Gossip St. Jude- 1ª temporada escrita por Salada


Capítulo 42
Um déjà vu planejado




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Já sentada na sala de aula após a ida desagradável no banheiro, Jillian Johnson enrolava o cabelo enquanto tentava prestar atenção na aula de Álgebra Avançada. A professora, miss Mapplestone, uma mulher gorda e resmungona que provavelmente não transa desde os anos 80, falava de maneira lenta e embaraçada, fazendo um assunto que é geralmente fácil parecer um bicho de sete cabeças. Jill estava a ponto de se matar quando algo aconteceu. A porta da sala se abriu num baque e CeCe Cooper apareceu, os olhos arregalados de um jeito engraçado. Ela usava um top laranja claro com uma jaqueta Zara preta com as mangas arriadas até os cotovelos, uma saia trib numa mistura de laranja, roxo e azul escuro com um toque de verde e sapatos plataforma pretos com abertura, deixando expostas as unhas pintadas de vermelho dos dedos da ruiva.

– Você está 30 minutos atrasada, srta. Cooper- guinchou miss Mapplestone, sem mudar seu tom- Pode nos dar uma explicacão?

– Claro- disse CeCe, desviando o olhar para a turma. Todos os garotos olhavam para seu top, onde seus peitos 46 quase saltavam. Ela podia até saber se vestir, mas não quando vestir. Aquilo era roupa de se usar na escola?! Até numa festa seria inapropriado!- Minha limousine bateu.

Aquilo era mentira. CeCe havia se atrasado porque passou a noite toda ouvindo música alta e dançando no quarto, já que seus pais tinham feito uma viagem espontânea para a Costa Oeste. Era pra comemorar o aniversário de noivado ou segunda lua de mel ou... Bem, CeCe não sabia. Não fazia diferença. Enfim, ela acabou indo dormir uma hora antes do despertador tocar, e estava num sono tão profundo que não o escutou. Todos da turma riram quando ela deu aquela velha desculpa esfarrapada. Afinal, se a limousine dela tivesse batido, eles já saberiam.

– Pois bem, sente-se- concluiu miss Mapplestone, e a garota correu para sua cadeira, ao lado de Jill.

Todo mundo sabia que era restritamente proibido o uso de telefones celulares na sala de aula da St. Jude, mas sinceramente, ninguém dava a mínima. Basicamente todas as garotas daquela aula estavam mexendo no telefone, inclusive Becky Jones e Lana Springers.

– Eu soube que CeCe perdeu a hora porque passou a noite transando com o namorado na Tiffany's, que fica a umas 36 quadras daqui- Becky cochichou.

– Ouvi dizer que Jill disse que estava grávida pra esconder a gravidez dela- Mary Mandiwood cochichou, atrás delas.

– Hmm, pode ser- retrucou Lana, olhando as unhas- Ela jogou o presente daquelas garotas da sétima série no lixo. Deve estar frustrada por esconder o segredo da garota que transou com o namorado dela.

– Realmente faz sentido- piou Mary- Só não entendi por que ela apostou tanto no fato da popularidade dela permanecer intacta.

– Do que você estão falando?- perguntou Jill, apoiando-se nas mãos para conversar com elas.

– Nada demais- disfarçou Lana, olhando para frente e se concentrando na aula de repente. Becky e Mary a imitaram, e Jill suspirou, olhando pra frente. Ela se sentia como Serena na primeira temporada, quando Blair e suas amigas passaram a ignorá-la depois que ela voltou da França. Passou as mãos pelo rosto oblongo com blush MAC claro sem espinhas, e passou os dedos finos nos lábios. Estavam rachando por causa do frio. Ela pegou seu tubo de gloss labial rosa Chanel e passou por eles. A garota fez aquele movimento com a boca para espalhar bem o gloss e jogou o cabelo pra trás, daquele jeitinho Iggy Azalea em Fancy. De repente, se sentiu o máximo.

– Atenção, por favor- uma voz rouca saindo dos megafones nos cantos da sala interrompeu os pensamentos de adolescente de Jill- Quem fala é o diretor St. Jude com uma mensagem oficial. Neste ano, teremos uma nova eleição para presidente do corpo estudantil, vice-presidente, e membros do conselho, além de tesoureiro. Quem se interessar por algum desses cargos, venha se constatar em minha sala no segundo andar após o final do sexto tempo. Obrigado pela atenção.

Jill e CeCe se olharam, ansiosas. Jill sempre quis ser a presidente do corpo estudantil, mas somente segundanistas e terceiristas podiam ser isso, e no ano passado Jill era do primeiro ano. Agora que estava no segundo, podia ser qualquer coisa.

Assim, no final daquele tempo, Jill saiu da sala e foi direto para a sala do diretor St. Jude, seu ex sogro velho e rabugento. Ele não era a pessoa preferida de Jill no mundo, mas ela não tinha nada contra ele. Ah, se ela soubesse...

– Boa tarde, sr. St. Jude- disse a menina, botando o cabelo atrás da orelha. Um sorriso ansioso estava estampado em seu rosto americano.

– Ora, pra que essa formalidade toda? Jill, eu te conheço muito bem para tratar você como uma simples aluna. Vamos, sente-se. Suponho que veio se candidatar para presidente. Sei como você é ambiciosa.

Jill forçou um sorriso.

– Acertou- ela pronunciou, olhando nos olhos cinzas do diretor. Haviam rugas redor do mesmo e na testa, tão visíveis que alguém a 3 metros dele poderia ver perfeitamente.

– Ótimo. Já começou sua campanha?

– Na verdade não- Jill levou mini susto. Ela havia ficado tão preocupada com outras coisas(manter o namorado, ignorar a melhor amiga e aturar seu novo padrasto estrangeiro, sua mãe tonta e sua irmã ladra de namorados) que se esqueceu das eleições e naturalmente da campanha. Ela é a coisa mais importante se você quer ganhar, e todo mundo sabia disso. Era necessário cartazes, boas idéias, um discurso maravilhoso e é claro, muita disposição-, mas vou começar hoje mesmo.

– Esplêndido- comentou Terrance, com a voz rouca. Ele limpou a garganta com um rugido e deu um sorriso extremamente forçado para a garota a sua frente- Espero que meu filho a ajude, srta. Johnson.

– Não creio que ele o fará- contrariou Jill, olhando para baixo e voltando a olhar pra cima num único movimento veloz- Pensei que o senhor soubesse, senhor. Seu filho e eu não estamos mais juntos.

– Eu sei disso- retrucou o velho- Não são tão antiquado- ele riu- Mas, de qualquer forma, seria interessante vê-lo a ajudar, como o cavalheiro que é.

Não tenho tanta certeza.

– Hm- Jill murmurou. Ela queria sair dali de repente- Eu vou me atrasar para o próximo tempo, senhor, tenho que ir. Mas considere minha candidatura.

– Claro que irei. Boa sorte na eleição!

Antes de sair, Jill virou e deu um breve sorriso ao diretor. Foi para a sala de aula, atrasada, e botou a cabeça pra dentro.

–Srta. Henlimet, a mãe de Matt veio buscá-lo- a professora concordou com a cabeça e Matt sai da sala, confuso.

– Por que fez isso?- ele perguntou a ela enquanto corriam em direção a sala de CeCe.

– Eu preciso de ajuda- ao mesmo tempo, ela abriu a porta da sala de aula da Srta. Mason e deu a mesma desculpa da mãe para ela. CeCe saiu, excitada.

– O que foi?- perguntou a garota, seus olhos mexendo de ansiedade.

– Vocês tem que me ajudar a escrever meu discurso- os três saíram pela portaria da St. Jude e adentraram na rua 93, e depois no Central Park, com as mochilas Chanel e Kipling nas costas. Eles caminharam até a fonte Bethesda, onde CeCe se sentou serena no encosto dela e olhou pensativamente para o céu, onde o sol batia nas calças jeans rasgadas. Matt e Jill se sentaram, e a última tirou um lápis amarelo da orelha, pegou um folha de papel e começou.

– Caro corpo estudantil- ela ditou, roendo o lápis- Hmm, não. Vai ficar formal demais. Não acha?

– Não sei- Matt estava ocupado demais admirando a garota ruiva relaxada na fonte, de olhos fechados e recuperando o bronze que havia pegado no Brasil, que já estava praticamente acabado.

– Matt! Você é o melhor da turma em literatura americana e faz ótimos textos pra aula de espanhol, pode me ajudar!- exclamou a garota de cabelos castanhos. Ela passou a folha e o lápis pro amigo e olhou para cima, procurando inspiração. Enquanto isso, Matt escrevia uma introdução magnifica- Hmmmm. Isso é tão difícil!- Jill reclamou, com um resmungo de tédio- O que você escreveu até agora, M?

– Isso- Matt lhe passou a folha e ela leu as palavras iluminadas pela luz do sol. Várias crianças brincavam ao redor da fonte Bethesda, e vários pombos voavam assustados, abandonando as migalhas de pão que as idosas ricas que moravam na Park Avenue jogavam, sentadas nos bancos do parque. Além disso, o lugar estava apinhado de turistas com câmeras fotográficas Nicon maiores que as cabeças dos filhos, que tomavam sorvete e brincavam de pega pega enquanto o anjo da fonte os observava serenamente- Uau, está foda!- Jill exclamou, segurando o papel com cuidado. De repente, CeCe da um giro habilidoso e da um empurrão em Matt, que cai dentro da fonte, se molhando completamente. O garoto faz um rugido enquanto CeCe ria, e joga com as mãos um pouco de água na ruiva, que grita e foge às gargalhadas. Matt saiu da fonte e correu atrás dela, os braços abertos prontos para um abraço molhado. Ele chega até ela e a agarra enquanto ela se debate, sorrindo livremente enquanto tentava sair dali sem se molhar tanto. Até que ela consegue, e corre até a fonte, aproveitando o restinho do verão que ainda existia. Sem querer, ela esbarrou em Jill, que caiu de costas na pedra da fonte, levando a incrível introdução de Matt consigo- Porra!- ela gritou, saindo com dificuldade da fonte e olhando completamente frustrada o pedaço de papel encharcado suas mãos frias. Ela pegou sua mochila e saiu dali batendo os pés, murmurando palavrões. Por que os amigos estavam sendo tão idiotas? Por que a vida dela tinha que ser tão... bagunçada?! Há algumas semanas atrás tudo estava no lugar; ela tinha namorado, amigos e amigas, sua mãe idiota era uma idiota solitária e ela ainda tinha dignidade. Mas agora, tudo havia mudado. E foi tão espontâneo.

– Ops- CeCe ri com as mãos na boca, vendo Jill indo embora irritada- Acho que passamos dos limites.

– É- Matt concordou, mas a verdade era que ele não estava nem aí pra isso. Ele estava se divertindo, cacete!- Quer tomar um sorvete ou algo assim?

– Não acha melhor ir falar com ela?- sugeriu CeCe.

– Você sabe como ela é- disse Matt levianamente- Daqui a pouco ela está pulando de alegria com um discurso copiado da internet.

– Tem razão- CeCe sorriu. Matt tinha tanta razão que chegava a ser engraçado.

X-X-X

Bárbara Johnson estava matando aula, como sempre fazia, no banheiro da escola, mexendo no celular. Ela já tinha recebido, tipo assim, umas 40 mensagens do ruivinho que ela conhecera no Five Guys há alguns dias. Aquele mesmo que disse que só queria um lance de uma noite.

Esse panaca não parava de ligar para a garota e mandar mensagens pra ela, do tipo "Como foi seu dia?" "Quando vamos nos ver?" e "Eu te vi na revista semana passada, você estava linda!", e ela não parava de ignorar. Estava ficando muito chato.

Foi quando ela pensou por um ângulo diferente. Ela estava caidinha por Dylan, e tentou esquecer ele com uma transa. Ela até que foi boa, mas não fez diferença nos sentimentos dela. Se ela tivesse disposta a esquecer o garoto, ela teria que fazer coisas um tanto mais diferentes. Ela resolveu mandar uma mensagem para o garoto.

"Que tal a gente se encontrar no lugar que se conheceu? Quem sabe na mesma mesa? ;)"

O garoto respondeu instantaneamente.

"Sexta?"

"Pode crer"


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