Gossip St. Jude- 1ª temporada escrita por Salada


Capítulo 57
Novas paixões, velhas paixões




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Dylan Greene estava com a bunda enfiada numa carteira de carvalho de uma das salas de aula do colégio St. Jude, tentando se concentrar na aula de álgebra avançada que estava assistindo. Seu caderno aberto a sua frente estava em branco, e a caneta Mont Blanc de prata descansava sobre a mesa. A cabeça quadrada de Dylan estava apoiada em seu braço malhado, e foi naquele momento que ele percebeu que se continuasse naquela posição desconfortável, definitivamente não conseguiria entender nada da aula. Ele ajeitou a postura e pegou a caneta, pronto para fazer as anotações devidas, mas notou que não tinha idéia do que a professora estava falando. Ele estreitou os olhos e tentou entender, mas tudo parecia tão embaçado. Depois uns dez minutos fazendo a mesma coisa, ele entendeu o motivo de não conseguir se concentrar; sua mente estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa. Uma pessoa de 1,78, cabelos chocolate e cílios longos naturais. Ele estava pensando em Jill.

É claro que ele tentava tirá-la da cabeça, mas desde que eles terminaram(pela 3ª vez), ele não conseguia parar de pensar em tudo nela, no rosto, no jeito dela de andar, de falar, no jeito que o cabelo dela soltava uma essência natural de um perfume da Chanel ou Dior que ele não sabia o nome mas sempre reconhecia quando sentia, normalmente quando ela entrava na sala ou saia. Era um jeito diferente de a reconhecer, e ele adorava. De qualquer jeito, ele não tinha certeza ainda se ele sentia algo verdadeiro por ela ou aquilo tudo não passava de nostalgia. E ele estava com muito medo de descobrir; afinal, se ele gostasse dela, ele não teria chance de voltar com ela, já que a notícia que o pai dele era um golpista mentiroso que queria roubar o dinheiro dela tinha sido espalhada por todo lugar. E, de uma forma, ele se sentia culpado por isso, já que ele mesmo tinha confirmado esse boato dois dias antes numa festa super importante.

Ah, que droga! Dylan não conseguia de jeito nenhum entender o que aquelas letras e números no quadro significavam, ele acabou desistindo.

–Sr. Kanuh, posso ir no banheiro?- ele levantou a mão e perguntou.

– Claro- respondeu o professor, e ele saiu pela porta. Ele precisava de ar.

Andou pelo corredor vazio e virou à direita, onde ficava o banheiro. Ele empurrou a porta e se viu dentro do cômodo de piso de mármore reluzente e paredes brancas. Havia uma bancada longa num canto, com várias pias brancas espalhadas, que ficava ao lado de um degrau que levava aos mictórios e cabines. O banheiro estava vazio, exceto por um garoto em pé num dos mictórios. Dylan pulou o degrau e se pôs no mictório, e foi quando percebeu que o garoto ao seu lado era Matt.

Ok, isso é constrangedor.

– E aí- disse Matt, não aguentando o silêncio perturbador no banheiro, exceto pelo som da urina deles batendo na parede de de cerâmica branca dos mictórios, o que tornava aquilo ainda mais esquisito.

Dylan ficou quieto, até que terminou o que estava fazendo, desceu o degrau e começou o processo de lavar as mãos. Menos de 30 segundos depois, Matt o acompanhou, e o ligou a torneira ao lado da de Dylan, e olhou para a imagem refletida no espelho. Era tão estranho estar lavando as mãos ao lado do namorado da garota que ele tinha transado, e era ainda mais estranho o fato que ele sabia que eles tinham transado, mas, aparentemente, o dois decidiram ignorar isso para ter um comum encontro no banheiro da escola. Era isso que Matt achava, até Dylan soltar:

– Como estão as coisas com a Jill?

Ok, agora ficou mais constrangedor. Matt realmente não entendeu o que ele quis dizer com isso. Será que Dylan achava que eles estavam juntos? Não era possível ele ser tão desatualizado assim, porque todo mundo sabia que o lance entre Matt e Jill era 100% casual. Afinal, era isso que os tabloides diziam. O que ele deveria responder? Será que ele devia responder? Será que Dylan estava o ameaçando?

– Nós somos amigos- declarou Matt, os lábios tremendo enquanto as palavras saíam de sua boca.

Dylan chacoalhou as mãos e as gotas de água voaram para todos os lados, e ele pegou uma toalha disposta no cabide de ouro pendurado na parede. Ele secou as mãos e se virou.

– Saquei- disse ele antes de empurrar a porta e ir embora. Matt suspirou e secou as mãos também, mas não foi embora tão rápido. Ele lavou o rosto, o secou e saiu dali. Esta aí, outro garoto que precisa de ar.

X-X-X

Estando expulsa do colégio, CeCe estava em casa de bobeira, numa segunda-feira chata, ouvindo música e lendo, quando o telefone tocou. O primeiro nome que apareceu na cabeça de CeCe foi Patrick, mesmo sem perceber, e ela jogou o livro pra longe e pulou em cima do celular para ver quem era a pessoa interessada em falar com ela, e se decepcionou secretamente ao ler no nome escrito na telinha, apesar de também ser um nome que começava com a letra “P”.

– Alô- atendeu CeCe desanimada.

– Oi linda- disse Pierre- Você está de bobeira?

– Por que?- perguntou CeCe, direta, se revirando na cama, e roendo a unha pintada de vermelho, que descascava.

– Acontece que eu consegui fazer reserva num dos restaurantes mais exclusivos de Nova York para nós, hoje à noite!- anunciou ele excitado, como se CeCe não tivesse ido mais de 20 vezes pelo menos em todos os restaurantes exclusivos da ilha- O Daniel! Não é incrível?!

– Super- disse CeCe, fingindo interesse. De repente, todo aquele negócio de namorar estava ficando tão chato- Mas eu não sei se vou poder ir, P... Hoje vai ter a reunião na escola para decidir se eu sou aceita de volta ou não, então eu estou meio nervosa, sabe... Não sei se vou estar no humor para um restaurante tão chique- Nervosa, até parece. Mas, de verdade, CeCe não sabia o porquê dela estar mentindo. Só uma coisa dentre do que ela disse era verdade; ela realmente não queria sair para jantar com Pierre. E nem fazer nada com Pierre.

– Como assim?- Pierre riu- Eu demorei horas para conseguir essa reserva, você não podia pelo menos tentar entrar no clima?

– Desculpe, P- disse CeCe- Mas eu realmente prefiro ficar em casa hoje.

– Ok- disse Pierre, decepcionado- Beijo.

CeCe desligou sem responder, pegou o livro do chão e voltou à sua leitura. Porém, isso não durou muito, porque o aparelho celular vibrou de novo. Ela largou o livro novamente e o pegou. “Patrick”. Ela atendeu rapidamente e botou o celular na orelha.

– Oi!- ela disse, sorrindo- Qual é?

– Oi CeCe- respondeu Patrick- Escute, o nosso almoço ontem foi incrível, e eu realmente queria te ver mais uma vez. Sinceramente, te acho uma pessoa sensacional e quero te descobrir.

CeCe suspirou. Ela não podia estar mais na dele.

– Irado- ela disse, serena- Então... O que você quer fazer?

– Eu estava pensando num jantar, hoje à noite- disse ele- O que você acha?

– Parece legal- respondeu ela- Onde você quer ir?

– Bom, eu sou amigo do dono da Spigolo... Conhece?- ele perguntou.

– É claro! É um dos meus prediletos- CeCe mentiu. Ela reconheceu o nome, mas nunca tinha realmente ido lá.

– Te pego às sete? Na sua casa?

– Pode ser- ela respondeu, mordendo o lábio instintivamente. Esse ato já havia virado um hábito quando ela falava com ele. Ele era tão gracinha.

Eles desligaram o telefone, e CeCe se esparramou pela cama, deliciada com o pensamento do jantar mais tarde.

–CeCe, querida?- sua mãe, Ramona, entrou em seu quarto sem bater. Essas manias dos pais- Acabei de receber uma ligação da escola, dizendo que a reunião sobre o seu caso foi adiada para amanhã. Acho que o vice-diretor está com intoxicação alimentar, ou algo desse gênero. Tudo bem?

– Ok, mãe- respondeu CeCe, distraída, mexendo no celular.

Ramona arqueou as sobrancelhas para o comportamento esquisito da filha, mas foi embora. No momento que a porta bateu, CeCe pulou para dentro do closet. Afinal, ela tinha um encontro marcado e tinha que escolher uma roupa apropriada.

Ou inapropriada?

X-X-X

Às 6 e meia da noite do dia 4 de novembro, Pierre estava em sua casa, vendo um filme de comédia incrivelmente ruim com Adam Sandler e comendo uma tigela de Froot Loops com leite, quando teve um idéia. Se CeCe não queria ir num restaurante, e sim ficar em casa, então por que ele não iria para casa dela fazer companhia? Afinal, ela devia estar nervosa pela tal reunião.

Assim, ele se levantou do sofá, se vestiu, comprou uma caixa de bombons e pediu um táxi.

Coitadinho.

X-X-X

Ao mesmo tempo, na casa dos Steins, Patrick endireitava a gravata na frente do espelho de seu quarto. Ele vestia uma camisa social verde, jeans escuros e sapatos Armani de couro marfim. Foi nessa hora que sua filha, Stace, entrou no quarto, usando calças de moletom cor-de-rosa e botas Ugg marrons e segurando seu celular.

– Para que está se arrumando todo, pai?- questionou ela, sentando na poltrona dourada do quarto, olhando o pai e suas vestimentas.

– Eu vou sair- anunciou ele.

– Vai pra onde?- interrogou Stace, aparentemente desconfiada.

– Ah, vou beber com uns amigos-ele se virou para filha- Quero aproveitar Nova York um pouco antes de voltar para nossa cidade. A propósito, onde está sua mãe?

– Ela disse que ia visitar um velho amigo na cidade- respondeu Stace.

– Ah, sim- disse Patrick, andando até o outro lado da sala e pegando a chave do seu carro- Bem, eu acho que vou indo- ele andou até a adolescente, beijou sua bochecha e falou:- Aproveite o castigo.

– Pode deixar- Stace virou os olhos, que estavam vidrados na telinha do celular.

Patrick saiu do quarto e Stace ouviu a porta da casa fechar. Ela olhou para a sala para ter certeza que ele tinha saído, saiu dali e foi para a calçada, vendo o pai dirigir pela rua. Não demorou muito para um táxi passar por ali, e ela fez sinal para ele parar.

– Siga aquele carro, sim?- ela disse ao entrar dentro do automóvel- Eu quero saber para onde ele vai.

X-X-X

Enquanto tudo isso estava acontecendo, CeCe estava em seu quarto, dentro do closet, se vestindo. Ela havia decidido colocar um vestido Diane von Furstenberg preto e bege um pouco acima do joelho, porque assim não seria formal demais nem casual demais. Além disso, um colar de rubi com um coração havia sido pendurado em seu pescoço, e ela usava saltos azuis Christian Louboutin. Uma bolsa azul Ombrè de cristal estava jogada em sua cama, e quando o seu celular tocou e Patrick a avisou que ele já estava pronto para a levar, ela a pegou e desceu.

– Oi!- ela exclamou quando o viu, saindo de seu carro com uma camisa social feia e calças bregas, mas ela não ligou. Ele ainda era lindo. Ela correu até ele e o abraçou, e ele deu um beijo na bochecha dela, o que a permitiu sentir o cheiro maravilhoso dele.

– Vamos?- ele disse, abrindo a porta do carro e dando a mão para CeCe para ela entrar. Enquanto essa cena acontecia, num táxi do outro lado da rua, Stace estava com a boca aberta.

– Ah, meu Deus- sussurrou ela, sorrindo- Que cretina- ela pegou o celular e tirou uma foto. Ela estava se tornando boa naquilo- Pode ir- ela falou para o taxista- Eu já consegui o que eu queria.

Assim , o táxi partiu, revelando um homem musculoso atrás dele, olhando a mesma cena, atônito. Um homem francês, para ser específico. Ele usava um terno Armani(a única peça de roupa que valia mais que 100 dólares) e trazia uma caixa de chocolates. Ele viu enquanto sua namorada entrava naquele carro com um estranho bonitão, e viu quando eles partiram. Ele ignorou as lágrimas em seus olhos e jogou a caixa de bombons no lixo.

Eu entendo que ele estava magoado, mas jogar fora uma caixa de chocolates de Roni-Sue’s é um baita desperdício!

X-X-X

Na mansão dos Greene, ouviram-se batidas na enorme porta de madeira. O Sr. St Jude se levantou da cama, desceu as escadas e atendeu a porta, e não acreditou no que viu. Afinal, se você não visse alguém a mais de 10 anos, você ficaria surpreso. Ainda mais se essa pessoa fosse sua ex-mulher.

– Mary?- ele perguntou, perplexo.

– Oi- ela disse, com seus olhos verdes e charmosos- Eu posso entrar?

– O que está fazendo aqui?- ele perguntou, perplexo.

– Eu vim para Nova York buscar a minha filha e leva-la de volta para casa- disse ela- O nome dela é Stace.


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