– Você quis me ver?- Jill abriu a porta do apartamento da família Ohio, cautelosamente olhando ao redor. Matt, que estava na sala de estar, se virou, usando um suéter de caxemira azul marinho e jeans quase da mesma cor. Ela colocou os pés vestidos de sapatos delicados escuros Kapoor Stella McCartney. Ela sorriu levemente e adentrou completamente o lugar.

– Eu tenho que aprender a trancar a porta da frente- comentou Matt, indo ao encontro da garota- Sim, eu queria te ver. Depois da sua ligação, eu fiquei... Bem, eu fiquei aterrorizado- ele riu nervosamente, com as mãos no bolso da frente, desajeitadamente. Pra variar, ele estava sem jeito- Eu te falei que os pais da CeCe estão pensando em manda-la para uma clínica de reabilitação? Quer dizer, eu acho que...- ele suspirou, meio que derrotado, e olhou para baixo.

– Você fez a coisa certa- ela disse, sorrindo igual ao amigo. Nervosa. Ela fazia força para não deixar claro que suas pernas estavam tremendo, mas talvez se Matt visse ela podia dizer que era por causa do frio. O outono está aqui pra que, afinal?- Foi muito estranho. Ela insinuou extremamente que sabia de alguma coisa sobre mim e sobre você- ela falou- Eu só queria que você soubesse disso. E talvez perguntasse pra sua...- ela limpou a garganta com uma tossida- namorada.

Matt coçou a costas de seu pescoço, constrangida. Depois do “acontecimento” deles, nas últimas semanas eles sempre se sentiam esquisitos na frente um do outro. Talvez porque eles já tivessem se visto nus, ou simplesmente porque eles fizeram uma besteira e uma coisa péssima. Quer dizer, na hora foi ótimo, mas depois...

– Boa idéia- disse Matt- Eu posso falar com ela hoje maquis tarde, se você quiser.

– Bem, na semana que vem tem a festa dos 100 anos da St. Jude, na mansão dos Greene. Você pode leva-la e contar pra ela durante a festa- sugeriu Jill- Eu ouvi que os pais dela estão na cidade, mas provavelmente e só uma outra besteira- ela balançou a cabeça- Ahn... Onde eu posso encontrar o lavabo?

É claro que Jill sabia onde ficava o lavabo, ela conhecia aquela casa como se fosse a sua desde 2005, então aquilo era só uma formalidade exagerada. Matt apontou para o lugar e ela se mexeu até lá. Passou pela porta e a fechou. Ficou um tempo olhando a maçaneta, ofegante. Que estranho! Desde quando ela e Matt agiam tão estranho um na frente do outro? Quer dizer, eles transaram, mas Jill não esperava que danificasse tanto assim a amizade deles. Ainda mais uma amizade de 4 anos. Ela pegou a bolsinha e retocou o batom vermelho MAC, o blush leve escondendo os tumores as espinhas na parte de cima da bochecha. Bagunçou o cabelo casualmente e projetou um sorriso para quando saísse de lá. Até planejou sua fala. “Caramba, já são 6 horas. Tenho que ir pra casa ajudar meu pai com o jantar”. Foi quando ela lembrou que seu pai estava morto(ainda era muito recente e ela ainda não tinha se acostumado com isso) e que tudo aquilo que ela estava fazendo era idiota. Franzindo a testa com desaprovação, ela puxou a porta do lavabo com força, e deu de cara com Matt na porta.

Ela bateu sua cabeça na dele e os narizes deles se juntaram. Jill fechou os olhos, respirando ofegante enquanto Matt aproximava seus lábios dela. Ela pensou em empurra-lo, mas ela meio que já sabia que aquilo ia acontecer. Senão, por que estava retocando a maquiagem?

Ele envolveu as costas dela com seus braços e ela passou a acompanhar o beijo lentamente, na porta do lavabo. Eles giravam de um lado para o outro, seus lábios dançando numa dança sensual e ao mesmo tempo divertida. Eles tombaram para dentro do banheiro e Matt bateu a porta. Preciso dizer o que eles iam fazer ali dentro se um certo jovem do Upper West Side não tivesse chegado pela porta escancarada com um sorriso feliz no rosto por ter reatado a antiga amizade com o amigo rico e um controle de vídeo game do seu Wii nas mãos?

Matt levou um susto quando Tod fechou a porta e abriu os olhos, afastando Jill dele. O cabelo dela já estava bagunçado de forma que era óbvio saber o que eles estavam prestes a fazer, e a blusa de Matt estava desabotoada. Ele saiu pela porta do banheiro para averiguar o que havia acontecido e Jill o acompanhou, assustada com a reação repentina do... Ok, eu não sei o que eles são exatamente.

Tod levantou a cabeça e os olhou, semi-nus e com os cabeços bagunçados. Demorou um pouco para ele se tocar, mas quando o fez, o sorriso virou um rosto contorcido de raiva. Matt abriu a boca, sem saber o que dizer e Jill ajeitou uma tira do sutiã que escorregava por seu braço nu, o rosto enrubescido de vergonha.

– Tod- murmurou Matt, com uma épica cara de bunda.

– Percebi que você já tem companhia- disse ele, fazendo uma careta, e zombando do... Droga, eu também não sei mais o que eles são! O garoto de 14 anos se virou e andou calmamente até a porta.

Matt correu até ele, e o virou com o braço forte, e começado a explicar:

– Tod, foi mal, entra aí, a Jill já estava de saída, foi um erro- ele se enrolava todo.

O garoto empurrou Matt e saiu dali. O outro, se virou, derrotado, para a garota que já havia colocado sua roupa novamente. Ela estava com os braços cruzados e olhava para Matt, com um olhar que parecia que pedia uma explicação.

– Ótimo- ela disse por fim- Mais uma pessoa que sabe sobre nós.

– Sobre nós?- Matt zombou- Relaxe, o Tod não conhece quase ninguém dos nossos amigos. Não tem pra quem ele contar.

Jill suspirou, não satisfeita.

– Isso não aconteceu- ela alegou, pegando sua bolsa do chão- Não esqueça de falar com Stace, mas não diga sobre o que está falando. Insinue, como ela.

Ela andou confiantemente até a porta, e logo ia sair por ela quando percebeu o quanto estava agindo diferente com o amigo de tanto tempo. Poxa, para as coisas voltarem ao normal alguém tinha que tomar uma atitudade.

– Tchau, Matt- ela voltou até o garoto e beijou delicadamente sua bochecha- A gente se vê.

X-X-X

– Bom dia pai, bom dia mãe- CeCe Cooper desceu as escadas de seu apartamento na Quinta Avenida na manhã do dia 26 de Outubro, um sábado ensolarado e, aparentemente feliz. Ela pegou uma maça do cesto na bancada e deu uma mordida forte, segurando um exemplar de Romeu e Julieta original nas mãos- O amor deles é muito louco- ela comentou, os olhos vidrados numa página cinzenta. Ela se jogou no sofá e continuou a ler, enquanto seus pais tomavam café da mesa da cozinha.

– Não vai tomar café, querida?- perguntou sua mãe, desviando os olhos cobertos por óculos dourados de leitura redondos pequenininhos do jornal que lia ao lado de George, seu marido- Nós ainda temos que te contar aquela coisa especial.

CeCe se levantou desastrada do sofá, calçou suas botas pretas, amarrou os cabelo num nó embolado e botou sua jaqueta preta.

– Não da, mãe, eu vou passar na casa da Jill antes de ir no brunch das meninas no Met com ela. Depois?- ela sugeriu, sorrindo, e entrando no elevador para ir embora, com o livro na mão. Até que lembrou que estava com o livro e o jogou pela fresta que sobrava enquanto o elevador fechava. Ufa. Deu tempo!

Depois de chegar lá, foi para o quarto de Jill, onde ela estava com a maquiagem borrad,a deitada na cama de barriga pra baixo e com os pés cobertos por meias. Ela tirou as botas, soltou o cabelo e sentou na cama, de frente a amiga.

– O que houve?- ela perguntou. Jill tinha pedido para ela passar na casa dela para irem juntas ao brunch saudável que Jéssica organizara com as outras meninas populares na escadaria do Met naquela manhã, daqui a menos uma hora.

– Meu reinado está caindo aos pedaços!- ela exclamou, pegando um travesseiro e enfiando o rosto nele- Minha irmã queria me destruir, meu amigo e eu transamos quase duas vezes e agora essa vadiazinha, mini Dylan está conseguindo roubar o trono de mim só porque todas essas desgraças estão acontecendo simultaneamente na minha vida!- ela exclamou, a voz ocultada pelo travesseiro.

– Peraí, eu escutei certo?- CeCe indagou, os olhos arregalados de expectativa- Você transou com o Matt?!

– Sim- disse Jill, rolando para fora do travesseiro para olhar nos olhos da amiga- Foi isso que eu fui fazer depois que fugi do Plaza no dia que você foi detida.

– Oh, meu Buda- CeCe processou a informação, encarando Jill, até que percebeu que estava bem com aquilo- E vocês estão juntos?! Quando isso aconteceu?! Por que você não me contou?!?

– Eu sei lá, mas eu não te chamei aqui pra falar disso! Preciso que você me ajude a remontarm eu reinado hoje no brunch e... Espere! Eu acabei de ter uma idéia perfeita!

Jill contou sua ideia e CeCe a adorou, então resolveram colocar o plano em ação. Era o seguinte: pela Gossip St. Jude, elas viram que toda a família St. Jude tinha saído naquela manhã para comprar mais preparativos para comemorar os 100 anos da escola, na semana que vem. E por experiência, Jill sabia que eles mantinham uma chave extra embaixo do carpete verde da entrada. Assim, elas foram até lá, entraram na casa, pegaram um suco que Jéssica adorava beber, e colocaram um certo ingrediente nele. Entre muitas risadas, elas foram embora dali despercebidas e foram direto para o Met.

Ao chegar em casa, Jéssica bebeu aquele suco e começou a se vestir para encontrar as amigas na escada do museu. Enquanto tomava banho, sentiu um desconforto na região estomacal. Ela ignorou, mas quando estava se vestindo, correu para o banheiro de novo e abriu a tampa da privada.

– Ahn... Jéssica, você está bem?- o senhor St. Jude perguntou atrás da porta branca do banheiro do corredor de cima. Já tinham se passado meia hora.

– Estou bem- mentiu Jéssica, as mãos envolvendo a barriga e sentada no vaso.

– Ok- disse o sr. St. Jude, e saiu dali.

Ai, ai, o laxante. Ajudando a emagrecer desde que foi descoberto pelas adolescentes mimadas em busca da perfeição... A irmãzinha de Dylan devia agradecer às duas garotas sapecas da Quinta Avenida, isso sim.