O Olho Do Deus escrita por Rebecka Albuquerque


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

GALEREEEEEE, acabei um capítulo mais longo que os outros :3
E com uma coisinha mais emocionante u.u
Espero que gostem do que fiz e que não me matem depois :B
Boa leitura!



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O lugar inteiro parecia saído de um dos filmes de ação do James Bond. Pelas paredes laterais estendiam-se lado a lado pinturas reproduzindo obras de Michelangelo e Botticelli. Uma vidraça ladeada por cortinas de veludo abria vista para a área externa da mansão aos fundos. Todo o cômodo era decorado em couro, no mais alto estilo vinda-para-matar. Perguntei-me se Alexandra tinha algum tipo de megalomania. Antes que pudesse concluir o diagnóstico uma risada contida chamou a minha atenção.

Sentada atrás da maior mesa de madeira de lei que eu já vira na vida, Alexandra sorria, inclinando-se para trás na poltrona como se considerasse o jeito mais doloroso de me matar.

- Todo mundo faz a mesma cara quando entra no meu gabinete pela primeira vez. Sente-se- Ela indicou a cadeira à sua frente.

Sentei-me sem tirar os olhos dela. Não reconheci em sua expressão qualquer resquício do luto que apresentara na noite anterior. Tampouco tinha os ares de megera indomada que eu aprendera a detestar desde que chegara ali. Parecia em estado de torpor, planando acima dos demais.

- O que você quer comigo?- Perguntei.

- Conversar. Sei que você era muito próxima do antigo diretor, então creio que possa me ajudar a esclarecer algumas situações. Me diga, onde você estava ontem à tarde, srta. Mason?

Ia responder de imediato, mas um instinto me alertou para recuar. Onde eu estava? Com Marcel, é claro. Ele havia me chamado à sua sala para conversarmos sobre o meu progresso nos estudos do caminho de Sekhmet. Inicialmente não entendi como aquilo poderia ajudar Alexandra a compreender melhor qualquer coisa, mas então a ficha caiu.

- Você... Não. Você não está sugerindo que eu...- O resto da frase ficou entalado na minha garganta seca demais.

- Não estou sugerindo nada, Scarlet.- Ela pronunciou o meu nome como se estivesse com um gosto ruim na boca- Responda a minha pergunta.

Hesitei mais um segundo. Não achava que fosse uma boa ideia dar qualquer informação sobre o dia anterior a Alexandra, mas que escolha eu tinha? Se me recusasse a cooperar acabaria por confirmar as suas suspeitas, mesmo que infundadas. Por fim, suspirei.

- Estava com Marcel ontem à tarde. Ele queria saber como eu estava me saindo nos estudos do caminho de Sekhmet. Saí da sua sala por volta das cinco horas e não voltei a vê-lo desde então. Mas como, exatamente, isso tem a ver com qualquer coisa que seja da sua conta?

Ela tamborilou os dedos na mesa, como se refletisse sobre o que eu acabara de contar-lhe. Ficou assim um instante, em silêncio, contemplando o nada à sua frente. Quando eu já começava a considerar a possibilidade de sair do gabinete e deixá-la sozinha com seus pensamentos, ela súbito abriu uma gaveta embutida na sua escrivaninha e de lá tirou um saco plástico pericial. Dentro do saco havia um medalhão que reconheci de imediato.

Na tarde anterior, quando me chamara ao seu escritório, Marcel me mostrara aquele mesmo medalhão circular de ouro trabalhado em padrões fundos cravejados de esmeraldas e rubis. Explicara que aquele era o símbolo da alta máfia de magos italianos que se autointitulavam "La Guarda Roja", e estavam envolvidos com todos os tipos de crime que se pode imaginar. Por que uma milícia italiana teria um nome em espanhol? Boa pergunta. E também era uma boa pergunta a que eu fizera a Marcel. Se La Guarda era conhecida por todos, então por que a polícia não fazia algo a respeito? Ele rira.

- Ah, Scarlet, você é ingênua demais. Eles são a polícia. São qualquer marca de poder que se tem no interior da Toscana. Em todos os lugares eles têm mandantes enviados para garantir que tudo ocorra como deve ocorrer. Não se pode esconder da Guarda.

A isso seguiram-se alguns segundos de silêncio. Eu tentara absorver o que Marcel me contara- uma facção do crime organizado onisciente e onipotente. Eu quase podia sentir os seus dois grandes olhos me vigiando aonde quer que eu fosse, à espreita, como um lobo que permite à sua caça alguns segundos de sossego antes do fim. Eu sempre me sentira segura dentro do 36 º Nomo; agora ponderava se mesmo li estaria sendo observada.

Alexandra pigaerreou. Olhava-me como se esperasse pela resposta de uma pergunta que nunca fizera. Empertiguei-me na cadeira, ciente de quão suspeita eu parecia encarando o medalhão daquele jeito.

- Você reconhece esse objeto? Já o viu antes?

- Eu... Sim, já o vi. Marcel me mostrou esse medalhão ontem à tarde. O que há de errado com isso?

Ela apenas sorriu da forma como eu imaginava que uma aranha faria antes de devorar um inseto. Comecei a me perguntar se talvez não tivesse sido mais prudente ficar de boca fechada.

Mas em vez de pular em cima de mim e dilacerar os meus órgãos, Alexandra apenas indicou a porta com um aceno de cabeça. Imaginei que aquela fosse a deixa para me retirar. Antes que as minhas pernas virassem purê, saí rapidamente para o corredor.

Pelo olhar que Alexandra me lançava, achei que ter órgãos devorados não fosse o pior que ela poderia fazer comigo.

Cinco horas mais tarde, todos os moradores da Casa do Arpoador foram convocados para uma reunião geral no salão principal. O motivo era óbvio: Iriam anunciar o novo diretor da Casa. Estávamos todos tão ansiosos para saber quem substituiria Marcel que, quando Alexandra apareceu no topo da escada que levava ao segundo andar, o silêncio que se instaurou imediatamente era quase tangível.

Alexandra apoiou as duas mãos na amurada:

- Como todos sabem, ontem veio a óbito o nosso antigo diretor e meu querido amigo Marcel Antonie Miramar Schmidt. Todos sentimos muito pela grande perda que foi a passagem de uma pessoa tão esplêndida, mas as atividades da Casa devem continuar. Por isso anuncio agora que a direção deste Nomo está agora sob minha responsabilidade.

Um burburinho de exclamação se agitou entre os aprendizes. Alexandra, diretora? Todos pareciam concordar que aquilo não estava certo.

- Silêncio!- Os ruídos cessaram ao comando de uma voz masculina alta demais. Percebi que Durian estava logo atrás de Alexandra, encostado na parede, com uma expressão indecifrável no rosto. Alexandra agradeceu-o e voltou-se para nós:

- Tenho mais um aviso para dar. Foi encontrado ao lado do corpo de Marcel um objeto contendo o seu sangue. A perícia analisou o achado e descobriu impressões digitais do provável assassino do nosso diretor- A multidão prendeu a respiração em uníssono- Sim, meus amigos. Marcel foi assassinado. E temo que o mentor dessa atrocidade esteja entre vocês.

Tum-tum. O tempo pareceu desacelerar. Talvez eu já soubesse o que aconteceria em seguida, mas isso não fez com que eu estivesse preparada para ver Alexandra olhar triunfante para mim e dizer:

- Scarlet Johanne Smirkov Mason, você está presa.


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Notas finais do capítulo

É, é isso. Desculpa se continua pequeno, eu não tenho muito tempo livre para escrever .-.
Bem, espero que tenham gostado dessa bomba que inventei. Pretendo postar um novo capítulo em breve.
Me digam o que acharam e em que posso melhorar, sou toda ouvidos :D
Beijinhos, até a próxima.