Jily - How I met you escrita por ChrisGranger


Capítulo 36
Às vezes somente palavras não são suficientes


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, está aí o último capítulo do primeiro ano deles!! Mas, como eu tinha dito, terá um Epílogo (surpresinha para vocês!!) que provavelmente eu lançarei ainda essa semana ou no começo da próxima com um agradecimento especial a todos vocês, muitos que vem me acompanhando desde o começo e outros igualmente queridos que eu conheci ao longo da fic. Logo o segundo ano do Tiago e da Líly chegará e espero de todo o meu coração, encontrar cada um de vocês lá :)))!! Bem, espero sinceramente que gostem!!



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– Bola de Neve! Saía já daí! - ordenou Belle, tentando agarrar seu gato, que se escondia debaixo da cama da garota, negando-se a sair dali.

– Parece que ele não está muito afim de ir embora - comentou Abbey, risonha.

– Ele terá que se conformar! Daqui há algumas semanas voltaremos! - protestou Belle, indignada, levantando-se do chão do dormitório com algum esforço.

– É… mas ele não sabe disso - replicou Lílian, juntando todos os seus livros do seu armário na mala já quase cheia.

O último dia em Hogwarts havia chegado. Lílian mal podia enumerar as diversas coisas que aprendera naquele ano. Hogwarts realmente era a sua segunda casa. Na última semana, obviamente, a considerada “perigosa aventura” pelos alunos de Hogwarts na noite que Riddle invadira o castelo, já havia sido transmitida para todos. Lílian era parada no corredor pelo menos dez vezes ao dia por algum aluno que perguntava o que realmente havia acontecido naquela noite. Os boatos espalharam-se de um modo realmente exagerado, chegando até mesmo à versão de que um dragão havia invadido a escola e Tiago e Zac tiveram que lutar juntos para derrotá-lo, virando assim, melhores amigos. Essa versão da história deixara Tiago particularmente, bastante irritado.

No dia anterior, Dumbledore havia chamado todos os garotos para conversar e escolheu conversar com Tiago em particular. Lílian imaginava que fosse sobre o que ocorrera na sala de Dumbledore.

– Por que vocês acham que o diretor quis conversar em particular com o Potter? - indagou Lílian, trancando o malão.

– Eu não sei… você que estava na sala dele com o Tiago naquela noite! - exclamou Abbey, arfando devido ao seu esforço de tentar fechar sua própria mala.

– Bem… ele lançou uma proteção quando Riddle lançou um feitiço chamado… Avada Kedrava, se não me engano - recordou Lílian.

Um silêncio instalou-se entre as três. Belle e Abbey pararam na mesma hora o que estavam fazendo e se entreolharam assombradas.

– O que houve? - perguntou Lílian, erguendo as sobrancelhas.

– Líly… ninguém pode se defender desse feitiço. Na verdade é uma maldição. A maldição da morte - explicou Abbey, um pouco apreensiva.

– Uma vez lançada, ninguém sobrevive. Ninguém. - continuou Belle.

Lílian olhava para as duas com uma confusão presente no olhar. Como ninguém poderia se defender daquela maldição? Ela estava na sala, ela viu. Tiago havia defendido ele e Dumbledore…

– Mas… eu vi - murmurou Lílian, consternada.

– Temos que perguntar a ele! - exclamou Belle, com os olhos brilhando. - Isso pode ser o acontecimento do século!

– Certo, mas vamos terminar de arrumar as malas antes. - disse Lílian, ainda um pouco desorientada. - Saímos daqui a algumas horas.

Belle e Abbey pareceram um pouco desapontadas, mas deram de ombros e aceitaram. Lílian suspirou e puxou seu último livro do fundo do armário. “Por que tudo tinha que ser tão confuso?” essa simples pergunta martelava em sua mente enquanto se dirigia para o seu malão mais uma vez.

***

Frank encontrava-se na manhã da volta para sua casa de fronte à lareira da sala comunal e arrancava bruscamente algumas páginas de seu livro de Poções do quarto ano. Poções era definitivamente a matéria que ele mais detestava. Assim que se viu livre do tremendo sofrimento que passava nas masmorras toda a semana, tudo o que queria fazer era arrancar cada uma daquelas páginas.

– Opa… o que o livro fez para você? - perguntou uma voz suave, surgindo ao seu lado. Frank levantou a cabeça, já sabendo de quem pertencia aquela voz. Mas não podia ser possível… Alice não falava com ele desde o jogo em que eles havia sido duramente derrotados pela Corvinal.

– Sabe, poções… não é lá minha matéria favorita - respondeu Frank, fitando-a admirado. Na última vez que falara com ela, seu rosto estava afundado em lágrimas, manchados de olheiras e do cansaço do jogo. Agora seu rosto estava leve, mostrando o quanto a garota havia recuperado seu antigo espírito. Seus cabelos, escurecendo-se diante da juventude, batiam nos ombros com uma simplicidade que a identificava, e ela usava uma pequena presilha vermelha.

– O que foi? - perguntou ela, percebendo o jeito que Frank a olhava. - Essa presilha ficou muito ruim?

Frank balançou a cabeça rindo, e Alice sentou-se ao lado dele, ainda encarando-o curiosa.

– Você está diferente… - disse ele, dando de ombros.

Alice observou-o por alguns instantes, pensativa.

– Já sei que é a presilha, ficou estranho, não é? - replicou ela, com um sorriso tímido nos lábios.

– O seu sorriso… - disse Frank, acenando a cabeça apoiada levemente no sofá, em direção ao rosto de Alice. - você está muito bonita.

Alice avermelhou-se como um pimentão, e ela desviou os olhos do garoto, envergonhada. Mesmo não gostando de admitir, aquele era um dos momentos mais felizes da vida dela.

– Obrigada… - murmurou ela, encarando-o. Havia tantas perguntas em sua mente. Será que Frank sentia algo por ela? Seus sentimentos ainda seriam os mesmos pelo garoto? Se os dois sentissem um sentimento recíproco em relação ao outro, eles teriam chances de… ficar juntos?

– Alice? - chamou ele, sua cabeça ainda apoiada no sofá. Alice fez o mesmo que o garoto e os dois encontravam-se de lado, um de frente para o outro, encarando-se. - O que aconteceu no Halloween…

– Eu sei, eu fui ridícula. Não deveria ter falado todas aquelas baboseiras e…

Eram baboseiras?! - exclamou Frank, incrédulo.

Alice não respondeu, desviando novamente o olhar.

– Não, não eram… - disse ela, depois de algum tempo.

Frank ergueu as sobrancelhas e Alice viu mesmo bastante escondido em seu olhar, o espírito de confiança de Frank, como se ele acreditasse ser um absurdo Alice ter dito somente baboseiras na noite do Halloween.

– Quando você me disse aquelas coisas no Halloween… - continuou Frank, decidido a prosseguir o assunto. - me fez perceber o que eu mesmo não percebia, Alice. Sabe, eu não sou lá muito inteligente, apesar de ser extremamente inteligente em quadribol. Você esteve ao meu lado por todos esses anos e… eu não percebia. Nem se chacoalhassem minha cabeça e enfiassem dentro de um... poste de luz, acho que é esse o nome trouxa. A única que podia perceber qualquer coisa em mim, não podia… porque você…

– Estava apaixonada por você? - complementou Alice, antes que Frank pudesse terminar.

Frank assentiu, com a garganta fervendo. O verbo estar no passado pronunciado por Alice, foi como um soco no meio de sua face.

– Mas… talvez você não acredite quando eu disser isso, mas, a partir daquele dia foi como se eu tivesse acordado depois de estar afundado por anos. - Frank interrompeu-se quando Alice começou a rir de sua comparação. - É a verdade, srta. Alice. Não julgue minhas comparações, você inventou a das marionetes.

– Hã? - disse Alice erguendo as sobrancelhas incrédula. - Está comparando a minha teoria sobre marionetes por “como se eu tivesse acordado depois de estar afundado por anos”? Nada justo, Longbottom, nada justo…

Frank gargalhou não conseguindo conter-se para terminar seu raciocínio. Ele sentira falta daquilo. De rir a cada instante ao lado de Alice. Das tardes longas quando os dois e Caius deveriam estar estudando e ao invés disso, riam e contavam piadas em todos os momentos. Ele só queria que Alice entendesse como ele se sentia naquele momento em relação a ela… mas como ela poderia entender se nem mesmo ele entendia? O que ele sentia era simplesmente uma extrema dose de ciúme pela garota pelo fato dela ser sua amiga ou era algo mais complexo que isso? Para completar sua confusão total, ele sabia que bem no fundo, seu coração dizia que era a segunda hipótese. Mas o que ele poderia fazer se fosse? Eles eram melhores amigos. Se virassem mais que isso, Frank não fazia ideia do que aconteceria.

– Alice, eu te falei a verdade quando disse que para mim você era como minha irmã. Mas como eu disse a pouco tempo, eu sou muito confuso comigo mesmo. Eu posso andar com dois sapatos de pares diferentes e só perceber à noite quando for tirá-los. - continuou ele, encarando-a. - Depois do Halloween te ofereci uma chance para tentarmos eu não sei… hum…

– Eu entendi - cortou-o Alice, tentando soar tranquila, apesar de se sentir mais nervosa do que nunca.

– Mas eu nem mesmo sabia se queria aquela chance. Se eu tinha sentimentos por você ou se era somente amizade. E bem… você disse que não e aquilo… me magoou. Eu nem mesmo sabia o porquê. Afinal, como eu podia ter sentimentos por alguém se eu nem mesmo sabia da existência deles?

– Fácil. Você nunca sabe se nem mesmo colheres são reais. Então… te conhecendo… acho que não é tão difícil acontecer… - retrucou Alice, com um sorrisinho nos lábios.

– Engraçadinha… - disse Frank, dando uma leve risadinha. - então… quando eu te vi com o Caius, sinceramente me deu vontade de vomitar. E eu fiz isso, se quer saber.

Alice o encarou incrédula e brava ao mesmo tempo.

– Eu não sei, não parecia certo! Vocês dois… simplesmente não se encaixavam nos meus planos.

– Nos seus planos? Tudo gira em volta de você, não é mesmo? - replicou Alice, irritada.

– Foi como se eu tivesse que protegê-la. - continuou Frank, ignorando-a. - Como se tudo o que eu quisesse fazer no mundo fosse lançar alguma maldição no Caius, para ficar com você. Mas eu não fazia ideia do que seria “ficar com você”. Seria como amigos?

Alice sentiu a garganta arder e ela se concentrou nas chamas da lareira da sala comunal. As chamas subiam e desciam, farfalhando. Às vezes pareciam indecisas sobre para qual lado se dispersar. Qual caminho seguir…

– Então vocês dois foram ficando mais e mais juntos e eu fui ficando cada vez mais de lado. Meus melhores amigos juntos, considerando o fato de que eu não fazia ideia de meus sentimentos por você e ao mesmo tempo eu sentia como se meu melhor amigo subitamente tivesse se transformado em meu inimigo. E eu fui enxergando cada vez mais… que…

– Que… - disse Alice.

Frank balançou a cabeça como se ele mesmo não pudesse acreditar no que estava pensando.

– Que durante todo esse tempo, enquanto eu me concentrava em várias garotas, a única que estava do meu lado e que não precisava ser somente mais uma da minha lista, era também aquela que durante todo esse tempo, lentamente, eu vinha me apaixonando.

Frank terminou com um leve suspiro olhando nos olhos da garota, esperando alguma reação. Alice só o encarava, em parte incrédula e em parte, emocionada. Seria tudo aquilo realmente verdade? Conhecendo Frank, ele realmente não era muito capaz de perceber seus sentimentos ou… bem, qualquer outra coisa. Se ele havia afinal descoberto esses sentimentos, ele nunca iria mentir para ela. Alice sabia disso.

– Olha quem finalmente percebeu… - murmurou ela, rindo levemente, ainda bastante tensa e com o coração apertado.

Mas Frank não a ouvira. Eles estavam somente há centímetros um do outro e Frank rompia cada vez mais essa distância aproximando o rosto do dela. Alice sentiu seu coração bater ainda mais rápido e tentou o máximo possível pensar o que fazer. Com um grande esforço, antes que os lábios de Frank se encostassem nos dela, ela conseguiu pronunciar uma única palavra, sabendo que se arrependeria daquilo.

– Caius - murmurou ela, com uma profunda infelicidade.

Frank afastou-se bruscamente da garota xingando baixinho.

– Eu não te entendo, Alice - resmungou ele, levantando-se do sofá.

– Não entende o que? - disse Alice, com seu rosto fervendo. Ela repetiu o ato do garoto, aproximando um pouco dele enquanto levantava.

– Você uma hora não quer nem mesmo nos dar uma chance. Na outra você está completamente apaixonada por mim!

– Olha quem fala! - retrucou Alice, com desprezo. - Você não consegue nem mesmo perceber seus sentimentos. Então fala que o meu relacionamento com o Caius “não está nos seus planos”? O mundo não gira ao seu redor, Frank!

Os dois encaravam-se há poucos metros de distância um do outro, com fervor, magoa e raiva presentes no olhar. Há medida que falavam iam se aproximando novamente demonstrando tudo o que sentiam.

– Me desculpe por ter dito a você que estava apaixonado. Acho que devo ter me baseado em alguém, há algum tempo atrás… - disse ele, sarcasticamente.

– Mesmo? Ah… já que estamos nos desculpando, desculpe por todos esses anos ter ficado ao seu lado e ter feito você, acidentalmente apaixonar-se por mim. Eu nem mesmo sei se isso é verdade!

– É, talvez não tenha sido… talvez eu estivesse enganado a seu respeito. - retrucou Frank.

– Com certeza… eu também me enganei. - disse Alice, com um profundo desprezo. Eles estavam agora, há menos de um metro de distância um do outro.

– Eu espero que você fique o mais longe de mim quanto possível… - continuou Frank, dando um passo à frente.

Alice ergueu as sobrancelhas ironicamente.

– Eu não desejo coisa melhor… - disse ela, dando um passo à frente também, fazendo com que os dois ficassem a centímetros de distância, no meio da sala comunal vazia.

Nesse exato momento, seus olhares se cruzaram, e apesar da raiva, da dor, da mágoa, eles viram algo mais no olhar um do outro. Um desejo profundo, ardente que os queimava por dentro e os dava vontade de gritar por não conseguirem o que queriam. Tudo o que eles haviam passado, cada instante que eles ficaram lado a lado, os mostrava o quanto sem nem mesmo terem percebido, haviam construído esse desejo.

Frank, com um súbito e inesperado movimento, segurou-a pelo braço e Alice, deixou-se ser puxada pelo garoto, e em segundos os dois se beijavam fervorosamente, depois de há tanto tempo virem desejando aquele momento. O garoto passou uma mãos pelas costas da garota enquanto a outra segurava seu rosto firmemente. Já Alice, acariciava seus cabelos, enquanto a outra mão estava pousada na do garoto.

Depois do que pareceram míseros segundos para os garotos, eles se soltaram, ainda situados num planeta distante onde o seu beijo nunca mais terminava. Alice puxou Frank mais uma vez sem se importar com nada. Nem com a hora, nem com seus exames da escola, nem mesmo com Caius. Tudo o que ela queria fazer era estar com Frank.

***

Belle puxava seu pesado malão pelo caminho pedregoso em direção à estação, ao lado de Lílian e Abbey. Ela procurava em todas as direções Thomas, que não havia visto desde à noite movimentada que os garotos haviam presenciado pela invasão de Tom Riddle, com excessão das raras vezes em que tinha a permissão da Madame Pomfrey para visitá-lo na enfermaria.

– Procurando alguém, Belle? - perguntou Abbey, rindo da distante garota que olhava para todos os lados possíveis.

– Hã? Ah… sim, claro. Temos que achar o Tiago. Ele vai nos explicar o que realmente aconteceu. - mentiu Belle, concentrando-se no caminho tortuoso que era seguido pelas centenas de alunos de Hogwarts.

Abbey e Lílian se entreolharam risonhas.

– Não acho que você esteja procurando o Potter… - replicou Lílian.

– Como assim? - disse Belle, ajeitando seus cabelos disfarçadamente.

– Você está procurando o Thomas, que nós sabemos, Belle. - retrucou Abbey, rindo.

– Hã? Claro que não! - negou Belle, vermelha.

– Você disse as três palavras, Belle, não tem como fugir disso - disse Lílian, que havia descoberto por meio de Abbey, que na noite que Thomas foi atacado e que todos achavam que o garoto estava morto, Belle havia lhe dito que o amava.

– Ahhh… foi só desespero do momento, sabem como é… eu tenho 12 anos. Como posso dizer essas três palavras seriamente com essa idade? - disse Belle, tentando fugir o máximo possível do assunto. - Além disso, o Thomas deve ter percebido que era só desespero. Ele não comentou nada do assunto.

– Quem estabeleceu a regra que você não pode dizer isso com 12 anos de idade?

– Hum… bem… er… - começou a garota, sem fazer ideia do que dizer. - e você, Abbey? Ainda está apaixonada pelo Tiago?

– Opa… mudando de assunto drasticamente. Não é um bom sinal… - implicou Lílian, rindo.

– Na verdade não, Belle. Eu não sei… de repente percebi que não sentia mais nada por ele. - respondeu Abbey, dando de ombros.

– Sabemos o porquê - disseram Lílian e Belle em uníssono.

– Mesmo? Por que? - questionou Abbey, desviando os olhos das amigas.

– Começa e termina com S a sua resposta. - revelou Belle, rindo.

Abbey revirou os olhos, olhando para o chão.

– Nunca mesmo gente, eu e Sirius somos somente amigos - retrucou Abbey. -, e voltando ao assunto de antes, Belle, a idade é só um detalhe.

– É verdade. Não importa a idade, Belle. Contanto que as três palavras sejam ditas com o coração e você entenda o significado disso. Eu mal posso esperar a minha vez para dizer isso a alguém. Vai ser alguém especial, como Thomas é para você, Belle. - disse Lílian, sonhadora.

– Que romântico, Evans… - disse uma voz sarcástica surgindo de trás das três. Lílian já sabia quem era antes mesmo de se virar, irritada com a interrupção do garoto. - quem será esse alguém especial?

– Não sei ainda, Potter. Mas já posso eliminar alguns da lista… - respondeu a garota, indicando Tiago.

O garoto estava com os cabelos rebeldes como sempre, apesar de serem lisos, espalhavam-se para os lados e muitas vezes se arrepiavam. Seus olhos castanhos esverdeados a fitavam maliciosamente por trás dos óculos e seu maroto e tradicional sorriso encontrava-se presente em seu rosto. Ao seu lado estavam Sirius, Remus e Pedro, que comia um sanduíche satisfeito.

– Tiago! Estávamos mesmo querendo falar com você! A Líly disse que você lançou um feitiço de defesa contra a Maldição da Morte! É verdade? Como você está vivo? - questionou Abbey.

Tiago pareceu um tanto chateado quando a garota mencionou o assunto. Sirius movimentou-se ao lado do amigo desconfortavelmente.

– O que foi? - perguntou Belle.

– Não fui eu que me protegi… eu podia nem mesmo estar aqui se o Riddle não estivesse segurando a espada de Gryffindor. - contou ele, com certa relutância.

– Como assim? - indagou Lílian, consternada.

– Dumbledore me disse que por eu ter lançado o feitiço de defesa ao mesmo tempo que ele lançava os objetos flamejantes contra Riddle, a união desses feitiços… bem, fez com que a magia antiga e desconhecida que provinha da espada de Gryffindor, bloqueasse os feitiços de Tom Riddle. Seus poderes não tinham forças, eram semelhantes a nada naquele momento. E ele soube que foi a espada. Ele soube assim que ela voou para mim que, a magia que bloqueava seus feitiços, era da espada. Então ele se dissipou, sabendo que não conseguiria tirá-la de mim. - resumiu ele.

Abbey e Belle se entreolharam, parecendo impressionadas.

– Então… a Maldição da Morte nunca pode ser defendida? - perguntou Lílian, desconcertada.

Tiago balançou a cabeça, e os outros desviaram o olhar, ainda imersos em pensamentos sobre tudo o que havia acontecido.

– Se algum dia ela for detida… bem, o mundo tem que agradecer à pessoa que fizer isso - comentou Remus, baixinho.

Lílian ainda estava atordoada com todas as informações. A espada bloquear por alguns segundos os feitiços de Riddle, a proteção de Tiago, que na verdade somente fizera com que a espada liberasse sua magia e seu poder juntamente com os feitiços de Dumbledore. A maldição da Morte, que não poderia ser detida.

– E quanto ao professor Oswell? O que aconteceu com ele? - perguntou Abbey.

– Dizem que desde um certo momento, o cargo de professor de DCAT foi amaldiçoado. - contou Sirius, dando de ombros. - Nenhum professor parou na escola por mais de um ano. Ele quer… passar um tempo com o filho, Henry. Ainda mais agora que eles perderam a esposa do professor.

– Como assim o cargo foi amaldiçoado? - perguntou Belle.

– Dizem que há uns anos atrás, os professores de DCAT não paravam em Hogwarts por mais que um ano, por qualquer motivo que seja. - explicou Remus.

Nesse momento, Severo apareceu ao seu lado. Ele estava com roupas escuras já de viagem e sua mala vinha ao seu lado. Tiago fez uma careta e estava pronto para irritar o garoto, quando Lílian foi mais rápida.

– Vamos, Sev? - disse ela, puxando-o para andar mais rápido na fila.

– Então… como foi o ano? - perguntou ele, com um sorrisinho tímido, depois deles terem dado alguns passos de distância do grupo.

Lílian o fitou por alguns segundos com um sorriso brincalhão nos lábios.

– Foi o melhor ano que já passei na minha vida - respondeu ela.

***

Belle finalmente conseguiu encontrar Thomas na multidão de alunos na fila para o trem. Ele estava próximo a um grupo de pessoas do terceiro ano, como Miandra, Andressa, Zac e alguns outros. O garoto a vira antes mesmo dela se aproximar. Seu rosto, que parecia ter sido destroçado por Greyback na noite em que ocorreu o ataque, guardava pequenas e finas cicatrizes, que não alteravam em nenhum ponto o rosto de Thomas. Ele continuava o mesmo, exceto por aquelas pequenas cicatrizes.

Ao vê-la, seu rosto se avermelhou, assim como todas as vezes que a garota conseguiu vê-lo por míseros minutos na enfermaria. Andressa franziu o cenho irritada quando Belle se aproximou.

– Você está legal? - perguntou Belle, postando-se ao lado do amigo.

– Claro, melhor que nunca - respondeu Thomas, com um sorrisinho.

– Zac? Miandra? - perguntou Belle, hesitando quando virou-se para Andressa. - Andressa...

– Tudo bem, Belle - somente Zac respondera. As duas garotas continuavam encarando Belle como se ela fosse uma intrusa.

– Hum… ok. Está melhor, Thomas? - disse Belle, virando-se para o garoto novamente.

– Não. - negou o garoto. Belle notou o quanto ele estava confiante a cada palavra que dizia. Não parecia mais “temer” Miandra ou parecer indeciso perto de Andressa. Belle imaginou se era por isso que Andressa parecia tão brava ao discutir com Belle há algumas semanas. - Estou cheio de cicatrizes no rosto.

Belle o fitou por alguns instantes apreensiva. Depois destes segundos tensos ele soltou uma gargalhada e Belle aliviou-se.

– Você não deveria ter feito aquilo por ela, Thomas. - disse Andressa, ao lado do garoto. - Eu sei que você é muito bom, mas têm pessoas que não valem à pena…

– Ela vale - argumentou Thomas, ainda com um sorrisinho tranquilo.

– Mas… - balbuciou Andressa. - ela escondeu o que fizeram com você!

– Você quer dizer o que você e mais alguns alunos fizeram - retrucou Thomas, vendo com satisfação o semblante de Andressa mudar para incredulidade. - Falei com Ryan Claws. Ele sabia pelo menos de metade das pessoas que participaram disso.

– Isso está parecendo um exército… - disse Zac rindo, tentando aliviar a tensão.

– Você sabe que eu só fiz isso porque eu queria o melhor para você - suplicou Andressa, ignorando o comentário de Zac.

Thomas riu, realmente achando graça daquilo. Belle fitava o chão, ainda tentando descobrir como Andressa achava que arruinar as chances do garoto em quadribol por um ano era fazer o melhor para ele.

– Então você não me conhece - disse Thomas, indicando Belle com a cabeça. - Ela me conhece.

Andressa parecia prestes a explodir de raiva. Seus olhos fulminavam Belle como se ela fosse a culpada de tudo.

– Se vocês se conhecem tão bem, por que são assim tão… estranhos? - questionou Miandra, intrometendo-se no meio da conversa. - Thomas alega que os dois estão juntos mas… nós sabemos que não estão. Andressa sabe, Thomas. O jeito de vocês dois... não é suficiente para nos convencer de qualquer coisa...

Thomas ergueu as sobrancelhas ainda com um sorrisinho estampado no rosto. Então, virando-se para Belle, que estava ao seu lado, a puxou como se estivesse acostumado a fazer isso há anos e inclinou a cabeça para o rosto dela.

Após isso, Belle nem sabia em que lugar do mundo estava. Ela nunca imaginaria que naquele momento estaria nos braços de Thomas, o beijando com a maior paixão que já sentira na vida. Apesar de não ter conhecido muitas paixões, ela sabia naquele instante que nunca mais deixaria Thomas fugir da vida dela.

Lentamente, como se Belle estivesse acordando de um sono profundo, Thomas afastou-a gentilmente e os dois se encaram por alguns segundos sem saber o que dizer. Thomas então virou-se para Miandra.

– É o suficiente agora? - perguntou ele. Miandra e Andressa observavam os dois embasbacadas. Zac continha um sorriso no rosto, feliz pelo amigo.

Thomas ainda segurava a mão de Belle firmemente, como se quisesse ter certeza de que ela nunca sairia dali.

– Acho que sim, cara - disse Zac, rindo. Thomas deu de ombros e puxou Belle mais para frente, onde já podiam distinguir a estação com o enorme trem preto e vermelho que era o Expresso de Hogwarts, parado e soltando fumaça.

– Essa sim foi uma boa atuação - murmurou Belle, brincalhona.

– Não foi atuação - disse Thomas, apertando levemente a mão dela. -, você sabe disso.

– Mesmo? Acho que você terá que me explicar… - brincou Belle, rindo.

Nesse momento Thomas riu e já ia puxando novamente a garota quando esta paralisou no lugar, olhando diretamente para o ponto de onde eles haviam acabado de sair. Zac e Miandra, aparentemente influenciados pela cena que acabaram de presenciar, se agarravam na frente de todo o mundo sem nenhum constrangimento.

Porém não foi isso que chamara a atenção de Belle. Foi o fato de que Lílian estava bem na frente dos dois, observando a cena um tanto chocada. Belle foi correndo até a amiga ao lado de Thomas enquanto ao mesmo tempo, chegavam Tiago, Remus, Sirius e Pedro.

– Cara… quanta gente resolveu se beijar hoje - murmurou Tiago.

– Eu só vi a Belle e o Thomas e agora esses dois. Você viu mais alguém? - indagou Sirius.

– Hum… - Tiago pareceu hesitante em responder, mas balançou a cabeça logo em seguida. - não, não vi.

Lílian parecia simplesmente destroçada, ou pelo menos, a ponto de explodir a estação de trem a qualquer instante.

– Eles voltaram o namoro? - perguntou Abbey.

– Não faço ideia… - respondeu Lílian, balançando a cabeça e entrando no Expresso de Hogwarts que já se encontrava na frente do grupo. - e nem quero fazer.

– É uma pena se eles tiverem voltado. Eu realmente estava começando a me interessar pela Miandra. Apesar de meio louca, ela salvou salvou eu e a Hastins quando Greyback lançou um Avada Kedavra. - acrescentou Sirius, fazendo com que todos o olhassem como se tivesse acabado de dizer que seus pais eram porcos espinhos gigantes.

– O cara é um idiota, não ligue para ele, Evans. - disse Tiago convencido, mudando de assunto e entrando logo atrás dela no trem. - Quero dizer… sabe como se define um cara perfeito? É só olhar para Tiago Potter.

– Claro… - murmurou Lílian ironicamente, abrindo a porta de uma cabine, no que Abbey entrou ao lado de Sirius, Remus, Pedro e Tiago. Belle e Thomas haviam ido “passear pelo trem”. - não convidamos os garotos! Principalmente você Potter…

– Não custa um pouco de educação, pimenta… - disse Tiago, ignorando seu comentário e passando por ela na porta da cabine. - Além disso, achei seu livro de poções debaixo da minha cama. O que será que estava fazendo lá?

– Você roubou de mim no começo do ano, Potter. Lembra? - disse Lílian, entredentes, apertada na janela de fronte a Tiago. “Que sorte” pensou ela sarcasticamente.

– Ah… sim. Aquele que você escreveu um monte de bilhetinhos durante a aula e tudo mais. Claro que todos falavam de mim… - continuou Tiago, puxando o livro de Lílian do fundo da mochila encardida.

– Me devolve! - ordenou Lílian, levantando-se no exato momento que o trem balançou e caindo logo em cima do garoto.

– Admite que você fez isso de propósito - disse Tiago, assim que Lílian desvencilhou-se dele.

A garota não respondeu e tentou arrancar o livro das mãos de Tiago, que, conseguindo ser bem mais ágil e rápido que a garota, desviou-se todas as vezes. O garoto se levantou e abriu a porta da cabine, ainda segurando firmemente o livro. Lílian o seguiu e já ia saindo da cabine quando Abbey a chamou:

– Por Merlin, onde vocês dois vão? - perguntou ela.

– Eu preciso recuperar o meu livro! - respondeu Lílian como se fosse a resposta mais óbvia do mundo e saindo correndo atrás do garoto sem nem deixá-la responder.

Tiago já estava a metros de distância e nesse momento, o trem começou a andar e Lílian esbarrou com o carrinho de doces parado no meio do corredor. Enquanto Tiago parava um pouco para descansar, Lílian ficava cada vez mais furiosa, com torta de morango e chantilly cobrindo todo o seu rosto devido ao incidente com o carrinho.

Quando alcançou finalmente Tiago, o garoto parecia que ia desmaiar a qualquer momento de tanto rir do rosto enlambuzado de Lílian.

– Me devolve! - gritou Lílian, quando o trem acelerou ainda mais e ela trombou novamente com Tiago, sujando suas vestes de chantilly. Foi a vez de Lílian rir, devido ao que conseguira fazer com as roupas do menino.

– Vai ter troco, Evans - disse ele, inclinando-se agilmente em um mísero de segundo e beijando-a na bochecha como na noite em que Riddle invadira o castelo.

Potter! - gritou ela, quando o garoto já estava longe no corredor e ao recomeçar a corrida esbarrou com ninguém menos que Zac e Miandra.

Zac ficou escarlate ao vê-la e abaixou o rosto envergonhado. Após alguns segundos, ele conseguiu recuperar a pose e olhar para ela.

– Líly? O que houve? - disse ele, confuso fitando seu rosto coberto de chantilly.

Nesse momento, uma ideia percorreu a mente de Lílian. Ela passou as duas mãos no rosto cheio de creme e com um rápido movimento encostou as duas mãos nas roupas de Zac e de Miandra. Miandra soltou um gritinho furioso e Zac somente encarava a garota como se não estivesse a reconhecendo.

– Presentinho a vocês. Felicidades ao casal! - disse ela irônica, abrindo caminho entre os dois, não ligando realmente para nada naquele momento. Antes de correr em direção a Tiago novamente, ela se virou para olhá-los mais uma vez. - Tenho coisas mais importantes para fazer, então… se me dão licença. Ah… mandem um cartão postal!

E sem mais nem menos, Lílian saíra correndo novamente em direção ao tão irritante Potter.




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Notas finais do capítulo

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