Vingue-se Ou Morra. escrita por Holden


Capítulo 11
Loucuras no boliche.


Notas iniciais do capítulo

Estou de férias *0* Cara, to tão feliz, sério



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“- Garota? - arregalou os olhos. - Não, não, vou na casa do Carter. É um encontro de amigos. Sabe como é... Jogar, falar de mulheres que nunca teremos e assistir filmes recheado de sangue.”

As “doces” palavras de Matt não paravam de rondar minha mente. Aquele sorriso de derreter qualquer uma e aqueles lábios carnudos imploravam para serem... Serem colados aos meus. Isso mesmo! Eu o queria. Queria muito. Tipo, garotas não devem desejar garotos que elas só viram por dois dias. Mas e daí? Nós até já ficamos em uma boate... Bem, eu estava bêbada. Mas isso não vem ao caso.

Matt era o sonho de consumo de qualquer garota. E eu me sentia tão completa ao lado dele, até mesmo de seus fios avermelhados e...

– Elisa.- Geny sussurrou ao pé do meu ouvido.- Elisa, presta atenção!

Parei de devanear quando o garoto moreno a nossa frente começou a tentar se soltar das cordas, tirar a venda e morder a faixa em sua boca desastrosamente.

David Lerman.

Cerca líderes de torcidas.

Havíamos colocado aquelas armadilhas que índios usam para deixarem as presas de ponta cabeça com o pé preso em alguma coisa. No nosso caso foi o teto. E sim, Will consegue essas coisas, ele é um ninja. E temos lá nossos contatos. Nossa, sou uma agente do FBI.

Apertei um pouco mais as cordas, e ajeitei melhor sua venda. Nossa vítima era bem alta o que dificultava um pouco as coisas. Fui até a gaiola próxima de Geny e a abri com cuidado. Alguns minutos depois, nosso amiguinho surge: Simba, o gambá aventureiro.

David murmurava alguma coisa inaudível, mas não ficamos para descobrir. Saímos correndo antes de Simba soltar seu aroma dos deuses. Sorri para meus comparsas atrás de algumas latas de lixo e completei:

– Missão número 35. Cumprida!

**

Mesmo dia. Horário de embora.

– Elisa, você não vai contar mesmo o que está acontecendo não é?- a garota gritava para os quatro ventos enquanto andávamos pelos corredores.

– Você pode gritar um pouquinho mais alto? Ainda não te ouviram na Rússia!- apontei para os meus ouvidos.- Oh espere! Ouviram sim! Ashutuck.

– Que diabos é Ashutuck?- perguntou indignada.

– É cala a boca em Russo.

– Você não sabe falar em Russo.

– Você tem razão meu caro, Watson. Mas todo dia temos a oportunidade de criar um novo palavrão.

Geny revirou os olhos, jogando o cabelo pro lado e arrumando a mochila em suas costas.

– Vou ter que te torturar ou vai ser por boa vontade?- rosnou segurando seu chaveiro de arminha para minha direção.

– Ta legal, ta legal! Eu confesso. - respirei fundo algumas vezes e a empurrei para um canto reservado, deixando alguns alunos apressados passarem. - Estou namorando o Singleton.

A loira abriu a boca, mas a fechou no momento seguinte. Seus olhos estavam semicerrados e sua boca formava um “o” perfeito. Ela me olhava com certo grau de “você fuma garota?” e indignação.

– Você ta brincando né?- sussurrou bem próxima de mim.

Meneei a cabeça negativamente.

– ASHUTUCK! VOCÊ. NAMORANDO. SINGLETON?!- gritou enquanto algumas garotas nos olhavam com ar de deboche. Como se não acreditassem nas palavras dela.

Revirei os olhos.

– Bem... Não é bem um namoro, mas não posso falar sobre isso. Não agora.- murmurei com uma boa dose de tédio.

– Ah meu Deus, não faça isso comigo Elisa! Precisa me contar tudo!- seus olhos brilhavam a esse momento.

– Lamento muito, mas tenho que ir.- sorri de forma fraca.- Até mais.- e fui me distanciando com os pensamentos embaralhados. Ter que esconder algo da minha melhor amiga era um pouco demais pra mim.

– Não pense que isso ficará assim!- gritou com ênfase em minha direção, contudo dei de ombros.

**

Cheguei um pouco mais cedo ao treino de natação, e alguns alunos ainda estavam na água, inclusive Carter. Fui até uma máquina de refrigerantes e de lá, tirei uma latinha de coca. Sentei em um banquinho de frente a enorme piscina, e ele só pareceu me notar depois do longo nado de costas.

– Já?- perguntou espantado levantando os óculos de mergulho e nadando para a borda.

– Sim, estava com tédio e Geny estava me entupindo de perguntas.- dei uma golada longa na bebida.- Como foi o encontro de garotos?

– Por favor, não titule nosso evento com algo tão gay.- deu aquele sorriso torto e saiu da piscina em uma pulada só.- Foi normal. Rotineiro, eu diria.

Observei aquelas gotas rolando sobre seu abdômen um tanto definido sendo esmagadas pela toalha branca, que agora percorria seu corpo todo. O garoto tirou aquela toquinha, passando os dedos sobre os fios que agora pareciam mais escuros, os deixando mais rebeldes ainda. Caminhou até sua mochila e de lá tirou uma camiseta simples branca e um short despojado jeans. Vestindo-os logo em seguida.

– Vamos?- perguntou enquanto jogava a mochila em um ombro só, me oferecendo a outra mão para me ajudar a levantar. Dei o último gole, e deixei a latinha ali mesmo. Aceitando sua palma no momento seguinte.

Caminhamos lentamente enquanto o gorila bombadão estava com seu braço largo e pesado entrelaçado despreocupadamente sobre meus ombros. Bufei enquanto meus olhos procuravam incansavelmente aquela figura pálida e alta nomeada de Tayl... Matt! Isso, Matt!

– Quer esperar a galera?- a voz grave e rouca de Carter, me despertou dos pensamentos perdidos novamente.

– Tanto faz.- respondi com indiferença.

– O que você tem?- perguntou de forma ríspida.- Cara, esqueça os salgadinhos eu sei que você é gorda.

– AH! Não é isso!!- respondi com prontidão, tentando me defender.- E-eu é só que... Hã...

– Pare com isso, você não sabe mentir. E também não me interessa.- ok, aquilo sim foi grosseiro.- Tenho uma coisa pra te contar.

– Isso também não me interessa.- rebati com o mesmo tom de voz (nada como uma vingançinha hehe).

– Ta legal.

Um silêncio constrangedor pairou sobre nós. Mordi o lábio inferior já sentindo o gosto de sangue.

– Fala logo.- insisti.

Carter riu com gosto. Como se gritasse ao mundo “Venci.”

– Judy e eu nos beijamos.

Parei no meio do corredor, totalmente petrificada. O garoto olhou para trás, com uma expressão confusa.

– O que foi?

– Repita.- ordenei.

– O que? Que Judy e eu nos beijamos?

– Ai. Meu. Deus.- indaguei pausadamente.- É sério isso? Sério mesmo?

– Hã... Bem... Eu acho que sim, vou perguntar pra ela novamente.- satirizou.

Idiota.- bufei.- Onde? Quando? Como?

– No vestiário da equipe. Hoje de manhã. Com a boca...?

– Cara, você é louco.- revirei os olhos.- Ela tem namorado sabia?

– Isso torna as coisas bem mais divertidas.- sorriu com o canto dos lábios e os mordeu. Merda.

– E você também tem namorada, que por sinal, sou eu.

– E você até dias atrás estava se agarrando com Matt, nada mais justo meu “amor”.

Grunhi de raiva, e comecei a andar novamente, o ignorando. Será que jogariam isso na minha cara até eu morrer?

Tudo bem que eu estava chapada.

E que não me lembro de nada.

E quase dei pra ele em público.

Mas e daí?

– Eles estão vindo.- o loiro sussurrou em meu ouvido novamente, me pegando de surpresa, prensando meu corpo na parede enquanto me abraçava com força.

Seu perfume forte impregnou minhas narinas e fui obrigada a enterrar minha face em seu pescoço pela vermelhidão que tingiu meu rosto quase que espontaneamente. Não tive mais forças para pensar em nada ou ficar brava com o mesmo. Entrelacei meus braços na curva de seu pescoço, e ele na minha cintura, me apertando mais ainda. Fui obrigada a ficar na ponta dos pés, afinal, estava de frente a uma muralha.

Uma muralha deliciosa.

Mas ainda sim uma muralha.

Achei que Carter iria me beijar ou alguma coisa do tipo. Mas não. Apenas colou sua testa na minha e tentou ficar olhando para o lado, só para ter a certeza de que a galera (ou a ruiva piriguete) estava observando. Seu hálito quente e com um aroma inconfundível de menta, se comprimiam sobre meu rosto. E eu só o queria ali. Com sua boca na minha. Com o seu corpo no meu.

Ai Deus, me mate.

– Opa, olha a safadeza.- uma voz masculina ecoou atrás de nós, e o Singleton finalmente resolveu me soltar.

– Matt?- perguntei esperançosa para o garoto ruivo a nossa frente, que estava com Julie, Emma e Lana ao seu lado.

– Não, Taylor.- riu com gosto.- Matt ficou em casa, não parecia estar muito bem hoje.

– Ahn... Jura?- minha voz falhou um pouco.- Aconteceu alguma coisa?

– Bem, eu não sei, ele sempre arruma uma desculpa pra faltar na escola.- outro sorriso.- Está preocupada com ele?

– E-eu?- engasguei-me com a própria saliva.- Claro que não, curiosidade mesmo.

Um silêncio constrangedor paira no ar, e só o que eu sei fazer é ficar mordendo o lábio até criar pequenos cortes. Maldito vício.

– Oi povo.- uma falsa ruiva surge do nada com o namorado bocó ao lado totalmente sorridente. As outras garotas a cumprimentam. Carter só fica com a maldita mão na minha cintura acenando minimamente com a cabeça.- Steve e eu temos a tarde livre hoje, que tal fazermos alguma coisa?

– Nós topamos.- as vadiazinhas em formação respondem.

– Tudo bem pra vocês?- dessa vez Taylor pergunta para nós.

– Na verdade eu...

– É claro, que lugares pretendem ir?- o gorilão responde por mim.

– Vamos ao boliche!- Steve opina.- Meu primo trabalha lá e podemos conseguir um desconto, aliás, é bem divertido também.

– Grande ideia amor!- Judy responde pelo grupo.- Então vamos!

Dou de ombros. Não queria ficar com aquelas pessoas, mas o que adianta voltar pra casa e ficar me entupindo de pringles e amendoins coloridos? E também precisava fingir que meu “namoro” estava perfeito.

**

O local não era dos piores. Era até moderno. Tinha mesas para pessoas ficarem conversando e a pista de boliche para os que queriam jogar. O ar-condicionado salvou meu dia, e os aperitivos estavam deliciosos. As garotas estavam na mesa, fofocando, enquanto eu bitucava as bolinhas de queijo e apoiava minha cabeça entediada.

– Judy!- argh! Juro que se ouvir esse nome mais uma vez eu mato um.- Esse é pra você, minha gostosa.- o namorado-bocó coloca os dedos no buraco da bola de boliche verde, a deixando na altura dos olhos e a arremessa com toda sua força para os tacos.

Ele só deixou um sobrando.

Todos os aplaudiram.

Por favor, alguém me mate.

Dessa vez, Carter anda despreocupadamente para o estoque de bolas, e agarra uma preta só com a mão direita. Volta até a pista mascando um chiclete, e olha pra mim com aquele típico sorriso torto.

– E esse é pela sua bunda, Elisa.- indagou calmamente, tirando os fios rebeldes do olho e ficando numa posição boa. Impulsionou os braços e com uma tacada só, conseguiu milimetricamente derrubar todos os pinos.

Que desgraçado.

E nem é pelo fato de ter falado da minha bunda.

As garotas começaram a fazer uma dançinha pra lá de estúpida da vitória e os garotos os cumprimentaram. Revirei os olhos, e engoli mais uma bolinha de queijo. Um tempo passa, e solto um ligeiro:

– Vou ao banheiro.

Por favor, como se alguém se importasse.

Entro no local, e me dirijo até a pia, passando convulsivamente água sobre minha face. Aquele calor estava me matando, e retiro o que disse sobre o ar-condicionado. Minha camiseta já grudava nas costas e quando vou me olhar novamente no espelho, dou de cara com dois pares de olhos esverdeados e o ruivo falso do cabelo preso em um coque alto atrás de mim. Ah não, a baranga podre.

– AH!- solto um grito quando dou de cara com ela.- Que susto, droga.

Ela solta um risinho irônico, e vai para o outro espelho, tirando um gloss do bolso e passando-o sobre os lábios grossos. Fico com uma expressão de “what” assustadora, fitando aquela sombra maligna.

– Sabe, Elisa.- ela começa calmamente ainda se olhando no espelho.- Steve e eu estávamos muito bem antes de você chegar. Achei que não sentia mais nada pelo Carter... Mas... Ver vocês dois juntos me da náuseas. Sério mesmo.

Ok... O que estava acontecendo?

– Aonde você quer chegar?- pergunto indignada.

– Essa é a questão.- agora, a maldita se virá pra mim, com um sorriso estranho nos lábios.- Eu quero voltar pra ele. Digo, pro Carter. E ninguém vai me impedir. Nem uma vadiazinha estúpida como você.

Vadia?

Estúpida?

Ah não.

– Você é doente.- indago lentamente, como se me lidasse com uma demente. E realmente. Era isso que estava acontecendo.- E eu achando que era só coisa da minha cabeça.- rio com escárnio.- Se trata guria.

Dou as costas no momento seguinte, mas sua mão pequena e fina segura fortemente meu ombro. Viro-me em sua direção, com poucas e boas pra soltar, quando ela se antecipa:

– Quanto você quer?

– O que?

– Quanto você quer pra se manter longe?

Fico quieta por um momento, como se estivesse pensando.

– Que tal sua língua no espeto?- sorri friamente, e finalmente lhe dou as costas.


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