Seeking Shelter escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 16
O Monstro Embaixo Da Cama




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Outro flashback. Max está gritando na minha frente, olhando para mim, e eu estou confusa, na minha própria pele. Ele se vira, aponta para mim e chega mais perto e então me lembro de focar no que ele está dizendo e percebo que esse é o momento onde ele termina comigo.

–Eu não aguento mais, Carter! Você tá me ouvindo? -Ele continua na minha frente. -Isso está me cansando e já chega. Eu cansei de acompanhar essas suas loucuras e você achando que pode fazer tudo o que quiser. Então acabou. Essa coisa entre nós acabou.

–Mas...

–Você partiu a droga do meu coração! Você anda por aí como se não ligasse pra mais nada e vai nessas festas e faz o que quiser sem pensar que tem gente que se preocupa com você! Eu tentei. Eu tentei entender que você quer se divertir mas isso é demais pra mim. Então estou terminando com você.

–Max... não. -Ele vira, incrédulo.

–Você não pode decidir por mim, Carter. Tem coisas que você não pode controlar. Então tchau, aproveite a curtição sozinha porque eu estou fora. -E eu estou parada, observando ele ir embora, enquanto as primeiras gotas de chuva caem no parquinho da cidade, às sete horas da noite.

Sei o que acontece depois disso. Eu vou para o bar e meus pais morrem nesse dia, mas nessa hora, nessa versão de mim, eu ainda não tenho plena consciência disso, então só sento no banquinho chorando por Max e não por minha mãe ou meu pai ou Chaz.

Antes que a cena se desenrole, tudo muda. Eu estou em uma festa como sempre e as coisas estão meio borradas então me pergunto se não estou sonhando. Mas isso é familiar, então chego a conclusão que é mesmo outro flashback.

Marco aparece na minha frente, rindo de alguma coisa e a parede está girando. Os sons estão longe, mas na minha frente tem um monte de gente dançando.

É a festa pós baile dos ex-alunos, mas Max ainda não terminou comigo. Devolvo para Marco um saquinho com pó branco dentro, e ele segura no ar por um segundo antes de guardar no bolso e voltar a dançar com alguém.

–Ai... -Digo, tentando andar, me apoiando na parede. Um cara aparece na minha frente. Minha consciência reconhece como o cara que eu vi no show de Max.

O de hoje.

–Gatinha, precisa de ajuda? -Murmuro alguma coisa que não chega aos meus ouvidos, e ele me prensa contra a parede. E começa a... me beijar?

Ele me beija. Estou drogada mas ainda consigo pensar, aparentemente, porque então eu tento empurrar ele pra longe. Mas ele pressiona o quadril contra o meu e eu sinto sua ereção e meu coração acelera.

–Sai daqui. -Tento empurrá-lo outra vez, mas ele aperta os meus braços tanto que chega a doer.

–Eu vi você na pista de dança. Você é uma menininha bem safada, hein? Escutei que estuda no ensino médio ainda. O que está fazendo em uma festa de faculdade?

–Vim com meus amigos. -Viro o rosto, impedindo que ele me beija.

–Também vi a cocaína. Meninas rebeldes me excitam.

–Tenho namorado.

–Então não deveria ter dançado daquele jeito na pista. Parecendo uma vadia. Cadê seu namorado agora? Você estava provocando e aqui estou.

–Me larga, idiota. -Uso toda minha força para sair do aperto, mas ele é mais forte que eu. O pânico misturado com a cocaína me deixem tonta. Ele começa a beijar meu pescoço, me puxando com ele enquanto andamos. Tento andar na direção oposta, mas ele aperta meu braço mais ainda. -Por favor, me solta. -Entramos em um corredor mais silencioso e eu quase choro, com medo. Ele abre uma porta.

–Carter? Pelo amor de Deus, Carter! -Abro os olhos, respirando como se estivesse dentro de um tanque de água por cinco minutos. Estou suada, mas com frio. Connor me chacoalha. -Jesus Cristo, Carter! O que houve? -Olho atrás dele, Ashley me encarando preocupada, roendo as unhas.

O que acabou de acontecer com a minha mente?

–Naomi, tem leite na geladeira. -Ashley diz, olhando para a cozinha. Olho também, e Clark, Max e Naomi olham parecendo... assustados.

–Carter, foco aqui. O que aconteceu?

–Flashback. -Connor engole seco, mas se força a perguntar.

–Do acidente? -Não vou contar sobre o Max, então nego. -Então sobre o quê? -Abro a boca para tentar falar, mas não consigo. As palavras não saem e estou assustada demais pensando no que aconteceu depois que aquele cara abriu a porta para falar.

Tenho muitas perguntas na minha cabeça. Acho que vou desmaiar, mas ao invés disso, levanto a todo vapor e corro para a cozinha, passando pelos três atônitos e até a bancada de remédios. Pego um tranquilizante e tomo com o leite na mão de Naomi, sem falar nada, depois sento a mesa.

–Hm, Carter, você tá bem? -Clark pergunta. Meus olhos estão fora de foco, olhando para o vazio enquanto meu coração bate forte, tentando processar ALGUMA COISA. Faço que sim.

–Tem certeza? -Max pergunta.

–Connor. -Digo, e ele está ali, no meu lado em dois segundos.

–Que é?

–Liga para a minha psiquiatra.

–O quê?

–Pra psiquiatra da clínica. Liga pra ela, AGORA. -Fiz uma terapia intensiva com ela para lidar com as coisas do meu passado. A doutora Bernard. E tenho um pressentimento que ela vai me dar alguma resposta para isso, mesmo que eu não tenha certeza.

–O que você lembrou? -Ele pergunta, discando um número no celular.

–Uma coisa ruim.

–O quê, C?

–Eu... eu... eu não consigo dizer. Só... estou com medo de lembrar do resto do flashback.

–Por que você tem flashbacks? -Naomi pergunta, sentando em uma das cadeiras, parecendo se recuperar do choque.

–Porque eu tomo pílulas felizes. -Só sei o quanto isso soa idiota depois que sai da minha boca, mas estou subitamente distraída com a chamada de Connor para ligar.

–Hm, aqui é Connor Hallaway, posso falar com a doutora... -Ele olha para mim.

–Bernard.

–...Bernard. -Pausa. -Sim, não, na verdade, minha irmã foi paciente dela. Catherine Hallaway. -Outra longa pausa e todo mundo na cozinha encara meu irmão. -Doutora Bernard?Hm... espera um segundinho. -Ele passa o celular pra mim.

–Doutora, é a Carter.

–Catherine Hallaway, presumo? -A voz profissional da doutora que cuidou da minha cabeça por um ano e meio ecoa no celular.

–Preciso de ajuda. -Sussurro, assustada.

–...Ok. Com... o quê, exatamente? -Me preparo para explicar com todo mundo me encarando.

–Há algumas semanas comecei a tomar Xanax outra vez.

–Com ordem médica?

–Sim, meu irmão conseguiu retirar com uma ordem de um médico daqui.

–Ótimo, continue.

–Eles sempre me deram flashbacks, você sabe. Mas agora... eu... eu sempre tive flashbacks com a minha família. Mas o que eu tive hoje foi... assustador. Não sei se é real ou não. E... não cheguei a ver até o fim e é isso que me assusta. O fim.

–Pode ser mais específica? -Hesito, olhando todos na cozinha me encarando. Vou até o corredor, fora do apartamento, para poder falar sem eles me escutarem.

–Eu estava drogada com cocaína. Sei que foi a primeira vez e a única. Minha... memória normal me diz que eu acabei saindo da festa rindo de tão chapada e dormindo em um jardim de alguém, mas a memória do flashback me diz que um cara super assustador que eu vi ontem em um show estava na festa comigo há dois anos e começou a me beijar contra a minha vontade e me leva pra um quarto e eu estou desesperada. Desesperada no flashback e desesperada agora, quero dizer.

–Carter, em uma semana eu estou passando pela California, para uma convenção. Eu vou ligar para esse mesmo número e vamos nos encontrar, então poderemos conversar. Continue tomando os remédios até lá e não fale sobre isso com nenhum outro médico.

–Tá bom. Mas... por que?

–Tem algumas coisas que preciso lhe contar.


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Notas finais do capítulo

então aqui começa as reviravoltas da história como sempre espero que tenham gostado e se tiverem alguma dúvida é só perguntarrrrrrrrrrrr o que acharam? o que vocês acham que vai acontecer? byeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee