Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 14
O garoto da jaqueta de couro.


Notas iniciais do capítulo

Três comentários pra 100 uhuu, mal posso esperar *--*
Vocês viram que estou sendo legal e postando todo dia u.u (e olha que eu deveria estar dormindo até minhas merecidas três da tarde) então por favor mesmo, deixem reviews! Não custa nada, e vai menos de um minuto pra isso *u* Enfim, boa leitura



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– Elisa.- uma voz fraca soou ao fundo.

Larguei meu nuggets empanado gigante assustada enquanto meus pés se desprendiam do chão. Uma escuridão maléfica se formou ao meu redor, e fechei os olhos, esperando que outros petiscos de frangos aparecessem.

– Elisa!- dessa vez a voz soou mais forte.- Elisa! Acorda logo, merda!- dessa vez algo agarra meu cabelo, puxando-o com força.

Abro os olhos instintivamente e dou de cara com duas imensidões azuis, fitando-me com curiosidade. Mas eu não queria aquilo! Queria nuggets! E que doidera é essa de puxar meu cabelo? Nunca se puxa o cabelo de uma mulher.

– AAHH!- solto um grito proposital, e o garoto recua pra trás, assustado.

– Mas que merda, Elisa!- respondeu passando a mão sobre os fios desleixados.

– Eu estava sonhando com nuggets, seu idiota!- berrei com ênfase, e logo meu estômago ronca de maneira explosiva.- Aliás, o que você quer?

– Ãhn... Eu vou embora, se você quiser também, é melhor levantar essa bunda daí e se arrumar.

Rolei os olhos, jogando o cobertor para o lado. Fiquei o olhando com os braços cruzados, e ele vice-versa. Como se fosse uma guerrinha de quem ri primeiro. Mas esse não era o caso.

– O que foi?- perguntou entediado.

– Me ajude aqui, seu panaca! Quer que eu beije o chão de novo?- respondi impaciente, apontado para meu pé enfaixado.

– É melhor ser mais agradável Srta. Borns.- aconselhou, com um sorriso sádico nos lábios.- Lembre-se de que o carro é meu... E você pode ficar por aqui mesmo.

– Você não ousaria!- vociferei.

Foi aí que ele retrucou aquele olhar de “ah-sim-eu-ouso-vadia.”

– Tudo bem.- bufei.- Se a sua boa vontade permitir, vossa majestade poderia me guiar até o banheiro real?

**

Carter me deixou em casa pela manhã, e em seguida, disse que não poderia deixar de ir pra escola por conta dos treinos. Mamãe e papai não pareceram muito preocupados com a minha dormida fora (aliás, eu realmente acho que eles querem que eu namore logo) e sim pelo estrago que consegui fazer no meu pé. Fui a um postinho perto de casa, e eles colocaram um gesso bem melhor e fizeram um exame mais complexo, e sim, eu só havia torcido mesmo. Teria que ficar pelo menos dois dias em repouso. E por fim, comi igual um porco. Mas qual a novidade mesmo?

– NICK!- gritei até minhas goelas quase explodirem.- Preciso de você aqui! E com M&M’s!

A parte boa da torção é que você pode explorar seu irmão mais novo sem seus pais sequer brigarem com você. E a parte ruim é que... É, não tem parte ruim (hehe).

O baixinho chegou dois minutos depois, com dois pacotes enormes daquela maravilha. Ele fuzilava-me por cima dos óculos, enquanto eu apenas sorria de forma irônica.

– Obrigada, fofulete!- murmurei igual a um bebê, sabia que ele odiava aquilo.

– Seu vocabulário, me comove.- rolou os olhos, e jogou um pouco daquelas divinas bolinhas de chocolate em cima do meu sorvete.- Agora se você me deixasse estudar, eu ficaria comoventemente agradecido.

– Cara, estudar pra que? Suas provas acabaram semana passada.- argumentei, sem interesse.

– Eu sei, sua animal! Mas tenho uma prova da OAB para fazer.

Engasguei-me com uma bolinha na garganta. Fiz sinal para que o guri me ajudasse, entretanto ele só ficou ali parado. Foi ai que eu percebi que o M&M era minúsculo demais e muito fácil de ser engolido.

– Cara, co-como assim? Você nem fez o colegial ainda! O-ou melhor, mal começou a sexta série!- gaguejei assustada.

– Entretanto, não fico perdendo meu tempo com sorvetes de flocos e filmes policiais a tarde inteira.- sorriu cruelmente.

Isso foi maldoso. Mas verdadeiro.

– MÃE! Você sabia que o Nick quer entrar em uma faculdade de direito??- berrei, para que a mulher pudesse me escutar.

– Nós também te amamos, filha!- ela retrucou como quem responde a qualquer coisa.

Virei meu olhar de confusão para o moreno, e ele apenas da de ombros.

– Bom sorvete Elisa, prepare-se para se tornar um ninguém na vida.- informou-me ajeitando os óculos que escorregavam de seu nariz, e saindo no momento seguinte.

Essa doeu.

Voltei ao meu filme ultra interessante (aliás, qual era o nome mesmo?) colocando colheradas exageradas de sorvetes na boca. Só sei que o carinha principal (que era um delegado), estava conversando com uma mulher, e ela estava prestes a contar algo que envolvia toda a virada do filme, quando é atingida com um tiro no meio da nuca. Uau. Que pontaria! Q-quer dizer, que trágico!

Desligo-me completamente daquele universo paralelo, quando batidas frenéticas começam a atingir minha porta. Fico quieta, para que a voz da criatura causadora de todo aquele barulho pudesse se identificar. Nada.

– Quem é?- limito-me a elaborar uma frase melhor, prestando atenção novamente no filme.

– Elisa?- ei, eu conheço aquela voz.

Largo a tigela de qualquer jeito em cima da cama, e agarro as muletas com empolgação, mancando como uma louca em direção da porta, destrancando-a quase que momentaneamente.

Lá estava ele com sua jaqueta de couro preta e uma calça jeans escura – desça vez sem rasgos e um pouco amassada. Com os fios avermelhados levemente arrumados, e um sorriso extremamente contagiante.

– Tay... Matt!- exclamo com animação, o abraçando mecanicamente, deixando as muletas caírem no chão.- Cara, você veio! Você veio!

– Bem, acho que estou aqui não é?- respondeu e pude senti-lo sorrindo próximo a minha orelha.- Fiquei assustado quando me disseram que você havia torcido o pé.

– Ãhn? Ah sim! - confesso que havia ficado um pouco boba por ele ter se importado comigo (com o meu pé, mas e daí?).- Vem, entra aqui!- apoio uma das minhas mãos em seu ombro, equilibrando-me, e com a outra, fecho a porta com força.

Ignorei totalmente as muletas no chão, e apoiei-me nele para chegar até a cama. O ruivo se senta na ponta, enquanto eu me ajeito próxima ao travesseiro. Ainda sorrindo que nem uma idiota e sem saber o que dizer.

– Er... Então... Seu irmão disse que você estava doente esses dias.- iniciei um pouco insegura.- O que você tinha?

– Mal de preguiça.- respondeu rapidamente.- É bem contagioso.

– Tô sabendo.- soltei um riso sem-graça.- Acho que te passei, foi mal.

– Eu já estava em estágio terminal antes mesmo de conhecer você.- indagou calmamente, olhando um ponto qualquer no cômodo.- Que filme é esse?

– Não faço à mínima ideia.

– Hum... Ok, por acaso isso não seria sorvete com M&M’s, seria?- questionou-me curioso.

– Não, seria uma massa de miolos recheada com cocô de bode.

– Argh! Que nojo garota, você estraga com o apetite de qualquer um.- rio alto com seu comentário.

– Me desculpe, sim, é sorvete com M&M’s, quer?- ofereci ainda rindo um pouco.

– Eu iria aceitar... Mas depois dessa, me recuso.

– Isso é frecura.- alfinetei-o, colocando mais uma enorme quantidade de sorvete na boca.- Viu?- confirmei com a boca cheia.

Ele apenas me fitou com curiosidade deixando-me um pouco incomodada, contudo, não desvio também, aquelas órbitas castanhas chamavam bem a minha intenção. Quando engulo totalmente o alimento, o mesmo ainda me olhava profundamente.

– O que foi?- perguntei com bom-humor, como se alegasse “nós definitivamente não estamos flertando” e jogo levemente uma almofada sobre ele.

– É que... bem...- pareceu acordar de um tipo de transe. Levantou-se da ponta da cama, e esparramou-se bem próximo a mim.- Está sujo aqui.

Matt levou a maçã do dedão, próximo ao canto dos meus lábios, e tirou o último resquício do sorvete dali. Mesmo com o pouco contato, seu toque já me causava arrepios. Não desviamos os olhares por um minuto só, e ele sorriu sem-graça. O único som que embriagava o ambiente, era do delegado do filme conversando com uma faxineira de hotel que havia evidenciado o crime.

– Eu odeio.- sua voz surgiu como um sussurro depois de bons momentos de silêncio.

– Ahn... Eu...- parei um pouco para pensar, e finalmente minha mente voltou ao lugar certo.- Odeia o que?- consegui formular a frase sem gaguejar. No mesmo tom de voz.

– O fato de você estar namorando.- sua timbre agora parecia amargurado.

– Eu não estou...- iria dizer que eu não estava, mas logo me lembro do trato. E que teoricamente sim, eu estava mesmo namorando.- Quer dizer, é sim, acho que sim.

O garoto ri, com antipatia.

– Certo, então seu namorado vai ter que me perdoar.- sua voz soa com certa frieza e seus dedos percorrem docilmente minha face, chegando até meu pescoço, puxando-me mais para seu lado.

– Matt, o que vo...- não pude completar a frase, pois seus lábios trêmulos e frios selam os meus com desespero. Por um momento fico parada, sem reação.

Beijar quando se está bêbada é mais fácil.

E quando não tem a consciência de que está “namorando” alguém.

Mas eu não conseguia resistir á ele. Jamais conseguiria.

Meus dedos se movem rapidamente para seus cabelos, apertando-os com violência, e eu correspondo àquela loucura, mordendo seus lábios macios de vez em quando. Sentia que meu coração explodiria a qualquer momento por conta das palpitações frenéticas, mas dane-se, eu estava amando aquilo.

Os lábios de Matt valsavam perfeitamente de encontro aos meus, enquanto sua língua invadia completamente meu espaço, fazendo com que correntes elétricas se espalhassem por todo o meu corpo. Estava tão extasiada com tudo aquilo, que nem percebi a porta rangendo, e alguém a abrindo com ódio.

– Elisa!- outra voz masculina troveja pelo quarto todo, fazendo com que eu empurrasse o ruivo para o outro lado, distanciando-me assustada dele.


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