Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 18
Eu não pareço a Paty Maionese.


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer de verdade mesmo, as lindas recomendações que Pseudo Me e Jujuba Roxa me mandaram. Muito obrigada suas fofas, elas ficaram perfeitas *u*



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— Geny! — sussurrei abastecendo a pistola de paintboll com tinta. — Presta atenção!

— Eu estou prestando, merda! — respondeu no mesmo tom. — Pronto Will? — dessa vez virou-se para o garoto ao nosso lado.

— Eu nasci pronto. — olhamos pra ele com reprovação. — Qual é! Eu sempre quis dizer isso!

Dei de ombros, enquanto mirávamos as armas atrás de alguns arbustos na direção da nossa vítima.

A valentona Sarah Pucker.

Quando digo valentona, estou dizendo valentona mesmo. A guria parecia um menino e era bombadona como um, tinha cabelos pretos ralos e um olhar frio. Adorava esperar nerds e os menos preparados fisicamente no portão da escola para exigir lições de casa e dinheiro. Não que eu não faria as mesmas coisas se tivesse o porte dela, mas…

Concentre-se Elisa! Concentre-se!

— 5, 4, 3… — sussurrei, em contagem regressiva. A pobre Sarah olhava fixamente em seu celular esperando alguém que jamais apareceria (nós mandamos a mensagem). — 2, 1, e… Já! — dei o primo tiro de tinta roxa, sendo seguida por meus amigos logo em seguida. Meu dedo só apertava o gatilho com uma força sobrenatural, enquanto a menina olhava ao redor assustada, sendo atingida por pelotões de tintas variadas.

— SOCORRO! — sua voz absurdamente fina soou por todos os lados, e finalmente, a garota cai no chão. Dessa vez com os tiros aumentando. — AAAHHH! — colocou as mãos nos olhos, evitando o líquido cair ali. — Eu não faço mais! JURO! AAHHH! — rolou na grama, tentando escapar de nossa mira, o que era teoricamente impossível.

Passado menos que dois minutos ela estava irreconhecível.

— Elisa! — Will cutucou-me de lado. — Minhas munições acabaram! — informou.

— As minhas também. — Geny completou.

Rolei os olhos, e dei os últimos tiros na poupança de Sarah, deixando-a completamente roxa. Deixamos a mesma jogada ali, enquanto guardávamos as armas dentro da mochila na velocidade da luz.

— Missão número 36. Cumprida! — anotei, no momento em que corríamos como nunca.

**

Horário de saída.

— Você acha que alguém nos viu? — o garoto questionou pela trigésima vez.

— Will! Acalme-se. — virei em sua direção, com a mochila pesando nas costas. — Afinal, você é um homem ou… um rato?

O moreno engoliu um seco, ajeitando melhor os óculos.

— Preciso mesmo responder? — retrucou, com um pouco de raiva.

— Ah! Por favor! — dessa vez joguei a mochila no chão. — Venha aqui! — ordenei com a voz brava, apontando o dedo indicador para que ele parasse na minha frente.

— O-o que você vai fazer? — gaguejou, andando pra trás.

Bati os pés no chão, impaciente.

— Will. Aqui. Na minha frente. — indaguei pausadamente, e aos poucos ele foi se aproximando. — Isso! — sorri com o canto dos lábios, esticando um pouco os pés para ficar na sua altura.

— E-elisa… V-você ta perto demais! — amigos nerds são difíceis de lidar.

— Calado! — meti meus dedos pequenos em seus fios castanhos que estavam perfeitamente alinhados com gel, bagunçando-os violentamente.

— Ei! Que merda você ta fazendo?

— Quieto! — voltei a repetir. — Uh! Agora sim! — ri, glorificando-me. Agora me abaixando na altura de sua camiseta listrada, desabotoando os dois primeiros botões.

— Você está me desarrumando! — reclamou, como uma criança.

— Não, querido. Eu estou te arrumando. — dei batidinhas em seu peito, finalizando meu serviço. — Agora vá lá falar com a Geny!

— Hã? Enlouqueceu?

— Pelo contrário, baby. — meu Deus… estou parecendo um Carter. — Estou mais lúcida do que nunca.

— Então deve estar com problemas. Porque eu não vou falar com ela.

— Sim, você vai. — peguei o celular de meu bolso. — Por que eu já mandei um torpedo pra ela vim te encontrar aqui.

— ELISA! — berrou com raiva, agora vermelho. — Você não tinha esse direito.

— Will, meu amore, eu vejo o jeito que você olha pra ela, e fica com vergonha quando esta por perto. Então se você com dezesseis anos não agiu ainda, é óbvio que nunca vai agir. — rolei os olhos.

— Certo… E o que passa pela sua cabeça de que ela vai me querer?

— Nunca vamos descobrir se você não tentar! — peguei a mochila do chão, esparramando-a em minhas costas. — Até mais! — acenei indo pra longe dali.

— VOCÊ ME PAGA! — escutei-o gritar pela última vez. — Mas obrigado mesmo assim.

**

Treino do gorila.

Cheguei ao local como de costume, mas ainda com um pé atrás. Eu não saberia agir quando o encontrasse… Talvez nem devesse ter vindo.

Não! Deveria sim! Pare de agir como uma perdedora!

O que definitivamente eu sou, mas ninguém precisa saber.

Enfim… Após aquele “incidente” na saída do circo, não trocamos nenhuma palavra durante o percurso todo. E eu estava realmente com suspeitas de estar tendo uma convulsão em silêncio. Mas não falei nada, estava completamente incapacitada de qualquer coisa.

Suspirei profundamente, tentando parar de pensar naquilo e caminhei até a máquina de refrigerantes. Colocando o dinheiro, e agarrando a latinha de coca com vontade.

Os garotos já saíam da piscina, enquanto o treinador brigava com alguns ou dava dicas para melhorarem o nado para outros. Mesmo assim, não consegui achar o maldito do Singleton. Não sei se aquilo era um bom ou mau sinal.

Resolvi esperar.

Alguns garotos passavam por mim e ficavam me olhando com curiosidade, tive vontade de perguntar se alguém perdeu a bunda na minha cara, mas me segurei. Depois de passados longos minutos, o treino estava praticamente vazio.

— Ai, ai. — suspirei, tomando o último gole daquele líquido calórico. — Acho que já vou ind… — nesse momento sou surpreendida por duas mãos robustas que se encaixam perfeitamente em minha barriga, tirando-me do chão de forma grotesca. A latinha escorrega de minha palma, enquanto tento assimilar as coisas. — Mas o qu… AAHH! PONHA-ME NO CHÃO‼ — tentei estapear as costas daquele ser do demônio, contudo, é inevitável: Somos atirados na piscina.

Não pude evitar o seguinte pensamento: Eu vou morrer. Porque (1) eu não sabia nadar, e (2) eu definitivamente não sabia nadar.

— Socorro! — tentei bater meus braços com força na água, enquanto minha calça jeans ficava mais do que colada entre minhas pernas (não tem nada pior que usar calças coladas). — EU NÃO POSSO MORRER VIRGEM! AAHH! HELP-ME!

— Ei, ei! Calminha aí! — as mãos do maldito se entrelaçam em minha cintura, fazendo com que eu não me afogasse. — Você é muito escandalosa! — viro na direção do fdp que aprontou isso, e dou de cara com ninguém mais ninguém menos que Carter. Um Carter com os fios grudados na testa e um sorriso safado estampado nos lábios, mas ainda sim um Carter do diabo.

— Argh! Seu desgraçado! — começo a estapear seu peitoral nu com raiva, fazendo apenas com que o imbecil risse mais ainda. — Gorila do capeta! Eu te odeio!

— Estressadinha. — suas risadas malditas cessaram e ele segura meus pulsos com força, impedindo que eu o esquartejasse/torturasse/machucasse-o gravemente. — Você parecia muito tensa.

— Ah claro, ai você tem a brilhante ideia de jogar alguém que não sabe nadar na piscina! — berrei já fora de mim.

— É isso aí! — afirmou, se segurando para não rir novamente. — E ainda descobri que você é virgem.

Tive a certeza de que minhas bochechas se tingiram em um vermelho violento, enquanto um nó terrível se formava em minha garganta. Merda. Merda².

— Isso não é da sua conta! — consegui formular uma frase, sem gaguejar. Impressionante. — Vamos, me tire daqui!

O loiro revirou os olhos, entediado.

— Você é chata demais.

— E você é um grosso!

**

Depois de termos saído da piscina (na qual eu fui atirada, só pra constar) tive que vestir uma calça masculina da reserva do time, e usar (argh) uma camiseta gigante restante do Singleton. Meio que estava um cover menor de Sarah Pucker, com os cabelos embaraçados e úmidos, e um maldito rindo de mim o tempo todo.

— Quer parar com isso? — ordenei, caminhando para perto de seu carro, tendo a certeza de não estar sendo vista por ninguém. — Tem sorte de eu não ter cortado suas bolas, seu infeliz!

— Para de reclamar e entra logo vai. — bufou, sem paciência, tirando as chaves de seu bolso.

Sentei no banco com raiva, encostando minha cabeça no vidro a fim de relaxar. O que era praticamente impossível quando sua única companhia é um garoto que você quase engoliu em um circo. Mas isso são detalhes.

Alguns minutos depois, Carter estaciona o carro na frente da minha casa tranquilamente. Queria ter sua facilidade pra dirigir… Ou melhor, queria ter um bom carro pra dirigir. Mas provavelmente eu teria que vender meu corpo pro resto da vida pra conseguir um porsche preto desse.

Dou um “graças a deus” minimamente quando ele destrava as portas, e saio quase que correndo dali. Minha única surpresa (e desgraça) é que ele também desce do automóvel.

— Ta fazendo o que? — questiono com raiva.

— Hã… Descendo do meu carro?

— Eu sei seu otário. — reviro os olhos. — Mas por que diabos você ta fazendo isso?

— Preciso pagar seu irmão, ele tem feito uns trabalhos pra mim.

— Ta explorando meu irmão, seu maldito?

— Não que você nunca tenha feito isso. — ele tossiu como se estivesse me acusando. — Mas eu pago pelos serviços, baby.

— Argh! Morra! — fui para mais perto do portão, destrancando-o. — Se você vir meu pai ou minha mãe… Sei lá, fala que é meu irmão!

— Acha que eles não se lembrariam se tivessem outro filho? — perguntou, como se não acreditasse no que eu estava dizendo.

— Acredite, não. — respondi, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. E era.

**

Singleton e Nick estavam a quase meia hora no andar de cima jogando vídeo-game. Papai e mamãe haviam saído, e eu estava esquentando o resto da pizza de ontem pra mim, por que caso o contrário, eu comeria meu próprio braço.

Assim que o micro-ondas apitou, corri com o meu prato para perto e coloquei dois pedaços gigantes ali. Enchi um copo com coca, me esparramando no sofá como uma deusa (o que certamente eu era hohoho).

Passado meia hora de desenhos animados meu estômago já estava satisfeito.

Momentos depois o loiro egocêntrico finalmente surgiu, descendo as escadas de forma tranquila e relaxada, com as mãos nos bolsos da calça jeans surrada e com o olhar meio perdido. Por um momento pareceu que ele não estava ali.

— Carter? — chamei-o, um pouco baixo, afinal, eu ainda não sabia como estava nossa relação “pós-beijo”. Bem, deveria estar na mesma, já que eu ameacei cortar suas bolas. — Você está bem?

Ele apenas me acompanhou no sofá, se esparramando ao meu lado no momento seguinte.

— Ta assistindo o que? — ok, ele ignorou minha pergunta.

— Doug. — respondi monótona.

— Ah fala sério. — senti-o rolando os olhos.

— Ei! Não insulte ta legal? É o melhor desenho do mundo. — esbravejei.

— Ah claro. — sua voz era de um timbre irônico. — Você parece com ela! — apontou para TV, gargalhando.

— Paty Maionese? Você ficou louco cara? Eu nem sou loira! — ri discordando.

— Mas é meio bugada.

— Seu viado! — gritei, começando a estapeá-lo com ódio, fazendo-o cair no chão. Seria muita daora rir da cara daquele ser lamentável… Se ele não tivesse me levado junto.

Sim, eu havia ficado por cima de seu peito, enquanto o maldito não parava de rir. Ei! Eu poderia esganá-lo e…

— Você fica bonita vista de cima. — sua voz soou, após minutos do meu “ataque”. Fiquei um pouco perdida, e só depois me dei conta de que ele falava de mim.

— E você é louco. — me preparei para levantar, mas o idiota aqui foi mais rápido, empurrando-me para o outro lado, e agora ficando sobre meu corpo. Suas mãos prensaram meu pulso no chão, fazendo com que eu não fosse a lugar nenhum.

— Talvez eu seja. — sussurrou, com aquele sorriso absurdamente sexy surgindo no canto dos lábios. — Porém um louco mais forte que você.

— Desgraçado. — murmurei no mesmo tom de voz, com agora seus lábios rosados se aproximando dos meus. Podia sentir sua respiração inebriante de encontro com a minha, e os fios desarrumados caindo sobre seus olhos, agora azuis escuros. Ele sorriu, colocando a palma da mão embaixo da minha nuca, levantando-me levemente na direção da sua face.

Teria sido um beijo de novela.

Se a porcaria da campainha não parasse de tocar.

Como se alguma bola de juízo houvesse atingido minha cabeça em cheio, junto o resto das minhas forças (e do meu lado racional), jogando o corpo do maldito para longe do meu e levantando-me no momento seguinte. Dou uns tapinhas na minha roupa agora amassada, caminhando com a respiração ofegante na direção da porta.

— Mas que bela merda hei… — estava pronta para atacar o ser do diabo que interrompeu meu momento “a dois”. Quando dou de cara com aqueles olhos castanhos claros que mais pareciam mel que eu não via há tanto tempo.

Ai não.


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Notas finais do capítulo

Estou postando um dia sim e um dia não pq os capítulos tem ficado maiores, mas caso eu não esteja agradando me avisem, que eu volto a escrever mil e pouquinhas palavras e posto todo dia :) Ai fica a critério de vcs, é só me avisar