Gossip St. Jude- 1ª temporada escrita por Salada


Capítulo 26
Que som os falcões fazem?




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CeCe não ficou parada por muito tempo atrás da pilastra branca do saguão do Central Park após Stace ter se revelado uma verdadeira vaca. Quer dizer, ela não era legal? Pelo que CeCe sabia, a garota vinha do interior e era ingênua, e gostava de beisebel. Isso era tudo que Matt e a Gossip St. Jude a haviam lhe contado, e CeCe não tinha absolutamente nada contra ela. A ruiva até pretendia tentar ser amiga dela depois de Jill parasse de fazer escândalo por nada. Era isso que ela queria: ser amiga de todos, e simplesmente ser feliz. Aproveitar com as três. Curtir. Dançar, beber, beijar. Mas é claro, Jill não deixava CeCe transformar esse sonho em realidade. E aparentemente, Stace também não.

De repente, caiu a ficha; ela tinha que contar a verdade sobre Stace para seu amigo, Matt. O mais rápido possível. Ela passou pelo saguão, vendo Courtney doidona atrás da bancada que elas estavam minutos atrás, e saiu pelo outro lado. O lugar tinha enchido bastante, de uma hora pra outra. Todas as mesas estavam ocupadas, por pessoas de diferentes tipos e idades, mas não de classe econômica. Todos ricos, alguns milionários. Haviam homens de ternos escuros e sofisticados e mulheres com vestidos longos e chiques, sapatos altos e bolsinhas de mão. CeCe achava tudo aquilo ridículo. Onde a individualidade foi parar? Onde estava o senso de estilo? Escondido entre as bolsas Chanel iguais e suéteres apertados que as crianças eram obrigadas pelos seus pais a usarem? A garota não sabia, mas ela queria mudar. Queria que todos soubessem que ela sim tinha um estilo próprio, e que não podia ser confundido nem copiado. E, além de tudo isso, ouvia as fofocas.

– Percebeu que o marido dela não está aqui?- cochichou Monalisa Jones para sua amiga Denise Springers, as duas sentadas numa mesa a parte com seus devidos maridos e amigas socialites.

– Tem razão- Denise murmurou de volta, procurando George pelo lugar- Será que está atrasado ou ficou no trabalho?

– Talvez eles tenham brigado- sugeriu Gisele Thompson, da mesa ao lado. Ela usava um longo vestido azul marinho e pérolas prateadas gigantescas no pescoço, que pareciam fazer peso- Ou talvez eles se separaram e não contaram pra ninguém. Convenhamos, a última coisa que Ramona precisa é mais um escândalo. Eu também escutei que ele faz parte da máfia americana.

Após decidir ignorar as fofocas inúteis e mentirosas de sua família, ela encontrou, numa mesa não muito distante Jill, Dylan, Matt e Stace. Eles conversavam, mas aparentemente só Jill falava, seguida de alguns murmúrios de concordância de Stace. Matt estava tão nervoso que mal falava, e Dylan estava distraído, para variar.

A garota de cabelos cor de fogo pensou em ir até lá, mas percebeu que Stace não deixaria ela falar com Matt, disfarçando com alguma desculpinha boba. Resolveu esperar o momento certo. Voltou para dentro do saguão no momento que sua mãe subia num largo palco, e pedia um microfone para alguém da supervisão.

– Está funcionando? Ah, está sim, obrigada- ela disse, ao pegar o microfone, e o ligou- Boa tarde a todos os presentes. Eu gostaria de dizer algumas palavras, se me permitem. Ora claro que permitem, eu sou uma organizadora. Certo?- ela disse, tentando atrair algumas risadas, e conseguindo- Primeiramente- ela continuou-, gostaria de agradecer em nome de todos os falcões- peregrinos do continente americano. Obrigada, piu piu! Quer dizer... Bem, eu não sei que barulho os falcões fazem- ela estava nervosa, e dessa vez, não foi possível ouvir nem uma risada entre as pessoas.

O salão começou a encher, e CeCe viu os 4 amigos antes sentados numa mesa num canto. Stace e Matt estavam de mãos de dadas. Uma queimação leve invadiu o peito de CeCe, que se sentiu um tanto desconfortável. Voltou a olhar para a mãe, que estava finalmente conseguindo pegar um ritmo bom no discurso.

– Eu também gostaria de avisar que todo o dinheiro arrecadado aqui está sendo mandado nesse exato momento a organização de salvação dos falcões, em Columbus-Aplausos ecoam sobre o salão- Agora, sem mais delongas, eu gostaria de chamar ao palco uma pessoa muito especial em minha vida, principalmente no momento... difícil que eu passei nos últimos meses. Venha cá, minha filha querida, Cecília!

CeCe estava tão destraída que levou um susto quando todos os olhares se voltaram para ela. A garota pensou que sua mãe chamaria seu pai ou alguma amiga dela de algum comitê de Nova York ou de Chicago, onde às vezes ficava meses para organizar eventos, mas não. Ela chamou CeCe. Por alguns segundos, a ruiva ficou confusa. Ela não a ajudara a mãe nas férias, ela ficou fora quase o verão todo. Então, por que ela estava sendo indicada pela mãe como uma pessoa que a ajudou?

Mesmo assim, ela andou até o palco, o subiu e pegou o microfone que sua mãe lhe ofereceu, com um sorriso um tanto forçado no rosto, e CeCe sabia que o rosto de Ramona doía.

– Ahn... Obrigada, mãe. Por ter... Por mostrar a todos aqui, meus amigos e familiares, e caras de negócio, né, que eu te ajudei quando você precisava- ela disse, e depois afastou o microfone da boca e sussurrou para a mãe:- Já posso ir? Tenho algo importante pra fazer.

Sim, ela tinha, pois acabara de ver Matt sair do salão para jogar fora um pacote de Tic Tacs que Jill lhe pediu. Era a oportunidade perfeita.

– Tudo bem. Conversamos depois, ta legal?- respondeu Ramona, afastando o microfone da boca.

– Obrigada.

CeCe desceu do palco, sem receber aplausos e correu para fora do salão. Achou Matt num instante. Ele estava perto da lixeira, com a mão esticada. Jogou fora o pacote e se virou, e se deparou com uma menina ruiva muito bonita correndo e saltado entre as raízes expostas das árvores do parque mais famoso do país.

– Matt, espere- disse ela, correndo ao seu encontro.

– Oi- ele disse- O que foi? Você parece desesperada.

E riu. Matt é tão ingênuo.

– Eu preciso te dizer uma coisa- disse CeCe- Sobre a sua namorada.

– Ta legal, pode falar. Sou todo ouvidos.

Só que, no momento que CeCe abriu a boca para explicar a pequena pérola inesperada de Stace enquanto ele estava distraído, ouviu-se uma voz vinda do salão.

– Matt, vamos dançar!- era a voz da dona da pérola. Aka Stace- Estão tocando Beatles! Venha!

– Ok, eu já estou indo! CeCe, podemos falar disso depois? Você sabe o quanto eu gosto dos Beatles!

– Claro que sei- ela disse, e Matt passou por ela, atravessou o caminho das raízes e entrou no salão. Ao fundo, o som de “All you need is love”.

X-X-X

No salão, Jill e Dylan dançavam, um tanto desconfortáveis. De uma forma, eles ainda se sentiam conectados. Era a 3ª música dos Beatles que tocava, “Twist and Shout”, e eles faziam a típica dança constrangedora dos pés. Jill segurava uma taça de champanhe e Dylan, uma taça com a mistura de champanhe, rum e tequila, com uma pitada de abshinto. Digamos que Dylan conhecia o barman da festa.

A pista de dança estava lotada. Todos na festa dançavam ,alguns mais animados que os outros. O som de sapatos altos batendo no piso de mármore ecoava pelo salão, além do eco que fazia a sola dura dos sapatos sociais dos homens. Era algo bastante formal, aquele momento, aquela festa. E Jill estava adorando.

Porém, nem tudo dura pra sempre. A música animada que tocava parou de tocar e outra dos Beatles foi colocada. Porém, uma música lenta. “Michelle”. Uma música que obrigava qualquer par em um salão se juntar e dançar devagar, sentindo o clima tranquilo e acolhedor. Em menos de 3 segundos de música, todos no salão estavam abraçando seus pares, e Jill se sentiu pressionada a fazer o mesmo com Dylan. Não que ela não queria. Era uma questão de orgulho.

De repente, Dylan deu o passo. Passou as mãos pela cintura de Jill, eles ficaram balançando de um lado pro outro no som. Aquilo era estranho, pois as mãos de Jill continuavam soltas. Ela estava muito nervosa. Não sabia se queria ou não. Ah, mas é claro que queria!

– Dylan- ela disse, abraçando as costas do garoto e sentindo os músculos das mesmas relaxarem.

– Shh- ele disse- Não fala nada.

Ele a beijou. Foi um beijo bastante clichê. Ele tombou um pouco a cabeça de lado e se aproximou da garota, que fez o mesmo. Os lábios brincavam de se separar e voltar em instantes, e Jill deu um sorriso no meio do beijo.

– Me perdoa- disse Dylan, quando os dois finalmente se afastaram.

– Eu... não sei- sussurrou ela. A música estava na metade.

Ficaram um tempo sem falar, só se abraçando e dançando.

– Se você me perdoar- disse o garoto, quebrando o silêncio entre eles- eu prometo nunca mais falar com quem você quiser; CeCe, Courtney, Bárbara... Qualquer uma. Eu te amo.

Mentiroso. Talvez vocês não se lembrem, então deixe-me refrescar a memória de vocês: Dylan e seu pai tinham um plano. Ele faria algo para reconquistar Jill e namorá-la de novo, para conseguir descobrir a senha da conta bancária da família Johnson, que é milionária, e roubar boa parte dela. A família Greene também era milionária, porém, vem andando em uma tremenda crise econômica nos últimos tempos. Eles estavam desesperados. Por isso, quando Jill o ligou pedindo para ser seu par, foi a oportunidade perfeita. Ele estava quase lá. Só faltava Jill aceitar. Ele apelou, com certa insegurança, para o “faço qualquer coisa”. Ele não faria nada daquilo. Quer dizer; faria, mas só ele conseguir roubar o dinheiro. Depois disso, voltaria a falar com quem ele quisesse, e despensaria Jill. Ele estava prosseguindo com o plano, mas sentia muita dó da garota que ele iludia. Porém, isso não o impediu.

– Sem CeCe, Courtney e Bárbara?- ela perguntou para ele.

– Sem nenhuma delas, é só você pedir.

– Dylan, eu... Sou orgulhosa. Não posso simplesmente te aceitar de volta depois do que eu fiz... Eu seria vista como fraca, não?

– Mas é claro que não! Isso é bobagem! Quando duas pessoas se amam, elas podem superar qualquer coisa. Se voltar comigo, será vista como forte, por conseguir atravessar barreiras comigo. Por favor. Seja forte comigo.

Jill estava com seus olhos aguados.

– Está bem. Vamos ser fortes juntos.

Ela o abraçou com mais força, e o sentimento de culpa de Dylan também. A música havia acabado.


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