Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 23
Acampamento dos desastres. -- Parte I


Notas iniciais do capítulo

Er... Então gente, não sei como dar essa notícia a vocês, mas... A fic está em sua reta final. Acalmem-se! Eu dividi a ida ao acampamento em três partes, e essa é a primeira, então ainda temos um pouquinho de fic pela frente. Queria avisar a Lotthy Logan que ainda são 23:00, portando não estou atrasada u.u Gente, vcs viram o tamanho do review dessa mina? Envelheci na frente do PC ahueahue Agora sim, boa leitura!



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Carter.

Preparava as malas para a viajem da escola com uma preguiça descomunal. Já havia se passado quase uma semana desde o “convencimento no parque” que tive com Elisa e agora ela teria de ir também. É, digamos que eu sei convencer uma mulher quando quero.

Já eram três e meia da manhã – o diretor alugou o ônibus para a madrugada, pois saía mais barato. Mão de vaca é apelido. – e estava me mantendo acordado à base de energéticos. Talvez eu estivesse um pouquinho ansioso também, já que o time treinou o ano todo para conseguir o ouro (que nós certamente conseguiríamos).

Finalizei a mala, colocando minha jaqueta de couro para poder sair lá fora (estava frio), não liguei para o cabelo – que a garota não parava de insistir para eu cortar – e calcei meus chuck taylors pretos um pouco desgastados.

Certo. Estava tudo pronto, mas a sensação de que estava esquecendo algo sempre me rondava.

Ah, que se exploda.

Desci de elevador até o saguão, e a secretária do turno da noite/madrugada tomava conta das papeladas do prédio. Cumprimentei-a e fui correspondido com um aceno de cabeça. Seguranças jogavam papo furado do lado de fora e ficaram meio surpresos quando passei por eles – parece que os moradores não costumam sair de madrugada. Bem, azar deles. – Caminhei até meu carro, colocando minha bagagem no banco de trás e me acomodando no volante. Próxima parada: Casa da Elisa.

Espere, eu estou muito animado para uma madrugada.

Dirigi por cerca de quinze minutos escutando músicas aleatórias na rádio e deixando com que o vento gélido batesse sobre minha face. A casa da guria nem era tão longe, ponto pra mim que não gostava de pagar muito caro na gasolina – mão de vaca².

Assim que estacionei o carro na frente do portão da mesma, buzinei três vezes em seguida. Talvez não seja certo buzinar nas casas das pessoas às três da manhã, mas quem se importa?

— Já estou indo, porra! — uma Elisa mal humorada surgiu destrancando a porta com o tal Peter ao seu lado, carregando suas malas. Seus cabelos castanhos caíam como cascatas sobre suas costas; e seu casaco vermelho contrastava perfeitamente com a sua pele alva. Eu poderia irritá-la de todas as maneiras possíveis, mas confesso que era uma garota realmente bonita.

— Anda logo com isso! — o que não significa que eu iria ser o cara mais educado do mundo. — Já estamos quase atrasados.

— Pare de agir como um retardado. — ela rolou os olhos, enquanto abria a porta ao lado do banco carona. — Obrigada com as malas, Pit! — e antes que o silêncio predominasse o local, os dois já estavam se abraçando com toda a intimidade do mundo. Passado minutos que pareceram eternos, ambos finalmente resolveram se largar, e a garota colocou sua mala perto da minha.

— Eu não queria estar aqui. — Elisa informou com a voz sonolenta após se sentar no banco e bater a porta com todo seu mau humor diário. Sua cara estava com marcas de travesseiro e inchada. — Viagem estúpida.

— Bom dia pra você também.

— Cala a boca.

**

Chegamos à escola – onde o ônibus partiria – alguns minutos depois. Muitos outros alunos vieram de carros e os deixariam estacionados no pátio. Fiz a mesma coisa, e logo nos aproximamos das demais pessoas com as malas nas costas. Enturmei-me com a galera que eu geralmente andava e minha “namorada” se limitava a dar respostas curtas. Provavelmente o sono afetava – e muito – seu humor.

— Carter, já estão liberando a entrada. — a voz baixa e entediada da guria logo me dispersou de uma conversa qualquer que estava tendo com Taylor.

Dei de ombros enquanto caminhava do seu lado em direção ao ônibus gigante. Ele era azul e cinza com bancos espaçosos. O céu ainda estava escuro e a neblina predominava o horizonte. Alunos corriam para todos os lados, enquanto os professores tentavam conter a euforia de todo aquele pessoal.

Eu realmente não gostaria de estar no lugar deles.

— Assinaturas. — fomos parados por um inspetor antes de entrar no automóvel. Ele estava falando dos documentos referentes aos que os pais assinaram.

Estou no terceiro ano do ensino médio e preciso mostrar documentos assinados pelos meus pais. Que beleza. Não foi muito legal de minha parte forjar a assinatura da minha mãe, mas bem… Eu fiz.

— Tudo certo. — o homem me devolveu o papel. — E a garota?

Esperei Elisa também entregar o dela, para entrarmos logo naquela porcaria de ônibus, pois já estava batendo os dentes por conta daquele maldito frio.

Contudo a menina continuou parada.

— Elisa. — cutuquei-a. — Entrega logo o papel.

— Er… Na verdade… — começou um pouco hesitante e eu logo a interrompi.

— Se você me disser que esqueceu eu corto sua cabeça.

— Haha brincadeira. Aqui está, moço. — essa garota tem sérios problemas não é?

Finalmente fomos liberados para entrar no busão que já estava parcialmente cheio – ainda havia muito mais alunos para entrarem – e o barulho era algo constante. Tudo bem, eu adoro uma algazarra, mas não às quase quatro horas da manhã. O efeito do energético já estava passando e eu estava quase capotando vivo.

Sentei-me em um dos acentos do fundo e encostei-me na janela fria. Elisa veio logo depois e acomodou sua mala no bagageiro ao lado da minha.

— A janela é sempre minha. — comentou mal-humorada.

— A janela é sempre de quem chega primeiro, baby. — retruquei irônico.

— Escuta aqui! — apontou o dedo em minha direção. — Eu não queria vir nessa droga, fui obrigada a acordar de madrugada e estou aguentando esses filhos da puta gritando em meu ouvido o mínimo que você faz é me deixar sentar do lado da janela!

Rolei os olhos não querendo estender aquela discussão sem sentido e dei meu lugar aquela cobra sem coração. A pessoa nem ao menos agradeceu, isso que dá tentar ser legal.

**

Meu corpo estava recostado a algo confortável e macio. Podia sentir lentamente uma brisa refrescante pairar sobre mim e um perfume delicioso impregnar minhas narinas.

— Carter. — uma mão pequena e macia encostou-se levemente sobre minha face, acariciando-a de forma suave. Sua voz era doce, e eu pagaria quanto fosse necessário para poder escutá-la por horas. — Ei, hora de acordar.

Abri os olhos lentamente deparando-me com duas órbitas esverdeadas quase que inconfundíveis. Elas me transmitiam uma calma absurda, sem contar que eram lindas. Passei as mãos sobre o rosto tentando afastar o sono, e pude sentir os cabelos lisos e sedosos de uma mulher mover-se contra o vento feroz e tocar-me levemente. Eles eram negros e sua boca era perigosamente sedutora. Não pensaria duas vezes em beijá-la.

Ei! Eu a conhecia de algum lugar!

— Dormiu bem querido? — um sorriso angelical brotou de sua boca e sua pele clara e límpida fazia com que minha vontade de tocá-la fosse maior que qualquer outra coisa.

Espera um momento…

Puta que pariu! Puta que pariu! Era a Megan Fox!

A Megan Fox estava bem na minha frente e havia me chamado de querido!

— Quer fazer alguma coisa hoje? — perguntou próxima do meu ouvido, fazendo com que imediatamente minhas mãos entrelaçassem sua cintura, aproximando-a de mim. Senti um sorriso se formar em seus lábios, logo entendendo o que eu queria.

Aproximei meus lábios dos seus, e estava pronto para beijá-la como nunca, quando algo ou alguém bate com força em minha cabeça.

— Acorda, caramba!— quem disse praga enviada por satã, acertou. — Nós já chegamos.

— Ahn? — passei os dedos novamente sobre minha face, agora amassada pelo banco de couro. — Droga Elisa! Eu iria ficar com a… — espera, acho que comentar com uma garota que você beijou esses dias que iria se pegar com a Megan Fox não é muito legal não é? — Bem, deixa pra lá.

— Cara, se trata. — zombou entregando/jogando minha mala e dando de costas para mim. — Todos já saíram do ônibus, é melhor você ir atrás dos seus amiguinhos atletas, parece que irão ficar no mesmo chalé.

Dei de ombros ainda tentando espantar aquele maldito sono. Finalmente tomei coragem para me levantar, e me vi sozinho naquele automóvel gigante. Eu é que não esperaria um milagre acontecer, e decidi sair dali o quanto antes.

Assim que botei meus pés para fora, pude perceber que o sol já havia surgido e deveríamos estar entre às dez da manhã. O céu estava límpido e o vento não tão gelado. O acampamento era um terreno enorme coberto por um gramado ralo. Havia vários chalés para os alunos se abrigarem e várias quadras esportivas, assim como piscinas e lugares para trilhas e atividades ao ar livre.

Um bom lugar, até.

— Fala muleque. — eu conhecia aquela voz, era Henry, um dos integrantes do time de natação. Conversávamos sempre sobre jogos e garotas. O rapaz era quase da minha altura e tinha cabelos castanhos claros lambidos.

— Fala Henry! — cumprimentei-o com um aperto de mão e uma batida nas costas. — Se preparando? A nossa categoria é daqui dois dias.

— Ah, estou desencanado! — comentou com a voz calma enquanto se espreguiçava de maneira relaxada. — A turma irá dar um mergulho em um lago próximo daqui, bora?

— Claro. — sorri já animado com a nova oportunidade de se mexer. Não conseguia ficar parado por muito tempo. — Vou colocar minhas malas em um dos chalés e encontro você aqui daqui a pouco, falou? Eu não sei onde é.

— Certo.

**

O lago era enorme e bem afastado do restante do acampamento. Se andasse perdido por ali, certamente alguém se perderia. Árvores enormes tomavam conta de toda a vegetação e quase todo o time estava ali. Eu já nadava para o meio do lago, local onde as águas se tornavam mais profundas e divertidas.

Aquilo poderia ser fatal para alguém sem muita experiência, já que as algas eram largas e resistentes, e se enrolavam facilmente nos pés. Caso alguma pessoa não soubesse se livrar delas, possivelmente poderia até se afogar.

Esse não era meu caso. Nadava desde os seis anos e sabia muito bem lidar com a água. Na verdade, nadar sempre foi meu passatempo preferido, e talvez a coisa mais construtiva que já fiz minha vida inteira. Era uma paixão, eu não me via jogando futebol, basquete ou até mesmo vôlei, era quase impossível me imaginar assim. Até tentei, contudo não era a mesma coisa. Quando estou nadando me sinto livre e satisfeito comigo mesmo. É como se o mundo conspirasse ao meu favor. Sentir meu corpo se envolvendo com as águas e flutuando ao mesmo tempo, era simplesmente incrível. Deveria ser lei todas as pessoas nadarem ao menos uma vez na vida, é libertador. Não existe mais nada, nada além de você e as ondas.

— Ai! — uma voz fina e baixa finalmente me despertou, enquanto eu boiava e me perdia em pensamentos profundos. Percebi que a havia a acertado sem querer com os braços.

— Judy? — sua presença me surpreendeu um pouco. Ta legal, muito. Eu nunca mais havia falado com ela após o tal beijo. — O que faz aqui? — seus longos cabelos ruivos boiavam com suavidade na água, enquanto um sorriso largo tomava conta de seus lábios avermelhados.

— Ah, eu estava caminhando pela floresta e ouvi as risadas dos garotos. — indagou calmamente, aproximando-se de mim. Judy também era uma boa nadadora.

— Sério?

— Não. Josh me mandou uma mensagem. — sorriu achando graça do meu espanto. E sim, Josh também fazia parte da turma. — Eu pedi para ele me chamar quando acontecesse algo legal, o dormitório das meninas está um tédio. — rolou os olhos, e eu pude perceber que ela não usava biquíni e sim uma lingerie vermelha. Uau.

— Hã… É meio perigoso para uma garota vir pra cá sozinha, não é? — franzi o cenho.

— Você acha? — retrucou aproximando-se até demais de mim. Ela tinha aquela mania de morder os lábios quase que o tempo todo. E isso me deixava maluco. — Foi bem fácil, até.

— Sei… E onde está seu namorado?

— Namorado? — uma confusão rondou seu olhar. — Ah! Steve! Bem… Nós não somos mais um casal. — confessou um tanto chateada.

— Não? Tem certeza? — sim, eu estava me divertindo com aquela situação. — Estranho isso, vocês eram tão “apegados”.

— Isso não vem ao caso! — esbravejou, se afastando. — E-eu vim me desculpar com você.

Aquela situação estava ficando esquisita.

MUITO esquisita.

— Se desculpar pelo quê criatura?

— Er… Bem… A Elisa deve ter te contado. — a ruiva não olhava mais dentro de meus olhos, como se estivesse com vergonha ou medo de fazer aquilo.

— Contado o que? — exigi em tom severo.

— Sobre aquilo… Ter tentado suborná-la… por… — pausa para um suspiro. — por… Eu tentar ter você de volta. Foi ridículo e imprudente de minha parte.

— Judy, olhe pra mim. — dessa vez a garota me atendeu. Eu não sabia se ela estava chorando por conta da água, mas seus olhos estavam um pouco vermelhos e inchados. — Pode me explicar que história é essa de me ter de volta?

— Vo-você não sabia?

**

Elisa.

— Geny, se você trocar de roupa mais uma vez eu te estrangulo! — vociferei já sem paciência com aqueles montes de vestidos em cima da cama. — Vocês só vão almoçar! E pior, em grupo. Estamos em um acampamento esqueceu?

— Mas eu quero estar linda para o Will! — murmurou com os olhinhos brilhando. Eca. — O que acha desse azul aqui?

— Acho que você deveria enfiá-lo no… — de repente somos interrompidas por coronhadas fortes contra a porta. Algumas outras garotas que conversavam do outro lado do cômodo olharam para nós assustadas, provavelmente achando que era algum bandido.

Elisa! — opa, opa. Era uma voz masculina. E nada contente. — Abre isso! Agora!

Pessoas normais normalmente se esconderiam, mas eu me esqueci completamente disso e corri em direção da maçaneta, destrancando-a. Sim, curiosidade sempre foi meu sobrenome.

Era o Carter. Aliás, quem mais poderia ser? Tipo, quantos homens exigiam que eu abrisse uma porta pra eles?

Seus olhos demonstravam uma fúria sobrenatural, e seu maxilar estava trincado de ódio. O garoto estava sem camisa e molhado (sim, molhado), com uma bermuda escura pra baixo do joelho e uma toalha branca em volta de seu pescoço. Eu poderia beijá-lo… se o garoto não estivesse prestes a me matar.

Espere aí!

Prestes a me matar?

— Vem comigo. — foi tudo que ouvi antes de ter meu pulso agarrado pelo mesmo e ser arrancada dali a força.

— Ei! — gritei enquanto ele me arrastava entre os corredores compridos daquele lugar. — O que está fazendo? — ele me ignorou. Daora. — Carter! CARTER! Está me machucando!

— Cala a boca. — indagou com severidade enquanto me prensava contra uma parede. Seus olhos gélidos se cruzaram com o meu, fazendo com que minhas pernas estremecessem. — Por que não me contou?

— Hã? Não contei o que? — que cara doido.

— Não contou sobre a Judy me querer de volta, caralho! — berrou com uma raiva transbordando de seu ser. Ai não. — Droga Elisa! Eu só aceitei namorar você para consegui-la de volta! Por que fez isso comigo?

Suas palavras me acertaram como um soco em meu estômago. De repente ter minha cabeça enfiada em um pote de vidro não me pareceu uma opção tão ruim.

— C-carter… Eu… — tentei associar as palavras, contudo nada parecia ter sentido pra mim. Porra, o que eu tinha na cabeça?

— Quer saber? — questionou-me com serenidade, e só então percebi que uma lágrima escorria do canto do meu olho. — Não fala nada.

— Hein?

— Vá se ferrar. — senti um buraco surgindo debaixo de meus pés após isso. Meu estômago estava embrulhado e eu só queria sair dali o quanto antes. Encarar ele daquela maneira… Fazia com que eu me sentisse um lixo. — Estava tudo bem antes de você chegar. — murmurou encolhendo os ombros e saindo a passos largos dali.

Quando sua imagem sumiu do meu ponto de vista, abracei meus braços em volta de meu corpo, e escorreguei lentamente na parede encolhendo-me no chão. Não controlava mais meu choro e as lágrimas só fluíam com força de meus olhos.

Que beleza hein, Elisa! Veja o estrago que você fez.


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