Gossip St. Jude- 1ª temporada escrita por Salada


Capítulo 64
Feliz natal- Parte I




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Sentada na poltrona de couro preta Charles Eames em sua sala de televisão, estava Jillian Johnson, mexendo nas unhas pintadas de vermelho que havia feito na véspera, e tomada pelo tédio. Era o dia 24, ou seja, a véspera de natal, e isso significava que seu apartamento parecia a Times Square durante as férias. Na sala de estar, que já estava pronta para o natal a dias, estavam os principais organizadores, Tyler Clark e Olana Clark, que era o casal mais requisitado quando o assunto era organizar jantares. Eles estavam com a mãe de Jill, Louise, fazendo os toques finais para a cerimônia. O resto da casa estava todo movimentado, então a adolescente decidiu visitar a sala de televisão, que era uma sala não muito usada na cobertura dos Johnson, que servia para a exibição de filmes em geral, onde as coisas estavam mais calmas. Ela tinha ligado a televisão e estava assistindo um desenho animado idiota da Nickelodeon a meia hora, e ajeitava as unhas, mas depois de um tempo aquilo ficou meio insuportável.

Ela pegou o celular no braço de couro da poltrona e discou um número que conhecia tão bem quanto o dela.

–Cadê você?- ela falou quando CeCe, sua melhor amiga, atendeu o telefone, depois do 2º toque.

–To no elevador- Jill pode ouvir o barulho suave das engrenagens do elevador do prédio dela, e ela pulou da cadeira, as sandálias pretas Steve Madden fazendo um ruído abafado no carpete marfim. Ela correu até a sala, e deu de cara com os Clark, sentados no sofá ao lado de sua mãe. Tyler usava um terno ridiculamente apertado de cor marfim, com um lenço estampado verde enfiado no buraco entre o pescoço e a gola. Seus sapatos eram da mesma cor que o terno, mas tinham detalhes coloridos de renda. Olana usava uma blusa de seda rosa fúcsia Imitation of Christ larga, que caía até a metade da saia dourada na altura dos joelhos. O homem segurava uma prancheta de 30cm na mão esquerda e uma caneta Montblanc na mão direita, enquanto a mulher conversava formalmente com Louise.

–...e as trufas La Maison du Chocolat já estão sendo postas à mesa, juntos com os bolinhos da Magnolia Bakery e os arranjos de flores Alison Florist. Eu sei que os últimos precisaram ser improvisados, mas... Não faz mal. Elas ainda são tulipas brancas, como a Sra. pediu- disse Olana, meio preocupada com a reação da anfitriã. As flores que elas tinham encomendado uma semana antes acabou se perdendo por causa do grande número de pedidos no período de natal, então os Clark precisaram comprar de um lugar mais simples.

–Ok, ok- Louise parecia analisar tudo, olhando ao redor para a sala que já estava começando a ficar empoeirada pelo excesso de tempo que estava arrumada e depois focando na prancheta de Tyler, onde havia uma lista de itens necessários para a cerimônia, todos com um quadradinho ao lado. A maioria dos quadrados tinha um “X” dentro, sinalizando que estava pronto, mas ainda havia um ou dois em branco- Agora preciso mandar Amélia espanar a mesa e pegar o resto dos enfeites.Ela se levantou, deixando o cardigã da Chanel de seda transparente cor de rosa cair pelo tapete- Bem, vocês estão liberados. Ela deu dois beijinhos em Olana e depois em Tyler- Obrigada pelo serviço maravilhoso.

Enquanto o casal era liberado, Jill corria até o elevador que abria, mostrando uma garota baixa e de cabelos chamativos, usando um sobretudo bege Burberry, que não deixava nada a mostra, a não ser os saltos absurdamente altos e pretos Charlotte Russe que possuía laços para amarrar. Ela adentrou a site e logo chamou a atenção para si, e todos olharam para ela.

–CeCe!- Louise exclamou, empurrando os dois organizadores fora de moda para ir até a entrada do apartamento, onde envolveu a garota com seus braços por um breve segundo- Sinta-se em casa! Você chegou cedo, então a festa ainda não começou, mas mesmo assim, pode ficar a vontade!

CeCe sorriu, agradecida, mesmo já sabendo de tudo aquilo. Jill estava quase alcançando a amiga quando Amélia entrou na sala, com seu clássico uniforme.

–Srta. CeCe, deixe eu guardar esse casaco lá dentro com os outros- ela puxou o casaco e o mesmo deslizou pelos braços da ruiva, fazendo com que seu top preto minúsculo deixasse quase todo seu peito gritante para fora, o que fez com que todos os olhos que estavam sobre ela se arregalassem, inclusive o de Tyler, e Olana, ao perceber, bateu no braço dele. Ela usava apenas o top, além de uma calça jeans apertada e uma pulseira preta de couro com tachinhas de ouro no pulso.

Jill revirou os olhos e sorriu, cruzando os braços. Era tão clássico de CeCe fazer com que todos os olhares ficassem sobre ela mesmo estando na sala a menos de 1 minuto.

–Graças a deus você chegou-Jill falou, andando na direção dela com os braços cruzados, a bolsa vintage creme Chanel na mão esquerda. Ela parecia entediada e até, meio irritada - ela olhou para o corpo de CeCe, inclusive seu umbigo exposto-Adorei o look- as duas riram, porque sabiam como a menina gostava de usar roupas daquele jeito, e não tinha abrido mão de seu estilo por uma comemoração cristã em seu terninho.

–Ora, valeu- respondeu CeCe, e Jill levantou seu braço e a girou, exibindo o visual rebelde. Tyler, ainda de pé no sofá, quase babava.

–Vamos pra longe daqui- disse a garota de cabelos castanhos se referindo à bagunça e movimentação que estava a casa àquela hora. Afinal, faltava menos de 1 hora para a cerimônia, e os empregados estavam ficando malucos. Jill puxou CeCe pelo braço para a sala de televisão, onde ela se jogou de novo na poltrona que estava sentada, as sandálias arrastando pelo couro escuro. A outra garota tirou os saltos e sentou na outra poltrona da sala, que era idêntica à primeira- To tão estressada-Jill suspirou.

–Não fique assim- CeCe olhou para ela com solidariedade. A blusa Moschino que a amiga usava era horrenda; era larga, o que fazia Jill parecer 5kg mais gorda e tinha um laço rosa no decote curto gigante. Mas pelo menos era apropriada, né, C?- É natal! Seu feriado favorito.

A ruiva pegou o controle remoto e ligou a televisão, passando pelos canais. Acabou optando por um episódio antigo das Kardashians. Ela achava aquele programa bem idiota, mas não podia negar que gostava um pouquinho. Quem não gosta?

–Você tem falado com o Dylan?- perguntou Jill, roendo as unhas vermelhas e assistindo uma das Kardashians chorar, distraída.

–Ué- disse CeCe, olhando para ela- Nós somos amigos.

–Eu sei, mas...- falou a mais alta-, ele tem agido meio estranho. Sei lá.

Cecília entendeu tudo no momento que Jill disse aquela frase. Dylan estava apaixonado por CeCe no começo do ano, mas agora parece que ele tinha uma queda por Jill, e a segunda provavelmente queria saber se esse fato era verdade ou não.

–Ta legal, J-as duas se olharam ao mesmo tempo enquanto CeCe falava- Sim, eu acho que o Dylan ainda gosta de você-Elas ficaram em silêncio enquanto Jill processava a informação, paralisada- Era isso que você queria saber né?

–Como você sabia?- Jill questionou, com seu tom de voz angelical e ingênuo.

–Eu sou mais prática que você, J-C respondeu, rindo-, e eu já tinha sacado esse clima esquisito entre vocês fazia séculos.

–É- Jill olhou pra baixo. Apesar deles já terem terminado a muito tempo e terem combinado de serem amigos de novo, eles não se davam muito bem nessa área. A área de amizade. Parecia que eles não foram feitos para serem amigos- Meu Deus! Eu esqueci de te falar aquele negócio que eu conversei com ele no outro dia! Eu...

Ela ia começar a falar quando a presença imponente de Louise tomou conta do espaço. Ela apareceu pelas cortinas transparentes brancas da sala, usando um vestido Alexander McQueen azul marinho de renda na altura dos joelhos, com mangas que iam até os pulsos, que com certeza seria muito mais apropriado para algo mais formal, como uma reunião ou uma noite de ópera. Tem certeza que ela é mesmo estilista?

–Meninas- ela anunciou, juntando as mãos- , os convidados estão chegando, venham para o salão. O jantar está sendo servido.

Ela saiu da sala com a mesma velocidade que entrou, e Jill suspirou. Aquilo já havia acontecido mil vezes; por que fazer pela milésima primeira vez? E além do mais, ela tinha que encontrar Dylan para se prepararem pra encenação. Era impressão dela ou os convidados tinham chegado 1 ano mais cedo?

CeCe se empurrou pra fora da cadeira, o couro fazendo um barulho alto, e se pôs de pé, ajeitando a saia. Se espreguiçou, bocejou e calçou os saltos pretos.

–Pode ir na frente- ela falou-, vou ligar pro Matt-Jill deu de ombros e saiu da sala pelo arco branco, deixando a ruiva sozinha. Ela olhou por fora da sala, para se certificar que a menina não estava mais por perto e discou o número de Matt, cruzando os braços sob os seios-M?- ela falou quando Matt a atendeu- Cadê diabos você ta?! A festa já ta começando e tipo assim, nada vai rolar se o Marco não chegar antes do jantar.

–Relaxa, eu já to chegando, me atrasei um pouquinho- respondeu um Matt apressado correndo pela Quinta Avenida, passando pela rua 74, esbarrando em pessoas aleatórias- O Marco disse que iria, ele não ta aí?

–Não sei- disse CeCe. Ela andou sorrateiramente até a sala de estar e deu uma olhada ao redor, onde os convidados já estavam se sentando nas cadeiras caras. Procurou o rosto jovial de Marco, mas ela não encontrou o que procurava, já que todos os presentes no lugar tinham mais que 40 anos, exceto Jill- Não, ele não chegou- falou ela num tom ameaçador- Me jura que ele vem, né?

–Sim, eu...- ele tropeçou numa falha na calçada e caiu no chão sujo, o telefone batendo na calçada com força, e se quebrando. Um pedaço de vidro da tela voou no sapato de um senhor enquanto uma peça minúscula verde se arrastou com velocidade até um poodle magricela, que o engoliu. Ele suspirou, o rosto corado da vergonha e se levantou lentamente. Ele catou os pedaços do chão, em luto e os guardou o bolso do blazer-Merda- resmungou antes de voltar a andar.

–Alô?- falou CeCe para o bipe constante do outro lado da linha- Que saco.

Ela guardou o celular e adentrou a sala, pronta para se sentar na mesa, quando as portas de metal do elevador se abriram, e Marco saiu de lá, usando um conjunto vintage de terno e calças de bolinhas azul ridículo, fazendo C sorrir.

Correu até ele e o agarrou pelo braço.

–Vem- ela disse, e o guiou até onde acontecia o evento. Quase todas as cadeiras ao redor da mesa estavam ocupadas, mas ainda sobrava o “espaço para os amigos de Jill e Bárbara” que Louise sempre deixava reservado. CeCe se sentou numa cadeira na frente da amiga e Marco se sentou ao lado dela. Jill olhou para eles e sorriu, quando sua vó, Siena, chamou sua atenção, com o sotaque francês acentuado.

–Olhe, se você fizer que nem no ano passado, quando ignorou toda sua família que você vê poucos dias no ano pelos seus amigos que vê todo dia, eu vou ser obrigada a dar o fora daqui- ela falou, girando o dedo enrugado pela borda do copo de cristal com vinho tinto. Siena tinha esse jeito grosseiro, mas todos sabiam que também tinha um coração de ouro por dentro, e que podia ser extremamente sentimental- Aliás, cadê aquele seu namorado gato?- ela espremeu os olhos e olhou para o lado da mesa em que eles estavam.

–Ele já vem- Jill falou timidamente, e olhou para a amiga ruiva na sua frente, que a encarou de modo confuso.

Nesse momento, as empregadas começaram a aparecer pelo hall, carregando pesadas bandejas de prata, cheias de comidas suculentas. Elas pareciam pesadas, mas Mariet e Juanita pareciam já estar acostumadas. Elas colocaram a comida na longa mesa, enquanto os convidados admiravam a beleza dos alimentos, e se postaram na parede, uma de cada lado, as mãos juntas e a cabeça baixa.

–Bon appétit!- disse uma Louise feliz, e eles começaram a comer, o tintilar dos talheres nos pratos e dos gelos dos copos chegando no ouvido dos convidados. Num canto, o avô paterno de Jill, Herbert, que era um renomado historiador, batia papo com sua mulher, Lucien. Ela era a fundadora de uma ONG chamada McKenzie Saves, que tinha como objetivo alimentar crianças no norte da África. Enquanto isso, René conversava com vivacidade com seu cunhado, Jacob, sobre o país de origem que eles tinham em comum, a França. O jantar estava num ambiente agradável, mas somente se você ignorasse que uma garota ruiva discava o número de seu amigo, Matt, com raiva, e que ficava com mais raiva quando ele não atendeu. Porém, essa raiva não durou muito, porque as portas do elevador revelaram o garoto logo depois.

–Olá- ele levantou a mão para cumprimentar a família de Jill, meio encabulado. Não teve resposta, apenas alguns sorrisos simples como resposta. Ele sorriu para os amigos da mesma idade e se sentou ao lado de Marco-Oi, gente.

–Finalmente- falou CeCe, estressada- Por que não atendeu o celular?

–Ele quebrou- admitiu Matt, com um sorriso nervoso no rosto- Não é minha culpa.

–Por que vocês estão agindo tão estranho?- interrompeu Jill, os encarando.

Os dois se entreolharam, sem saber o que dizer. Foi quando o elevador abriu mais uma vez e de lá saiu Dylan, lindo como sempre. Quando ele entrou na sala, os olhos de Siena brilharam. Ela se levantou.

–Oh, aí está ele!- ela mexeu as pernas curtas e esqueléticas até ele, onde o envolveu com seus braços num abraço breve. Quando ela o soltou, o segurou pelos braços e olhou dos pés à cabeça, enquanto o resto dos convidados olhavam a cena- Você fica mais gato a cada dia, não é?!- ela exclamou, fazendo Jill se enrubescer. CeCe riu- Venha, sente, sente, quero saber sobre como você está- ela o arrastou para o lugar ao lado da neta e voltou a sentar-se no seu próprio.

–Estou bem, obrigado- Dylan sorriu de forma tímida. Ele não era bom com papo furado; mas alguém é?!

–E agora me diga- ela sorriu com malícia, e apertou os olhos-, quando é o noivado?-Um silêncio esquisito pairou sobre a mesa de jantar por um momento, mas foi rapidamente quebrado pela gargalhada quase bêbada da autora da pergunta- Há! Estou só brincando!

O que foi uma brincadeira para a idosa inconveniente foi uma situação bem constrangedora para Jill e Dylan, que partiram das bochechas vermelhas até as bochechas roxas de vergonha. CeCe, Matt e Marco observavam a cena, extremamente confusos. Pelo que eles sabiam, o casal tinha terminado a mais de um mês. Será que eles voltaram sem mais nem menos? Até que não seria tão surpreendente.

–Como está seu pai?- Siena disse depois de um tempo, quando o clima desconfortável passou.

Outra pergunta indelicada. O pai de Dylan tentara roubar o dinheiro da família Johnson,e Louise e René sabiam disso. Porém, ficaram quietos.

–Bem- foi tudo que ele pôde dizer. Às vezes Dylan era tão tímido e fechado quanto Matt.

Siena concordou com a cabeça.

–Bom, tenho certeza que ele ama o casal que vocês formam tanto quanto eu- ela finalizou. Matt e CeCe pediram uma explicação para Jill usando olhares mas ela não disse nada, e o jantar continuou, enquanto a lua brilhava pela janela, até que o prato principal terminou, e foi servida a sobremesa. Nesse momento, a maioria dos adultos já estava ao menos um pouco bêbados, então CeCe aproveitou o momento para sair da mesa.

– Com licença- ela falou, afastando a cadeira, e disse, já em pé:- Jill, Marco, posso conversar com vocês?

Marco deu um sorriso maroto e se levantou e Jill fez o mesmo, porém com um rosto tomado pela confusão. Que aleatório. Os dois seguiram CeCe até a varanda, onde um vento frio cantava.

– É o seguinte- ela falou, se virando para eles- Se beijem.

Depois de dizer isso ela saiu da varanda e fechou a porta, os deixando sozinhos e voltou à mesa, deixando Jill constrangida e Marco muito animado. Eles se encararam. Marco era bonito, notou a garota, apesar de ela nunca ter prestado atenção nele, mas isso não significava que queria ficar com ele. Ele deu uma risada convencida e pegou a mão dela, a levando calmamente até um canto afastado da grande varanda. Jill ficou na parede na frente do garoto, e a cintura dos dois encostava na grade, enquanto observavam o luar e as estrelas. O vento gélido batia no rosto delicado da menina. Foi quando Marco fez o primeiro movimento. Ele se aproximou da boca dela, as mãos ainda juntas e ela não pôde fazer nada, apenas deixa-lo a beijar.

No mesmo momento que isso aconteceu, CeCe voltava à mesa, e se sentava, satisfeita com a conquista. Ela olhou para Matt e piscou, e ele retribuiu com um sorriso, e eles brindaram com o champanhe. Vitória!


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