não iria gostar de outro tapa na cara!

Os outros riram, até Carl.

– Eu gostei dela! – disse Carl.

– Então Eliza, de onde você veio? – perguntou Fred.

– De Nova Iorque.

– Legal, eu sempre quis morar lá! – disse Kenan.

– Por quê?

– É um dos centros mais desenvolvidos em tecnologia!

– Ah.

Nina ficou surpresa com a facilidade de conversar com seus novos amigos. Contou a eles a velha mentira. Morava com Lucy, sua irmã, e não tinha moradia fixa, uma vez que sua irmã era constantemente transferida. E assim, Nina também descobriu mais sobre os novos amigos. Maggie morava com os pais e um irmão mais velho à meia quadra de sua casa. Fred morava com sua mãe. Carl tinha pais divorciados e tinha um irmão. Kenan morava com os pais e era filho único.

...

Louis passou a noite inteira pensando em como conseguir a ficha de Nina. Se o zelador não quisesse ajudá-lo por amizade, o iria suborná-lo. Se ainda assim não aceitar, Louis arrancaria a vassoura de sua mão e daria uma pancada em sua cabeça. ‘Sim, um plano perfeito’ pensou Louis deprimido. Ao menos, teria a ficha. Poderia pegar uma bela de uma detenção, mas conseguiria a ficha.

De manhã saiu correndo tentando achar o zelador, mas foi impedido pelos seus amigos.

– Ei, ei, calma Louis. Pra quê a pressa? – perguntou Ryu.

– Eu tenho que achar o zelador!

– O que foi dessa vez? – perguntou Josh – Perdeu o livro?

– O caderno?

– O celular?

– A cueca?

– O juízo?

– Isso ele já perdeu faz tempo – disse Ryu.

– É mesmo. Então foi o quê?

– Parem de me perturbar – pediu Louis com raiva.

– Ora, vamos logo para sala Louis.

– É, depois você pega o que perdeu.

– Mas eu não perdi...

Com exceção da raiva que Louis sentiu pelos seus amigos, o dia seguinte passou normal. Não teve contato algum com Nina e até percebeu que ela havia feito uma amiga. Se não se enganava, o nome da garota era Maggie. A menina era legal. Mas uma coisa ainda o intrigava. Por que ela não estava com Natália ou Giselle? Eram tão amigas na infância, que ninguém conseguia desgrudá-las. Peter ele até entendia. Depois que se afastou deles e entrou no time de basquete, ninguém mais o suportava, mas as meninas?

–... E você Louis?

– Ahn?

– Cara, em que mundo você tá? – perguntou Ryu.

– Nenhum. Qual é a pergunta?

– O próximo jogo de basquete vai ser nesse sábado! Quem você acha que ganha? O West Tigers ou o time da casa? – perguntou Josh.

– Mas é claro que nós! Somos os melhores!

– Vocês ficaram em quinto no campeonato interescolar.

– Mas foi por causa daquela escola de vagabundos nas finais. Você sabe muito bem que eles aprontaram conosco. Aqueles pacotes rasgados de droga não eram nossos.

– Eu sei, eu sei, mais ainda assim, vocês perderam para o time seguinte.

– É, mas...

Ryu foi interrompido pelo sinal. Era o intervalo.

– Bem, eu espero sinceramente que o nosso time vença, mas não posso ficar cego para o outro time. Agora, eu tenho que ir fazer uma coisa.

– O quê...

Louis nem ouviu seus amigos. Disparou pelos corredores em busca do zelador.

– Sr. Jim? Sr. Jim? - gritou Louis em busca do homem.

De repente a porta onde se guardam as vassouras se abriu e dele saiu um homem velho, magro e barba branca com uma expressão aturdida e um sanduíche na mão.

– Que foi? Que foi? Quem morreu? Onde é o incêndio?

– Calma – pediu Louis ofegante – Ninguém morreu.

– Ah. Ainda bem. E pelo amor de Deus por que estava gritando assim?

– Vim lhe pedir um favor.

– Um favor? Um favor? E precisava ficar berrando assim na hora do almoço?

– Desculpe. Vai me ajudar?

– O que quer?

– Pode me ajudar a entrar na sala do diretor?

– Por quê? - perguntou Sr. Jim desconfiado.

– Quero encontrar a ficha de alguém.

– Não vou ajudar você a fazer o mal.

– Não vou fazer o mal – disse Louis revirando os olhos – Quero pegar a ficha de uma garota novata que tenho quase certeza que era minha amiga – disse Louis se perguntando se “amiga” seria a melhor definição para o que Nina era para ele naquela época.

– Aham, sei .

– É sério! Acho que você a conhece! Ela sempre brincava naquela pracinha que você limpava quando eu era pequeno. Venha comigo e eu te mostro.

Ainda desconfiado, o zelador permitiu a invasão com a condição de ele voltar em cinco minutos e nunca contar o que ele fez para o diretor. Louis pegou a chave e aproveitando que a diretoria estava deserta já que todos estavam almoçando, entrou na sala do diretor e trancou a porta rapidamente. ‘ Eles não deviam confiar apenas no Sr. Jim para guardar essa sala’.

Avistou o armário com as fichas escolares e começou a abrir as gavetas de ferro. Nada encontrou na primeira. Nem na segunda. Nem na terceira. Agora estava na quarta.

Amanda Jey Lee.

Clark Leroy Smith.

Louis abafou uma risada. ‘Leroy?’ Louis balançou sua cabeça. ‘Concentre.’ Repreendeu sua mente.

Charlie Valter Everdeen.

Linda Kate Alvarez.

Jim Carlos Miller.

Nathan Hugh Brown.

‘Opa, esse eu vou copiar também’ Pensou Louis se lembrado que o garoto o humilhara algumas vezes na escola.

Cynthia Rose Sparks.

Alan Harvey Morgan.

Nina Elizabeth Gerhard.

‘ Tá aqui! É ela mesmo. ’ Pensou Louis ao ver o antigo rosto da menina. Branquinha, ruiva e olhos azuis. Louis não sabia como nem por que, mas sentiu nostalgia daquele tempo. Quando era pequeno gostava de pregar peças em Nina. Não fazia totalmente por maldade, era mais para chamar sua atenção, já que a menina não falava com ele. Agora, parecia tão diferente que se não conhecesse seu rosto, facilmente não a reconheceria.

Louis pegou a ficha de Nina e Brow e os copiou. Recolocou os papéis dentro da gaveta e saiu tomando cuidado em ver se tinha alguém do outro lado. Só tinha Clare, uma secretária que era boa de subornar. Saiu da sala e colocou o dinheiro do seu almoço na mesa dela, que rapidamente guardou nas vestes. Dobrou a ficha de Brown até ficar bem pequena e grossa e a enfiou dentro do sapato, já a de Nina dobrou, mas levou-a na mão para mostrar ao Sr. Jim.

– Você demorou quinze minutos.

– Olha, é ela! – disse Louis mostrando o papel para o zelador.

– Hum, eu me lembro dela! Mas não vi ninguém parecida com ela.

– É porque ela pintou os cabelos e está usando lentes.

Sr. Jim o olhou desconfiado.

– Espera que eu acredite em uma baboseira dessas?

– Não precisa acreditar. Já peguei o que queria. Não vou dizer ao diretor, então tchau.

Louis saiu correndo em busca de Nina. ‘Agora ela não tem como me contrariar’ Louis passou o resto do intervalo tentando achar a garota, mas era impedido pela multidão de gente e pelos seus amigos, que ficavam puxando conversa. Distraiu-se por tanto tempo que se esqueceu de seu objetivo. Quando se lembrou de sua procura e finalmente avistou a garota em uma mesa ao longe, o sino tocou e ele foi arrastado pelas pessoas.

‘ Ô azar do cão viu?’ Louis passou o resto do dia mal humorado. Nas aulas seguintes, Louis pôde ver Natália e Giselle sentarem perto dele. Ficou tentado a mostrar o que descobrira, mas se Nina ainda não havia falado com elas é porque há algo de errado, e não seria ele a se intrometer. Mas ainda assim, precisava fazer o que tinha que fazer.

Ao acabarem todas as aulas, Louis deu um jeito de sair de perto dos amigos e foi procurar Nina. Quando a viu indo para sua casa, deixou que ela se distanciasse um pouco da escola antes de fazer seu interrogatório. Depois que achou que estava longe o suficiente de ouvidos curiosos, andou depressa até ela e pôs sua mão no ombro dela. Porém, ela fez uma coisa incrível. Agarrou seu braço, abaixou-se e o puxou. Louis voou sobre as costas de Nina. Entretanto, ao cair no chão e a garota se virar, quem teve a maior cara de surpresa foi Nina.

– Louis?

– Ai! Acho que quebrei minhas costelas!

Nina o ajudou a se levantar e depois formou uma carranca no rosto.

– Por que estava me seguindo?

– Onde aprendeu fazer aquilo? – perguntou Louis ignorando Nina.

– Responda – disse Nina com autoridade.

– Eu vim desmentir seu teatrinho de ontem.

– Ahn?

Louis pegou a ficha de Nina do bolso e a desdobrou. Tendo o cuidado de não deixar o papel muito perto dela, mostrou para a garota.

– Sabe, essa é sua ficha, Nina Elizabeth Gerhard. Não sabia que era esse o seu nome do meio. Bem, agora você não tem como mentir.

A menina não aparentou espanto, mas Louis viu que ela ficava batendo o dedo indicador na perna.

– E o que isso pode dizer? Pode muito essa tal de Nina ser outra garota. E meu primeiro nome é Elizabeth.

– Aí que você se engana minha cara. Sabe, eu tenho uma boa memória e eu verifiquei cada ficha existente dos alunos e não tinha nenhuma Elizabeth no segundo ano.

Nina mordeu o lábio e ficou um bom tempo em silêncio sem argumento.

– Eu sabia – disse Louis sorrindo.

Abriu os braços para abraçá-la, mas antes que pudesse concluir o gesto, Nina afastou seus braços e o puxou para perto pela a camisa fazendo seus rostos ficarem a poucos centímetros. Louis teve de se abaixar, já que ficara mais alto que ela, mas isso não a deixava menos assustadora. Para completar, Nina fez uma cara tão ameaçadora que Louis sentiu medo.

– Muito bem geninho, pode pôr essa descoberta no currículo, mas se contar para qualquer um, não terá tempo de vida o suficiente para completá-lo.

Nina deixou a ameaça no ar por alguns segundos e depois o soltou. Louis deu vários passos até se sentir seguro, mas logo perguntas bombardearam sua cabeça. Por que Nina não quer que saibam sobre ela? Por que ficar se escondendo? Onde ela aprendeu aquele golpe? Desde quando ficou tão assustadora?

– Por que não quer que ninguém saiba de você? Sabia que nós ficamos esse tempo todo preocupados com você? E se tivessem te matado que nem fizeram com a sua mãe?

Louis percebeu que Nina havia ficado menos irada depois que falou de sua mãe.

– Ah... Desculpe, eu não queria...

– Tudo bem isso já faz tempo – interrompeu Nina – Agora tenho que ir para casa.

– Espera – impediu Louis vendo que ela estava indo embora – Me responda. Por que não quer que ninguém saiba sobre você?

– Porque não! Eles não precisam saber.

– E Giselle? Ela é sua amiga desde pirralha. E Natália? Peter?

– Peter se tornou muito arrogante!

– Tudo bem, mas e as meninas?

– Olha, eu fico mudando de lugar para lugar, não quero sentir saudades duas vezes por causa delas.

– Fica mudando de lugar para lugar? – perguntou Louis confuso.

– Minha tutora está sempre sendo transferida – disse Nina abanando a mão em sinal de impaciência.

– Ah... Eu sinto muito.

– Tudo bem – disse Nina se afastando.

– Espera poxa, não vai me dar um abraço? – perguntou Louis com raiva andando ao lado de Nina.

– E por que eu te daria um abraço?

– Porque faz anos que eu não implico com você e tenho que matar a saudade.

– Acho que você sabe que eu poderia facilmente te derrubar se tentar pregar uma peça em mim!

– Por isso mesmo estou pedindo um abraço. Sou infantil não burro.

E pela primeira vez desde quando Nina ainda ruiva, viu ela rir. De repente, sentiu-se mais leve. Por todos esses anos, sempre desejou saber se Nina estava bem e agora que sabia e estava a vendo rir, pareceu que um peso havia caído de seus ombros.

Aproveitando o bom humor repentino de Nina, abraçou-a e começou a rodar. Nina gritou de surpresa quando foi levantada, mas não praticou nenhum golpe em Louis. O que foi um alívio para ele. Louis riu e a colocou de volta no chão.

– Então me diz, por que pintou o cabelo?

– Ahn? - Nina olhou para os cabelos e percebeu do que se tratava – Ah, foi apenas gosto.

– Pintou por que não queria que te reconhecessem? Cara, isso é exagero!

– Não foi por causa disso! Pintei já faz alguns anos.

– Então é por luto?

– Não idiota, não falei que é por gosto?

– Tudo bem, tudo bem, não fique com raiva. As lentes também?

Nina olhou curiosa para ele durante alguns instantes, mas logo uma luzinha de compreensão passou por seus olhos.

– É, sim.Também por gosto.

– Hum.

– Mas e você por que se distanciou das meninas? – perguntou Nina voltando a andar.

– Quem disse que eu me distanciei delas?

– Desde que eu cheguei, não vi vocês trocarem uma palavra.

– É, é verdade – disse Louis após refletir um pouco – Mas ainda assim me preocupo com elas.

– E por que Peter ficou tão arrogante? E onde está Ben? Não o vi em nenhuma parte.

– É, vamos deixar a história para depois tá? – pediu Louis nervoso.

Ele não queria que ela ficasse sabendo da fraqueza dele. Tinha muita vergonha do que havia feito. Não queria dizer o porquê do afastamento dele e dos amigos.

– Ok! – disse Nina confusa.

– Então, por que não me fala sobre o que aconteceu com você nesses anos?

Então, Louis a ouviu falar sobre as constantes mudanças, as amizades e como ela virou uma esquisita gótica. Soube de situações bastante constrangedoras, mas um pouco engraçadas como quando ela tropeçou na calçada e levou junto um garoto para o chão. O pior era que um prédio ao lado estava sendo pintado e tinha latas de tinta abertas no chão e ao caírem derrubaram elas e sujaram seus braços e costas. Porém riu com vontade quando Nina falou como havia desmoralizado uma garota que teimava em ficar no seu pé.

Quando chegou a sua vez de falar sobre a vida, apenas teve tempo de falar sobre o divórcio dos pais, pois eles tiveram que tomar rumos diferentes em direção às suas respectivas casas.


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Notas finais do capítulo

E aí??



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