Gossip St. Jude- 1ª temporada escrita por Salada


Capítulo 60
A volta do quarteto




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–Nós precisamos conversar- a voz de Jillian Johnson ecoou por uma sala quase vazia do colégio St. Jude, batendo nas janelas e voltando para o centro da sala, fazendo com que todos que estavam na sala escutassem. No caso, as pessoas que estavam lá não eram muitas; a dona da voz que fez o eco, Matthew Ohio e Dylan Greene. A garota tinha levado os dois para a sala vazia antes do primeiro tempo começar, porque, como ela disse, eles precisavam conversar, e os dois garotos estavam apoiados na mesa do professor, enquanto Jill ficava na frente deles, falando. Ela suspirou.

–Sobre o que?- indagou Matt, trêmulo. Ele começara a ter essa mania; ficar nervoso quando falava com Jill. Logo depois de falar, engoliu seco, e Jill o respondeu.

–Você sabe muito bem- ela o acusou- Precisamos conversar sobre tudo. Tudo que está acontecendo. Com a gente- a garota completou- Desde aquela festa antes das aulas começarem, tudo tem ido de mal a pior. Nós começamos a brigar e trair uns aos outros e bem...- ela olhou para baixo- As coisas ficaram bem estranhas.

Matt e Dylan não disseram nada, mas concordavam dos pés a cabeça; eles sabiam muito bem o quanto aquele ano letivo tinha começado de uma forma bizarra. Primeiro a criação daquele site babaca, o “Gossip St. Jude”, e depois as traições e tapas e beijos e transas e prisões... Nova York era uma cidade agitada, mas não chegava a esse ponto.

–E vocês sabem quem é a culpada disso, não sabem?- ela questionou.

–Óbvio- Dylan riu- Aquela blogueira patética que acha que está numa série de televisão. Ela realmente acha que é descolada.

–Exato- concordou Jill- Por isso, eu sinto que a melhor coisa que podemos fazer sobre isso é ignorar- os dois garotos ficaram surpresos- Eu realmente não acho que ela vai continuar com essa baboseira se nós continuarmos dando tanta atenção.

–Foi por isso que você chamou a gente aqui?- falou Matt pela primeira vez.

–Também- disse Jill- Mas também por outra coisa.

Ela parou por um segundo, olhou para baixo novamente e ajeitou o cabelo, colocando uma mecha para trás da orelha. Apoiou numa mesa individual e ergue a cabeça. Estava claro que ela não estava com muita segurança para falar.

–Nós sempre fomos muito unidos- ela disse- Nós quatro. Eu, vocês e CeCe. Mas agora, bem, vocês sabem o que aconteceu. Nós nos afastamos e tudo virou uma bagunça, como eu disse. Mas... Eu acho que agora, nós precisamos ficar juntos para ajudar CeCe. Apesar de tudo, ela é nossa amiga, e vocês sabem que ela está passando por um período difícil agora. Com a expulsão e principalmente com Pierre.

Os dois garotos abaixaram a cabeça. Fazia 2 semanas que a matéria na Gossip St. Jude havia saído, anunciando o término oficial dos dois, após algum seguidor do site dizer que flagrou CeCe sair do prédio que Pierre estava morando aos prantos.

–Sendo assim, eu acho que nós precisamos tentar voltar ser como era antes. Eu sei que ela andou faltando desde que foi readmitida, mas ela me prometeu que vai voltar amanhã, então vamos tratar ela bem - ela terminou- Vocês topam?

Os três se olharam.

–Sim- disse Matt, dando de ombros- Faz tempo que eu queria fazer isso mesmo.

Jill olhou para Dylan, esperançosa.

–Eu topo- ele disse, e ela sorriu.

–Que bom- ela se virou rapidamente e saiu da sala, com os saltos baixos batendo no piso caro, e os dois amigos a seguiram. Os três estavam meio envergonhados por terem tido aquela conversa sozinhos na sala, mas ao mesmo tempo estavam muito felizes por ter combinado não deixarem se abater e voltarem a ser o que era antes. Era uma sensação boa. Na verdade, uma sensação maravilhosa.

X-X-X

–Papai, eu não consigo parar de te agradecer por ter me deixado faltar na aula hoje pra organizar a minha festa!- Jéssica Greene exclamou, aos pulos, em sua enorme casa em Yorkville. Seu pai, o sr. St. Jude, estava sentado no sofá de sua espaçosa sala de estar, lendo o jornal daquele dia, e ouvindo sua filha mimada espernear sobre a festa que ele teria que bancar. Tadinho, ele não via outra maneira de conquistar o amor da filha.

A casa inteira estava agitada, enquanto a pobre empregada, Rosa, estava encarregada de receber os enfeites e frufrus que Jéssica tinha encomendado para a festa. Os convites tinham sido enviados uma semana antes, no dia 12, apesar de só 7 garotas terem sido convidadas; seu grupo de amigas mais próximo, claro. A comemoração seria no dia seguinte, no seu aniversário, e ela estava louca para começar logo. Aquela festa era como uma passagem oficial da pequena J para a rainha J. E eu acredito que você tem alguma noção do quanto isso era importante, não tem?

–De nada, querida- resmungou o sr. St. Jude, nem prestando atenção. Ele dizia que estava falindo, mas fazia um tempo que seu filho, Dylan, encontrou um cofre cheio de dinheiro em seu closet. Apesar disso, o garoto não o questionou sobre o dinheiro, até agora.

Quando chegou da escola, no fim da tarde, ele se pôs na frente do pai, que estava ainda sentado no sofá da sala e questionou:

–Pai, posso saber da onde você está tirando dinheiro para fazer essa festa?

O pai olhou para o filho, e coçou o nariz.

–Você descobriu sobre o dinheiro, não descobriu?

Dylan ficou branco. Será que era o que ele estava pensando? Não tinha outra coisa “sobre o dinheiro” que podia ser, tinha? O garoto ficou sem reação no momento, mas acabou concordando com a cabeça, muito lentamente.

–Ah, que se foda, nada mais importa. Eu posso te falar. Senta logo aí- ele disse, violentamente. Não faço ideia da onde Dylan puxou toda a raiva. O mesmo sentou-se ao lado do pai, escutando com todo cuidado as palavras que saíam de sua boca- Mas antes- ele disse- Eu preciso que você saiba que não importa o que aconteça, eu te amo, e eu confio em você. E eu preciso que você prometa que o que eu vou te contar agora não vai sair dessa sala.

–Eu prometo- disse Dylan sem pensar, já que estava louco para saber o que seu pai estava prestes a lhe contar. Seria um segredo enorme de família? Ou até mesmo do governo?!

–Eu não queria roubar o dinheiro de Louise Johnson porque estava com problemas financeiros- disse ele- Eu queria porque não tinha dinheiro o suficiente para um projeto que pretendo iniciar.

Dylan não respondeu. Não sabia o que aquilo significava. O pai do menino percebeu seu olhar confuso e explicou melhor.

–Eu pretendo criar completamente do zero uma academia- ele contou- No centro de Manhattan. Esse foi sempre meu sonho, desde garoto. Então, quando a escola começou a decair em relação aos alunos, eu percebi que teria que investir em outro negócio. Foi quando percebi que aquela era a hora perfeita para criar minha academia.

Dylan estava surpreso, mas não de uma forma boa. Ele esperava muito mais. Uma disputa com o governo americano, um caso amoroso com a mãe de Jill... Algo assim. Mas não. Seu pai queria criar uma academia.

–Mas o que isso tem a ver com o roubo do dinheiro da família Johnson?- ele questionou.

–Já te disse, Dylan. Eu comecei a acumular meu salário para começar a academia, mas depois de meses, o dinheiro nem chegava na metade do que eu precisava. Foi quando eu tive a ideia de te pedir para fazer aquilo. Não foi um ato nobre, mas já que o roubo acabou não acontecendo...

O garoto de cabelos penteados concordou, e o pai continuou a ler seu jornal. Quando ele levantou, reparou na decoração patética da festa da irmã, subiu as escadas e foi para seu quarto. Ele não tinha menor ideia do que estava acontecendo.

X-X-X

No dia seguinte, CeCe foi vista entrando nos portões da St. Jude pela primeira vez fazia algum tempo. Ela entrou na escola somente na hora do almoço, com suas botas pretas, seu casaco de lã meio brega e óculos escuros, para esconder as olheiras e os olhos inchados de tanto chorar. Ela não era o tipo de garota que ficava mal assim por causa de um garoto, mas ela não conseguia controlar suas emoções; gostava de verdade de Pierre, e ele havia terminado com ela desse jeito? Ela não estava nem um pouco pronta para aquilo.

Entrou dentro do refeitório, com todos os olhares virados para ela. Jill se levantou da mesa que estava sentada com Matt e Dylan e correu até ela.

–Oi!- ela exclamou, a abraçando- Você veio! Eu senti tanto sua falta. Venha, vamos sentar para comer.

CeCe não disse nada, só foi guiada pela amiga para a mesa dos amigos, que tinham combinado de voltar a se falar e botar os últimos dois meses para trás. Enquanto ia para lá, escutava-se no refeitório todo tipo de comentário maldoso. Ao passar pela mesa de Jéssica e das patricinhas, a voz de Becky Jones chegou até os ouvidos da ruiva, dizendo “aberração”. Enquanto isso, numa mesa mais para longe, alguém gritou “assassina!”.

CeCe os ignorou e sentou na mesa, ao lado de Jill. Tirou os óculos e deu de cara com M e D na sua frente. Ela estremeu, e disse, enquanto guardava os óculos:

–Que porra é essa?

–Também senti sua falta- disse Matt.

A ruiva olhou para as pessoas na mesa, cada um deles e repetiu:

–Que porra é essa? Não, sério, que porra está acontecendo?

–Hum- disse Jill- Nós... combinamos de voltar a sermos unidos como antes.

–Por que?- CeCe olhou para a outra com o olhar cansado.

–Para te dar apoio- Jill esclareceu, sorrindo verdadeiramente.

A menina readmitida revirou os olhos, se levantou e saiu andando dali, sozinha. Aquilo era estranho e irritante demais pra ela, e ela já tinha coisa demais na cabeça. Andou pelos corredores quase vazios, sem rumo, quando Jill saiu correndo das portas do refeitório e foi até ela.

–Ei- ela disse, segurando a mão da menina. CeCe se virou e olhou fundo nos olhos da amiga- Eu estou aqui. Ok?

Foi quando os olhos das duas se encheram de lágrimas e elas se abraçaram, aos prantos. Se sentiam seguras nos braços umas das outras. Tão seguras que elas nem repararam que as pessoas que estavam no refeitório estavam agora observando a cena da janela que tinha nas portas duplas. Elas ficaram alguns minutos lá, se abraçando e soluçando, e quando terminaram, sorriram uma pra outra.

–Ok- disse CeCe, e ficou em silêncio- Podemos comer agora?

A dupla riu e voltou para o refeitório, satisfeitas em quesito emocional mas famintas em quesito alimentar.


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