Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 9
Nono ano, já começa assim.




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Novo ano. Cheguei na escola cedo e adivinha quem estava lá? Tonny e Milena. Milena é uma garota baixa, morena, olhos castanhos claros. Uma fofura e incrivelmente linda. Tonny gostava dela há 3 anos mas ela não o aceitava de forma alguma. Não entendo porquê. Ele é bonito na verdade, gosto de seu cabelo.

Tonny: EAE MIGUEL!!

Eu: Eai hahaah.

Milena: Oioii.

Eu: Oii fofinha.

Tonny: Caraca você cresceu!

Eu: E você continua com essa cara de peixe morto haha.

Tonny: É o sono velho... Acordar seis da manhã para estudar é foda.

Eu: Ah no terceiro mês vocês acostumam.

Felipe chegou. Percebi pelo cheiro. Sim, Felipe tem um cheiro único, e parece que só eu sinto esse cheiro. Ele estava mais encantador do que nunca. Seus olhos verdes pareciam mais claros, seus cabelo loiro formava uma franja encurvada para a direita. Ele também cresceu um pouco, na verdade cresceu junto comigo. Minha cabeça parecia encostar em seu ombro. Usava o uniforme da escola de bermuda e camiseta, mesmo estando um pouco frio. Reparei que pelos cresceram em sua perna e braços, Pelos longos mas não grossos. Sua estrutura corporal parecia acadêmica.

Milena: MIGUEL CARALHO.

Eu: OIOI desculpe.

Milena: Tô falando com você.

Eu: O que foi?

Milena: Deu o horário, vamos subir.

Eu: Que? Como?? Mas eu cheguei meia hora antes da aula começar!

Tonny: Pois é, quinze minutos de conversa e no resto você dormiu de olhos abertos.

Meu deus, brisei com a beleza do Felipe. Que ótimo.

Subimos para a classe. Felipe sentou sozinho mas não olhava para ninguém. Pelo jeito, não estava a espera de dupla. Eu me sentei ao lado de Tonny, e Milena ficou a minha frente. Larissa e Patrícia estavam de dupla na mesma fileira de Felipe. Talvez elas tenham se entendido... Me lembro de uma briga que houve no corredor da escola entre as duas.

Me lembrei que Rafael tinha saído da escola. Ano passado eu nem conversei com ele direito.

Tonny: Está pronto para um novo ano?

Eu: Estou! E você?

Tonny: Sim. Você ficou em alguma recuperação ou DP?

Eu: Fiquei de Dp em geografia... Me distrai um pouco no ano passado.

Tonny: Você estava mau em história não era?

Eu: Sim, mas a nota do segundo trimestre me salvou.

Pois é, segundo trimestre foi quando Felipe me ajudou...

Tonny: Sortudo!! Fiquei de recuperação em redação mas passei. Peguei DP de matemática.

E ele falava para eu estudar sendo que pegou duas recuperações.

Eu: Duas recuperações Tonny?

Tonny: Mano... Fiquei atrás da Milena ano passado inteiro...

Eu: Quanto tempo faz que você ama ela?

Tonny: Faz uns dois anos.

Fiquei comovido com o que ele me disse. Dois anos amando uma garota que nunca lhe dá chances, mas mesmo assim continuar sendo melhor amigo. Guerreiro.

Tonny: Miguel! Seu aniversário!

Eu: Que que tem?

Tonny: Foi 16 de dezembro!

Eu: Sim, por que?

Tonny: Eu me esqueci cara hahahaha.

Eu: Bem que estranhei você não me dar parabéns.

Tonny: É fora dos dias de aula né. Eu nem me lembrei. Quantos anos?

Eu: 14 anos. Você fez 15 de outubro não?

Tonny: Sim, 14 anos.

Outubro. Não gosto desse mês. 29 de outubro é o aniversário do Felipe. A aula começou. Tonny de vez em quando fazia alguma piada, em forma de sussurro para não atrapalhar o professor. Cochichamos a aula inteira.

Passei todos os dias com Tonny, zoando e estudando também. Milena ficava conosco. Éramos como um trio de amigos! Com isso se passaram três meses.

Maio, dia 14. Cheguei na escola como de espera, 6 da manhã. Fui eu direção ao Tonny e Milena, mas antes percebi uma rodinha gritando "Sarah". Não entendi absolutamente nada. Afinal, quem é Sarah?

Eu: Tonny, quem é Sarah?

Tonny: Sarah é uma rede social fake. A Larissa criou para ficar xingando as pessoas da escola.

Larissa... Sim, aquela que me deu um beijo na classe, aquela que brigou com a Patrícia no corredor por algum motivo...

Milena: Pois é, fica criando fake, é nisso que da.

Eu: Ela xingou vocês?

Tonny: Não, mas eu vi a foto da garota. Ela fez uma fake bonita, mas acabou deixando escapar o segredinho.

Eu: O que leva uma menina a criar fake?

Tonny: Também não sei.

Como cheguei em cima da hora, subimos para a sala. Sentei ao lado de Tonny. Larissa ficou um tanto isolada na sala. Uma cadeira ficou vaga na minha frente, que seria a de Milena. Onde ela estava? Quando olhei para a fileira do lado, bati o olho. Milena de dupla com Felipe.

Depois vou esclarecer isso com ela. Tivemos aulas como de costume. No intervalo, Milena também não lanchou conosco. Na minha mente, ela deve ter achado alguma amizade feminina para conversar, bater os papos de vestido, essas coisas de mulheres.

Mas não. Não foi bem assim. Olhei em volta do refeitório, e Felipe também não estava lá. Minha pressão subiu, fiquei mais agitado. Pedi licença ao Tonny e sai a procura de Milena. Quando cheguei no corredor do segundo andar, Milena estava conversando com Felipe. Eles não me viram, mas eu quis saber de primeira que diabos eles estavam fazendo antes daquela suposta conversa. Esperei Felipe se afastar, e então eu fui falar com ela.

Eu: O que vocês estavam fazendo?

Milena: O-Oi Miguel haha.

Eu: O que vocês estavam fazendo?

Milena: Conversando.

Eu: Sobre?

Milena: Ai, vou te contar mas é segredo viu?

Eu: Ok, pode falar.

Milena: To ficando com ele.

Eu: MAS O QUE?!

A primeira vista surtei. Queria meter umas chibatadas nela, e foda-se a Maria da Penha.

Milena: Sim, ele me chamou no celular ontem.

Eu: Mas e o Tonny?

Milena: Ah ele tem que partir para outra né? Já disse que não correspondo.

Eu: Conte para ele, talvez ajude a superar.

Não, só vai destruir mais o Tonny. Porém, é melhor do que deixar ele levando facada nas costas.

Milena: Vou contar.

Eu e Milena fomos até o refeitório. Ela ficou com vergonha, não sei o porquê, mas pediu para eu contar. Tudo bem, eu fui e falei direto.

Eu: Milena está ficando com o Felipe.

Tonny: O que?!

Eu: Isso, ela está ficando com o Felipe.

Tonny não conseguia esconder a tristeza, seus olhos encheram de lágrimas, porém, parecia muito irritado.

Tonny: Vou socar ele.

Eu deixei, claro. Não vou ficar parando Tonny. Se ele quer bater no Felipe, pode bater. Não tenho nada com ele mesmo.

Mas Tonny se segurou. Só colocou a cabeça em meu ombro, escondendo os olhos, e chorou muito. Perdemos uma aula por causa desta tristeza. Eu não poderia esconder que também estava nervoso. Talvez porque a Milena ficou com outra pessoa, sendo que Tonny a ama por anos. Ou por ela escolher logo o Felipe. Na hora me veio a mente. Estou com ciúmes. Pelo jeito, as férias não deram um jeito nessa minha caidinha por Felipe.

As aulas acabaram. Deixei Tonny em sua casa e fui para a minha. Peguei o celular e liguei para Milena.

Eu: Milena, larga o Felipe. Sério.

Milena: Por que?

Eu: Ele é falso! Ele só faz isso pra você ser uma a mais na listinha dele. E o Tonny... Ele que te ama de verdade.

Milena: O Tonny é lindo, mas não faz meu tipo.

Eu: E por que diabos o Felipe é seu tipo?

Milena: Olha aqui Miguel, vou ficar com quem eu bem entender ok?

Minha raiva foi enorme. Desliguei a chamada. Não sabia de eu socava algo ou chorava. Fiquei um tempinho pensando em como o Tonny deve estar. Mas depois liguei para Milena.

Eu: Mi...

Milena: O que você quer?

Eu: Eu amo o Felipe.

Milena: Você é gay?!

Decidi abrir o jogo e encarar a realidade. Se eu o amo, e se sou gay, não vou ficar escondendo.

Eu: Sim, e o amo.

Milena: Ai... Desculpa...

Eu: Tudo bem... Só termina com ele por favor.

Milena: Tudo bem. Desculpa mais uma vez.

Eu: Quanto tempo vocês namoram?

Milena: Desde o começo do ano ele vem dando em cima de mim.

Eu: Desligando.

Milena: Até.

Ótimo. Tonny já não vai mais sofrer tanto, nem eu. Espero que isso resolva... Agora, por que eu não simplesmente xinguei, ou bati nela? Milena é uma amiga especial para mim. Obviamente eu tive a vontade de bater, mas não posso, eu não sou assim. E agressividade não leva a lugar algum. Só me deitei na cama e fiquei olhando para o teto, imaginando como seria minha vida como gay... Casar com homem, um filho com dois pais, contar para minha mãe, a reação de meus amigos, e inclusive de Tonny... Adormeci.


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