Jill saiu do restaurante acompanhada de Stace, e disse:

– Muito obrigada, Stace. Eu nunca te vi por aqui. Está só visitando?

– Na verdade não. Acabo de me mudar pra cá com minha tia Patrícia. Vou estudar na St. Jude’s.

– Jura?! Eu também estudo lá! Na verdade eu e metade dos adolescentes de Manhattan. Se você quiser, pode se sentar comigo e com minhas amigas no refeitório.

– Seria ótimo. Mas agora, tenho que ir- disse Stace, ajeitando sua bolsa- Foi bom conhecer você.

– Te vejo na escola –disse Jill, observando Stace abrir a porta da loja, sair e dar um último sorriso pra ela pela vitrine. Na mesma hora, o sorriso de Jill se desfez, ela correu para o banheiro com a mão na barriga, entrou na primeira cabine, se ajoelhou de frente para o vaso e vomitou toda sua angústia de uma vez só.

Depois de vomitar todo seu almoço, ela saiu da loja e voltou a andar para sua casa, até que lembrou de uma coisa. Pegou seu celular e discou o número de Bárbara.

– Bárbara?- disse ela- Odeio dizer isso mas... Você tinha razão.

– Do que está falando?- perguntou Bárbara.

– Você tinha razão. Sobre CeCe e minha coroa.

– Ah- disse Bárbara, sorrindo- O que aconteceu?

Jill suspirou e passou as mãos no rosto.

– Eu os peguei juntos na Starbucks. Você estava certo o tempo inteiro, droga... Como eu não percebi?!

– Não sei, talvez você esteja meio cega- disse Bárbara, rindo por dentro pela ironia.

– Talvez- disse Jill- Então, o que você quer fazer sobre isso?

– Que tal... Extinção social total?- perguntou Bárbara, animada.

– Sim! É perfeito!- exclamou Jill- Como não percebi que você era uma gênia, droga? O tempo todo eu pensava que era você queria sentar em meu trono, mas na verdade era minha melhor amiga. Como ela pôde fazer isso comigo?!

– Aquela piranha- disse Bárbara, e desligou o telefone.

X-X-X

Dois dias depois, as coisas voltaram ao normal. Era segunda-feira e todos estavam indo para a escola. Exceto Tod, que estava abalado demais para isso. A operação de extinção de Cece ia ser iniciada naquele dia. Jill e Bárbara, em casa, tinham combinado ignorar completamente CeCe. Por isso que, naquele dia, na hora do almoço, Jill estava sentada numa mesa afastada com suas amigas Lana Springers, Sasha Gold e Becky Jones. Elas eram amigas há muito tempo, se conheceram numa festa no sétimo ano, quando era da mesma escola mas nem se falavam. Elas eram também ajudantes de Jill, como Jenny, mas eram muito mais populares, e todas as conheciam. Durante o nono ano, CeCe, Jill, Dylan, Sasha, Bárbara, Courtney, Lana, e os amigos de Dylan, Thomas Packington, Marco Lavine e Daniel Thompson, alugavam um quarto do Palace toda Quinta-feira depois da escola, só para se divertirem. Matt não ia porque achava errado, pois eles levavam bebidas, drogas e ficavam vendo filmes enquanto pediam o serviço de quarto. No banheiro, tinha uma hidro massagem que eles muitas vezes ficavam o dia inteiro, comendo chocolate e bebendo champanhe. Mas essa fase havia passado, e a única pessoa que ainda mostrava vestígios de querer voltar àquele tempo é CeCe. Eles conseguiam ficar hospedados porque o pai de Lana era um dos donos do hotel.

Continuando, Jill estava almoçando iogurte e salada de repolho, com batatas fritas e mostarda espalhadas pelo prato, ao lado de Becky, Lana e Sasha. Estavam conversando sobre a festa que ia acontecer no dia seguinte, no Central Park, para salvar os falcões.

– Eu ouvi que a mãe de CeCe está no comitê, além dos Redferd e os Baudelaire. Coitadinha, acha que sabe organizar uma festa, mesmo depois do desastre do Brooklyn.

O desastre do Brooklyn foi um evento que Ramona tentou organizar para as pessoas conhecerem mais o Brooklyn, por eles morarem tão perto e conhecer tão pouco A festa seria no Hotel Williansberg, mas ninguém foi. Ela ficou fora do ramo de socialite por quase 4 meses, e voltou no mês passado. Aquela era a primeira festa que Ramona ajudaria a organizar desde o desastre.

– Sim- disse Becky Jones, comendo uma batata frita com mostarda de Jill- Espero que dessa vez, alguém vá.

Ela riu, e Lana disse:

– É claro que vão. Soube que Courtney vai estar lá. Só não sei como ela conseguiu um convite.

Um arrepio passou pelo corpo de Jill. Ela contou a suas amigas que ela tinha terminado com Dylan, mas não falou a razão. Também disse para elas ignorarem CeCe, e todas estavam fazendo isso. Mas, até agora, CeCe não tinha aparecido.

– Soube que ela voltou porque assassinou um lorde italiano com o namorado judeu- informou Lana, serenamente.

Sasha interveio:

– Jura? Não ouvi isso. Ouvi que ela tinha um namorado judeu, mas matou ele porque tinha um pau pequeno.

Todas riram, e Jill exclamou:

– Puta! Você acredita mesmo nisso?! O que eu ouvi foi que ela tinha sido eliminada do Project Runway. É bem possível, com aquela bunda enorme dela, não é?

– Bom, pelo menos ela tem bunda- disse Becky. Aquela puta.

– Vai se fuder, Bec. Você não tinha combinado de se encontrar com Manny Gravelace no almoço? Olha ele ali- disse Jill, apontando para um garoto comendo numa mesa mais pro centro do refeitório, com seus amigos. Eles brincavam e faziam barulho.

– Ah, é!- exclamou Becky, e se levantou para se sentar com Manny.

Na mesma hora, CeCe apareceu do nada e se sentou na cadeira que Becky estava sentada.

– Oi gente!- ela disse- Sinto muito por D, J. Só soube hoje de manhã, com a postagem de Gossip St. Jude- Ela postou ontem à noite, pensei que tivesse visto.

– Postagem?- disse Jill, se esquecendo momentaneamente do combinado de ignorar CeCe.

– Sim- disse CeCe, pegando seu celular e mostrando a postagem para Jill.

“Domingo! Amanhã tem aula, mas ninguém parece se importar muito com isso!

Flagra

J comprando óculos de sol na Gucci da Quinta Avenida com S. Tentando recuperar a auto estima depois do término com D, provavelmente.

C saindo de um táxi no Brooklyn com P e R, a mãe de C. Um jantar pra conhecer os pais, imagino. Mas será isso mesmo?! C num relacionamento sério?! De verdade?!? Uau, será que ela está amadurecendo mesmo? Mas, apesar disso, ainda temos a outra C na cidade, que pode causar controvérsia nesse fato.

M escrevendo em seu caderno num banco do Rockfeller Center. Um poema sobre C, talvez, ou um novo rascunho de livro? Não sei, mas com certeza, coisa vem por aí.

D jogando tênis na sua mansão com seu pai. Ele perdeu a partida. Talvez esteja ocupado demais pensando em C pra se importar.

Aliás, os dois foram flagrados ontem numa Starbucks tendo um papo realmente sério. E eu não foi a única que os flagrou. J os pegou no flagra, e caiu na calçada, destruída! Será que nossa Queen realmente está caindo, ou o que? Veremos.

Você sabe que me ama,

Gossip St. Jude”

– Você não está me evitando, não é?- perguntou CeCe.

Merda, pensou Jill. Nem ignorá-la ela conseguia com CeCe perto. Num tom falso de Blair-Waldorf-Primeira-Temporada, ela disse:

– Mas é claro que não, C. Eu só estou meio ocupada agora, sabe? Tenho que ir. Vocês vem, meninas?

Todas concordaram e se levantaram, deixando CeCe sozinha na mesa. Enquanto saíam, Cece disse para Jill:

– Jill, isso é sobre Dylan? Eu precisava de você e você não estava lá, então tive que falar com Dylan. Desculpa.

Jill a ignorou e se foi. Enquanto ela e suas amigas andavam pelo refeitório procurando uma mesa sem CeCe Cooper, Jill viu alguém conhecido na entrada. A garota parecia meio encolhida, com sua bandeja cheia de tomates e kecthup. Ela olhava para os lados, procurando alguém.

– Ei, Stace!- chamou Jill- Venha sentar conosco.

Stace as viu e as seguiu, com um sorriso estampado no rosto.

– Uau. Obrigada por me deixar sentar com vocês. Mesmo.

Jill sorriu, e falou, seca:

– Não tem problema, querida.

Ela queria dizer para Stace não falar nada sobre o choro no banheiro da lojinha, então ficou fazendo sinais de rosto para ela. Depois de um breve tempo, Stace olhou pra ela, sorriu e piscou. Entendido.

– Uau, essa salada está maravilhosa! Os tomates tem gosto de kecthup e vice-versa!- ela disse, rindo.

As garotas ignoraram o comentário e continuaram fofocando sobre a Gossip St. Jude e a festa que elas iam dar na Sexta-feira.

– George Bennet, o irmão de Nash Bennet, vai estar lá, e disse que queria ficar comigo. Imagina, que nojo, ficar com George Ben?!- informou Sasha, com o rosto retorcido.

– Eca!

– Espere, ele disse isso para você?! Uau, ele é um gato!- disse Stace, um tanto hiperativa.

Todas na mesa olharam para ela, e ela enrubesceu.

– Quer dizer, relativamente- ela consertou- Eu o vi no corredor hoje de manhã.

– De qualquer maneira, não vou aceitar- disse Sasha, olhando para as unhas recém feitas- Ele é um babacão.

– Sim. Lembra do que fez com Lili?- disse Lana.

– Nem me lembre disso!

Foi nesse momento que Harriet Reid apareceu e se sentou na cadeira, dizendo:

– Olá garotas. Como estão as coisas?

Todas resmungaram um tudo bem, mas Stace disse:

– Oi! Sou Stace!

– Harry- disse Harriet, estranhando a felicidade da garota- Por que ela sentada conosco?

Jill, respondeu à pergunta que havia sido direcionada e ela:

– Ela é uma amiga minha. Aliás, Stace, nós vamos sair para beber hoje no Palace. Gostaria de nos acompanhar?- perguntou Jill.

– Beber? Hã... Eu não bebo.

Jill gargalhou.

– Como assim você não bebe?

– Ahn, eu não sei. Tenho 15 anos.

Todas da mesa riram. Harriet principalmente.

– E daí?- disse Jill- Hoje você vai sair com a gente. Vamos te ensinar a beber.

O sinal tocou.

– Vamos!- disse Sasha.

Todas se levantaram, menos Stace, que não sabia que aula ela ia ter. Jill disse, enquanto saía:

– Será às 21h!

E Lana acrescentou:

– Isso se não passar do seu horário de dormir, claro!

Todas riram e continuaram seu caminho para a aula.

Stace suspirou e comeu um tomate.

X-X-X

Matt, no refeitório, estava comendo um sanduiche de maionese, preocupado. Não era normal Tod faltar à escola. O sinal tinha tocado, mas ele não tinha aula naquele momento, então continuava comendo sozinho em sua mesa. Olhou em volta. Ele estava sozinho, exceto por uma garota sentada numa mesa longe da dele, parecendo meio assustada. Ela estava de costas.

Matt andou até ela, procurando ajuda-la e quando viu seu rosto, teve uma suspresa.

– Stace!- ele exclamou.

– Matt?- disse Stacey, e se levantou para dar um abraço em Matt; um abraço um tanto apertado- Oi!

– Está perdida?

– Um pouco- confessou Stacey- Acho que tenho aula de filosofia agora, mas não sei qual é a sala.

– Ora, eu te guio!- disse ele, cavalheiro- Venha, é por aqui.

Os dois andavam pelos corredores da velha escola St. Jude, até finalmente chegarem a sala de filosofia.

– Uau, obrigada Matt. Você é um verdadeiro cavalheiro- disse ela- Tchau!

A garota entrou na sala com certa rapidez, e Matt sorriu, satisfeito. Ele voltou ao refeitório, mas seu prato já havia sido tirado. Ele lembrou de Tod. Era muito esquisito ele ter faltado, já que era tão certinho e inteligente. Pegou o celular e discou seu número. Ninguém atendeu. Ele tentou mais algumas vezes, só que não obteve resposta. Assim, teve uma idéia. Uma idéia arriscada, mas uma idéia. Ele saiu da escola e pegou um táxi. Mandou ele ir para o endereço de Tod e, chegando lá, bateu na porta. Lydia o deixou entrar e ele foi direto ao quarto de Tod. Abriu a porta e viu o amigo, deitado na cama, com uma cara pálida e cansada.

– Tod- ele disse, quando o viu.

– Saia daqui. Quem o deixo entrar?

– Sua mãe- respondeu Matt, e Tod deu um gemido.

– Qual delas?- ele perguntou- Ah, é, lembrei que nenhuma delas é minha mãe.

Matt disse:

– Do que está falando?

– Só saia daqui.

– Por que faltou?

–VÁ EMBORA,PORRA!- gritou Tod, jogando um travesseiro em Matt. Chelsea apareceu na porta e sussurrou no ouvido de Matt:

– Ele está passando por um momento difícil. É melhor você ir.

Matt concordou com a cabeça, meio tristonho, e saiu do apartamento do West Side. Provavelmente, as aulas depois do almoço que Matt tinha já tinha acabado, e ele não sabia para onde ir. Voltou para casa e ligou a TV. Estava passando "Assassinato em Gosford Park". Ele ficou assistindo por um tempo e decidiu fazer uma maratona de filmes policiais. Assim passou o resto de sua tarde.