A Caçadora escrita por Swiper


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, esse capítulo ainda tá meio frio. Ele mostra mais ou menos como foi a vida social dela. Mas eu prometo que nos próximos capítulos terá mais ação e luta.



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(Prólogo)

Cinco anos se passaram desde as férias em que Nina conhecera Lucy e entrara num mundo sobrenatural.

Nina aprendeu sobre os caçadores, ás vezes chamados de sombras, que eram um tipo de exército de elite. Eram divididos em aprendizes, oficiais e superiores. E só podiam ser considerados caçadores se tivesse um parentesco com os verdadeiros humanos(n/a: isso pode estar parecido com aquela história de semideuses, porém tem uma diferença, um caçador podia ser filho de um "humano" com uma caçadora, ou uma iluminada, feiticeira ou guardiã, todos eles são considerados Humanos)Eles recebiam um tipo de formulário relatando sobre quem deveriam caçar.

Os inimigos, divididos em cinco classes levando em consideração sua experiência e poder, eram os astonianos do planeta Asthorn (n/a: sem imaginação, foi o melhor que consegui).O motivo da guerra? Ainda não sabia, apenas que já acontecia há séculos.

Os Iluminados eram aqueles que iam em busca de informações sobre os inimigos ( quantidade de astonianos, planos de ataque, informações secretas...),rastreava-os, identificava-os e mandavam essas informações para as caçadoras. Também eram divididos em aprendizes, oficiais e superiores.

Os feiticeiros eram como mercenários. Trabalhavam para quem pagasse melhor. Eles eram pessoas que nem podiam ser consideradas vivas, pois podiam entrar no mundo dos mortos, nem mortas, pois moravam no mundo dos vivos. Eram os inimigos mais perigosos, podiam matar qualquer ser mesmo a quilômetros de distância apenas com algumas informações. Eles, porém eram divididos apenas em aprendizes e mestres.

Os guardiões eram aqueles que guardavam a passagem do mundo vivo para o morto. Fora isso Nina não sabia mais nada sobre eles. Eram muito misteriosos.

Nesses cinco anos, Nina aprendeu sobre todo esse mundo e a lutar. Aliás, ainda aprendia. E nesses cinco anos nunca passara mais do que um ano em uma cidade e escola caçando astonianos. Como Lucy havia dito anos atrás, elas eram solitárias. E mudar-se de lugar o tempo todo ajudava na criação dessa personalidade tão característica dos caçadores. Sua mentora não a deixava ter muitos amigos, pois era doloroso na hora da partida, mas afirmava que sempre era bom ter alguns amigos para compartilhar emoções e de quem se lembrar. Na atual cidade conseguira apenas dois amigos: Jadelyn e Michael. Nina adorava aqueles dois.

No momento, Nina estava voltando da livraria para sua casa. Era um pouco pequena, mas, bastante confortável. Chegou à sua casa e entrou na sala de estar que de um corredor dava para os quartos, banheiro e cozinha.

- Lucy? Voltei - disse Nina. Lucy apareceu no corredor com um pano e um prato na mão.

- Ah, oi, espere um minuto temos que conversar.

- Certo - Nina já se sentia nervosa. Toda vez que Lucy falava que tinha que conversar com ela geralmente sentia dor ou desconforto, como quando ela a levou para a base da Ordem e teve que se apresentar para os superiores, ou quando ela teve que enfrentar um astoniano de classe três aos 13 anos. O desgraçado quase a matara.

Sentou-se no sofá e esperou Lucy terminar de lavar a louça. Ficou pensando em várias coisas. Nos seus novos amigos, Jadelyn a sua melhor conselheira de vida e Michael que a fazia rir o tempo todo. Então se lembrou dos amigos das outras cidades. De vez em quando ligava para eles. Alguns ela havia perdido o contato, outros até já a vieram visitar. De repente se lembrou dos seus amigos lá da sua cidade natal. Lembrou-se de Giselle, de Natália, dos meninos, de Louis. Como gostaria de revê-los. Dentre todas as pessoas que já fizera amizade, eles foram os únicos a quem ela nunca mais contatou. Para isso teria de explicar seu desaparecimento e consequentemente teria de se lembrar da dor da perda repentina de sua mãe e 'irmãos'.

Quando Lucy terminou ela veio e se sentou em uma cadeira de frente a Nina.

- Nós vamos partir amanhã - disse Lucy. Nina se sentiu extremamente aliviada, porém, muito curiosa. Lucy geralmente não conversava com ela apenas para dizer que partiriam.

- Para onde?

- Para São Francisco - Nina gelou. "Maldita hora para eu sentir saudade deles". Fora lá que nascera e crescera até os dez anos.

- Por que para lá? - tentou parecer imparcial e fria, mas, Lucy a conhecia tanto quanto conhecia a si mesma. Sabia que sua aprendiz estava com medo do que sua volta poderia causar.

- Os iluminados mandaram um relatório dizendo que os astonianos formaram uma base lá - disse Lucy.

- Quais são as informações - Nina sentiu que a perturbação interior teria de esperar. Havia pontos mais importantes no momento.

- Uma base formada por astonianos de classes três, dois e um. Há também dizendo que tem outros caçadores por lá. Feiticeiros também estão do nosso lado. Ao todo do lado inimigo são trinta, provavelmente chegarão mais e eles já limparam (n/a: limpar nesse sentido significa atacar os Humanos ou descendentes e seus parentes)a área.

- Como? - enfureceu-se Nina - Aqueles idiotas não deviam mandar caçadores lá? Como eles puderam deixar isso acontecer?

- Calma Nina. Eu também não sei, eu estava falando com um iluminado a alguns dias e aparentemente aquela cidade não estava naquela situação. Meu palpite é que haja algum traidor entre os iluminados.

- E por que só agora o traidor deixou saberem que ali está se formando uma base?

- De novo eu não sei. Talvez seja uma armadilha ou apenas um erro que o suposto traidor da minha parte cometeu. Mas de qualquer forma, nós fomos designadas para lá. Não temos escolha.

- Não gostei dessa história - resmungou Nina.

-Nem eu, mas, pelo menos acabaremos com alguns astonianos.

- É - Nina estava levando a sério o palpite de Lucy (afinal quase sempre estavam certos), consequentemente, sua mente avaliava suas vantagens (que eram poucas se fosse uma armadilha) e desvantagens (que eram muitas, afinal, estaria entrando em uma área já quase dominada por astonianos)

- Nina - disse Lucy tirando Nina de suas avaliações - por que não vai se despedir de Jadelyn e Michael?

- Eu... Eu vou sim - Nina ainda estava irritada com aquela situação, mas, uma partezinha de seu coração a fez se sentir culpada por não se lembrar dos amigos.

Levantou-se do sofá sem olhar Lucy nos olhos. Andou em direção ao seu quarto, pegou duas pulseirinhas de prata. Presa entre as correntes havia uma pedrapreta longacomnomes diferentes escritos em cada uma delas. Uma para cada amigo seu.

Saiu de casa e caminhou vagarosamente para a casa de Jadelyn lembrando-se da primeira vez que se encontraram.

Flashback On//

Nina acabara de entrar no novo colégio. Estava vestindo uma blusa preta, jaqueta preta, calça jeans e tênis de cano longo. Os alunos na maioria pareciam ser ou delinquentes ou vagabundos e vadias. Eles a olhavam com ares curiosos e preconceituosos. Sempre fora talhada como uma esquisita gótica. Ela sempre usava roupas pretas, que eram compradas por Lucy, e não era muito social.Não havia regras para os caçadores dizendo que deviam usar somente pretos ou cores escuras, muito menos as roupas misteriosamente ficavam pretas (essa parte era designada só para os cabelos e olhos), entretanto, a maioria dos caçadores vestia-se de preto. Nina achava aquilo no mínimo divertido. Eles não eram exatamente sombrios e não gostavam desse rótulo, mas, adoravam usar preto.

Caminhou normalmente pelos corredores transparecendo confiança. Aquilo era uma tática para a sua sobrevivência social. Dê uma de corajosa doida que não liga para o falam de você e nem fale com ninguém, assim eles desistem de pegar no seu pé. Claro que havia alguns que teimavam em implicar com ela, mas, Nina facilmente conseguia desmoralizá-los com sua inteligência rápida e voz desdenhosa.

Nina conseguiu chegar à diretoria.

- Bom dia

- Bom dia - disse o diretor. Continuou encarando Nina com uma cara tipo Poker Face por alguns segundos- Quem é você?

'Uau, e você se considera um diretor?' Queria dizer Nina, mas, conseguiu segurar a língua - Sou Nina Gerhard.

O diretor franziu o cenho e pareceu vagar pela mente, provavelmente se perguntando quem era aquela garota que se parecia com a mulher da família Addams.

- A nova aluna - esclareceu Nina - vim pegar meu horário.

- Ah sim claro, claro. - O diretor vasculhou uma ou duas gavetas até achar e entregar o horário para Nina - tenha uma boa aula e tente não ser estuprada ou violentada por alunos ou professores, estamos entupidos de processos.

- Irei tentar - garantiu Nina. ' Nossa já estou me sentindo em casa' pensou após sair da diretoria.

Depois de algum tempo, Nina conseguiu chegar à sala de aula e sentou-se no fundo. Os alunos entravam a olhavam e voltavam para as suas conversas. Depois de alguns minutos, o sinal tocou e o professor entrou. Nina suspirou mentalmente. A primeira aula era de história. Nina até que gostava dessa matéria, porém, na maneira correta de se contar, representando e contando com entusiasmo. A maioria dos professores não fazia isso. Após todas as aulas finalmente chegou o horário de almoço. Nina rapidamente pegou o seu e encaminhou-se para a mesa ao fundo vazia e apesar do corpo, sua mente estava em diversos lugares. Caminhava despreocupadamente alheia aos comentários maldosos e debochados. Foi quando uma pessoa foi empurrada atrás dela e se chocou contra ela. Impulsionada pelo impacto, Nina foi jogada para frente e, consequentemente, sua comida voou de sua bandeja sujando uma garota próxima a ela. O refeitório explodiu em risadas. A garota se levantou.

- Sua imbecil – berrou a garota, ela estava irada, não aguentava mais ser alvo de chacota.

Nina como um instinto de sobrevivência começou a avaliar a garota. Ela usava uma saia curtíssima preta com uma legging da mesma cor, uma blusa social branca com alguns botões abertos em cima e uma bota pequena marrom. Não estava muito maquiada e seus cabelos, apesar de bem cuidados, estavam amarrados de qualquer jeito. Com o canto do olho viu dois rapazes sentadas á mesma mesa da garota, vestidos com camisa, jeans e casacos. Nina percebeu que o cheiro de cigarro e álcool tão presentes nas outras mesas não estava naquele ambiente. ‘Pessoas normais tentando não serem ridicularizados misturando-se à imagem da escola’ concluiu Nina.

- Me desculpe – pediu Nina. Sua avaliação havia sido feita em questão de segundos.

- Ah você se desculpa, que meigo – disse a garota sarcástica. Não iria aceitar um simples pedido de desculpas por uma novata que estava tentando aparecer.

- Sim, eu me desculpo, mas se não quiser aceitar, pelo menos vá lavar essa blusa, está imunda. – disse Nina já irritada.

- Você – disse a garota apontando para o rosto de Nina – sua idiota é que vai limpar isso. – se a conversa tivesse terminado aí, até que Nina faria, como um sinal de desculpas, entretanto, o que a garota disse em seguida a fez tremer de raiva – Sua vadia, acha que é só dar uma de encrenqueira que vai ficar popular? Me diz quantos desse colégio você já dormiu para não ter tido as boas-vindas?

- Olhe para si mesma antes de falar de mim – rosnou Nina – se você falar isso de novo, vai se arrepender pelo resto da vida.

- Uh que medo! O que você vai fazer Morticia, me dar um cuecão e me pendurar no poste da escola? – A garota não iria deixar-se abalar por uma estranha feito ela.

- Ah não – Nina deu um sorriso amigável e falava com uma voz doce, porém, parecia que seus olhos estavam faiscando - isso seria um desperdício de tempo e imaginação. Eu tiraria toda a sua pele e faria um casaco. Seria um sucesso! O primeiro casaco feito de pele humana a ser exposto. Doaria seus órgãos para o hospital, se não estiverem estragados é claro e de seus dentes faria um lindo colar.

O refeitório inteiro prendeu a respiração como se esperasse que acontecesse isso de verdade, até a garota ficou assustada. Nina sabia aproveitar do seu rótulo de estranha, que combinava perfeitamente com seu visual gótico. Ficando conhecida como uma esquisita amante do satanismo. Assim as pessoas ficavam com receio, até medo, dela. Contudo, a garota de blusa branca se lembrou de que estava brigando e que estava perdendo espaço, assim se recompôs.

- Eu não tenho medo de você sua esquisita.

- Pois devia, afinal, nunca se sabe quando a morte chega. E às vezes ela vem de forma dolorosa! – disse Nina com uma cara maníaca caminhando lentamente para perto da garota. A essa altura até a menina estava apavorada. Bruscamente Nina deu um passo falso para frente fazendo a garota de blusa branca gritar e recuar assustada. Algumas pessoas mais céticas riram, entretanto, a maioria estava aterrorizada.

- Sai daqui demônio – disse a garota se recuperando do susto, pegando um prato com sopa e jogando nela. Estava cheia de garotas como ela.

Nina sentiu seu poder querendo sair e teve que se segurar muito para não acabar com aquela garota. Já haviam feito aquilo com ela. Geralmente patricinhas populares metidas que vinham dar “boas-vindas” a Nina jogando algo nela, na maioria das vezes, restos de comida, lixo ou bebidas. Contudo Nina já estava totalmente irritada e como uma verdadeira barraqueira pegou algo comestível na mesa mais próxima e jogou na garota.

A guerra começou. Comidas voavam para tudo quanto era lugar. As duas garotas agora estavam no tapa, no chute, nos socos, em tudo. A situação só não piorou porque uma benfeitora de óculos apareceu dissipando os alunos.

- Parem! Parem já com isso. Isso está parecendo um zoológico. Vão para suas salas. Agora! Vocês duas – disse pisando forte em direção às garotas – na diretoria. Agora!

As meninas, ainda com a adrenalina pulsando em suas veias, seguiram a mulher.

Ao chegar à diretoria toda suja, Nina começou a raciocinar direito e concluiu que foi uma idiota por não controlar a raiva, nem engolir seu orgulho. A garota de blusa branca, no entanto, não se arrependia de nada. Aliás, estava orgulhosa de si mesma por conseguir se defender. Sempre engoliu essas piadas e sacanagens feitas com ela, mas, agora parecia que queria pular no pescoço de qualquer um que ousasse dizer que estava com a etiqueta da blusa para fora.

As duas sentaram-se lado a lado em frente a mulher.

- Estou completamente decepcionada com a atitude de vocês – começou a mulher – Principalmente você Srta. Underlou, sempre foi uma aluna tão inteligente – disse olhando para a garota. Ela abaixou sua cabeça. Ela sabia bem, bem no fundo que a mulher estava certa – E você – dessa vez falou encarando Nina – Srta. Gerhard se não me engano? – Nina assentiu – Essa não é uma escola para tumultos e escândalos. É uma escola culta muito rigorosa.

- E como – disse Nina baixinho, porém, parecia que a mulher havia ouvido.

- Como disse?

- Nada senhora. Aliás, tenho uma pergunta. Cadê o diretor. Ele era um cara bacana.

- Você tem ideia da situação em que está? Causou um tumulto, uma guerra de comida no refeitório e estava agredindo fisicamente uma aluna.

- Eu não fui a única. Não foi minha culpa se um cara esbarrou em mim e essa aqui tá de TPM e não consegue aceitar um pedido de desculpas – disse Nina apontando para a menina a seu lado.

- Ela jogou comida em mim e ainda fez rirem de mim – defendeu-se a garota.

- Distorcedora de histórias – xingou Nina.

- Essa palavra nem existe sua alienada.

- Em meu vocábulo sim.

- Quer ouvir algumas do meu?

- Parem com isso – as duas se calaram – Estou completamente decepcionada. Como punição, irão limpar todo o refeitório sozinhas no fim do dia e terão dois sábados de detenção. E que isso nunca mais se repita.

As duas saíram de cara amarradas. O dia se passou rapidamente. Os comentários eram os mais diversos contando a confusão das duas alunas. Ao chegar ao refeitório, que estava interditado, viu que a outra garota ainda não tinha chegado. ‘ Imprestável’ pensou Nina. Pegou os objetos de limpeza e começou o trabalho. Mais ou menos dez minutos depois a menina apareceu.  Ela haviacochilado em um banco. Ao avistar Nina fechou a cara e começou a limpar.

Passados meia hora sem dizerem nada, elas finalmente conseguiram engolir seus orgulhos.

- Desculpe - disseram Nina e a menina em uníssono. Olharam-se por uns instantes e disseram novamente juntas.

- Tudo bem - dessa vez, ambas sorriram.

- Foi um acidente eu juro, um idiota esbarrou em mim por trás - disse Nina.

- Tudo bem, me desculpo também. Geralmente eu não ligo para esses tipos de coisa. Sou da paz. Só que desde pequena que engulo esses tipos de brincadeiras feitos por garotinhas mimadas. Acho que eu simplesmente explodi. Não aguentava mais - de repente a menina parou de falar vermelha de vergonha por ter contado a metade de sua vida em algumas poucas palavras deprimentes. Nina, porém, apenas sorriu.

- Eu também geralmente tento não me incomodar com essas brincadeiras, mas, sou muito cabeça-dura.

As duas se olharam por uns instantes e por fim a menina disse estendendo a mão. :

- Sou Jadelyn Underlou

- Nina Gerhard- disse apertando a mão de Jadelyn.

Flashback Off//

A partir de então Nina virou amiga de Jadelyn e Michael, que estava sentado na mesa daquele dia. O outro menino era o namoradode Jadelyn que a deixou dois dias após o incidente no refeitório. O mais engraçado é que as duas foram chamadas de bipolares na manhã seguinte por estar andando juntas.

Várias outras lembranças vieram a tona enquanto andava pelas calçadas em direção à casa de Jadelyn. Quando chegou a uma casa branca, não teve mais alternativa além de se despedir. Bateu na porta e uma adolescente morena vestida apenas de jeans e camiseta apareceu.

- Nina - disse Jadelyn abraçando a amiga.

- Oi Jade.

- Por que veio aqui? Não importa, vem, quero te mostrar meus novos quadros. (Jadelyn como deu para perceber era uma pintora) - disse puxando Nina para dentro. Entretanto Nina falou:

- Ah Jade, eu não vim aqui exatamente para bater papo, - Jadelyn a olha com um olhar curioso e confuso - vim me despedir.

Uma luzinha de compreensão apareceu nos olhos de Jadelyn. Nina contara a ela sobre toda a sua vida (exceto a parte sobrenatural) e sobre como ela e sua irmã, Lucy, não ficavam por muito tempo em uma cidade. Dissera para ela que Lucy não tinha emprego fixo.

- Mas já? Achei que fosse ficar pelo menos até o final do ano.

- Mudanças de plano, mas, antes de partir quero te dar isso- disse Nina puxando a correntinha de prata do bolso e mostrando à Jadelyn - Sempre dou isso para meus amigos! É como uma lembrança para você se lembrar de mim - disse Nina sorrindo.

Jadelyn estendeu o braço e Nina pôs a pulseira.

- Quando você vai?

- Amanhã de manhã - disse Nina e sua amiga a puxou para um abraço.

- Vou sentir saudades – ela não sabia como ficaria seu dia sem Nina. Eram tão amigas que parecia que se conheciam desde crianças. Esse pensamento fez seus olhos umedecerem.

- Eu também.

- Tem certeza que não quer tomar um último chá em casa? - peguntou Jadelyn começando a chorar.

- Não posso, ainda vou ver Michael - respondeu Nina também chorando.

- Ah o Michael - disse Jadelyn se separando do abraço - ele vai morrer quando souber.

- Não diga isso nem de brincadeira - disse Nina dando um soquinho no ombro da amiga. Ambas riram um pouco, mas, logo voltaram ao momento de despedidas.

- Para onde vai?

- São Francisco – disse Nina

- Me ligue quando estiver voltado.

- Claro.

- E eu vou para o aeroporto amanhã. Qual é o horário do voo?

- É às sete.

- Estarei lá - disse Jadelyn sorrindo em meio às lágrimas - se cuida.

- Você também. Adeus – disse Nina limpando as lágrimas.

- Adeus.

Nina sentiu a dor no peito tão conhecida e familiar voltar. Era mais uma vida deixada para trás, mas outra amiga deixada para trás. Nina não sabia se conseguiria suportar mais tantas despedidas. Tentou caminhar para a casa de Michael sem pensar em nada, mas, não adiantou. Lembrava-se constantemente de lembranças deles juntos. Após alguns minutos chegou à casa de seu amigo. Passou pelo portãozinho de entrada e bateu na porta. Um garotinho com sorriso banguela atendeu a porta.

- Oi Mike, como vai?

- Ninaaa - alegrou-se o menino abraçando Nina. Ela começou a rir.

- Tudo bem, tudo bem. Pode chamar seu irmão aqui um instante?

- Por que aquele chato? - emburrou-se Mike.

- Porque eu quero falar com ele. Você faria esse favor para mim? Por favor - implorou Nina fazendo um biquinho.

- Tudo bem. Você também é uma chata sabia? Aliás, não prefere entrar?

- Não, não. O que eu tenho para falar é rápido.

O menino fungou e foi em direção às escadas. Depois de Nina ouvir alguns gritos no andar de cima, viu um menino alto moreno com olhos azuis descendo as escadas. Nina sorriu.

- Michael - disse a menina o abraçando rapidamente.

- Oi - disse Michael sorrindo - e ao que devo a honra?

- É que eu... Eu vim dizer adeus.

- O que? - perguntou Michael confuso.

- Eu já tinha te falado que algum dia eu me mudaria. Bem, esse dia chegou.

Michael ficou instantaneamente triste. Não podia a deixar ir. Não podia. Todas as vezes que a fez rir quando estava triste ou simplesmente para descontrair foram feitas com um único propósito. Fazê-la feliz. Mas não conseguiria suportar a perda dela.

- N-n-não pode ficar mais alguns dias? - gaguejou Michael

- Desculpe, mas, não. O voo será amanhã - disse Nina tristemente. Nina se lembrou da corrente - antes que eu me esqueça, quero te dar isto. É uma lembrança para não se esquecer de mim - disse Nina pondo a pulseira com o nome Michael escrito na pedra. O pôs no braço do amigo, afastou-se dele e o encarou. Não queria deixá-lo, mas, era a sua vida. Fora feita para ser solitária. Michael não disse nada durante todo esse tempo, até o momento.

- Nina - disse finalmente Michael - mesmo se eu quisesse, nunca conseguiria me esquecer de você – Agora era a hora. Ele teria de arriscar.

Nina ia falar algo, mas, foi interrompida pela boca do amigo. Nina estava tendo seu primeiro beijo. Ficara tão atônita que nem reagiu. Depois de alguns segundos Michael se afastou e se encolheu como se estivesse esperando um tapa. Nina, porém, ainda estava perplexa. ' Michael gosta de mim?' Era só isso que conseguia pensar. Realmente não esperava por isso.

- Você parece surpresa - percebeu Michael após ver que Nina não o iria agredir.

- E-e-eu estou - conseguiu gaguejar Nina.

- Desculpa, é só que, não podia deixar você ir sem fazer isso. Desculpe, esqueça isso - disse Michael entrando novamente em casa. Sentia que agira como um idiota. Podia gostar dela, mas, ninguém havia dito que ela correspondia. Entretanto, Nina segurou seu braço.

- Tudo bem, só me dê um abraço de amigo como forma de despedida.

Michael assentiu e abraçou forte Nina. Após ter se passado, ao que parecia para Nina, vários minutos, achou que estava na hora de sair desse abraço de “amigo”.

- Er..., Michael, já pode me soltar - disse ela batendo de leve nas costas do amigo.

- Ah sim, certo, claro.

Assim que saiu do abraço, se arrependeu. Começou a chorar. De novo a maldita despedida.

- Jade vai para o aeroporto amanhã, por que você não vai?

- Estarei lá.

- Será às sete - disse Nina e ele assentiu - Adeus.

- Adeus. Me ligue - disse Michael fazendo um gesto de telefone com a mão e um sorriso travesso. Nina conseguiu rir.

- Todo dia - disse Nina sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Quando sentiu que não conseguiria mais aguentar saiu correndo da varanda da casa chorando.

A Nina interior estava uma confusão de sentimentos. Estava triste por mais uma partida, ansiosa para poder rever seus antigos amigos, triste por se lembrar que provavelmente se eles pelo menos ainda lembrassem-se dela, com certeza não a iriam reconhecer. Era outra pessoa agora. Mas além de tudo estava perplexa. Seu amigo a havia beijado. Não conseguia entender. Sempre soube leitura corporal e suas deduções eram boas, mas, nunca conseguira ver que Michael gostava dela. Entretanto ela não gostava dele daquela maneira, sempre o veria como amigo e sentiu-se um lixo por deixá-lo para trás, mas, tinha que seguir em frente.

Entrou na sua casa, encaminhou-se para seu quarto, caiu na cama e desatou a chorar e ali adormeceu.

Nina acordou com alguém a cutucando

- O que é?

- Se levanta, temos que sair daqui logo. Onde colocou suas malas?

- Malas? - Nina ficou confusa. Do que Lucy estava falando? Então se lembrou de tudo que acontecera dia passado e foi com medo que se lembrou de que não havia feito suas malas.

- Você não fez as malas? - falou Lucy rangendo os dentes e reprimindo uma ameaça. Apesar da raiva que sentia da irresponsabilidade dela, sabia que a adolescente estava sofrendo.

Nina levantou-se em um pulo e começou a correr pelo quarto. Depois de tomar banho, trocar de roupa, fazer as malas, comer, pentear os cabelos, tudo isso correndo, ao sair de casa pensou que parecia uma mendiga em dia de mudança.

Passou a maior parte do tempo dentro do carro que a levaria para o aeroporto se ajeitando. Penteando melhor os cabelos, ajeitando a blusa e o sapato, ajeitando uma mala pequena em suas mãos.

Ao chegar ao aeroporto, foi recebido por seus dois melhores amigos e Mike, que estava com uma horrível cara de sono. Eles conversaram todo o tempo que podiam. Nina não contara a Jadelyn sobre o beijo dela com Michael. Pensava que aquilo era um segredo dele. Porém, ao chegar a hora de Nina embarcar, só um cego não perceberia que ele gostava dela. Ele havia a abraçado tão forte que seus pês saíram do chão.

Ao embarcar no avião sentiu todas suas emoções aumentando de tamanho. Tristeza, perspectiva, alegria, saudade... E foi assim que se encaminhava para uma nova página na sua vida.

...


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou meio meloso né? Mas o próximo será melhor. Eu tentarei. Comentem!!



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