A Menina de Olhos Cinzentos II escrita por almofadinhas


Capítulo 23
Sozinha, Novamente no Escuro.


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal, hoje é a postagem do capítulo mais difícil para mim, acreditem eu chorei escrevendo, eu não estava e ainda não estou preparada para isso e acho que vocês também não.
Por favor tragam lencinhos e panos para este capítulo, vocês vão precisar o capítulo é bem longo, e o final nem se fala.
Com amor Almofadinhas.
PS: O TITULO JÁ FERRA COM VOCÊ ANTES MESMO DE VOCÊ LER!!.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/426472/chapter/23

Vários vultos pretos começaram a aparecer ao nosso lado, bloqueando nossos meios de escapar. Comensais da Morte começaram a rir, os olhos de todos brilhavam na fenda dos capuzes. Uma voz estridente de mulher, no meio das figuras sombrias à esquerda de Harry, disse triunfante:

– O Lorde das Trevas sempre tem razão!

– Sempre.- repetiu Malfoy suavemente.- Agora, me dê a profecia, Potter.

– Eu quero saber onde está o Sirius!.- Harry disse.

Enquanto Lúcio Malfoy e Harry discutiam abertamente, a minha volta e a volta dos outros vários Comensais se aproximavam, eles estavam prontos para atacar a qualquer momento.

– Eu quero saber onde está o Sirius!.- imitou a mulher à esquerda.

– Vocês o pegaram.- disse Harry.- Ele está aqui. Eu sei que está.

– O bebezinho acordou com medo e pensou que seu sonho era realidade.- disse a mulher numa horrível imitação de voz de bebê. Harry sentiu Rony se mexer ao seu lado, pois eu também me mexi.

– Não faça nada.- murmurou Harry.- Ainda não...

A mulher que o imitara soltou uma gargalhada rouca me fazendo saltar de susto.

– Vocês o ouviram? Vocês o ouviram? Dando instruções às outras crianças como se pensasse em nos enfrentar!

– Ah, você não conhece Potter como eu, Bellatrix.- disse Malfoy mansamente.- Ele tem um grande fraco por heroísmos: o Lorde das Trevas conhece essa mania dele. Agora me entregue a profecia, Potter.

– Hermione, você estava certa.- sussurro para a mesma, mas Hermione me ignora.

– Eu sei que Sirius está aqui.- disse Harry. – Eu sei que vocês o pegaram!

Mais Comensais da Morte riram, embora a mulher risse mais alto que todos.

Eu estava começando a perder a paciência e a calma.

– Já está na hora de você aprender a diferença entre vida e sonho, Potter – disse Malfoy.- Agora me entregue a profecia, ou vamos começar a usar as varinhas.

– Use, então – disse Harry, erguendo a própria varinha à altura do peito.

Ao fazer isso, as seis varinhas de Rony, Hermione, Neville, Gina, Luna e a minha se ergueram a cada lado dele.

Mas os Comensais da Morte não atacaram.

– Entregue a profecia e ninguém precisará se machucar.- disse Malfoy tranquilamente.

Foi a vez de Harry rir.

– É, certo! Eu lhe entrego essa... profecia é? E o senhor nos deixa ir embora para casa, não é mesmo?

As palavras ainda não haviam acabado de sair de sua boca quando a Comensal mulher gritou:

Accio prof...

Disse bem baixo um "Protego" antes que ela terminasse de lançar o feitiço, e, embora a esfera de vidro tivesse escorregado para a ponta dos dedos, de Harry, ele conseguiu segurá-la.

– Obrigada.- murmurou e eu assenti.

– Ah, ele sabe brincar, o bebezinho Potter.- disse a mulher, seus olhos desvairados encarando-o pelas fendas do capuz, ela não percebeu que havia sido eu quem havia lançado o feitiço.- Muito bem, então...

– EU JÁ DISSE A VOCÊ, NÃO! - berrou Lúcio Malfoy para a tal Bellatrix.- Se você quebrá-la...!

A mulher se adiantou, afastando-se dos companheiros, e tirou o capuz. Azkaban descarnara o rosto de Bellatrix Lestrange, tornando-o feio e escaveirado, mas estava vivo com um fulgor fanático e febril.

– Olha só o que temos aqui, se não é uma Black.

– Olha só se não temos uma Lestrange, ou devo dizer traidora?.- respondo como ela, debochadamente.

Bellatrix avança alguns passos para frente com um olhar ameaçador mas Lúcio coloca a mão em seu ombro a fazendo recuar, Harry segura meu braço esquerdo e sussurra em um ouvido:

– Não os provoque.

– Você terá de quebrar isto se quiser atacar um de nós.- disse Harry a Bellatrix.- Acho que o seu chefe não vai ficar muito satisfeito se você voltar sem a esfera, ou vai?

Ela não se mexeu, meramente encarou-o, umedecendo a boca fina com a ponta da língua.

– Então – disse Harry.- afinal que profecia é essa de que estamos falando?

– Que profecia?.- repetiu Bellatrix, o sorriso se apagando do rosto.- Você está brincando, Harry Potter.

– Não, não estou brincando.- disse Harry, seu olhar saltando de um Comensal da Morte para outro, procurando um elo fraco, uma brecha por onde escapar.- Por que Voldemort a quer?

Vários Comensais da Morte deixaram escapar assobios baixinho.

– Você se atreve a dizer o nome dele?.- sussurrou Bellatrix.

– Claro.- disse Harry, mantendo as mãos firmes na esfera de vidro, esperando um novo ataque para tirá-la dele.- Claro, não tenho problema algum em dizer Vol...

– Cale a boca!.- gritou Bellatrix.- Você se atreve a dizer o nome dele com a sua boca indigna, você se atreve a manchá-lo com a sua língua mestiça, você se atreve...

– Você sabia que ele também é mestiço? - disse imprudentemente. Hermione gemeu em sua orelha.- Voldemort? É, a mãe dele era bruxa mas o pai era trouxa: ou será que ele andou dizendo para vocês que é puro-sangue?

– Harry como você...- antes de eu terminar fui interrompida.

ESTUPEF...

– NÃO!

Um jato de luz vermelha saíra da ponta da varinha de Bellatrix, mas Malfoy o desviou, o feitiço dele fez a bruxa bater na prateleira a menos de meio metro à esquerda de Harry e várias esferas de vidro se estilhaçaram.

Dois vultos, branco-perolados como fantasmas, fluidos como fumaça, subiram em espirais dos cacos de vidro no chão e começaram a falar, suas vozes competiam entre si, de modo que se ouviam apenas fragmentos do que diziam em meio aos gritos de Malfoy e Bellatrix. Eles diziam alguma coisa mas eu não escutava nada, apenas observava Lúcio Malfoy e Bellatrix discutindo sobre a tal esfera.

Depois de tudo isso acabar Harry, Lúcio e Bellatrix começaram uma nova “discussão”, enquanto isso, eu, Gina, Hermione, Neville, Luna e Rony ficávamos com nossas varinhas levantadas para qualquer caso de perigo.

Um dos Comensais começou a rir, e eu virei minha varinha em sua direção.

– Susie, Susie, Susie, a tolinha Black.

– O que?.

– Não reconhece o assassino de sua família quando o vê?.

A figura tirou o capuz e eu prendi a respiração, era Travers.

– Esperei por este dia por anos.

– Susie, o que...- Luna começou a falar, e eu apertei sua mão.

– Não, eu não tenho medo de você.- digo querendo parecer confiante, mas não obtenho sucesso.

– Claro que não, mas sei que sua alma tem.

Olhei para ele confusa, então me dei conta de que estava segurando as mãos de Luna com muita força, eu as soltei, nos duas não dissemos nada.

– ....quando eu disser agora...- Harry disse baixo para nós.

Chegou a hora, eu sabia que estava na hora de lutar.

– AGORA!.- berrou Harry.

As seis vozes diferentes bradaram às suas costas: "REDUCTO!".

Seis feitiços voaram em diferentes direções, e as prateleiras defronte explodiram ao serem atingidas, a enorme estrutura balançou ao mesmo tempo que cem esferas de vidros estouraram, vultos branco-perolados se desdobraram no ar e flutuaram, suas vozes ecoando de um passado já morto, em meio a uma chuva de estilhaços de vidro e madeira que agora caía no chão.

– CORRAM!.- berrou Harry, quando as prateleiras balançaram precariamente e mais esferas de vidro começaram a cair. Ele agarrou as vestes de Hermione e a puxou para a frente, erguendo um braço para proteger a cabeça dos cacos de vidro que estrondeavam sobre eles. Rony fez o mesmo com a irmã enquanto eu corria ao lado de Luna e Neville. Um Comensal da Morte atirou-se contra eles através da nuvem de poeira e Harry lhe deu uma cotovelada com força no rosto mascarado; todos berravam, havia gritos de dor e estrondos de prateleiras desabando sobre nós.

Um Comensal segurou meu braço me jogando com força no chão, bati minha cabeça e deduzi que um ser com tanta violência só podia ser Travers, e eu não errei.

ESTUPEFAÇA.

Travers foi lançado para trás, mas levantou rápido, Neville me ajudou a levantar e voltamos a correr.

– Susie, sua cabeça...- não deixo Luna completar.

– Eu sei, está rosa.

– Não está sangrando.

Tentei não pensar no que Luna havia dito e voltamos a correr.

Harry encontrou livre o caminho à frente e viu Rony, Gina e Luna passarem correndo por ele, os braços sobre a cabeça, alguma coisa pesada golpeou sua face, mas ele meramente abaixou a cabeça e continuou a correr; uma mão agarrou-o pelo ombro, ele ouviu Hermione gritar: "ESTUPEFAÇA!". A mão o soltou imediatamente.

Estavam no fim da fileira noventa e sete, Harry virou à direita e começou a correr a toda velocidade, ouvia passos logo atrás e a voz de Hermione apressando Neville, diretamente à frente, a porta por que haviam passado estava entreaberta, Harry viu a luz faiscante do vidro em forma de sino, e mandou todos entrarem, ele cruzou a porta de um salto, a profecia ainda estava a salvo em sua mão, e esperou os outros passarem pela porta antes de batê-la.

Colloportus!.- exclamou Hermione, e a porta se lacrou com um estranho ruído de esmagamento.

– Onde... onde estão os outros?.- ofegou Harry.

Pensara que Rony, Luna e Gina tinham ido mais à frente, que estariam à espera nesta sala, mas não havia ninguém. Apenas, Neville, Hermione, Harry e eu.

– Eles devem ter tomado o caminho errado!.- sussurrou Hermione, o terror em seu rosto.

– Não, isso não pode.

– Escute!.- murmurou Neville.

Passos e gritos ecoavam do outro lado da porta que Hermione tinha acabado de lacrar, Harry encostou o ouvido à porta, fiz o mesmo para escutar melhor e ouvimos Lúcio Malfoy berrar:

– Deixe, Nott, deixe-o aí: os ferimentos dele não significarão nada para o Lorde das Trevas diante da perda da profecia. Jugson, volte aqui, precisamos nos organizar! Vamos nos dividir em pares e fazer uma busca, e não se esqueçam, sejam gentis com Potter até termos a profecia, podem matar os outros se precisarem. Bellatrix, Rodolfo, vocês vão para a esquerda; Crabbe, Rabastan, Travers para a direita, Jugson, Dolohov, pela porta em frente. Macnair e Avery, por aqui... Rookwood lá... Mulciber, venha comigo!

– Que faremos?.- perguntou Hermione a Harry.

– Bom, para começar, não ficaremos aqui parados esperando eles nos encontrarem. Vamos nos afastar desta porta.

Corremos o mais silenciosamente que conseguimos, passamos pelo sino fulgurante onde o minúsculo ovo incubava e desincubava, em direção à saída para a sala circular ao fundo. Estavam quase chegando quando ouvimos uma coisa pesada colidir contra a porta que Hermione fechara com um feitiço.

– Afastem-se!.- disse uma voz ríspida.- Alorromora!

Quando a porta se escancarou, eu, Harry, Hermione e Neville mergulhamos embaixo de escrivaninhas. Podiam ver a barra das vestes de dois Comensais da Morte que se aproximaram, seus pés se movendo com rapidez.

– Eles podem ter corrido direto para o corredor.- falou a voz rascante.

– Veja embaixo das escrivaninhas.- disse outra e eu gelei.

Os joelhos dos Comensais da Morte se dobraram, metendo a varinha para fora, eu gritei:

ESTUPEFAÇA!

Um jato de luz vermelha atingiu o Comensal da Morte mais próximo, ele tombou para trás em cima de um relógio de pêndulo, derrubando-o.

– SUSIE, ATRÁS DE VOCÊ.- Hermione gritou.

– AVA...

– OBSCURO.

– PROTEGO.

– ESTUPEFAÇA.

– CRUCIO.

– PROTEGO.

Aquele ela Crabbe, provavelmente seu filho deveria ter falado muito bem de mim a ponto de querer me matar.

– ESTUPEFAÇA.- dessa vez não consegui desviar e fui arremessada para trás, batendo minha cabeça contra a parede.

– AVADA K...

– ESTUPEFAÇA.- Crabbe foi arremessado para longe, e agradeci Neville novamente por te me ajudado.

Então tudo começou a acontecer rápido demais.

Hermione acabara de silenciar um Comensal ao meu lado, eu sorri ao ver minha amiga fazer aquilo. Mas chamas roxas cortaram o peito de Hermione de lado a lado. Ela soltou uma exclamação mínima como alguém surpreso e desmontou no chão, onde permaneceu imóvel.

– HERMIONE! – gritei.

Harry em seguida caiu de joelhos ao seu lado e Neville se arrastou rapidamente de baixo da escrivaninha em direção à amiga, a varinha erguida à frente. O Comensal da Morte deu um forte chute na cabeça de Neville quando ele ia saindo,seu pé partiu a varinha do garoto em dois e atingiu seu rosto. Neville soltou um uivo de dor e se encolheu, agarrando o nariz e a boca. Levantei com força e raiva e parti com tudo em cima dele, Antônio Dolohov, o bruxo que assassinara os Prewett acabara de ser socado e estuporado por mim.

Harry olhou para mim horrorizado.

O Comensal da Morte de cabeça de bebê apareceu no portal, a cabeça berrando, os enormes punhos ainda se agitando a esmo para tudo ao seu redor. Harry aproveitou a oportunidade:

PETRIFICUS TOTALUS!

– Hermione – disse Harry imediatamente, sacudindo a cabeça dela enquanto o Comensal da Morte de cabeça de bebê sumia outra vez de vista.- Hermione, acorde...

– Guefoigue ele fez com ela?.- perguntou Neville saindo de baixo da escrivaninha e se ajoelhando do outro lado, o sangue escorrendo sem parar do nariz que inchava rapidamente.

– Não sei...

– Por favor, diga que ela não morreu, por favor.- eu estava quase chorando, na verdade eu estava chorando.

Neville procurou o pulso de Hermione.

– Dem bulsação, Harry, denho cerdeza gue é.

Uma onda tão grande de alívio invadiu meu peito.

– Ela está viva?

– Dá, acho que dá.

– Neville, não estamos longe da saída - sussurrou Harry.- estamos bem do lado da sala circular, se pudermos atravessá-la e descobrir a porta certa antes que outros Comensais da Morte apareçam, aposto como você pode carregar Hermione pelo corredor e tomar o elevador... depois você podia procurar alguém... dar o alarme... enquanto eu e Susie...

– E gue é gue você vai fazer?.- perguntou Neville, enxugando o nariz sangrento na manga e franzindo a testa para Harry.

– Tenho de procurar os outros.

– Endão, vou brocurar com você.- disse Neville com firmeza.

– Mas Hermione...- digo e Neville me corta.

– Levamos com a gente.- contrapôs Neville, decidido.- Caeego Hermione... você luda melhor gom eles gue eu...

Ele ficou em pé e segurou um braço da garota, olhando para mim, agarrei o outro braço e ajudei a guindar o corpo inerte de Hermione para os ombros de Neville. Mas antes que pudéssemos decidir quanto ao caminho a experimentar, uma porta se escancarou à sua direita e três pessoas despencaram por ela.

–Rony!.- exclamou Harry rouco, correndo para os amigos.- Gina... você está...?

– Harry - disse Rony rindo frouxamente, se atirando para a frente, agarrando as vestes de Harry e fixando nele os olhos desfocados.- ah, aqui está você... ha ha ha... está com a cara engraçada Harry... está todo amarrotado...

O rosto de Rony estava muito pálido e uma coisa escura escorria do canto de sua boca. No momento seguinte, seus joelhos cederam, mas ele continuou agarrado às vestes de Harry, fazendo-o se inclinar numa espécie de reverência.

– Gina?.- disse Harry receoso.- Que aconteceu?

Mas Gina sacudiu a cabeça e escorregou pela parede até se sentar, ofegando e segurando o tornozelo.

– Acho que ela quebrou o tornozelo, ouvi alguma coisa rachando.- sussurrou Luna, que se curvava para a garota e era a única que parecia inteira. Na verdade os que pareciam mais inteiros eram Harry e Luna.

– Quatro deles nos perseguiram por uma sala escura cheia de planetas, era um lugar muito esquisito, parte do tempo ficamos só flutuando no escuro...

– Harry, vimos Urano de perto! - disse Rony, ainda dando risadinhas frouxas.- Sacou, Harry? Vimos Urano... ha ha ha...

Uma bolha de sangue apareceu no canto da boca de Rony e estourou.

–... então, um deles agarrou o pé de Gina, eu usei o Feitiço Redutor e explodi Plutão na cara dele, mas...

Luna fez um gesto desanimado para Gina, que respirava superficialmente, seus olhos ainda fechados.

– E o Rony?.- perguntei preocupada, Rony não parava de rir.

– Não sei com que o acertaram — respondeu Luna triste.- mas ficou meio esquisito, mal consegui fazê-lo nos acompanhar.

– Harry - disse Rony puxando o ouvido do amigo para perto de sua boca, e continuando a rir.- sabe quem é essa garota, Harry? Ela é a Di-lua... Di-lua Lovegood... ha ha ha...

– Temos de sair daqui — disse Harry com firmeza.- Luna, você pode ajudar a Gina?

– Claro.- respondeu ela, enfiando a varinha atrás da orelha para guardá-la, e passando o braço pela cintura da amiga para levantá-la.

– É só o meu tornozelo, posso fazer isso sozinha!.- disse Gina impaciente, mas no momento seguinte desabou para o lado e agarrou Luna para se apoiar.

Mas não tivemos chances nem de pensar por onde começar, eu e Neville caímos no chão junto com o corpo mole de Hermione e eu fui atingida em cheio pelo feitiço obscuro.

Eu escutava feitiços e algumas coisas caída no chão, meu grito impregnava a sala inteira, eu me debatia no chão com força enquanto algum Comensal me arrastava pelo cabelo.

– Pegamos um tesouro.- o Comensal pegou a varinha que estava em minha mão.

– Preciso dela.

– ME LARGA.- mordi uma pele que segurava meu pescoço, o mesmo me largou e eu sai correndo mas alguém me empurro e eu cai de cara no chão, senti um “crack” e meu nariz começou a doer e a sangrar.

Novamente a mão segurava meu pescoço, eu ainda não conseguia enxergar nada, mas a dor, ódio, raiva, medo que sentia falavam mais alto sobre meu corpo.

– Potter, terminou a sua corrida.- disse a voz arrastada de Lúcio Malfoy.- agora me entregue a profecia como um bom menino.

– Mande... mande os outros embora e a entregarei ao senhor! — disse Harry desesperado.

Alguns Comensais da Morte soltaram risadas e eu voltei a ver.

Travers me segurava, eu estava ao lado de Lúcio e de frente para Harry, o mesmo me olhava horrorizado.

– Você não está em posição de barganhar, Potter.- disse o bruxo, seu rosto pálido corado de prazer.- Como vê, há dez de nós contra você sozinho... ou será que Dumbledore nunca lhe ensinou a contar?

– Ele não está sozinho!.- gritou uma voz do alto.- Ainda tem a mim!

Neville estava descendo os degraus de pedra em direção a eles, a varinha de Hermione apertada na mão trêmula.

– Neville... não... volte para o Rony.

– ESDUBEVAÇA!.- gritou Neville outra vez, apontando a varinha para cada um dos Comensais da Morte.- ESDUBE! ESDUB...

Um dos Comensais mais corpulentos agarrou Neville por trás e prendeu seus braços dos lados do corpo. O garoto se debateu e chutou; vários Comensais da Morte riram.

– É o Longbottom, não é?.- perguntou Lúcio Malfoy desdenhoso.- Bom, sua avó está acostumada a perder membros da família para a nossa causa... sua morte não será nenhum choque...

– NÃO!.- gritei.

– Longbottom?.- repetiu Bellatrix, e um sorriso realmente maligno iluminou o seu rosto ossudo.- Ora, tive o prazer de conhecer seus pais, garoto.

– SEI QUE DEVE!.- urrou Neville, e se debateu com tanta força contra o abraço do seu captor que o Comensal exclamou:

– Alguém quer estuporar este garoto!

– Não, não, não.- pediu Bellatrix. Ela parecia arrebatada, viva de excitação ao olhar para Harry e depois para Neville e logo em seguida a mim.- Não, vamos ver quanto tempo Longbottom resiste antes de enlouquecer como os pais...a não ser que Potter nos entregue a profecia.

– NÃO DÊ A ELES!.- bradou Neville, que parecia fora de si, chutando e se contorcendo ao ver Bellatrix se aproximar dele e de seu captor, com a varinha erguida.- NÃO DÊ A ELES, HARRY!

Belatriz ergueu a varinha.

Crucio!

Neville gritou, as pernas erguidas contra o peito de modo que o Comensal da Morte que o prendia segurou-o momentaneamente fora do chão. O homem largou-o e ele caiu, se torcendo e gritando em tormento.

– NÃO, PARE, PARE COM ISSO.- gritei, mas não adiantou de nada.

– Sabe Bellatrix, acho que podemos brincar com essa daqui também.- Travers me levanta pelo pescoço e eu fico sem ar, Bellatrix ri.

– Foi só um aperitivo!.- exclamou Bellatrix, erguendo a varinha e assim interrompendo os gritos de Neville, deixando-o soluçante a seus pés. Ela se virou e olhou para mim.- Agora, Potter, ou nos entrega a profecia ou vai ver o seu amiguinho morrer sofrendo e sua doce amiga aqui ser morta rapidamente.

Harry não pensou, estendeu a mão e entregou a Malfoy que se adiantou depressa para recebê-la.

Travers me jogou no chão e eu cai ao lado de Neville, Harry me ajudou a ficar sentada. Minha respiração estava ofegante.

Então, no alto, mais duas portas se escancararam e mais cinco pessoas entraram correndo na sala: Sirius, Lupin, Moody, Tonks e Quim.

Malfoy se virou e ergueu a varinha, mas Tonks já disparara um Feitiço Estuporante nele. Eu e Harry mergulhamos para longe do estrado e dos disparos. Os Comensais da Morte foram completamente distraídos pela aparição dos membros da Ordem, que agora faziam chover feitiços sobre os adversários enquanto saltavam degrau por degrau em direção ao poço. Através dos corpos que voavam e dos lampejos, vi Neville se arrastando. Ele se desviou de mais um jato de luz vermelha e se atirou de corpo inteiro no chão para nos alcançar.

– Você está o.k.?.- Harry berrou, quando voou mais um feitiço a centímetros de suas cabeças.

– Dou.- disse Neville tentando se levantar.

– E Rony?

– Acho gue esdá bem, ainda esdava ludando com o cérebro guando vim...

O piso de pedra entre nós explodiu ao ser atingido por um feitiço que produziu uma cratera onde a mão de Neville estivera segundos antes, nós saímos depressa dali, o braço de Harry envolvido em minha cintura tentando me ajudar a andar, enquanto eu tentava ver meu pai, ver se ele estava bem. Então um braço grosso se materializou e agarrou Harry pelo pescoço, pondo-o de pé de tal modo que seus pés mal tocavam o chão, e eu caí no chão ao seu lado.

– Me dê isso.- rosnou uma voz em sua orelha.- me dê a profecia...

O homem apertava tanto sua traqueia que Harry não conseguia respirar.

Não pensei duas vezes e procurei por alguma coisa, uma varinha. Me arrastei até o meio da batalha, achei uma varinha qualquer e joguei para Harry que pegou na hora, lançando o feitiço sobre o Comensal:

ESTUPEFAÇA!

O Comensal da Morte tombou de costas e sua máscara caiu: era Macnair, o quase carrasco de Bicuço, um dos seus olhos agora inchado e injetado.

– Obrigado!.- disse Harry para mim me ajudando a levantar novamente.

Sirius e um Comensal da Morte passaram por nós, duelando com tanta ferocidade que suas varinhas pareciam borrões, então, o pé de Harry bateu em alguma coisa redonda e dura e ele escorregou. Era o olho de Moody rolando pelo chão, quase gritei de susto.

Seu dono estava deitado de lado, a cabeça sangrando, e o atacante agora avançava para Harry e Neville: Dolohov, seu rosto pálido e comprido torcido de prazer.

Tarantallegra! – gritou ele, a varinha apontada para Neville, cujas pernas iniciaram imediatamente um sapateado frenético, que o desequilibrou e o fez cair de novo no chão.- Agora, Potter...

Ele fez o mesmo movimento cortante com a varinha que usara contra Hermione na hora em que Harry berrou:

Protego!

O garoto sentiu alguma coisa correr de um lado a outro de seu rosto como uma faca cega, a força do golpe derrubou-o para o lado e ele caiu em cima das pernas dançantes de Neville, e de mim, mas o Feitiço Escudo impedira o feitiço de se completar.

Dolohov tornou a erguer a varinha.

Accio prof...!

Sirius se precipitara de algum lugar, batera em Dolohov com o ombro fazendo-o voar para longe. A profecia mais uma vez escorregara para as pontas dos dedos de Harry, mas ele conseguiu retê-la. Agora Sirius e Dolohov duelavam, suas varinhas cortando o ar como espadas, faíscas voando de suas pontas. Dolohov puxou a varinha para fazer o mesmo movimento cortante que usara contra Harry e Hermione. Pondo-se em pé de um salto, Harry berrou:

Petrificus Totalus!.- mais uma vez, os braços e pernas de Dolohov se juntaram e ele adernou para trás, caindo com estrondo.

– Boa!.- gritou Sirius, empurrando a cabeça de Harry para baixo quando uns dois Feitiços Estuporantes voaram em direção a eles.- Agora quero que vocês saiam d...

Acabamos nos abaixando, um jato de luz verde quase atingiu Sirius. Do outro lado da sala, vimos Tonks cair na subida dos degraus, seu corpo inerte rolou de degrau em degrau e Bellatrix, triunfante, voltar correndo para a briga.

– Harry, leve a profecia, agarre Susie, Neville e corra!.- berrou Sirius, correndo ao encontro de Bellatrix.

– PAI!.- gritei mais Harry me puxou, mas antes consegui ver Sirius dar uma piscadela para mim.

– A profecia, me dê a profecia, Potter!.- vociferou Malfoy, ele estava com a varinha nas costelas de Harry.

Não pensei duas vezes.

Dei um chute na boca de seu estomago, e chutei logo em seguida seu rosto quando ele caiu de joelhos.

Harry pegou novamente minha mão e fomos correndo, encontramos Lupin que pulou entre nós para nos proteger de um feitiço.

– Harry, reúna os outros e VÁ!

Harry agarrou Neville pelos ombros das vestes e o ergueu até o primeiro degrau de pedra, as pernas do garoto se torciam e sacudiam, e não suportavam seu peso, Harry tornou a erguê-lo com todas as forças que tinha, acabei o ajudando mesmo eu não tendo mais forças para mais nadas, e subimos mais um degrau. Um feitiço atingiu o degrau de pedra junto ao calcanhar de Harry, o degrau desmoronou e ele caiu no degrau abaixo. Neville e eu afundamos no chão.

– Vamos!.- disse Harry desesperado, puxando Neville pelas vestes.- Tente empurrar com as pernas, Susie vamos lá.

– Minha perna...ela quebrou, Harry minha perna.- eu dizia desesperada, tentando sair.

– Susie, se acalme, segure minha mão.

– Harry socorro, por favor.- eu não queria parecer fraca mas eu estava com medo, medo de morrer, eu não podia parecer fraca.

Neville conseguiu sair antes de mim e ajudou Harry a tentar me tirar dali, quando finalmente conseguiram me puxar minha perna sangrava muito e estava roxa. Harry estava quase me levando no colo.

– Temos que ir, vamos.

Enquanto andávamos a bolinha de vidro caiu do seu bolso e, antes que um dos dois pudesse pegá-la, o pé descontrolado de Neville a chutou: a bolinha voou uns três metros para a direita e se espatifou no degrau abaixo.

Quando olhamos para o lugar em que ela se quebrara, aterrados com o acontecido, um vulto branco-pérola de olhos enormemente aumentados se ergueu no ar, sem ninguém reparar.

– Harry, sindo muido!.- exclamou Neville, seu rosto aflito e as pernas ainda se contorcendo.- Sindo, Harry não dive indenção de...

– Não faz mal!.- gritou Harry.- Tente ficar em pé, vamos dar o fora...

– Dubbledore!.- disse Neville, seu rosto suarento subitamente arrebatado fixando alguma coisa por cima do ombro de Harry.

– O que?.

– DUBBLEDORE!

Diretamente no alto, achava-se Alvo Dumbledore, a varinha no ar, seu rosto pálido e enfurecido. Estávamos salvos. Dumbledore desceu depressa os degraus passando por mim, Neville e Harry, que não pensávamos mais em ir embora. Dumbledore já estava ao pé dos degraus quando o Comensal da Morte mais próximo percebeu sua presença e berrou para os outros. Um dos Comensais da Morte correu o mais que pode, trepando como um macaco pelos degraus de pedra do lado oposto. Um feitiço de Dumbledore o trouxe de volta com a maior facilidade, como se o tivesse fisgado com uma linha invisível.

Somente um par continuava a lutar, aparentemente sem notar o recém-chegado.

Sirius se desviava de um raio vermelho de Bellatrix.

– Vamos, você sabe fazer melhor que isso!.- berrou ele, sua voz ecoando pela sala cavernosa.

Me soltei de Harry no exato momento em que o segundo jato de luz o atingiu bem no peito.

Eu estava descendo os degraus aos saltos, não sei como, no momento eu não sentia mais dor alguma sobre meu rosto, perna, ombro, apenas meu peito doía.

Sirius pareceu levar uma eternidade para cair: seu corpo descreveu um arco gracioso e ele mergulhou de costas no véu esfarrapado que pendia do arco.

Eu vi medo e surpresa no rosto devastado e outrora bonito de meu pai, quando ele atravessou o arco e desapareceu além do véu, que esvoaçou por um momento como se soprado por um vento forte, depois retomou a posição inicial.

Ouvi- se o grito triunfante de Bellatrix Lestrange

– PAI – berrei.- PAI!.

– SIRIUS! – berrou Harry logo atrás de mim, na mesma esperança que eu. - SIRIUS!

Não era verdade.

Ele ia voltar.

– Pai? SIRIUS!.

Gritei com força, já com meu olhos ardendo em lágrimas.

Corri até o véu e tentei atravessá-lo mas alguém me segurara pelas costas. Era Tonks.

– NÃO, TONKS, ME LARGA, EU PRECISO...PRECISO SALVAR ELE...TONKS ME AJUDA, TONKS MEU PAI.

– Susie ele...

– NÃO, NÃO.- comecei a chorar e a cair no chão, Tonks ainda me segurava.- NÃO, ELE ESTÁ LÁ, PRECISAMOS AJUDA-LO, HARRY, HARRY, LUPIN.

– Susie, olhe para mim, olhe para mim.- ajoelhada a minha frente, Tonks pegou meu rosto e o colocou na sua frente, sua expressão era de horror, enquanto a minha era de pura dor.

Eu respirei fundo, eu não queria que Tonks dissesse, era mentira, só podia ser, ela não ia dizer aquilo. Ele ia sair dali e tudo não ia passar de uma brincadeira, nós íamos rir, contar histórias, ele seria livre como ele sempre dizia, Sirius iria voltar.

– Susie, eu sinto muito, mas Sirius não vai mais voltar.

“Ele não vai mais voltar”.

Aquela frase fez todo meu corpo amolecer.

Senti facadas em volta do meu peito.

Harry gritava.

Eu gritava.

Tonks me abraçava enquanto eu me debatia e gritava, dizendo que era mentira e que meu pai iria voltar.

Mas ele não voltou.

Mas em meus olhos as lágrimas voltaram.

Pensei em minha mãe, ela estava lá com ele agora, os dois juntos como sempre estiveram, de mãos dadas e sorrindo um para o outro como sempre estiveram.

Mas desta vez eu estava sozinha no escuro.

"- Quando isso tudo acabar, seremos uma família - Sirius sorriu para mim e eu retribui o abraçando de lado.- Eu, você e Harry.

– Você promete pai?.- Sirius segurou minha mão e me deu um beijo na testa.

– Prometo."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

comentários??.