The Billionaire And The Homeless escrita por Ana Hoechlin


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e ignorem erros :)



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–Eu já vos disse para lhe darem aspirinas! Ela não manda nada enquanto eu pagar pela casa e pelos seus alimentos, isso se é que ela sabe que ele está doente – avistei Edward sussurrando furioso ao telemóvel, sentado na ponta da cama de costas para mim.

Tentei acostumar-me com a claridade da janela e olhei de novo para Edward, estava com uma camisa branca e calças pretas de fato. Suas costas estavam tensas. Como vim parar ao seu quarto?

–Eu irei visitá-lo daqui a umas horas, tenho trabalho para fazer primeiro – passou a mão pela cabeça nervoso, se calhar – eu sei que é meu filho, mas é com o meu dinheiro que ele come e vive e de onde vem o dinheiro? Do meu trabalho.

Meu rosto se tornou em tinta branca ao ouvir sua confissão. Ele tinha um filho? Era aquele rapaz da foto? Com quem?

–Eu irei ter com meu filho – grunhiu e desligou - depois do meu trabalho!

Meu coração despedaçou-se e as lágrimas apoderaram-se de meu rosto.

Virei-me de costas para cima, fingindo estar a dormir e controlei meus soluços e minha respiração. Senti ele se levantando e caminhando até meu lado. Como meu rosto estava abafado na almofada ele deu-me um beijo em meus cabelos.

–Amo-te.

Implorei a Deus que parasse a dor no meu coração que aumentou com a declaração. Minhas lágrimas saiam sem controlo e esperei até Edward sair do quarto para libertar os soluços.

Não sabia se sorria por sua confissão nem se chorava mais por ela. Como ele pode?

Não, ele não tinha que me dizer nada, eu sempre soube que era só um empecilho na vida dele.

Um soluço alto saiu de minha boca. Naquele momento apeteceu-me morrer. Pela primeira vez que fiquei apaixonada, destroçaram meu coração. Na primeira vez que me tiraram a virgindade, nem se deram conta. Devo estar destinada à dor. Desde pequena, desde que houve o incêndio e levaram meus pais juntamente com meus irmãos e minha felicidade.

Desde que fugi do orfanato, desde que me tornei sem abrigo, desde que me tiraram a minha infância.

Eu não iria ficar ali nem mais um segundo, sai do quarto de Edward e fui até ao meu, retirei à pressa uma blusa e umas calças com sapatilhas. Amarrei meu cabelo e procurei a minha mochila. Coloquei algumas roupas que comprei com o dinheiro de Edward – não as teria levado se ainda tivesse as minhas outras velhas -, pus a mochila nas minhas costas e procurei por Bart. Encontrei-o no sofá lambendo-se. Com muito custo, peguei nele e sai daquela mansão.

Ninguém me impediu, ninguém me viu. Ninguém iria sentir minha falta se desaparecesse com Bart. Não tinha nenhum local para ir, não tinha nenhuma casa esperando por mim. Não tinha nada.

Nem sabia que horas eram. Mas não tinha muita gente nas ruas, o que me fez agradecer a Deus. Não queria que vissem uma sem-abrigo a chorar por ser uma iludida. Estava frio e não tinha nenhum casaco vestido, acho que nem tinha trazido um na mochila. Bart miava com frio. Coloquei-o debaixo de minha blusa, junto ao calor da minha barriga e abriguei-o com meus braços à volta de seu corpo.

Quem era a mãe de seu filho? Essa era a questão que permanecia mais em minha mente. Deveria ser uma mulher mais bonita e, com certeza, rica. Talvez aquela Tanya, ela era muito mais elegante e eles juntos faziam um par deslumbrante. E com aquele vestido vermelho de aparência caro, ela era rica. O problema é que com a sua magreza, não parecia ter sido uma grávida.

Mas para fazer um filho, era necessário sexo. Então isso quer dizer que eles tiveram um relacionamento. Meus ciúmes atacaram juntamente com mais lágrimas e dor. Tentei ignorar tudo e decidi ir para um acolhimento de mulheres, o contra era não saber onde tinha um. Limpei minhas lágrimas com uma mão enquanto a outra segurava Bart.

Andei durante alguns minutos até que alguém bateu em meu ombro. Pedi desculpa baixinho nem reparando quem era o sujeito e continuei meu caminho.

–Isabella? – aquilo era a …? Não podia ser.

–Senhora Esme?

–Só Esme, querida – disse com o seu habitual sorriso - Como estás?

–Bem - respondi baixo e perguntei olhando-a nos olhos - A senhora sabe onde se pode encontrar um acolhimento de mulheres?

–Daqui a 15km encontras um – respondeu com preocupação em seus olhos.

–Obrigada, gostei de vê-la, bom dia – desejei e continuei meu caminho tentando sair daquela vergonha.

–Isabella, podes vir para minha casa, eu tenho lá vários quartos e muita comida para ti – sugeriu colocando sua mão em meu ombro.

Virei-me para ela tentando sorrir. Naquele momento não me apetecia sorrir. Simplesmente não conseguia.

–Não é necessário, mas obrigada.

–Mas não custa nada! – insistiu.

–Não é a primeira vez que isto acontece, não se preocupe, eu sei como resistir à vida – murmurei tentando ser o menos possível mal-educada.

–Então pelo menos, deixe-me pagar-lhe um táxi – pediu com uma carinha impossível de lhe negar algo. Nem parecia ser avó de alguém com uma cara jovem como aquela. Resisti ao impulso de chorar lembrando-me de quem ela era mãe e avó.

–Eu aceito porque vejo que nunca mais sairíamos daqui se nenhuma de nós não aceitasse algo – falei tentando afastar o meu embaraço.

Ela riu um pouco e assobiou, assustando-me. Um táxi parou à nossa frente. Ela falou com o taxista, depois de ele ter abaixado o vidro e entregou-lhe algum dinheiro. Abri a porta mas antes de me sentar, Esme parou-me.

–Eu queria dar-te isto – colocou um envelope na minha mão – não sei se Edward te pagou mas mesmo assim, quero que aceites.

–Obrigada, pelo táxi e agora por isto. Pessoas como a senhora não se encontra facilmente nestes tempos – murmurei e ela abraçou-me apertado.

–Gostei muito de você, querida – murmurou antes de me largar.

Acenei e entrei finalmente no táxi. Durante os dez minutos de viagem, o taxista não olhou nem falou comigo. Fiquei bastante feliz por isso, pois naquele não era uma boa pessoa para conversar. Sai do carro murmurando um obrigada e caminhei até ao acolhimento. Tinha várias mulheres de várias idades e com inúmeras histórias.

Uma mulher caminhou até mim. Era baixinha e magrinha, deveria ter cinquenta anos ou mais. Cabelos brancos e um sorriso no rosto. Um sorriso acolhedor como o da Esme.

–A menina vai passar a noite aqui? – indagou, puxando meu braço gentilmente até umas mesas vazias . Estava frio ali, não deveriam ter um aquecedor.

–Sim. Hm … é proibida a entrada a animais? – perguntei lembrando-me de Bart.

–É claro que não, desde que eles não sejam barulhentos ou selvagens – respondeu e foi buscar algo. Sentei-me num dos bancos ao pé da mesa e retirei a minha mochila das costas. Deixei-a ao meu lado e tirei Bart debaixo da blusa. Já não miava nem tremia de frio mas coloquei-o na mochila.

–Não temos muita escolha, por isso espero que gostes de esparguete com salsichas – a senhora sentou-se ao meu lado colocando um prato de plástico com comida lá dentro, uns garfos e um copo de água.

–Obrigada – murmurei nem me importando com a escolha da comida. Tentei simplesmente afastar os pensamentos que afugentavam minha calma.

Compartilhei a comida com Bart com os olhos da senhora em sempre em mim.

–Como se chama? – perguntou pouco depois de eu me ter alimentado.

–Isabella, e a senhora? – perguntei desviando meu olhar de Bart para a senhora com muito custo. As lágrimas eram difíceis de conter.

–Anabelle, só Anabelle sem senhora – disse e continuou – então, o que te deixou triste ao ponto de segurares as lágrimas?

E aquilo foi o meu limite, as lágrimas saíram juntamente com os soluços. A Anabelle puxou-me para um abraço. Um abraço carinhoso, um abraço raro na minha vida. Deitei minha cabeça em seu ombro sem me importando com os olhares das outras senhoras. Só chorando num ombro acolhedor.


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