A Menina de Olhos Cinzentos II escrita por almofadinhas


Capítulo 26
Herdeiros


Notas iniciais do capítulo

Bom gente eu sinto muito por demorar a postar. Entrei em provas no curso e na escola e minha cabeça está uma droga. Pelo menos já passei em geografia, informatica e artes, pelos menos até agora.
Enfim espero que gostem do capítulo.
DESCULPEM SE TIVER ALGUM ERRO DE CALIGRAFIA OU ORTOGRAFIA , NÃO TIVE TEMPO DE EDITAR!.
Beijos.



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Eu e Dumbledore estávamos parados em frente a uma das casas da Rua dos Alfeneiros. Lembrei-me de com Harry caracterizava a rua, sem graça, ampla e quadrada iguais as outras casas e com dois andares. Parecia uma casa “normal” para o mundo bruxo, lembrava um pouco a de meu tio Lupin, mas as cores de sua casa são bem mais alegres.

Dumbledore por fim bateu na porta, um home gordo, quase sem pescoço abre a porta. Ele olha para mim e Dumbledore como se fossemos duas aberrações ou monstros enormes.

– Boa noite. O senhor deve ser o Sr. Dursley. Será que Harry não o preveniu que eu viria buscá-lo? – Sr. Dursley desvia o olhar para mim.

– Olá, sou Susie Black Mckinnon – gostei de pronunciar aquele nome.- Sou amiga de Harry e filha do padrinho dele, Sirius.

Sr. Dursley não dizia nada, apenas respirava com certa dificuldade e ficava nos encarando. Harry então desceu a escada a nossa frente de dois em dois degraus e parou abruptamente a alguns passos do hall.

– A julgar pelo seu ar aturdido e descrente, Harry não o avisou da minha vinda — disse Dumbledore em tom amável.- Mas vamos presumir que o senhor tenha me convidado, cordialmente, a entrar. Não é sensato demorar demais à soleira das portas nestes tempos perturbados.

Dumbledore e eu cruzamos o portal, ele com elegância e fechou a porta ao passar.

– Faz muito tempo desde a minha última visita — falou Dumbledore, olhando por cima dos óculos para o Sr. Dursley.- Devo dizer que os seus agapantos estão bem floridos.

O tio de Harry continuou calado.

– Boa noite, Harry.- cumprimentou Dumbledore, erguendo a cabeça para olhá-lo através dos óculos com ar de satisfação.- Ótimo, ótimo.

– Oi Harry.- digo normalmente, mas acaba saindo em um tom um tanto frio. Harry me olha um pouco surpreso.

– Não quero ser grosseiro... — começou Sr. Dursley, em um tom que ameaçava se tornar grosseiro a cada sílaba.

– ...contudo, a grosseria acidental ocorre com alarmante frequência.- Dumbledore terminou a frase sério.- É melhor não dizer nada, meu caro. Ah, e esta deve ser Petúnia.

A porta da cozinha se abrira, revelando a tia de Harry, de luvas de borracha e um robe por cima da camisola, visivelmente interrompendo sua costumeira limpeza das superfícies da cozinha antes de ir se deitar. Seu rosto cavalar expressava apenas choque.

– Alvo Dumbledore.- informou o bruxo, já que o Sr. Dursleu não o apresentara.- Temos nos correspondido, é claro. E esse deve ser o seu filho Duda, não?

Naquele instante, Duda espiara à porta da sala de estar. Sua cabeça grande e loura, emergindo da gola listrada do pijama, parecia estranhamente separada do corpo, a boca aberta de espanto e medo. Dumbledore esperou um momento, aparentemente para ver se os Dursley iam dizer alguma coisa, mas, como o silêncio se prolongou, ele sorriu.

– Posso presumir que os senhores tenham nos convidado a sentar em sua sala de estar?

O tal Duda afastou-se depressa do caminho quando Dumbledore e eu passamos. Dumbledore, que se acomodou na poltrona mais próxima da lareira enquanto eu fiquei em pé encostada ao lado da mesma, com uma perna apoiada e o braços cruzados, fazendo minha blusa levantar um pouco e fazendo-a mostrar minha varinha.

– Não vamos embora, professor?.- perguntou Harry ansioso.

– Certamente, mas primeiro há umas questões que precisamos discutir. E preferia não fazer isto ao ar livre. Por isso, vamos abusar da hospitalidade do seus tios por mais uns minutinhos.

– E como vão!

Dursley entrara na sala, Petúnia ao seu lado e Duda, mal-humorado, atrás deles.

– É abusaremos.- disse Dumbledore com simplicidade

E sacou a varinha com tanta rapidez, um gesto displicente, o sofá arremessou-se para a frente, atingiu os joelhos dos Dursley e os fez perder o equilíbrio e desmontar nele. A um segundo gesto com a varinha, o sofá voltou rapidamente à posição inicial.

– E é melhor fazermos isso com conforto.- disse o bruxo cordialmente e eu soltei uma risada.

– Professor... que aconteceu com sua...?

– Mais tarde, Harry. Sente-se, por favor.

Não havia reparado, mas a mão de Dumbledore estava um pouco cinza e enrugada, como se estivesse podre, aquilo me assustou por uns segundos.

Harry ocupou a poltrona que sobrara, a que eu fiz favor de não sentar.

– Presumi que fossem me oferecer uma bebida.- disse Dumbledore ao Sr. Dursley.- Mas, pelo visto, tanto otimismo seria tolice.

Um terceiro gesto com a varinha fez aparecer no ar uma garrafa empoeirada e seis copos. A garrafa se inclinou e serviu uma generosa dose de um líquido cor de mel em cada copo, que, então, flutuou até cada uma das pessoas na sala.

– É o melhor hidromel envelhecido em barris de carvalho por Madame Rosmerta.- explicou Dumbledore, fazendo um brinde a Harry.

Bebi o meu em um gole, minha garganta começou a arder um pouco, mas se pudesse beberia mais.

– Bom, Harry, Susie — disse o bruxo dirigindo-se a Harry e a mim.- Surgiu uma dificuldade que espero que vocês possam resolver para nós. Por nós, eu me refiro à Ordem da Fênix. Antes de mais nada, porém, preciso dizer-lhes que encontraram o testamento de Sirius há uma semana, e ele deixou todos os seus bens para vocês dois.

– Certo.- eu e Harry dissemos em uníssono.

– No geral, é um testamento bem simples. Irão acrescentar uma quantidade de ouro na conta de ambos e Susie ficara com os objetos pessoais de Sirius. A parte ligeiramente problemática do documento...

– O padrinho dele morreu? — perguntou Sr. Dursley, em voz alta, lá do sofá. Dumbledore e Harry se viraram para olhá-lo, e eu o olhei com fúria.- Morreu? O padrinho dele?

– Morreu.- confirmou Dumbledore.

Por que Harry por que não contara aos tios?.

– Nosso problema é que Sirius também deixou para que vocês decidissem quem ficaria com a casa número doze do Largo Grimmauld.

– Deixou uma casa para ele?.- perguntou Válter, ganancioso, apertando os olhos miúdos, mas ninguém lhe respondeu.

– Não somente para Harry, mas para mim também.

– E o que você seria menina? – pergunta Válter Dursley debochadamente.

– Filha do padrinho de Harry, filha de Sirius, acho que o senhor, Sr. Dursley presta bastante atenção nas coisas que lhe interessam.- Sr. Dursley me olha com desdém enquanto o menino loiro, Duda, me olha de um jeito estranho.

– Podem continuar a usar a casa como quartel-general — disse Harry.- Não me importo. Podem ficar com ela. Não a quero.

– A casa pode ficar para a Ordem, não vejo o menor problema. Mas depois se eu quiser usá-la poderei, certo? – pergunto.

– Sim claro, ambos os dois.- responde Dumbledore apressadamente.- É um gesto generoso de ambos, mas desocupamos o imóvel temporariamente.

– Por que? – pergunta Harry.

– Bem - respondeu Dumbledore, não dando atenção aos resmungos do Sr. Dursley.- Segundo a tradição da família Black, a casa passa ao descendente masculino mais próximo, em linha direta que tenha o nome Black. Sirius foi o último da linhagem, porque seu irmão mais novo, Régulo, faleceu antes, e Sirius teve Susie, mas ela é mulher. Embora o testamento deixe perfeitamente claro que Sirius desejava que a casa fosse de ambos, é possível que tenham lançado nela algum encantamento ou feitiço para garantir que não pertença a alguém de sangue impuro. Então a casa seria totalmente de Susie, mas ainda não temos certeza.

A imagem nítida do quadro da mãe de Sirius, minha avó, berrando e cuspindo, no corredor da casa número doze no Largo Grimmauld, passou pela minha cabeça, e também a cena da mesma me chamando de praga.

– Aposto que lançaram.- digo.

– Sem dúvida.- disse Dumbledore.- E, se tal encantamento existir, é muito provável que a propriedade da casa passe ao parente vivo mais velho de Sirius, ou seja, sua prima Bellatrix Lestrange.

– Não – quase grito.- Então se pode passar para ela, a casa é minha, sou filha de Sirius, como diz no testamento a casa é minha.

– Susie está certa, a casa é totalmente dela, Bellatrix não tem direito nenhum sobre ela.- Harry diz.

Dumbledore nos olha curioso, e depois continua a falar:

– Bem, é óbvio que também preferimos que ela não. A situação é bem complicada. Por exemplo, não sabemos se os encantamentos que nós mesmos lançamos sobre a casa, para impossibilitar sua localização, Harry, persistirão, agora que deixou de pertencer a Sirius. Bellatrix pode aparecer à porta a qualquer momento. É claro que fomos obrigados a nos mudar até termos esclarecido a nossa posição.

– Mas como é que vamos descobrir se eu e Harry temos direito a casa?

– Felizmente há um teste bem simples.- Dumbledore depositou o copo em cima de uma mesinha ao lado de sua poltrona, mas, antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, Válter berrou:

– Quer tirar essas porcarias de cima da gente?

Os três Dursley estavam encolhidos com os braços para o alto enquanto os copos batiam em suas cabeças, fazendo voar hidromel para todo lado.

– Ah, sinto muito.- disse Dumbledore, atencioso, e tornou a erguer sua varinha. Os três copos desapareceram.- Mas, sabem, teria sido mais educado aceitarem a bebida.

Pelo jeito, Válter Dursley estava explodindo de vontade de dar várias respostas malcriadas, mas apenas voltou a se afundar nas almofadas com Petúnia e Duda, sem dizer nada, nem tirar seus olhinhos de porco da varinha de Dumbledore.

– Entende se vocês tiverem de fato herdado a casa, também terá herdado...

Ele acenou com a varinha. Ouviu-se um forte estalo e apareceu, agachado no tapete peludo dos Dursley, um elfo doméstico, com um nariz focinhudo, grandes orelhas de morcego e enormes olhos avermelhados, vestido de trapos encardidos. Tia Petúnia soltou um urro de arrepiar os cabelos: não havia lembrança de nada imundo assim ter algum dia entrado em sua casa. Monstro estava parado em nossa frente.

– Que diabo é isso? – perguntou Sr. Dursley gritando.

– O Monstro.- apresentou Dumbledore.

– Monstro não quer, Monstro não quer. Monstro não quer — grasnou o elfo doméstico, berrando quase tão alto quanto o Válter Dursley, batendo no chão os pés nodosos e puxando as orelhas.- Monstro é da senhorita Bellatrix, ah, sim, Monstro é dos Black. Monstro quer sua nova dona, Monstro não quer o pirralho Potter, ou a praga que se diz Black, Monstro não quer, não quer, não quer...

– Como vocês estão vendo, Harry e Susie...- disse Dumbledore alteando a voz acima dos grasnidos ininterruptos do Monstro de “não quer, não quer, não quer”.- Monstro está demonstrando uma certa relutância em passar às suas mãos.

– Eu não me importo - repetiu Harry, olhando enojado para o elfo, que se contorcia e batia os pés.- Eu não o quero.

– Susie? – pergunta Dumbledore.

– Não quer, não quer, não quer...- Monstro repetia o que Harry disse.

– Você prefere que passe às mãos de Bellatrix Lestrange? Mesmo lembrando que ele morou todo o último ano no quartel-general da Ordem da Fênix?.- pergunto olhando para Harry com um pouco de raiva.- Monstro, quero que você vá trabalhar nas cozinhas de Hogwarts, com os outros elfos.

Monstros continuou resmungando, mas parará de se debater

– Monstro, cala a boca! – Harry provavelmente ficou nervoso com os resmungos de Monstros, o mesmo se calou.

Por um instante pareceu que o Monstro fosse engasgar. Levou as mãos à garganta, a boca ainda mexendo furiosamente, os olhos saltando das órbitas. Passados alguns segundos de engolidas em seco, ele se atirou de cara no tapete e bateu no chão com as mãos e os pés, entregando-se a um violento, mas silencioso, acesso de raiva.

– Bem, isto simplifica a questão.- disse Dumbledore animado.- Parece que Sirius sabia o que estava fazendo. Vocês dois são legítimos proprietários da casa número doze no Largo Grimmauld e de Monstro.

– Mas pode ter dois herdeiros? – pergunto.

– Claro que pode, Monstros pode obedecer a ordem de ambos, contanto que os dois estejam de acordo com o que pedir. Pois se um quer alguma coisa e o outro não, Monstro poderá ficar confuso e escolher apenas um dos dois.

Por um momento Harry me olha, mas eu não, continuo olhando para Dumbledore.

– Agora a questão do hipogrifo Bicuço...

– Quero que fique com Hagrid - digo rapidamente surpreendendo Harry.- Mas quero ir visitá-lo, se possível.

Dumbledore dá um sorriso e depois se vira para Harry.

– Bom, acho que terminamos por aqui – Dumbledore se vira desta vez para mim esticando suas mãos.- Levarei Susie para a casa dos Weasley.

– O que..? – pergunto confusa.

– Já tinha constatado seu tio antes e virmos para cá, suas malas provavelmente já estão lá.

Não acabo me importando muito com isso, afinal não queria mais ficar na casa dos trouxas Dursley ou muito próximo de Harry. O que me magoava em tudo isso é que em nenhuma vez ele quis me dizer alguma coisa sobre meu pai ou me perguntar se eu estava bem. Nem mesmo puxar assunto para ver como eu estava.

Eu adorava aparatar. Algumas pessoas se sentem enjoadas eu apenas me divirto.

Dumbledore me deixou na porta da casa dos Weasley, eu não ficava enjoada mas ficava tonta. Ouvi o cacarejo abafado de galinhas sonolentas vindo de um telheiro distante. Bati duas vezes na porta e me assustei com um voz nervosa vinda da porta.

– Quem é?.- quando ouvi novamente reconheci que era Sra. Weasley.- Identifique-se!

– Sra. Weasley, sou eu Susie, Dumbledore me trouxe.

A porta se abriu imediatamente. E apareceu Sra. Weasley, baixa e gorducha, usando um velho robe verde.

– Susie, minha pequena, que saudades!

Sra. Weasley me afogou em seus braços e eu senti que eu iria parar de respirar a qualquer momento, acabei soltando uma risada quando vi Tonks rindo da cena.

– Tonks!.- Sra. Weasley me largou para que eu pudesse abraçar Ninfadora Tonks, que agora eu considerava uma de minhas melhores amigas.

– Oi Susie.

Tonks havia mudado bastante nos últimos meses enquanto estive “desacordada”. Seus cabelos antes vivos e cheios de alegria agora estavam castanho sem vida.

– Susie? – uma cabeleira castanha passa correndo em minha direção, e eu sou vou me dar conta de que é Hermione quando ela se joga em cima de mim para um abraço.- Que saudades Susie, por onde esteve? E o que você fez com seu cabelo?.

– Mudanças, eu estava de mudanças.

Hermione deu um sorriso e me abraçou outra vez, sussurrando em meu ouvido:

– Eu sinto muito.

Um arrepio tomou conta de mim e a vontade de chorar também, mas apenas dei tapinhas em seu ombro e sorri.

– Vamos, suas malas já estão lá em cima, Rony deve estar morrendo de saudades de você.

– Duvido muito.- Hermione solta uma gargalhada que me faz rir.

Nem precisamos subir muito, encontro Rony no corredor e me jogo em cima dele, fazendo eu e o mesmo quase caírem.

– AÍ MEU DEUS EU VOU MORRER –Rony grita e eu caio na gargalhada.- Susie do céu, o que está fazendo aqui?

– Oras, vim passar o resto das férias com vocês.

– Espera, o que ouve com seu cabelo? – Rony arregala os olhos quando repara.

– Mudanças, amigo mudanças.- ajudo Rony a levantar e ele me encara.

– Você ficou parecida com Sirius.

Olho para Rony por alguns segundo, Hermione o cutuca mas acabo sorrindo.

– Tudo bem Mione, essa foi a intenção, quero ficar parecida com ele.

Os dois fazem silêncio com alguns segundos até Hermione me puxar pelo ombro.

– Vamos, você vai dormir comigo no quarto da Gina!

– Onde estão os gêmeos?.- pergunto sentindo falta de Fred e Jorge.

– A gente te explica amanhã, estou cansada quero dormir.

– Tudo bem sua chata – Hermione me dá um tapinha na cabeça e eu rio.- Boa noite Rony!

– Boa noite Su.

Quando entro no quarto Hermione me pede par falar baixo. Gina já havia dormido.

– Sua cama é a de baixo.- Hermione sussurra e eu concordo com a cabeça.

Troco de roupa rapidamente e me deito.

O dia amanhã ia ser bem cheio.

(....)

Passei a madrugada inteira acordada, eu não conseguia dormir nem mesmo se eu tentasse. Simplesmente não conseguia. Não conseguia tirar as imagens de minha cabeça. Sirius morrendo, seu enterro, Draco, minha mudança de cabelo, Harry.

Fiquei a noite inteira com o colar na mão e olhando a foto antiga de meus pais. Eu prometi a mim mesmo que eu não iria mas chorar, mas as vezes promessas devem ser quebradas.

Consegui cochilar um pouco, mas não por muito tempo. Acordei com uma bofetada de travesseiro de Gina.

– CACETE.- grito.

– Bom dia pra você também Su.

– Se um bom dia quer dizer acordar com uma “travesseirada” na cara eu dispenso.

– E aí como está?

– Com sono, sabe, até que eu...

– Não foi isso o que eu quis dizer.- encaro Gina por alguns segundos.

– Estou tentando ficar bem, não é isso o que as pessoas fazem quando perdem alguém?

Me levanto e troco de roupa, vou ao banheiro e me ajeito.

– Só pra constar, adorei o cabelo novo.- sorrio em agradecimento.

– Bom, acho que você vai conhecer alguém novo na casa, estou indo para o quarto dos gêmeos você vem?

– Tudo bem, mas, quem é essa pessoa nova?

– É a Fleuma, ela vai se casar com meu irmão Gui.

– Fleuma?.- pergunto confusa, que nome era aquele?.

– Na verdade é Fleur Delacour, aquela do torneiro tri-bruxo lembra? Pois é, ela vai se casar com meu irmão.

– Mas porque chama ela assim?

– Porque eu não a suporto, nem minha mãe, ela e aquele sotaquesinho Francês horrível, eca – Gina faz uma careta que eu rio.

Quando entramos no quarto dos gêmeos dou de cara primeiro com Rony e logo abro um sorriso, mas ele vai se apagando assim que vejo Harry sentado perto de Hermione.

– Não sei. Não pode ser pior do que a Umbridge, pode?

– Eu conheço alguém, que é pior do que a Umbridge.- Gina entra no quarto cortando o assunto.- Oi Harry.

– Oi Gina.- Harry se vira pra mim e me cumprimenta com um acena.- Olá Susie.

– Oi.- só digo isso apenas.

Gina, Hermione e Rony começaram a discutir sobre Fleur. Rony tentava defende-la quanto as duas falam mal de todas as maneiras que podiam, desde o jeito de falar até as coisas em que ela não fazia.

– Ah, vai, defende — retrucou Gina.- A gente sabe que você não se cansa dela.

– De quem vocês...? – Harry confuso foi perguntar o que estava acontecendo mas sua pergunta foi respondida rapidamente quando a porta do quarto se abriu.

Havia uma jovem parada no portal.Era alta e esguia, e tinha cabelos compridos e louros que davam a impressão de refletir um leve fulgor prateado. Para completar a visão, a jovem trazia uma pesada bandeja com o café da manhã de alguém, provavelmente Harry.

– Arry — disse com uma voz gutural.- Faz tante tempe!.

Quando cruzou o portal e foi em direção a Harry, a Sra. Weasley surgiu logo atrás, parecendo muito aborrecida.

– Não precisava trazer a bandeja. Eu mesma já vinha trazer!

– Nam foi trrabalhe nenhum.- disse Fleur Delacour, apoiando a bandeja nos joelhos de Harry e curvando-se num movimento ágil para lhe dar um beijo em cada bochecha. Harry começou a ficar vermelho e eu não podia deixar de rir.

– Estave doide parra verr ele. Lembrra minhe irman, Gabrielle? Não parra de falarr em Arry Potter. Vai ficarr encantade de reverr você.

– Ah... ela também está aqui?.- grasnou Harry.

– Nam, nam, bobin — retrucou Fleur com um sorriso.- Querr dizerr ne prróxime verrão, quande nós... mas você ainde nam sabe?

Seus grandes olhos se arregalaram e, com ar de censura, fixaram a Sra. Weasley, que disse:

– Ainda não tivemos tempo de contar.

Fleur voltou sua atenção para Harry, sacudindo a cabeleira prateada contra o rosto da Sra. Weasley.

– Gui e eu vamos nos casar!

– Ah! - exclamou Harry sem entender.- Uau. Ah... felicidades!

Fleur deu outro mergulho para beijá-lo outra vez.

– Gui stá muite ocupade ne momente, trrabalhande muite, eu só trrabalho parrte de dia ne Grringotes parra melhorrar meu inglês, entam ele me trrouxe prra passarr uns dies e conhecerr a família dele dirreite. Fique tam feliz que você vinhe... nam tem muite que fazerr aqui se a gente nam goste de cozinha e galinhes! Beim: bom apetite, Arry!

E, dizendo isso, ela se virou graciosamente, como se flutuasse, e saiu do quarto, fechando a porta sem fazer ruído.

– Mamãe detesta ela.- comentou Gina baixinho.

– Eu não detesto a moça! — protestou a Sra. Weasley num sussurro irritado.- Acho que se apressaram demais para noivar, só isso.

– Eles já se conhecem há um ano.- justificou Rony.

Todos os Weasley no recinto falam de Fleur, eu me sentia incomodada com aquilo. Quero dizer, como pessoas podem ser contra o casamento de pessoas que se amam? Aquilo era injusto e louco. Mas como eu não fazia parte daquilo permaneci calada até tocarem em um assunto um tanto “forte”.

– A mamãe vai dar um basta nessa história, se puder, aposto o que você quiser.

– E como ela vai conseguir isso?.- perguntou Harry.

– Ela não para de convidar a Tonks para almoçar. Acho que tem esperança de que Gui se apaixone por ela. Torço para que isso aconteça, prefiro muito mais a Tonks em nossa família.

– Estou mesmo vendo isso acontecer — comentou Rony com sarcasmo. — Escute aqui, nenhum cara com o juízo perfeito vai preferir a Tonks se a Fleur estiver por perto. Quero dizer, a Tonks é legal quando não faz bobagens com o cabelo e o nariz, mas...

– Ela é muito mais bonita do que a Fleuma.- teimou Gina.

– E é mais inteligente, é uma auror!.- falou Hermione lá do seu canto.- Sem contar que é super sem educação, nem se deu ao trabalho de cumprimentar a Susie.

– Eu não me...

– A Fleur não é burra, teve mérito suficiente para participar do Torneio Tribruxo.- disse Harry totalmente me cortando.

– Ah, você também, Harry?.- exclamou Hermione desapontada.

– Suponho que você goste do jeito com que a Fleuma diz “Arry”, é isso?.- perguntou Gina com desprezo.

– Não — respondeu Harry meio sem jeito.- Eu só estava dizendo que a Fleuma, quero dizer, a Fleur...

– Pois eu prefiro ter a Tonks na nossa família. Pelo menos ela é divertida.- diz Gina por fim.

– Eí, isso não é certo, não agora Tonks está triste, por alguma coisa, vocês acham mesmo que ela vai ter tempo de ser apaixonar por alguém?

– Susie está certa, ela não tem sido muito divertida ultimamente.- disse Rony.

– Todas as vezes que a vi, estava parecendo mais a Murta-Que-Geme.

– Isto não é justo.- protestou Hermione rispidamente.- Ela ainda não superou o que aconteceu... sabe... quero dizer, ele era primo dela!

Tinham chegado a Sirius. Minha respiração começou a ficar pesada enquanto eu observada Harry encher a boca de ovos mexido.

– Tonks e Sirius mal se conheciam! — lembrou Rony.- Sirius esteve preso em Azkaban metade da vida dela e antes disso as famílias dos dois nem se encontravam...

– A questão não é essa.- disse Hermione.- Ela acha que foi a responsável pela morte de Sirius!

– E como é que ela chegou a essa conclusão?.- perguntou Harry, mesmo sem querer.

– Bem, ela estava enfrentando Bellatrix Lestrange, concorda? A minha impressão é que Tonks sente que, se a tivesse liquidado, Bellatrix não poderia ter matado Sirius.

– Que idiotice.- comentou Rony.

– É o sentimento de culpa de quem sobrevive. Sei que Lupin tentou argumentar, mas ela continua deprimida. Está tendo até problemas para se metamorfosear!

– Para o quê...?

– Não consegue mais mudar a aparência como costumava fazer — explicou Hermione.- Acho que os poderes dela devem ter sido afetados pelo choque ou coisa do gênero.

– Como a Susie? – Harry finalmente se direcionou a mim, mas eu apenas me levantei e fui embora.

Eu não queria mas falar sobre aquilo, ou até mesmo escutar. Falar sobre qualquer coisa relacionada a meu pai não me fazia bem. Eu era fraca, eu fugia, eu não podia ser assim. Porque para os outros eu sou confiante mas na hora eu acabo fugindo?.

Saio bruscamente da casa dos Weasley ficando no quintal, Fleur que estava na cozinha olha horrorizada para mim por ter batido com força na porta, quase a fazendo quebrar. Eu queria fugir para qualquer lugar. Acho que era melhor ter ficado com Lupin e ter ajudado Tonks.

Para ser honesta eu sabia que ela estava mal, mas não sabia que era por Sirius. Não era apenas eu que estava com problemas.

Sento na grama meio úmida e fico olhando para o céu. Observar o movimento das nuvens era relaxante. Até quando as imagens em minha cabeça voltam.

Escuto passos a trás de mim, mas não me dou ao trabalho de olhar para trás. Eu sabia que era Harry.

– Oi – ele diz sentando-se ao meu lado.- Tudo bem?.

– Perguntar isso agora seria um pouco idiota da sua parte não acha?.

– Susie, olha eu sinto muito, me desculpa por não ter estado com você, ainda dói para mim ter que admitir.

– Dói? Realmente dói Harry? Eu fiquei sozinha, ninguém veio me ver. Agora todos acham que eu vou voltar a ser a mesma, sinto muito mas eu não consigo. Sabe o que realmente dói? Saber que mesmo depois disso tudo você não se importa comigo.

– Se eu não me importasse acha mesmo que eu estaria aqui?.- Harry pergunta calmamente. E eu o encaro com os olhos já marejados.

– Você não foi me visitar no hospital.

– Susie eu fiquei com medo tudo bem? Feliz? Eu fiquei com medo de olhar pra você. Não sabia como você ia reagir, não sabia o que ia acontecer, então eu me isolei. Aquela foi minha forma de não tentar pensar, só de olhar pra você eu me lembro de Sirius, ainda mais agora.

Olhei para meus pés e chorei, dessa vez apenas deixei as lágrimas caírem. Eu fui egoísta demais. Pensei em meus sentimentos e não nos de Harry. Como eu podia ter feito aquilo?.

Abracei Harry com tanta força que pensei que iria matá-lo enforcado.

– Me desculpa, Harry eu sinto muito e que eu me sinto tão sozinha.

– Eu sei como é, mas ao menos tem Lupin.- me solto de Harry e limpo meu rosto.

– Lupin me acolheu como antes, e eu sou grata a ele por isso. Mas eu me acostumei tanto com a idéia de Sirius.

Harry segura minha mão e eu sorrio, um sorriso fraco mas compreensivo. Nós dois estávamos sozinhos, não totalmente mas nós nos sentíamos assim por falta de pais. Nós dois nos levantamos ainda de mãos dadas, Harry vai me falando no caminho até a casa dos Weasley sobre as coisas que perdi enquanto eu estive no St. Mungus.

Harry me contou que Chester e Rosemary tiveram que depor no Ministério sobre seus pais logo depois que fui para o hospital. Draco também, e quando ele disse isso senti um aperto no coração. Depois de várias investigações, e depois de morto, o Ministro inocentou meu pai. Eu senti um ódio mortal daquilo, quero dizer, meu pai perdeu metade da vida dele trancado em um lugar que era pra estar outra pessoa.

– E também Simas e um tal de Andrew ficaram mandando cartas para Rony e Hermione perguntando como você estava.

– Bem, estou viva, apenas com algumas costelas ainda meio doloridas.

– Sabe, esse seu novo visual te deixou mais...- Harry ri.

– Me deixa mais o que Sr. Potter?

– Te deixa mais marota e mais a Susie, ou seja você mesma.

Bagunço seus cabelos e ele faz careta.

– Bom é a vida, talvez essa seja minha verdadeira aparência.

Entramos na casa e fui direto para a cozinha comer alguma coisa, Gina estava conversando com Hermione, Rony logo veio falar com Harry e Sra. Weasley estava falando alguma coisa para Fleur fazer direito.

Me sentei e comi uma torrada.

Bom, acho que o resto de minhas férias será bem agitada.


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Notas finais do capítulo

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