CeCe Cooper estava confusa. Suas amigas a ignoravam. Ela não sabia o porquê, e também não estava desposta a descobrir. Ela só queria que parassem e acabou. Naquela segunda-feira, ela assistia TV. Ela estava entediada e queria sair, então pegou o telefone e ligou para Matt. Estava ocupado. Ela decidiu não ligar para Dylan porque, bem, seria desagradável. Então discou o número de Courtney. Apesar dela ser meio impulsiva, ainda era sua amiga, e ela gostava de seu jeito de pensar.

– Gostosaaaaaaa!- gritou Courtney, do outro lado da linha- Desculpa não ter falado com você antes, eu estava meio...- ela riu- Ocupada.

Havia uma batida incessante do outro lado da linha, e a voz de Courtney estava muito falhada. Ela parecia estar pulando. CeCe riu e disse:

– Onde você ta, garota?!

– Numa baladinha maneira no Lower East. Vem pra cá! Vou te passar o endereço!

Courtney desligou sem mais nem menos e apareceu uma mensagem no celular de Courtney com o endereço. Ela sorriu, vestiu sua jaqueta de couro e saiu. Pegou um táxi, ditou o endereço. Quando saiu do táxi, deu de cara com um prédio de tijolos muito alto e parecendo abandonado. Eram 2h da madrugada. Ela não ia ficar deitada em sua cama pensando no que fazer para reconquistar Jill, Becky, Sasha e Lana. Elas que se fodam. Ela era CeCe Cooper e queria se divertir. Entrou no prédio e quando foi entrar nas escadas para chegar ao terraço, ela viu muita gente, muita bebida, música alta e droga, tudo espalhado pelas escadarias. Haviam umas pessoas sentadas no corrimão, outras fumavam perto das janelas e outras dançavam e cantavam loucamente ao ritmo da música. A festa era nas escadas. Que foda! CeCe procurou Courtney com os olhos e a encontrou, virando uma Grey Goose ao lado de uns garotos sem camisa, num canto da escada. Ao terminar, ela deu um grito de guerra, se levantou e correu até CeCe.

– CeCe!- ela gritou, tonta- Você ta aqui! Né?!

CeCe riu por causa da amiga bêbada.

– Óbvio! Eu lá ia ficar entendiada numa segunda?!

– Isso aí,gatona! Vem aqui- disse Courtney, e deu um selinho em CeCe.

– Courtney!- disse CeCe, com as mãos nos lábios- Que porra é...?

– Shhhh- disse Courtney- botando os dedos nos lábios carnudos de CeCe- Venha, quero te apresentar uns amigos.

Ela puxou CeCe pelo pulso e apontou para os garotos sem camisa que estavam com ela.

– Esse é Pep! O nome dele é pimentoso!- nesse momento, ela começou a gargalhar muito, e botou a mão na barriga de tanto rir- Entendeu? Pimenta. Esse aqui- ela disse, apontando pra um garoto com um piercing no ouvido- É Daimon. Horrível nome, né?! Ela gosta- disse a garota negra, apontando pra uma outra garota do outro lado da escada- E esse é Robbie. Ele que trouxe toda essa merda- ela apontou para toda a maconha e heroína nas mãos dos adolescentes, e espalhadas pelo concerto- Ei!- ela gritou para todos ali- Uma salva de palmas pro Rob!

Todos bateram as mãos apenas uma vez, e CeCe sorriu. De repente, começou a tocar uma música de rap contegiante, e CeCe gritou:

– Eu amo essa música!

E correu para o lado do som, e começou a dançar loucamente, e fingir que estava cantando rap. Coutney pegou um maço de cigarro e botou três na boca de uma vez. As risadas, a música e os passos era ecoados para longe, pela escadaria a cima. Depois de mais 6 músicas, Cece se cansou. Sentou-se na escada ao lado de Courtney e pegou um bagaço da amiga. Tragou e devolveu a ela.

– O melhor desse lugar – disse Courtney-,é que está abandonado a anos! Nem a polícia conhece esse troço, de tão escondido.

Ironicamente, nesse mesmo momento, eles escutaram sirenes de uma viatura. Merda. Provavelmente foi a fumaça de cigarro e das drogas que os atraiu, e todos que ouviram se levantaram, em desespero.

– Merda!-sussurrou Pep- O que a gente faz?!

– Não sei- disse Courtney.

Palavrões e gemidos de desespero foram escutados, e todos começaram a correr. Alguns para cima, e outros para baixo. CeCe e Courtney foram para baixo. Chegaram numa sala cheia de sofás confortáveis e empoeirados, e CeCe deduziu que fosse um lobe. A ficha que estavam num hotel caiu. Elas saíram correndo pelo salão e viram de relance a luz das sirenes das viaturas pelo vidro. Não conseguiriam fugir pela porta, estavam cercados.

– Venha, por aqui!- disse Courtney, puxando Cece pelo braço para trás de um balcão. Apesar de mais umas 10 pessoas terem descido com elas, so mente as duas e Daimon se abaixaram no balcão. Os três estavam sentados no chão, se apoiando no balcão, os corações batendo aceleradamente. Talvez pela adrenalina, talvez pela droga.

Eles escutaram a porta se abrir, e CeCe fechou os olhos. De repente, Courtney percebeu que ainda segurava o cigarro, então jogou-o para apagar, mas acabou indo na perna de CeCe, e a garota se segurou para não gritar, com as mãos na boca e os olhos arregalados.

– Caralho, foi mal- sussurrou Courtney, e tirou o cigarro da pera de CeCe. Ela pisou nele para apagar a fumaça e continuou olhando fixa para a porta de madeira na frente deles. Os passos da polícia estavam acelerando. CeCe contou os passos e percebeu que eram 14 policiais. De repente uma voz:

– Harrold, vá com sua patrulha para cima. Eu vou cuidar daqui de baixo. Sinto cheiro de cocaína.

– Vou revistar- disse Harrold, a voz muito grossa. Passos subiram a escada, e silêncio reinou.

– Vamos ali- disse Courtney, apontando para porta na frente deles. Se entrassem com cuidado, talvez conseguissem achar outra saída do prédio e escapar.

Courtney abriu a porta de madeira com cuidado e passou por ela com o maior silêncio que conseguiu, rastejando. CeCe era a próxima. Ela empurrou um pouco a porta, mas ela acabou rangendo. E rangendo alto. CeCe empurrou a porta com toda sua força, se levantou cambaleando, e bateu a porta.

– Corre!- ela berrou para Courtney, sem mais se preocupar com os policias, que já iam abrir a porta. Elas corriam com a maior velocidade que podiam, no labirinto que era aquele lugar, cheio de estantes altas e estandes com chaves e outras coisas diversas. CeCe não tinha muito tempo para olhar para as coisas diretamente.

– E Damian?!- perguntou Courtney, virando num corredor com CeCe, sem um pingo de preocupação na voz.

– Tive que deixá-lo- disse CeCe, e as duas acabaram por rir, mesmo estando naquela situação. Elas continuaram correndo, até que viram uma placa escrito “SAÍDA” e passaram por ela. As duas garotas se sentaram no chão, se apoiando na parece ao lado da porta, ofegantes.

– Uau- disse CeCe, com um sorriso satisfeito- Como nos velhos tempos.

– É isso aí- concordou Courtney, e tirou um maço de cigarros do bolsa. Pegou um e tragou- Você não sentia falta dessa emoção?

– Admito que não- respondeu a ruiva- mas só porque eu não me lembrava como era.

As duas deram mais uma risada cansada, até que viram uns 20 adolescentes correndo pela rua que o beco em que estavam dava. Quase ao mesmo tempo, ouviram passos correndo na porta ao lado delas. Sem dizer nada, se levantaram e correram, o vento batendo em seus rostos, e CeCe se sentiu mais livre do que nunca.