Seeking Shelter escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 29
Famílias Diferentes


Notas iniciais do capítulo

oieeeeeeee então, o capítulo passado foi a primeira vez que eu tentei usar aquele sistema de programar a postagem sabe e eu fico feliz que tenha dado certo wohoooooooo enfim aqui vai um capítulo e eu prometo que eu vou responder os reviews direito quando eu tiver tempo tá bom desculpa gente e MUITO OBRIGADA PELAS RECOMENDAÇÕES EU AMO VOCÊS DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO BYE



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5AM: Max?

5h36AM: Oi? Acordada?

5h45AM: Eu sei que isso vai parecer estranho, mas eu sinto que eu vou pirar e eu imaginei que você entenderia.

5h55AM: Ah.

5h56AM:Você precisa pirar?

6h00AM: ...É. Desculpa se eu te acordei.

6h01AM: ...eu estava acordado.

6h05AM:...Ok. Então eu vou dormir, uh, boa noite, eu acho.

6h07AM: Me dê duas horas.

6h10AM: Como assim?

6h11AM: Duas horas pra eu dormir, então eu passo aí.

6h12AM: O quê? Você está falando sério?

6h13AM: Sim. Esteja em pé antes das oito e meia. Boa noite.

6h14AM: São seis da manhã.

6h16AM:BOA NOITE.

8h17AM: Acorda, Carter. Bom dia.

Carter! -Meu irmão grita, fazendo com que eu pule na cama, morrendo de novo. Ele entra no meu quarto e abre a cortina, fazendo a luz atacar meus olhos e eu dar um gritinho.

–Qual é o seu problema?

–O meu problema é que Max me mandou uma mensagem perguntando se você já estava acordada. Depois outra, uns três minutos atrás, dizendo que ele está te esperando lá embaixo. -Olho para o relógio do meu celular. Oito e meia.

–Merda. -Ignorando a exaustão de ficar a noite toda acordada, levando, escovo os dentes, troco de roupa em menos de cinco minutos e saio correndo prometendo para Connor que eu explico depois. Quando eu chego no carro, Max está de olhos fechados, com a cabeça inclinada, encostada no banco. Quando abro a porta do carro, ele olha para mim, abrindo um só olho.

–Atrasada.

–Oi. -Olho para frente, para ele não conseguir detectar as minhas olheiras. Ficamos um tempo sem falar nada, eu com sono demais pra ser levada pela seriedade do momento.

–Você vai me explicar porque está pirando? -Faço que não com a cabeça. Ele não diz nada. A verdade é que eu queria contar para ele, mas uma boa parte da equação sobre os meus problemas essa noite envolvia ele, porque eu passei uma boa parte da noite tentando conciliar a antiga Carter com essa nova, séria Carter e o único elemento que esta presente constantemente na vida das duas Carters (além do meu irmão) é Max. Toda a felicidade de ontem foi embora para dar lugar a mais confusão. Tudo começou quando meu irmão disse que eu parecia a antiga Carter por estar feliz, e eu relacionei isso ao fato de Max estar me olhando de um modo diferente, e percebi que ele conseguiu achar o que restou da antiga Carter dentro de mim. Depois percebi que eu morro de medo da velha Carter e não quero que ela volte, mas eu quero em algum momento da minha vida ser feliz, e parece que isso só era possível quando eu assumia minha versão antiga.

Aliás, eu estou morrendo de sono.

–Eu ainda não estou preparada pra contar. -Explico, esperando que isso seja o suficiente. Finalmente eu olho para ele e ele me olha tenso, cansado e claramente exasperado. Me sinto muito cruel, escondendo o motivo de tudo isso enquanto ele perde o sono por minha causa, mas a crueldade é melhor do que a autodestruição no mesmo, e é isso que vai acontecer se eu contar para ele: vou me destruir.

Os seus olhos se suavizam quando ele olha para minhas olheiras.

–Você chegou a dormir?

–Quinze minutos.

–Meu Deus, Carter. -Diz, quase como se estivesse brigando comigo. Ele liga o carro, e sai da frente do condomínio sem falar nada.

–Pra... pra onde a gente tá indo? -Me forço a perguntar, hesitante e fazendo todo o esforço do mundo pra manter os olhos abertos.

–Você vai saber quando a gente chegar lá.

–Você não precisa fazer isso, sabe?

–Eu não tenho nada melhor pra fazer em um domingo de manhã. Não é como se isso fosse tortura. -Olho para ele, esperando que ele perceba minha gratidão não comunicada. -Você está com uma cara horrível.

–Obrigada, meu amigo. -Replico, encostando na janela do carro e fechando os olhos.

–Não falei pra te ofender. Por que você não tenta dormir?

–Vai demorar pra gente chegar?

–Nem tanto, mas vai ser bom pra você. -Apenas balanço a cabeça positivamente e me concentro no barulho do carro. Só percebo que dormi, obviamente, quando eu acordo. Olho para o meu celular.

São quase dez horas. O carro está parado.

–O que está acontecendo? -Me sinto um pouco zonza.

–Você dormiu rapidinho, então eu só fiquei zanzando pelas ruas por um tempinho.

–Onde é que nós... -Não termino, porque observo a rua em que estamos.

Olho para o lado, para a casa na nossa frente e eu fico branca e com vontade de vomitar. Eu quase consigo ver Chaz correndo na calçada e meus pais plantando flores no verão, ali perto. Quase consigo ver meu pai e Connor jogando videogame pela janela e minha mãe conversando pelo telefone, na mesma sala. Quase. O que me impede de ver isso tudo é que nada disso existe mais, tudo se perdeu no tempo e espaço, foi para uma realidade paralela enquanto eu estou presa nessa realidade ainda.

Estou encarando minha casa.

–Por que estamos aqui? -Pânico. Eu estou em pânico.

–Porque essa foi sua casa por dezesseis anos, e só achei que você gostaria de ver como ela está agora.

–Eu não quero. -Meu sono foi embora. -Eu não quero ver. Me leva de volta.

–Vai até lá e bata na porta. -Ele tenta me encorajar. Me viro para ele, suplicante.

–Max, vamos embora, por favor. -Eu não vou aguentar entrar lá. O pouquinho de felicidade que me restou vai embora. Eu não sei como vou reagir. Ele abre a sua porta e sai e meu coração dispara. -Você está tentando acabar com meu emocional? -Quando ele responde, olho no fundo dos meus olhos.

–Essa nunca foi minha intenção. -Então eu acredito nele, mas o medo não vai embora. Nem Max se mexe. Percebo que minha única opção é ir, ou sair andando e decepcionar Max, que acha que eu tenho coragem de ir lá. Ele abre minha porta.

–Você vai lá comigo? -Eu não estava planejando, mas minha voz sai como a de um bebê, e os cantos da boca de Max se erguem levemente.

–Eu vou. -Ele balança a cabeça, para enfatizar. Saio do carro, engolindo seco e caminhamos lado a lado pelo pequeno caminho de pedras que corta o jardim até a porta de entrada, exatamente como fazíamos antes. Não chore.

Bato na porta e olho para minhas mãos, que estão tremendo. Escutamos um choro de um bebê, então uma mulher nos seus vinte anos abre a porta, com traje de corrida e um bebê nos braços. Nos olha confusa.

–Sim?

–Olá. Meu nome é Max e essa é a Carter. Ela costumava morar aqui antes de você se mudar. -Max diz, quando percebe que não consigo abrir a boca.

–Espera. Carter Hallaway? -Assentimos. -Sh. Sh. -Ela sussurra para o bebê, balançando-o nos braços. -Silêncio, Jake. -Olha para nós novamente. -Sou Sarah. -Estende a mão, segurando Jake com o outro braço.

–Gostaríamos de saber se... hm, podíamos dar uma olhada na casa, só para... -Max não termina, mas Sarah entende. Bota Jake no chão, que engatinha pela sala e abre mais a porta, para nós entrarmos.

–Podem entrar. Não liguem para a bagunça, eu não tive tempo de arrumar nada.

–Não... nos importamos. -Max responde, me olhando, esperando que eu fale alguma coisa. Sarah também me encara, mas meus olhos estão focados na sala. Alguns móveis ainda estão aqui, outros são novos, e não parece a mesma sala, óbvio. No chão, milhares de brinquedos de criança estão jogados e meu coração pesa lembrando de Chaz, mas tirando isso, não há nada que me faça lembrar da minha família. Olho para os quadros na parede, repletos de fotos de Sarah com Jake.

–Você é mãe solteira? -Indago. Ela se sobressai, surpresa por ouvir minha voz.

–Sim. Eu fiquei grávida quando tinha dezoito anos.

–Quantos anos ele tem?

–Três.

–Ah. -Volto a observar a casa.

–Vocês podem dar uma olhada nos quartos também, se quiserem.

–Obrigado. -Max responde. Sarah bota um desenho animado na tevê para Jake e nos guia pela casa, como se eu não soubesse o caminho. As paredes estão da mesma cor, e tudo parece tão igual e ao mesmo tempo tão diferente que eu não sei como proceder diante disso.

–Bem... eu não sei de quem era os quartos, então...

–Esse era dos meus pais. -Aponto para o primeiro quarto do corredor. Sarah assente.

–Esse é o novo quarto de Jake. -Ela comenta. Não consigo responder, então não digo nada.

–Quarto do Connor. -Max comenta, para outra porta. -E do Chaz.

–Eu usei o quarto extra como depósito para as minhas coisas. -Ela diz. -Sou personal trainer. -Assinto novamente, com os olhos sem foco e ela abre a última porta. -Esse... é o meu quarto.

–Era o meu também. -Ela ri, mas para quando percebe que não estou fazendo piada. Analiso o quarto, a cama de casal, o guarda roupa e principalmente as paredes lisas e desprovidas de todas aquelas fotos que eu tinha e todos os meus cds jogados e minhas roupas largadas para lá e para cá.

Era o meu quarto, mas é evidente que não é mais. Eu não sei. Eu só sempre senti que eu sempre pertenceria aqui, entre essas paredes, mas agora, ao vivo e a cores, não sinto apelo nenhum. Só melancolia.

–É... diferente. -A casa toda é diferente. Nem uma vez eu imaginei outra família morando aqui, mas Sarah e Jake parecem combinar com esse lugar. Na minha mente, eu tinha a imagem de uma outra família (com pai, mãe e muitos filhos) morando aqui, com a mãe super envolvida nos assuntos dos filhos e um pai que amasse assistir basquete nos domingos. Minha ilusão se acabou um pouco, agora. Eu não pertenço mais a esse lugar.

–Mudei bastante coisa. Vendi alguns móveis, mas guardei outros, porque eram muito bonitos. E a casa era bem barata, então fui bastante sortuda. -Sortuda. Ela foi mesmo. Forço um sorriso.

–A casa é muito bonita, mesmo.

–Ah, hm, -Ela troca o peso dos pés, meio desconfortável. -Eu achei algumas coisas pessoais de vocês, quando fui reformar os quartos. -Voltamos para a sala e ela pede para que sentemos no sofá. -Já volto. -Então sai, me deixando sozinha com Jake e Max. Jake nos olha de longe, e joga um brinquedo na minha perna, mas não faço nada. Não consigo me mexer, nem falar qualquer coisa, com medo de que no mais leve dos movimentos minha bolha que me impede de sentir coisas demais estoure e eu pire tanto que minha cabeça exploda.

Max aperta minha mão.

–Aqui está. -Sarah volta, com uma caixa. Bota na nossa frente. Me abaixo, para ver o que tem dentro. Meu diário. DVDs, CDs, fitas, quadros, cartas, convites de casamento, brincos da minha mãe.

Ah, meu Deus.

–Obrigado. -Max responde por nós, sabendo que não vou falar nada.

–Vocês já tomaram café? -Aperto a mão de Max e ele interpreta meu movimento.

–Ainda não, mas precisamos ir. Será que poderíamos levar a caixa?

–Claro, nada aí é meu. -Nos levantamos, e eu seguro a caixa como se valesse um milhão de dólares.

–Obrigado por nos deixar entrar.

–Não tem problema. Vocês são um casal adorável. -Ela comenta. Estou tão entorpecida que não dou ao trabalho de negar. -E você tem uma família linda. -Ela comenta, para mim.

Ela não sabe.

Ela não sabe que eles morreram e eu é que não vou falar.

–Obrigada. -Tento sorrir.

–Se precisarem de qualquer coisa, é só vir aqui.

–Pode deixar. Tenha um bom dia. -Max diz e me puxa pela mão que estava segurando até o carro. Assim que entramos e Sarah fecha a porta, eu jogo a caixa no chão do carro e enterro meu rosto nas mãos, segurando meu cabelo e puxando-o como se minha vida dependesse disso. Não estou chorando, nem estou com vontade de chorar, mas meu coração está doendo e eu não sei o que fazer. Sinto as mãos de Max soltando as minhas mãos do meu cabelo, depois arrumando os fios rebeldes. Levanto o rosto.

–Você pode ir agora. -Sussurro, sem confiar na minha voz e ele liga o carro. Ficamos quinze minutos sem falar nada, então percebo que ele não vai me levar pra casa. Não pergunto pra onde ele vai me levar, porque duvido que qualquer lugar seja pior do que o que eu acabei de ir. Começo a falar de outra coisa.

–Sempre achei que uma família de verdade iria morar lá.

–Uma família de verdade? -Ele atravessa a ponte, e logo depois estamos a alguns metros da praia.

–Com pai, mãe, filhos.

–Eles são uma família de verdade. Uma família "de verdade" não precisa ter pai e mãe e filhos, precisamente.

–Eu sei. É só que... eu só tinha essa imagem, na minha cabeça.

–Carter... você sabe que tem uma família agora, não sabe? -Não respondo. -Você tem o Connor, e Ashley. E os meus pais. E Jill, Tedd... e eu.

–Não. -Balanço a cabeça. Ele para o carro no meio fio.

–Por que não?

–Não posso.

–Por que não?

–Eu te amo, Max. -Ele olha para mim, de repente, sem reação. Percebo o que eu fiz. -Não, não pense nisso do jeito... romântico. Eu nem pensei nisso. Eu nem sei como eu me sinto com relação a isso. Mas... eu te amo como pessoa. E como um amigo também. Porque você sempre esteve lá pra mim. Antes e agora. E eu amo os seus pais, eles são pessoas ótimas e amorosas, e amo Tedd porque ele é adorável e Jill porque ela é incrível. Amo eles como se fossem meus irmãos, também. Mas eu não posso me dar ao luxo de me apegar a vocês, a essa... família de vocês, porque se alguma coisa acontecer, não estou falando que vai, mas se acontecer, eu não vou sobreviver. Meu coração, minha mente não vai sobreviver ao estrago mais uma vez. Entende?

–Nada vai acontecer, Carter. -Max diz, convicto; se vira para mim.

–Como você tem tanta certeza? -Pergunto, incrédula.

–Porque nós te amamos também.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado