Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 24
Acampamento dos desastres. -- Parte II




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Novamente notas iniciais aqui por culpa do nyah T-T

Desculpem tipo, demorar um dia pra postar, o capítulo não saía de maneira nenhuma, foi mal.

Putz 307 reviews? Vcs são divas cara gdhsjak ♥ ♥

Queria agradecer Cookie e Senhorita Foxface por terem recomendado a fic, essas duas lindas *¬* Obrigada ♥

Capítulo não revisado, me indiquem qualquer erro t-t

Boa leitura o/

Capítulo 24

— Toma aqui. — Geny estendeu-me uma maçã de tamanho médio em minha direção. Insistindo para que eu a pegasse. — Você não se alimenta desde ontem, garota.

— Eu estou bem, pode ir. — murmurei com a voz abafada pelo travesseiro, e puxei um pouco mais o edredom para meu corpo.

Caso você não esteja entendendo: Estou na merda. Estava com uma camisola toda rasgada e o nariz entupido por conta de tanto choro. As janelas estavam fechadas e ainda não havia saído em nenhum dos dois dias de acampamento para qualquer atividade recreativa. O medo de trombar com aquele demônio ingrato era maior, principalmente se ele estivesse ao lado daquela vaca ruiva. Meus cabelos estavam acabados, e olheiras profundas preenchiam as bolsas em baixo de meus olhos. Certamente aquela discussão havia acabado comigo.

“Vá se ferrar.”

“Estava tudo bem antes de você chegar.”

Aquelas palavras repletas de rancor e ódio não saíam de meus pensamentos. A vontade de chorar era frequente, contudo era impossível liberar meu choro, acho que as lágrimas já haviam acabado. – se é que isso era possível. – Droga, por que tudo precisava ser tão injusto?

— Deixarei a mação aqui em cima, caso mude de ideia em não virar uma anoréxica, ela estará te esperando. — a loira finalizou, deixando a fruta em cima de minha estante. — Qualquer coisa, estaremos na trilha. — sorriu timidamente, andando a passos curtos para fora do quarto e finalmente dando o fora.

Suspirei pesadamente tirando a coberta da minha cara, fitando o teto branco e límpido. Naquele momento o acasalamento de aranhas me pareceu bem interessante… Se eu não tivesse medo de aranhas.

— Droga! — me levantei amedrontada e infelizmente não vi quando meu pé se enguiçou no lençol, resultando em um tombo catastrófico meu. O que não era uma novidade. — AI! Porra! — eu havia batido a cabeça na estante e a maçã rolou até um futuro galo que estava se formando na minha nuca, e uma ponta de dor me tomou.

Demorou uns instantes até que a porta se abrisse e revelasse a imagem nada mais nada menos que a de Matt. Ei, quando ele havia vindo parar na viagem mesmo?

— Escutei um barulho. — afirmou confuso e eu assenti me levantando. — Você está bem?

— Eu… Caí. — murmurei quando na verdade eu queria gritar “NÃO, NÃO ESTÁ TUDO BEM. ESTOU QUASE ME MATANDO AQUI E ESSE NARIZ ENTUPIDO ESTÁ ACABANDO COMIGO.”

— Por que está tão escuro? — declarou bastante incomodado com toda aquela escuridão, caminhando em direção a janela.

— Não! Não faça iss… — tarde demais, os raios solares já tingiam todo o cômodo e queimaram meus olhos em uma tacada só. — AAAAAAAAHHH! — coloquei os braços em meu rosto, jogando-me no chão, querendo desaparecer dali. Ok, talvez eu estivesse fazendo um leve draminha.

— Cara, é só um sol. — ele riu com humor caminhando até mim. Percebi sua sombra por cima de meu corpo e abri os olhos. Eles ainda ardiam, então fui obrigada a piscar várias vezes seguida até acostumar-me com o ambiente. — E por que você está com uma camisola do Barney?

Eu nem havia reparado nesse detalhe. Olhei para o meu corpo e… sim, a camisola era do Barney. Que raios de ideia foi essa de colocar isso na mala?

— Olha só esse sutiã! É tão pequeno! Parecem bolinhas de gude! Hahahaha. — Nick correu com aquela peça íntima pela casa, com ela enfiada na cabeça, transformando-a em chifres enquanto cantava “Elisa despeitada lálálá”.

— Seu infeliz! Devolve isso! — levantei da minha cama jogando todas as peças de roupa que eu estava escolhendo dentro da mala. Inclusive esse pedaço de pano miserável.”

—Razões pessoais. — respondi e voltei a me jogar na cama. Meus músculos estavam doloridos e agora que minha dor de cabeça estava começando a melhorar, havia piorado depois do maldito tombo. — Feche a porta quando sair.

— O que? Você não vai sair daqui hoje? Tá brincando né?

— Eu tenho cara de quem está brincando? — me sentei na cama deixando a mostra meu cabelo ninho de rato, olheiras, olhos fundos e pele acabada. Como sou diva.

— Er… Nós podemos melhorar isso ai! — apontou em direção do meu rosto e eu bufei, deitando-me novamente entre os lençóis. — Não vai ver seu namorado? Hoje é a competição da modalidade dele.

— E-eu não quero falar sobre isso. — funguei nojentamente, puxando mais um lenço de papel em minha direção, assoando o nariz. — Por que ainda está aqui? — perguntei com a voz totalmente fanha.

— Hã… Sei lá. — afirmou desleixadamente se jogando ao meu lado. — Vocês brigaram? É isso?

— Matt, qual a parte da porra de eu não quero falar sobre isso, tu não sacou? — simpatia, oi.

— Uou, acalme-se garota. — censurou-me. — Só estou tentando ajudar.

Bufei por vencida, observando o rapaz a minha frente. Ele usava uma calça jeans simples e uma blusa de frio vermelha, combinando perfeitamente com seus fios cor de fogo. Um sapato desgastado nos pés (dã) e um sorriso sem-graça estava estampado em seus lábios. Por que eu não poderia ter sido a namorada de mentira dele? Por que do idiota do Singleton?

— Desculpe. — sussurrei me levantando, decidida a fechar a janela.

— A trilha parece ser bem legal. — sugeriu, ignorando meu pedido de desculpas. — Você não pode ficar presa aqui o acampamento todo.

— Ah sim, eu posso. — rolei os olhos, entediada. — Tanto é que já estou.

— É mesmo? — chegou mais perto de mim, de forma desafiadora. Tirou uns papéis de seu bolso, entregando-me no momento seguinte. Ok, eram fotos de quando eu estava bêbada na balada. Que ordinário, como ele as havia conseguido?

— Matt, você não presta, sabia?

**

Corríamos atrás da nossa turma que já haviam partido fazia algum tempo na trilha. Ainda estava meio deprimida, porém não iria chorar com o ruivo ali. Não mesmo. Já agi demais como uma mera garota apaixonada e chorona por hoje (e os outros dias).

O que sem dúvidas eu era.

Mas não estava a fim de ser mais.

— Já estou vendo eles! — o garoto da frente gritou em meio aos galhos que não paravam de acertar meu rosto.

— Viva. — indaguei com tanto emoção quanto uma criança que gosta de quiabo.

— Muito bem turma, o passeio chegou ao fim. — a voz da professora Kurt soou em meio aquele tumulto de adolescentes. Ninguém percebeu quando nos infiltramos por eles. — Vamos voltar ao refeitório que daqui a pouco iremos torcer pelos garotos da natação. — comoéqueé? Havia corrido tudo aquilo e estava com bolhas por nada?

Cruzei os braços, virando em direção do maldito que me arrastou até lá. Tenho um leve palpite de que ele fez de propósito.

— Idiota. — balbuciei. Porém minha voz falhou e parei de prestar atenção em qualquer resposta que ele parecia me dar. Era como se o mundo estivesse me odiando pelos plásticos que joguei no chão, ou nos desodorantes de spray que comprei, destruindo nossa camada de ozônio e não me importando com isso. Era tudo cruel demais, será que… que… eu realmente merecia tudo aquilo?

Um grupo estava afastado dos demais, conversando com toda euforia do mundo. Eram alguns alunos do terceirão e o gorila maldito estava entre eles… Com os braços ao redor dos ombros de uma vaca que sorria igual uma prostituta de luxo (ou Judy). Parecia o casalzinho mais feliz da face da terra. Enturmavam-se facilmente com os demais, e sorrisos idiotas tomavam contas de seus rostos iluminados.

É óbvio que aquilo não me afetava. Afinal, fui eu mesma que provoquei tudo isso não é? A culpa era exclusivamente minha. Carter sentia rancor e Judy nojo de mim. Nunca tirei a razão deles.

Até parece.

Há quem eu quero enganar? É óbvio que aquele aperto no coração surgiu de repente e a vontade de me esconder em algum lugar não se tornou uma opção tão ruim. Mas antes disso queria matá-los. Lenta e dolorosamente. Que se engasgassem com toda aquela felicidade.

— Elisa, você veio! — Geny surgiu do nado com Will ao seu lado indagando com animação próxima a mim.

Animação o bastante para o Singleton me notar (por que a vontade de matar alguém se voltou contra Geny?). Nossos olhares se cruzaram por um momento e senti minhas pernas quase deixarem-me na mão. Aquele azul gélido… Estavam mais claros… Raiva… Era isso que ele sentia. Será que era de mim?

Não bobinha, certamente deveria ser de algum esquilo dali.

Um nó se infiltrou em minha garganta, quando o mesmo virou sua face para o outro lado, retomando ao acampamento com aquela lambisgóia ao seu lado. Os alunos começaram a caminhar novamente e só a bobona aqui que parecia grudada no chão.

— Lisa? — as mãos finas de minha amiga loira valsavam na frente da minha cara. — Você ta aí?

— Claro. — choraminguei baixinho, com os olhos um pouco embargados de água. — Er… Vamos?

**

Voltei ao dormitório após comer algumas torradas no refeitório. Daqui a pouco começaria a competição, e eu não estava com a mínima vontade de ouvir Judy apoiando/se esgoelando por Carter na arquibancada. Ai já era implorar demais pela minha paciência.

Aliás, mesmo que eu não quisesse ir pra competição, não significava de que não iria escutar sobre ela.

As garotas voltaram para o quarto, cheias de bandeirinhas da escola, assoprando apitos e tocando cornetas.

Eu devo ser uma pessoa muita má para merecer tudo isso.

— PAREM COM ISSO! — gritei já fora de mim, tampando meus ouvidos com ódio.

— Calma garota, viemos apenas pegar as câmeras. — uma menina com os cabelos tingidos de rosa respondeu com grosseria. — Deveria vir também… Está tudo tão… Lindo… Inclusive os participantes. — riu com certa malícia e foi acompanhada por suas colegas.

Bufei em contradição.

— Não, valeu. — verbalizei.

— Ei! Você é a garota que andava com o Carter, né? — outra loira inquiriu. “A garota que andava com o Carter…”, ai, machucou. Afirmei positivamente, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha timidamente. — Ah… Judy me falou de você. Parece que os dois voltaram, são tão lindos não é?

Hora pra vomitar, oi.

— Eles não voltaram. — oh god why… O que está acontecendo com a minha boca?

— T-tenho certeza disso. — cale a boca, estúpida.

— Não? — as outras soltaram em couro.

— NÃO! Er… E-eu estou indo com vocês. — afirmei convicta. Por mais idiota que eu estivesse parecendo.

Na boa, o que eu estava fazendo?

**

Gritaria, pessoas pulando e gente que não parava de batucar. Eu me sentia em plena copa do mundo. E os caras mal entraram naquela piscina olímpica. Que legal hein, Elisa. Também havia perdido as garotas do meu ponto de vista.

Sentei em um banco qualquer, esperando aquela droga começar logo. Não vi a cabeça de salsicha em lugar algum, e esperava não vê-la tão cedo. Só o fato de imaginar os dois voltando… Já me dava enjôo.

— VAI COMEÇAR, UHU! — um garoto moreno e baixinho berrou ao meu lado, começando a gritar enquanto os outros torcedores o acompanhavam.

Deus do céu, alguém me esfaqueie.

Os nadadores se posicionaram em suas respectivas bases, e se prepararam para o mergulho. Um tiro foi estralado alto por um juiz, e todos pularam em sincronia na água. Uou, aquilo sim era talento. Alguns já ultrapassavam os outros, e não reconheci Carter de primeira por todos estarem de touca e óculos de mergulho. Só o conheci quando anunciaram os nomes dos três primeiros na frente (ele era da base 6).

Seus braços eram rápidos e raspavam com violência na água. Nada mais parecia existir, exceto ele e sua vontade ganhar. Um outro garoto – este moreno – estava a poucos centímetros a sua frente, mas logo, seus movimentos se tornaram minúsculos quando o Singleton aumentou as forças nos músculos, movendo-se como uma faísca, e finalmente, concluindo o final do percurso.

Ele havia ganhado.

Que maldito.

**

Todos já estavam dentro do refeitório comemorando a vitória da nossa escola na modalidade natação – que o loiro havia conquistado – e bem… Eu não queria aparecer lá, na verdade, eu não deveria aparecer lá. É claro que eu gostaria de parabenizar o garoto, mas o mais provável é que alguém me atingisse com uma ferradura de cavalo. E aqui estou eu. Sentada na beirada da piscina e os pés flutuando levemente na água.

Pude perceber que uma fina camada de chuvisco já caía ali, e logo uma chuva tomaria conta do lugar. As nuvens estavam com um aspecto pesado, entretanto o clima estava abafado. Minhas costas pingavam em suor e eu praguejava todo aquele calor.

— Ele foi incrível hoje, não é? — uma voz familiar soou atrás de mim, e logo concluí de quem se tratava: A lambisgóia ruiva falsa semi-salsicha.

Ou conhecida apenas por Judy.

— O que faz aqui? — esbravejei me levantando, colocando-me de frente a ela.

— É que… Te vi aqui sozinha e pensei que talvez quisesse uma companhia. — afirmou com o timbre cínico. — Mentira, quero saber por que disse para as meninas que Carter e eu não somos namorados?

— Oras, e por acaso vocês são? — retruquei de mal-grado, gerando uma risada catastrófica de sua parte.

— Você ainda acha que não? — contenha-se Elisa. Você é muito nova para ir presa por assassinato ou ir para algum reformatório medíocre. Se bem que… Nick era quase um advogado e…

Foco! Foco!

— É tudo que você queria né? — cuspi as palavras, sentindo minhas mãos coçarem para acertar sua cara.

— Hum… Acho que sim. — indagou um pouco pensativa. — Sabe o que mais eu queria?

— Não, fazer uma mudança de sexo para se parecer mais ainda com um travesti?

— Não, isso. — um sorriso diabólico surgiu do canto dos seus lábios e quando eu menos esperava suas mãos empurraram meu peito com uma força descomunal, fazendo-me cair diretamente na piscina.

Naquelas águas fundas e geladas.

Na qual eu não sabia nadar.


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