Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 21
Sopas são do demônio.


Notas iniciais do capítulo

Heei! Desculpem pela demora, mas passei por um bloqueio criativo e meio que travei para conseguir escrever. Mas finalmente, o capítulo saiu e está ai o/ Ah, também queria agradecer a três leitoras lindas que recomendaram a fic: Kalyn, Carol Berlato e Boneca Macabra, obrigada lindas! Boa leitura *u*



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Certo, Carter faltou. Que mal há nisso?

Ah que droga! Á quem eu quero enganar? O garoto nunca falta! Será que aconteceu alguma coisa? Será que, que… Argh! Eu me odeio!

— Olha a bola! — foi tudo que consegui ouvir antes que alguma coisa dura e redonda acertasse minha cabeça. Beijei o chão. Foi só aí que percebi que estávamos na aula de educação física e que eu estava viajando na maionese na partida de vôlei. — Eu avisei. — uma garota baixa e de tranças correu até mim agarrando a bola que parou ao meu lado, sem nem prestar uma ajuda para me levantar.

Suspirei profundamente contando até dez para não voar no pescoço de alguém. Reuni minhas forças e levantei-me, dando de costas para o meu time. Momentos depois… fui substituída.

O que já era esperado.

— Aquela bolada foi horrível, hein. — Will se aproximou de mim com uma bolsa de gelo, entregando-a pra mim.

— Valeu. — coloquei por cima do galo que se formou em minha nuca. — Essas garotas são uns leões. — fechei os olhos sentindo as pontadas de dor.

— Nem me fale. — riu baixinho. — Hã, Elisa… — começou um tanto hesitante. — Eu… Queria te agradecer. — ergui a cabeça o fitando profundamente, curiosa.

— Pelo que? — sorri.

— Por ter me “arrumado” aquele dia, sabe, a Geny ficou bem…encantada, digamos assim.

— Ah, que isso. — o abracei de surpresa, tendo meu gesto retribuído. — Vocês merecem.

— Bem, mesmo assim, obrigado. Eu amo aquela garota marrenta.

**

Horário de embora.

Os corredores da escola se inundavam em pessoas desesperadas para saírem da escola (na qual eu carinhosamente apelidei de inferno astral) para voltarem a suas vidas medíocres de sempre, enquanto uma dúvida pesada me assombrava “Quem iria me dar carona pra casa, agora?”… Certamente Will e Geny gostariam de ir sozinhos e eu odeio pagar de vela.

E com certeza não teria cara para pedir algo do tipo para os amigos do Singleton.

Nesse caso…

Olá busão novamente.

Já estava dobrando a esquina praguejando o sol e minha vida, quando uma voz conhecida me chama. Viro-me em sua direção, dando de cara com o ruivo esquentadinho do baile.

— Fala Matt. — revirei os olhos com impaciência, esperando que ele falasse alguma coisa.

— Er… Olá, Elisa. — começou, passando as mãos furiosamente sobre os fios cor de fogo. — Será que você tem um minutinho?

Eu não sei o que havia acontecido com a nossa “relação” de dias atrás, realmente após a briga dos dois garotos em meu quarto comecei a culpar apenas Matt, como se ele fosse o único a ter criado toda aquela confusão. Certamente eu tive mais culpa que os dois juntos… O por quê? Simples, eu aceitei ser a namorada de mentira de Carter e fui beijar outro, fazendo com que os idiotas brigassem. Pensando por esse ângulo, começo a me sentir um lixo.

— Claro. — sorri timidamente para o mesmo, aproximando-me de sua direção. — O que você quer?

— Bem, me desculpe por ontem, sério mesmo. — começou, um pouco sem jeito, olhando para o chão. — Realmente fico irado quando vejo aquele loiro maldito te tratar como um brinquedinho dele… é frustrante.

— Ei, eu não sou um brinquedinho dele, Hagen! — ok, aquilo havia me irritado, mas não poderia perder minha razão. — Certo, eu lhe desculpo, mas com uma condição.

— Qual? — um brilho surgiu em seu olhar, fazendo com que um sorriso brotasse em meus lábios.

— Me desculpe também por ter lhe tratado mal na festa, aquilo certamente foi bem idiota. — ri timidamente.

— Certo, acho que ambos estamos desculpados. — deu uma piscadela safada.

— Tenho certeza.

— Hã… A propósito, te darei uma carona. — ergueu o capacete reserva entregando-o para mim no momento seguinte. Eu obviamente aceitei… estranho como Matt sempre estava disposto a me dar uma carona nos momentos em que mais precisava.

**

Chegamos a minha casa cerca de dez minutos depois. O garoto vestia aquela jaqueta de couro que eu adorava sentir o cheiro. Fui o percurso todo com o nariz cravado em suas costas. Ok, julgue-me, mas eu o amo. Não como mulher… é algo fraternal, algo bonito, puro (tudo bem que eu já quase o engoli, mas quem se importa?) me sinto bem ao seu lado.

— Está entregue. — sorriu com o canto da boca, me ajudando a descer.

— Valeu. — entreguei seu capacete, ajeitando a mochila que escorregava em minhas costas. — Então… Até mais?

— Certo, até mais. — sou surpreendida por um abraço da parte do mesmo, que eu prontamente retribuí. Droga! Pare de ser tão legal comigo Matt, eu certamente não mereço (dramática, oi). — Então, até mais.

— Até. — sorri, observando o garoto subir em sua motocicleta, dar a partida e sumir do meu campo de visão logo em seguida.

Assim que adentrei da sala, pude notar que Peter e Nick gargalhavam alto enquanto assistiam desenhos animados. Poderia me juntar a eles se uma fome do capeta não estivesse me consumindo, e bem, eu estava louca para tirar esse uniforme suado da educação física.

— Vocês comeram tudo? — esbravejei enquanto revirava a geladeira atrás de doces e salgadinhos depois de vestir uma roupa confortável. Malditos.

— Tem comida, ué! — o pirralho molambento respondeu, agora gargalhando mais alto de frente à TV.

— Você sabe que eu não quero comida! — retruquei. — Argh! Odeio vocês!

Peguei uma parte da minha mesada em minha carteira, pois não iria perdoar minha ida à padaria. Calcei um chinelo velhinho e não me preocupei em tirar minha camiseta de vaquinha… Qual é? A padaria era ali na esquina.

— Volto já. — anunciei passando pelo cômodo, indo em direção ao portão. Minutos depois já estava caminhando calmamente pela calçada má construída do local.

Quando finalmente cheguei ao meu destino, uma senhora com uma verruga gritante no queixo me atendeu. A verruga era tão grande que eu poderia confundi-la facilmente com uma bola de ginástica. Na verdade era tão monstruosa que eu até poderia…

— Senhorita? — a voz da dona daquela camisinha humana no queixo fez-me sobressaltar assustada. Foi aí que percebi que eu estava à pelo menos uns cinco minutos parada ali só olhando pra ela. — Vai ficar me observando o dia todo?

Vira essa boca pra lá, demônio!

— Hum, na verdade… Eu gostaria de duas bombas de chocolate com glacê, um pedaço de torta de frango e uma lata de coca. — só de fazer o pedido minha boca chegava a salivar. — Por favor.

Após uns quinze minutos já havia devorado tudo em uma das mesinhas do lado de fora. Minha barriga tremia e eu estava mais que satisfeita. Paguei o caixa, caminhando a passos largos, rumo a lugar nenhum.

Ou talvez… Não, certamente não era uma boa ideia.

Mas a curiosidade iria ficar me consumindo o dia inteiro.

AAHH! Larga de ser fraca, Elisa! Seja uma mulher de princípios e vá ver como seu namorado de mentira está!

Certo! Eu só iria ver o porquê dele ter faltado hoje… que mal há nisso?

Ai. Meu. Deus. Preciso parar de discutir com meu subconsciente.

É isso! Eu iria ver o maldito do Singleton e matar meu tédio, pois certamente se voltasse pra casa dormiria pelo resto da minha vida.

O que não parecia uma ideia tão ruim assim, mas precisava caminhar e eliminar essas gordurinhas deprimentes e insensíveis que acabam com o meu humor.

Ta legal, eu me preocupo com ele.

**

Depois de quase meia hora caminhando, consigo chegar (viva) e ofegante ao apartamento do maldito. Sim, sou uma sedentária de merda que não aguenta nem levantar um peso de academia, quanto mais andar tanto assim!

Lembrei-me que não tinha autorização para subir e que certamente seria colocada pra fora por seguranças brutamontes e carecas. O que me leva a crer… Que terei de entrar de penetra! (Sou uma fora da lei hôhôhô)

Esperei o local ficar menos movimentado e os funcionários se distraírem um pouco. Tirei meu chinelo para não fazer tanto barulho enquanto teclava lentamente o número do apartamento no elevador. Um garotinho me olhou de maneira esquisita e eu logo fiz o favor de lhe mostrar a língua.

Realmente, foi estupidez de minha parte.

O endemoniado puxou a barra da saia da mãe que olhou para mim com a cara amarrada. Ela conversava com uma funcionária e logo cochichou algo no ouvido da moça, que prontamente, se virou em minha direção.

— Ei! Você! — gritou, enquanto corria até mim com os olhos enormes esbugalhados. Minha sorte foi o elevador ter fechado rapidamente, me tirando daquele sufoco.

— Ufa! — passei os dedos sobre a testa suada, respirando aliviada.

Quando o elevador se abriu novamente, me vi em um corredor com várias portas com números dourados estampados na frente. Se eu não me engano, Carter morava no… uh, em qual ele morava mesmo? Ah sim, 67!

Certo, estou na frente de seu apartamento com o coração saindo pela boca de tanta adrenalina, não seria uma boa hora para fugir… seria?

Não! Não! Não seja uma perdedora, Elisa! Vamos lá, são só algumas batidas!

Reúno a coragem que havia dentro de mim (aquela que estava beeem no fundo mesmo) e dou alguns toques na porta de madeira maciça. Ninguém atendeu ainda. Acho que é hora de ir embora.

— Carter? — indago ignorando completamente minha fraqueza de momentos atrás. Dou mais algumas batidas, dessa vez, mais fortes, e tudo ainda continua em silêncio. — Ei! Não gosto de ser ignorada! — ok, agora eu socava a pobre porta machucando um pouco a palma de minha mão. — Carter! Abra essa merda agora! Ou eu… — de repente começo a bater a mão no vento, já que agora alguém abre a maldita porta, e esse alguém era nada mais, nada menos que… Quem disse Ronaldinho errou.

Sim, era o Singletou, mas não da maneira que eu esperava.

Ele estava enrolado em um edredom com os cabelos arrepiados e a ponta do nariz em um vermelho gritante. Usava um short cinza largo e uma camisa pólo verde clara.

— O que você quer? — perguntou com a voz rouca e um pouco zangada. Mas não um rouco sensual, um rouco “socorro, minha garganta está me matando.”

— Er… Eu… — ok, o que eu queria mesmo? — Ah! Por que você faltou hoje?

Ele pausou para um espirro alto, logo mais coçando o nariz e fungando um pouco.

É, acho que eu já sabia.

— Não é da sua conta. — viram como ele está excepcionalmente chato hoje?

— Bem, contando que talvez eu seja sua namorada de mentira… — afastei seu corpo para o lado, entrando em seu apartamento. — É da minha conta, sim. — cruzei os braços, esperando qualquer tipo de acusação. — Você não me parece muito bem. — continuei.

— Vá embora. — murmurou com preguiça, fechando a porta como se seu braço fosse cair a qualquer momento e andando em direção do andar de cima. — Eu só quero dormir em paz.

Fiquei um tempo ali parada, observando as coisas ao meu redor. Foi só então que percebi que o idiota havia mesmo me deixado falando sozinha! Que droga! E se eu fosse um bandido?

Rolei os olhos com meus pensamentos estúpidos e fui atrás dele. Assim que adentrei no quarto, a escuridão tomava conta do lugar. A cama estava repleta de cobertores, e o retardado já voltava ao seu sono.

— Carter! — chacoalhei seu ombro com raiva, e logo notei que seu corpo estava mais quente que o normal. Passei os dedos imediatamente em sua testa, concluindo o que já era esperado. — Você está ardendo em febre!

— Não grite. — gemeu baixinho, se enrolando ainda mais nos cobertores.

— Por que não me ligou? — questionei irritada ignorando seu pedido anterior.

Não obtive respostas.

Suspirei por vencida, caminhando até seu guarda-roupa. Revirei-o completamente e consegui achar uma caixa com alguns comprimidos. Li a bula de todos, e achei um analgésico para resfriados. Busquei um copo de água na cozinha e voltei, me pondo de pé ao lado da cama do garoto.

— Toma! — estiquei o comprimido em sua direção esperando que ele pegasse. — Muleque, eu não tenho o dia todo! — paciência, oi.

Parece que doente, o gorila se torna mais vulnerável. Hum… Que bom saber disso.

Após meu sermão, ele engoliu o remédio e deu alguns goles no copo d’água com bastante preguiça.

— Agora me deixe em paz. — resmungou baixinho, virando-se para o outro lado.

— Você que pense. — ri diabolicamente, saindo de seu quarto no momento seguinte.

Mamãe sempre costumava fazer uma sopa de mandioca que sempre aliviava meus resfriados e do Nick. Aquela gororoba era horrível, porém funcionava. Nunca mais ousei ficar doente, mesmo com dezesseis anos, tenho a certeza de que a mulher me obrigaria a tomar aquilo.

Peguei meu celular em meu bolso, discando o número dela, que atendeu após o quinto toque.

— Alô? Mãe?

— Elisa? O que aconteceu? — percebi preocupação em sua voz, já que quase nunca ligava pra ela.

— Er… Nada, quer dizer, qual a receita daquela sua sopa de mandioca?

— Pra que? Você odeia aquilo!

— Não é pra mim, é pro… — não podia dizer que estava sozinha com Carter em seu apartamento. — Peter! Ele está meio resfriado.

Mesmo hesitante, ela me mandou anotar os ingredientes.

Dez minutos de bagunça na cozinha depois, aquela merda estava pronta.

— Uh, que nojo. — praguejei enquanto o cheiro daquilo subia em minhas narinas fazendo-me ter ânsia de vômito.

Sorte a minha não precisar tomar aquilo mwahaha.

— Carterzinho, iuhu! — cantarolei, entrando novamente no quarto escuro dele. — Olha o que a titia Elisa preparou pra você!

Certamente eu não serviria para ser enfermeira.

— Mas que porra é essa? — alterou a voz, provocando algumas tossidas violentas de sua parte. — É fedido! Tire daqui!

— Nãnaninanão! — retruquei vitoriosa, me sentando na beirada da cama. — É uma sopinha que eu fiz com muito carinho pro meu garotinho doente. — sorri com um ar diabólico. Ver outra pessoa sofrendo o que eu sofri com essa caca é bem animador.

— Você está louca! — encobriu a cabeça com o cobertor. — Não vou comer isso.

— Ah, vai sim! — caminhei em sua direção, tirando aquela porcaria de seu rosto. — Se você tomar vai melhorar, acredite, o efeito é tão forte quanto o cheiro.

— Mas eu… — outro espirro. — N-não estou doente.

— E eu tenho um pênis. — me limitei a rolar os olhos. — Para de fazer drama, caramba! Vamos, sente-se aí!

— N.ã.o — sentenciou lentamente como se eu tivesse algum tumor no cérebro.

— Ok, então. — me aproximei de seu rosto segurando seu queixo com força e afundando uma colher de sopa na sua boca.

Realmente, era bem mais fácil de se lidar com um Singleton doente.

10 minutos depois…

— Viu? Nem foi tão ruim assim! — sorri com maldade colocando a tigela vazia de lado.

— Eu te odeio garota. — rosnou com dificuldade. — Agora me deixe em paz!

— Como quiser. — me levantei vitoriosa, apagando a luz e o ajudando a se ajeitar entre as cobertas.

Arrumei a bagunça que eu havia feito na cozinha, e lavei o resto da louça que sobrou. Certamente daria esse crédito a Carter só por ele estar doente. Não limpo nem meu quarto, quanto mais sua cozinha.

— Ei! Eu já vou indo. — bati levemente em sua porta, observando-o quase pegar novamente no sono. — Se você quiser, pode me ligar e…

— Elisa. — interrompeu-me ainda com sua voz fraca, tossindo um pouco.

— Sim? — aproximei-me de sua cama agachando-me enquanto esperava que o mesmo continuasse.

— Fique aqui comigo. — pediu baixinho. — Não é tão legal ficar sozinho doente.

Mesmo tentando evitar, um sorriso bobo surgiu entre meus lábios.

— Fico sim, quando tempo você quiser.


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