CeCe Cooper andava pela rua 59, o sol batendo em seu rosto e nos pedaços de perna expostos pelos cortes na calça jeans. Era meio-dia e pouca, e ela já estava ficando com fome. Ela andava para a Bloogmindale’s, que era onde sua “amiga”, Courtney, estava. Ela não gostava nada da Bloogmindale’s. Além de só ter roupa hippie, a loja é tão antiga que a Rachel, de FRIENDS, trabalhou lá! Qual é?

Ela chegou na loja de departamentos. Entrou no lugar. Além de ultrapassado, era frio. Ela se perguntou porque Courtney estava logo ali, e não na Gucci ou Barney’s. Não que ela gostasse dessas lojas, mas a amiga gostava, e muito.

– Ei, C!- exclamou uma voz conhecida, e CeCe se virou. Sentada numa mesa da David Burke, tomando um café com um chapéu extravagante, estava Courtney. A ruiva reparou que ela estava com um longo e charmoso vestido preto, luvas brancas e pérolas em todo o lugar. Orelhas, pescoço, pulso- Olha isso, eu sou a Audrey Hepburn negra!

CeCe andou até ela, se sentou na mesa para dois. Pediu um conhaque, com a desculpa que estava muito frio naquela tarde.

– Por que diabos você está vestida como Audrey Hepburn?- perguntou ela, insolente.

– Ah, eu estava lendo Gossip Girl e descobri que a Blair é uma maluca viciada em Audrey Hepburn. Ela escreveu um roteiro sobre ela,inclusive, e mandou para Yale. Sabia disso?

– Hmm, não- respondeu CeCe. Ela tirou os óculos e os pendurou na blusa. Tirou a toca e deixou os cabelos livres. Os cabelos de CeCe eram de invejar. Era uma mistura perfeita de acaju com lava quente, e era natural!- Eu ainda não entendi porque está vestida assim.

– Ah, queria ver a reação das pessoas ao ver uma Audrey Hepburn negra. Enfim, por que você está aqui?

– Por que você brigou com Jill?- CeCe jogou logo a bomba.

Courtney não respondeu na hora. Ela tomou um pouco mais de seu cafezinho e olhou pela janela, vendo as pessoas passarem.

– Ora- começou ela-, ela mereceu.

– Como, mereceu?!- exclamou CeCe, se jogando pra frente e olhando com fúria nos olhos de Courtney. Com quanta gente ela teria de brigar hoje?!- O que ela fez de tão ruim assim pra você, Courtney?

Novamente, a resposta não veio de imediato. Ela tirou o chapéu, botou o biscoitinho do café nele e o recolocou.

– Avise a sua amiga- disse ela, se levantando nada atrapalhada, mesmo com o vestido longo e todas as pérolas se mexendo de um lado para ou outro. Todos no restaurante não muito cheio olharam para ela- , que o relacionamento dela corre perigo.

Ela passou direto pela amiga, e desceu as escadas atrás dela, que levavam a loja de departamentos. O conhaque de CeCe tinha acabado de chegar, mas ela não o tomou. Deu o dinheiro para o garçom e seguiu Courtney, descendo as escadas.

– Espera aí, porra!- gritava ela, enquanto descia as escadas, fazendo barulho com a bota cano alto. Até que ela finalmente alcançou a mulher negra- o que você quer dizer com isso? Por que eles correm perigo?

– Não te interessa- disse Courtney, e parou de descer na loja de departamentos. Começou a vasculhar as roupas- Argh! Argh! Péssimo! Antigo!- exclamava ela, pegando nas roupas e botando de volta- Ah, isso é bonitinho- refletiu ela, puxando um casaquinho preto e azul sem capuz.

CeCe olhava para ela, intrigada, e ao mesmo tempo muito puta. Não existia ninguém mais imprevisível que Courtney. Ela encontrava com CeCe vestida de Audrey Hepburn, alguém que ela não sabia nada sobre, bebia seu café, escondia um biscoito no chapéu, dizia algo estranho e depois ficava reclamando de roupas ruins da Bloomingdale’s, ao invés de dar explicações. Que saco.

– Eu to perdendo a porra da paciência- disse CeCe, tirando a mão de Courtney dos cabides cheios de casacos feios e ultrapassados- Nós somos amigas, Courtney, por que não me fala o que está acontecendo?

Courtney suspirou.

– Simplesmente porque não é da sua conta- sibilou ela. Ela passou por ela novamente, só que dessa vez esbarrando de propósito no ombro da baixinha. A mesma se vira e empurra a mas alta, que cai no chão por estar usando saltos- Ah, você não fez isso- disse ela, e agarrou CeCe pelos braços. As duas ficaram alguns instantes se atracando com as mãos, mas muito pouco mesmo, até que dois funcionários as afastaram.

– Acho que é melhor vocês irem embora- disse um deles, levando CeCe pelo braço até a saída da loja. O outro funcionário fez a mesma coisa com Courtney, e os dois a jogaram pra fora da loja. Que vergonha, não acham?!

As duas se olharam do lado de fora da loja, com vergonha. Porém, Courtney tirou o chapéu, comeu o biscoitinho e deu meia-volta. Ela começou a andar sem rumo, mastigando o biscoito açucarado. CeCe suspirou e botou a mão na testa. Era só uma questão de tempo até sair na Gossip St. Jude que ela tinha sido expulsa da Bloomingdale’s.

Botou os óculos, pegou o celular e selecionou o contato “Jill”. Mas lembrou que o telefone de Jill podia ainda estar com Dylan, então ligou para o contato “Jill 2”. Caiu na caixa postal.

“Hmm, Jill, é a CeCe. Olha, eu preciso muito falar com você. Eu não sei se você ainda ta puta comigo ou sei lá, mas tem uma coisa que eu tenho que te contar. Hmmm, acho que é só. Sinto sua falta. Beijinhos.”

Esse foi o recado que CeCe deixou, e Jill o escutou ao vivo, em sua casa, enquanto escrevia uma redação para a aula de francês. De repente, num ato de audácia (pelo menos para ela), ela pegou o telefone e disse:

– Alo? CeCe, ainda está aí?

– Jill! Sim, eu to aqui. Você escutou meu recado?- disse uma voz do outro lado da linha, uma voz conhecida há anos, uma voz que tomou banho com Jill quando elas eram crianças. Uma voz amiga.

– Sim. Escuta, eu... Eu também tenho que falar com você, mas hoje eu tenho treino de tênis e quando voltar tenho que terminar minha redação de francês e ler o livro de literatura avançada. Espero que saiba que temos um teste de literatura avançada amanhã, e temos que entregar a redação- CeCe não sabia- O livro é Guerra e Paz.

– Merda- ela sussurrou- Esse livro não tem, tipo, 1000 páginas?

Jill conteve o riso.

– Quase isso- disse ela, enrolando o cabelo.

–Tudo bem, eu falo com você amanhã na escola.- disse CeCe-Contanto que você não esteja rodeada das suas tietes.

Quanta insolência!

– Ta legal. Beijos.

E desligaram. Fácil assim.