Seeking Shelter escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 14
Música Pra Conquistar Garotas




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Pelo resto da semana, fui para a escola, fui para o clube de música, passei as tardes na casa de Harvey e Fletcher e dormi. Basicamente, é só isso. Claro que envolveu planos menores como comer e conversar com pessoas, mas o principal foi isso. E não posso reclamar, porque estou começando a me ajustar, mas sextas feiras a noite me assombram. É tão silencioso, como se eu estivesse em um apartamento fantasma. E eu fico sentada no sofá, me perguntando coisas idiotas, olhando para as paredes, quieta.

-Quer pizza? -Connor pergunta.

-Não.

-Quer fazer algo de útil na vida?

-Não.

-Quer levar um tapa?

-Não.

-...Porque você tá pedindo um. -Ele diz, sentando no sofá do meu lado e mudando de canal. Não reclamo, porque nem sabia o que estava assistindo.

-Cadê a Ashley? -Replico, de mau humor.

-Por que?

-Pra você ir lá incomodar ela. -Ele joga uma almofada em mim, depois abaixa o volume da tevê.

-Carter, sério. É sábado a noite. Sei que você não vai beber nem se drogar nem festejar mas você é uma adolescente. Aproveita a vida. -Quase falo para ele que aproveitar a vida na verdade estragou minha vida, mas ele só está querendo meu melhor.

-Não vou dirigir.

-Eu dirijo. -Ele levanta e pega as chaves. Só fico encarando, de sobrancelha erguida.

-Acho que você está esquecendo alguma coisa. -Garotos. Tão avoados. Olho para as pernas de Connor, e ele se liga, finalmente.

-Ah. Calças.

-É.

-Já volto, mana. -Enquanto ele se troca, vou até o quarto e boto um moletom, pra estragar qualquer esperança de Connor me arrastar pra alguma boate e solto meu cabelo, deixando os cachos enormes se rebelarem enquanto eu desisto de tentar domá-los. Ele sai do quarto na mesma hora que eu saio do meu, e então vamos até o carro. Me pergunto onde está Ashley, e se agora que meu pequeno surto foi esquecido ela não vai mais aparecer. Não vou perguntar para Connor, porque provavelmente ele ia me dar uma resposta evasiva, mas tenho que admitir que estou curiosa.

-Pra onde a gente está indo?

-Adivinha.

-Boate?

-Não.

-Restaurante?

-Não. -Meu irmão dá seu sorriso secreto e algo no meu cérebro se reconecta. Ah não. Baseando-se nos lugares que a gente ia antes do acidente, entro em pânico.

-Você vai me levar pra ver o Max, né? -Assim que digo, o sorriso dele aumenta. -Quero dizer, a banda. Você vai me levar pra ver a banda, não vai? -Ele concorda com um movimento de cabeça. -Eu te odeio. -Dou um tapa nele, que se desvia, passando pelas ruas da cidade.

-Não estou te levando pra ver o Max. Estou te levando pra ver a banda, sim. E também estou te levando pra comer e aproveitar a sua sexta feira.

-Você não vai me deixar lá sozinha né? -Ele fica sério depois que minha voz sai como a de uma criancinha assustada, e assente. Relaxo um pouco depois disso, porque vou poder ter apoio de Connor num ambiente meio desconhecido pra mim. Ou pelo menos para a nova Carter.

O resto da viagem é silencioso e por fim chegamos ao The Door, um bar enorme onde várias bandas convidadas aparecem pra quem queira ouvir. Sigo meu irmão pra dentro, porque o bar não pede identidade e como estou com meu irmão, ninguém questiona se posso ou não beber.

Como se eu fosse tomar álcool. Sinceramente, nemferrando.

Mas não dá pra fugir da agitação, uma vez que está em todo lugar, nas pessoas dançando na pista de dança às que estão conversando no bar um pouco alterados por causa da bebida. Consigo ver Marco afinando a guitarra, enquanto o set deles ainda não começa e Naomi checa os microfones. Quando nos vê, ela faz um sinal apontando para trás, chamando para onde o resto da banda está, nos bastidores. Olho para Connor.

-Vamos lá. Depois a gente vai no bar e pede alguma coisa pra comer. E beber.

-Não vou tomar álcool.

-Confio em você. -Ele replica, com a voz neutra enquanto abrimos espaço pelos animados dançarinos da música remixada tocando e chegamos a porta onde está escrito "Tiptoes - somente para autorizados" e Naomi me encontra na porta, dando um abraço.

-Olha quem deu as caras! E ai, Carter. Connor. -Ela dá oi para o meu irmão, então abre a porta. Nessa hora, meu nervosismo já está a mil, mas é eclipsado por nojo quando vejo Clark ali, quase comendo a boca de uma garota com um mini vestido sentados no sofá. Ela está gemendo e eu, quase vomitando. Acho que faço uma careta, porque Naomi ri da minha cara e Max, no sofá na frente do deles, ergue os olhos do violão. Clark e a garota param de se beijar e Clark levanta, me dando um beijo na bochecha.

-E ai, Carterzinha. -Bêbado. Mas não o suficiente pra estragar o show deles, isso tenho certeza.

-Hm, oi, Clark. Tudo bem?

-Essa aqui é minha namorada, Caroline. -Caroline joga o cabelo tingido pra trás e dá um risinho, acenando de longe.

-Muito prazer, Caroline. -Connor diz.

-Tá bom. -Bêbada. O suficiente pra passar vergonha em algum momento da noite. Quase sinto pena dela, se não tivesse tanto medo da vergonha que vai passar. Ela me lembra eu. Ou como eu era antes. Clark parece não perceber a atitude da namorada desagradável, e Max vem ao seu socorro, olhando para nós com cuidado, como se fossemos explodir.

-Oi?

-Oi, Max. -Connor diz, fazendo o aperto de mão que eles sempre faziam antes e ele me dá um beijo na bochecha também.

Nada esquisito, se eu não lembrasse da memória que tive de nós no telhado.

-Convenci a Carter a vir! -Connor diz, fingindo animação mas não sei se eles percebem. Olho vazia pra ele e o seu sorriso fica maior. -Bem, ela meio que não sabia que vinha.

-Dá pra ver. -Caroline diz. Agora ela está fumando, ótimo. Quase fico com vergonha, se o seu estado não fosse mais deplorável que o meu.

-É... mais ou menos. -Naomi intervem. -Só tira esse casaco de moletom e podemos tocar em paz, sem ninguém te olhando esquisito. -Recolhendo minha coragem do fundo do poço, tiro o moletom cinza, deixando a regata apertada vermelha em evidência. Jogo meu cabelo pra frente na hora, como um sinal de NÃO OLHE PARA OS MEUS PEITOS e olho para eles.

-Prontinho. -E com eles, quero dizer apenas Naomi porque tenho vergonha de olhar para Max.

-Ainda não me acostumei com esse seu cabelo. -Naomi comenta. -Mas é muito bonito. -Na mesma hora, um cara aparece avisando que o set deles já vai começar. Marco entra na sala, pega seu abafa-som, e bota nos ouvidos, porque ele tem um problema de audição que não pode ouvir sons muito altos já que pode ficar surdo, o que não condiz com ele estando em uma banda, mas ele gosta mesmo de tocar.

Eles se reúnem em um grupinho e Max fala as palavras de sempre pra eles, como ele sempre fazia, e então eles se dispersam e um por um saem pela porta.

Max segura a porta pra eu, meu irmão e Caroline e quando nossos olhares se cruzam, ele tenta um sorriso. Dou um de volta, tão mínimo quanto o dele.

Não sei quando a banda começou a tocar em bares chiques assim. Antes, eles eram o público no The Doors, ouvindo as bandas boas tocarem, e agora eles estão no palco cantando para esse monte de gente. Naomi me contou que eles estão no processo de compor mais músicas e produzir uma demo e que estão com sorte porque uma banda indie-punk é amiga de Marco e Clark, e estão conversando sobre turnês pelo estado durante o verão. Fico feliz que o sonhos deles esteja sendo realizado e é mesmo surreal perceber quão longe eles estão.

Mas não é um milagre. Assim que eles começam a tocar, tenho certeza disso. Se eu tenho "o dom", eles também têm. Cada um trabalha em harmonia com o resto do grupo e as pessoas começam a dar gritinhos quando os acordes da guitarra começam. A música me leva de volta no tempo, automaticamente. Para o tempo onde eles ensaiavam na garagem e Clark fazia o mesmo repertório, o que me deixa meio emocionada demais, e meus olhos começam a arder. Connor me leva até o bar e eu peço um suco de laranja (e o barman me olha atravessado) e Connor pede uma cerveja. Olho para ele, desconfiada.

-Você sabe que eu não vou dirigir né?

-É uma cerveja, Carter. Você sabe como eu sou. -Ele nunca fica bêbado. Mas o aperto no meu coração não se acalma. O barman traz meu suco e tomo um golinho de nada para ter certeza que ele não está me passando a perna e chego a conclusão que é seguro tomar.

Isso é um truque bem sujo. Bote álcool na bebida do cliente para ele pagar mais quando estiver bêbado demais pra perceber. Já caí nessa antes.

Voltamos a atenção para a banda, e a voz de Max ecoa no lugar. O estilo deles é um rock independente meio punk e com letras pesadas, sempre fazendo cover de músicas desconhecidas ou com significados pesados quando não estão tocando as músicas originais deles. Não conheço a primeira música, então não posso dizer se é de alguma banda ou deles, apenas aproveito o som.

A voz de Max é familiar, confortável e pesada, de certa forma. Porém, hipnotiza. Você não quer parar de escutar, tenho que admitir. Pela reação do público, eles estão gostando, então eu e Connor batemos palmas e gritamos nas horas certas, aproveitando junto com as pessoas. Não sendo exceção, a música deles me deixa entorpecida, e eu esqueço das coisas ruins por um tempo. É só música. E quando Max canta Glass In The Park, a canção é tão calma e a voz dele tão...estávelque eu me lembro porque eu era apaixonada por ele.

Totalmente.

Apaixonada.


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Notas finais do capítulo

PROXIMO CAP VAI SER MUITO AWFFSKDJFHSDKJFHSDKJ BYE



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