– Então eu falei pra ele me esquecer e saí dali- CeCe Cooper, uma garota baixa, peituda e de cabelos vermelhos contava para Jillian Johnson, sua melhor amiga, como terminou com o namorado, um francês gato e musculoso, porém(eca!), pobre- Estava muito abafado- CeCe deu uma risadinha peculiar e pegou com o garfo um pedaço da torta de cereja que Amélia tinha preparado para elas, e só para elas. As duas estavam sentadas na bancada na cozinha do apartamento de Jill, com as pernas dobradas e lindas, pra variar.

– Não sei se devo dizer que sinto muito- Jill mastigou seu pedaço de torta de boca fechada com seus dentes brancos perfeitamente alinhados. Ela engoliu o pedaço e deu leves batidas nos lábios carnudos com o guardanapo em sua frente- Você parece bem aliviada.

– É claro que estou! Eu tirei um peso da porra das minhas costas hoje, não podia estar mais feliz. Agora posso beijar caras aleatórios sem me preocupar- os olhos da ruiva se iluminaram.

– Como se você não fizesse isso antes...- Jill sussurrou, e CeCe exclamou, rindo:

– O que você disse?!- ela empurrou a amiga no banco e falou:- Pelo menos não fui eu que beijei meu melhor amigo num quarto de hotel-Jill arqueou as sobrancelhas, e CeCe justificou, charmosa:- Às vezes eu leio a Gossip St. Jude. Aliás, isso é verdade?

Jill revirou os olhos e bebeu seu champanhe. Ela devia contar para a amiga a verdade? Sabendo que a amiga é mais impulsiva que qualquer pessoa que ela jamais conheceu?

– Talvez.

– Ah, meu Deus!- CeCe riu, para a surpresa de Jill. A primeira ia dizer alguma coisa sobre não contar pra ninguém quando um casal com cheiro de Chanel Nº 5 e colônia francesa entrou na cozinha, com as mãos se apertando.

– CeCe!- exclamou Louise, rodeando os braços esqueléticos pelo corpo sentado da garota, que posicionou suas mãos nos mesmos- Há quanto tempo eu não te vejo!

– Na verdade, faz uma semana, mãe- Jill corrigiu.

Louise a ignorou.

– Você está ótima! Como está sua mãe?- quis saber ela, louca pra saber de uma nova fofoca.

– Na verdade, ela e papai voltaram ontem de Vermont. Estão melhor que nunca, Srta. Johnson- CeCe contou.

– Isso é maravilhoso...! Este é meu noivo, René. René, esta é a garota mais estilosa que você conhecerá em anos!- elogiou Louise. Jill abaixou a cabeça e comeu um pedaço de torta, triste, e CeCe olhou pra ela, de repente se sentindo mal. A mãe de Jill sempre gostou muito dela por ela ser original, algo que sua filha jamais foi e talvez nunca fosse. René a cumprimentou.

– Você tem lindos olhos- ele apontou gentilmente, mas CeCe não se encabulou. Mas é claro que não.

– Você também- ela soltou, e o casal deu uma risada um tanto alta demais. Jill aguardava o fim do papo, surpresa com a própria paciência- Mas agora eu e Jill temos que subir. Nós vamos nos aprontar pra uma festinha hoje mais tarde.

Jill olhou pra garota, mas ela continuava a olhar para Louise e René, que concordavam com a cabeça.

– Eu vejo- Louise passou a mão pelo cabelo e abriu passagem para as garotas- Podem ir.

CeCe puxou Jill até o quarto da garota, onde se jogou na cama e tirou suas botas.

– Ser incrível é tããão estressante!- reclamou ela de brincadeira, se espreguiçando e deixando os cabelos sedosos dançarem sobre o cobertor branco.

– Fala aí, a gente tem, tipo assim, mesmo uma festa pra ir?- Jill perguntou, e CeCe a encarou e percebeu que seus olhos estavam brilhando. Espere aí; Jillian Johnson estava mesmo entusiasmada para uma festa?

– É claro que não- respondeu ela- Quer dizer, a não ser que você queira. Eu arranjo uma fácinho pra gente, e se não arranjar, o que não é provável, sempre tem a baladinha da rua 56, onde ficava a Brooksfield- ela escancarou a boca de repente- Ou nós podemos ir ao Brooklyn, no Five and Dime! Eu costumava ir lá com Pierre, é um bar bem cool de Williamsburg. O que você prefere?

Enquanto CeCe falava, Jill mexia nas unhas, sentada numa poltrona rosa choque num canto do quarto. Ao seu lado, Bitsy Pretter, a gata siamesa dela, se enroscava no mecanismo simples da cadeira giratória, que era extremamente confortável para uma gata.

– Eu acho que ir a uma balada não vai fazer mal- Jill se forçou a se soltar. No geral ela odiava festas desse estilo, mas depois que terminou com o namorado pela, tipo, décima vez, ela percebeu que tinha que se abrir mais as coisas. Isso significava, humm, como se diz? Ah, sim, tomar um porre.

– Demais!- CeCe tirou as meias e rolou na cama. Um telefone tocou. Era o de Jill, que estava jogado preguiçosamente na cama, ao lado da ruiva- É o Matt. Falando nisso, eu posso saber por que você o beijou?

Jill suspirou levemente olhando para a amiga. Ela já tinha contado o que fez, agora teria que contar por quê fez isso?

– Eu não sei!- exclamou ela- Quer dizer, eu sei. Na minha festa, eu estava me sentindo carente por causa do Dylan, e no Palace...

– Espera, você o beijou duas vezes?- interrompeu CeCe.

Oh... Merda.

– Beijei- confessou Jill. Fechando os olhos constrangida, ela se levantou e abriu o armário, se esforçando para mudar de assunto. Fazia parte do plano de ser uma garota despreocupada agir como se não fosse nada demais- Hmm, se nós vamos mesmo nessa balada, o que eu devo usar?

– Da licença- CeCe empurrou Jill com o quadril na frente do closet. Ela tirou a saia lápis que Jill usara fazia quase um mês atrás na festa no terraço do Plaza- Isso é legal mas... Hum, muito sem graça. Já sei, isso aqui!- ela tirou um top mega apertado e minúsculo cinza meio castanho sem graça e sexy de um cabine e jogou na cama ao lado da saia lápis- Combinou. Mas ainda falta uma corzinha...- Ela passou as mãos pelo cabine quando puxou de lá um cardigã maravilhosamente pintado a mão branco com losangos bem alinhados cor de areia e vários detalhes geométricos azul escuro e preto. Era simplesmente deslumbrante- E com... Esse sapato- ela pegou uma bota preta gigantesca da área de calçados do closet e deu para Jill- Você vai ficar tão sexy que Matt, Dylan... Todos vão te querer!

Ela não sabia o quanto estava certa.

X-X-X

– Eu estava pensando... Eu nunca mais vi você conversando com Jill e... Bem, vocês não eram amigas?- Matt Ohio se curvou levemente para frente, afim de fazer uma jogada do jogo de xadrez. Ele estava a ponto de dar xeque-mate na partida com sua namorada Stace, mas optou por não o fazer. Deixar a namorada ganhar parecia ser algo que um cavalheiro nato faria. Stace mexeu o nariz.

– Mais ou menos, pra ser sincera- ela confessou, e mordeu o lábio. Ela olhou pra ele ao mesmo tempo que ele olhou pra ela, e eles sorriram.- Quer dizer, pra ser sincera de verdade, não acho que ela realmente gosta de mim. Acho que ela estava me usando como um estepe para CeCe. A gente começou a se falar tipo, no mesmo minuto que elas brigaram.

– Hum- murmurou Matt. Stace moveu um cavalo inutilmente pra frente, e eles voltaram a jogar, entediados. Eles estavam na casa de Matt, sozinhos. O pai e a mãe estavam trabalhando, e a tia provavelmente estava falindo os mesmos comprando loucamnete em boutiques horrivelmente ultrapassadas, tipo a Urban ou a Gap. Aqueles lugarzinhos péssimos lotados de turistas- Eu não diria isso. Vocês se davam tão bem.

– É. Fazer o que?- Stace encerrou o assunto, e o telefone de Matt tocou. Era CeCe.

– Oi C- cumprimentou ele.

– Matt! Que me diz de ir em uma festa?- disse uma voz agitada do outro lado da linha. Ele conseguia ouvir a voz de Jill pedindo pra desligar, mas a amiga só lhe mandava risadinhas.

– Ahn... Festa? Não sei, que festa?

– Hoje na rua 56, onde ficava a Brooksfield. Eu e Jill vamos estar lá, caso queira a beijaaaar- o telefone desligou abruptamente e Matt enrubesceu ao perceber que Jill tinha contado a CeCe sobre os-dois– beijos deles.

Ele guardou o telefone no bolso da calça jeans.

– Nós vamos numa festa?- perguntou Stace entusiasmada.

– Se você quiser- Matt sorriu e a beijou levemente no rosto. Eles se beijavam na boca, claro, mas ainda não estavam naquele estágio oi-amor-beijinho-como-foi-seu-dia. Eles se beijavam só em momentos especiais, como encontros ou só por ficar em uma festa ou algo assim. Resumindo, estavam indo bem devagar- Mas eu quero.

– Vamos!- Stace jogou o tabuleiro para cima rindo e Matt a pegou no colo. Eles rodaram por um tempo até caírem no chão do quarto de Matt, ofegantes- Eu te adoro- sussurrou Matt no seu ouvido, e depois deu uma risadinha infantil.

X-X-X

Após chegar em casa, Dylan foi direto para o quarto, simplesmente pelo fato de estar completamente sem saco pra gritar com a irmã. O pai, que era estranhamente desligado, provavelmente não sabia de nada, mas logo sentiria as consequências daquilo. E quando os pais ouvirem o que o diretor andava tramando? Eles estavam completamente ferrado!

Nada na vida de Dylan fazia sentido. Ele não tinha uma namorada; não tinha amigos; ele odiava sua família. O garoto se deitou de cabeça pra baixo na cama e ligou o som no volume mais alto possível. Era sábado; o que ele estava fazendo ali deprimido? E pior; por que estava tão sentimental?

O celular tocou atrás do travesseiro e ele atendeu sem sabe quem era.

– Alô?

– Oi Dylan, é a CeCe, aquela garota gostosa que você deseja- uma risada alta ecoou do outro lado da linha-, e eu estou aqui pra te chamar pra uma festa hoje na rua 56, pra você ver como a sua ex anda beeeem melhor sem você. Onde tinha a Brooksfield, quase na esquina da Park. Esteja lá!- a ligação acabou.

Ele jogou o telefone no chão. Até que não era uma má ideia; ele faria qualquer coisa pra se divertir.

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Olááá, galeraaaaa, e aí? As notícias correm rápido por aqui, vocês já devem ter percebido, mas aquele escândalo do nosso querido diretor... Uau! Bastaram 24 horas para TODA Nova York saber, e daqui a pouco os nossos pais também não saber, e uma certa família vai se dar mal...

PRA QUEM NÃO ENTENDEU

Pelo que eu-e todo mundo, na verdade- ouvi foi que o nosso diretorzinho está envolvido num baita escândalo financeiro, e já que estão sem dinheiro, estão tentando roubar o dinheiro da conta da família da J– isso mesmo, a nossa J! Mas pra isso, o filho do diretor, que eu sei que vocês sabem quem é, tinha que se aproximar da garota pra descobrir a senha da conta. Talvez seja por isso que ele esqueceu a carteira num encontro aí outro dia. Foi pego!

Eu realmente me decepcionei com D; não pensei que ele pudesse fazer algo assim. Mas a vida é assim; as pessoas nos surpreendem.

Flagras

M levando a namorada pra seu apartamento de manhã, e depois dando um mini passeio pela Park Avenue. Deviam estar entediados depois de jogar tanto xadrez- chato! C encontrando o namorado num apartamento da rua 72 e saindo dali dentro de 15 minutos. Depois seguiu direto pro apartamento da J, na 73. D comprando novos sapatos de couro J. Crew na Ermenegildo Zegna. O nome da loja é feio, mas os sapatos, não! B se agarrando com o namorado novo em vários lugarzinhos da cidade. Ele podia ser considerado um Weasley, mas as roupas dele definitivamente não são de segunda mão- abana, abana. J 2 na Barney’s com as novas amigas. J e C ligando para os dois garotos com quem já se envolveram- pelo menos a primeira- e convidando-os pra uma superfesta que vai acontecer hoje mesmo naquela baladinha onde tinha a Brooksfield, na rua 56! Demais! Vejo vocês lá?

(Não) Se comportem.

Beijinhos,

Gossip St. Jude.