Não sou gay!! escrita por Signature Black


Capítulo 46
O Dia do Segredo




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Acordei com o celular despertando. Levantei, tomei banho, vesti uma camisa verde e bermuda. Comei café da manhã e fui direto para o parque. Chegando lá, vi Felipe sentado na grama com seu skate do lado. Ele estava apoiando as costas em uma macieira. Parecia estar cochilando ou apenas com os olhos fechados. Estava vestindo uma camisa azul e bermuda vermelha. Me sentei ao seu lado colocando a cabeça em seu ombro esquerdo.

Felipe: Bom Dia meu amor.

Eu: Do que me chamou?

Felipe: Desculpe... Eu esqueço que você odeia essas coisas de amor e tal.

Eu: Não não, tudo bem. Pode chamar.

Felipe: Sério?

Eu: Sim sim.

Felipe: Meu amor...

Eu: Meu amor...

Felipe: Gosto de falar isso. Você está ficando cada dia mais feminino.

Levantei a cabeça, me sentei na grama e olhei para o Felipe.

Eu: O que?

Ele abriu os olhos fazendo perninha de índio. Pegou seu skate com as duas mãos, olhou para mim com um sorriso no rosto e sobracelhas retas. Continuou falando:

Felipe: É. Com o tempo você foi ficando mais feminino.

Eu: Eu sou... Uma bixa louca??

Felipe: NÃO HAHAHA. Não foi isso que eu quis dizer. Como posso explicar?... Bom. Quando eu te vi, uns dois anos atrás, você era mais machista sabe? Um pouco mais masculino. Agora você está adquirindo as qualidades femininas.

Eu: Que tipo de qualidades?

Felipe: Está começando a gostar de romance.

Eu: ...

Felipe: Relaxa, eu não ligo para isso. Você continua sendo o meu amor. Então, seus gostos mudaram apenas em relação ao amor?

Felipe arrastou sua mão pela grama, depois passou sobre a região do meu pênis na bermuda.

Felipe: Ou mudaram para outros tipos de relações também?

Eu: Não. Meus gostos para esse tipo de relações não mudaram. Tira a mão.

Felipe: Me conta como vai a escola?

Eu: Vai bem. O Diego está namorando a Isabela.

Felipe: Isabela... A de Paula?

Eu: Sim. Isabela de Paula.

Felipe: Sério? Poxa. Faz um tempinho que ele queria ela não é?

Eu: Faz sim.

Felipe: Fico feliz por ele. Como vão Tonny e Milena? Continuam instáveis?

Eu: Eles não se separaram. Talvez esse namoro deles dure.

Felipe: Parece que vai durar mesmo. O Mendes continua te paquerando?

Eu: Nem vejo ele direito... Ele deu uma sumida depois que falei algumas coisas.

Felipe: O que você disse?

Eu: Eu perguntei se a namorada dele sabia que ele estava querendo chifrar ela com um homem.

Felipe: Essa frase ficou confusa mas eu entendi. E o que ele disse?

Eu: Nada. Ficou quieto.

Felipe: Sério? Hahaha. Quanto tempo faz?

Eu: Ah sei lá. Algumas semanas.

Felipe: Ele é muito cara de pau.

Eu: Sem dúvidas. E a sua escola? As pessoas te tratam bem?

Felipe: Olha cara... Não.

Eu: Não?

Felipe: Nem um pouco.

Eu: Como não?

Felipe: São metidinhos. Chatos. Os professores ficam irritados se você não entende. E o pior, tem meninas dando em cima de mim.

Eu: Como é que é?

Felipe: Sim! São quatro. Duas morenas, uma loira e uma ruiva.

Eu: São bonitas?

Felipe: São.

Eu: Então come elas.

Levantei e sai de perto. Felipe ficou chamando por meu nome mas não quis nem saber. Ele que se foda com as quatro gostosas vadias assanhadas e carentes. Fui comprar um sorvete. Uma garota loira ficou atrás de mim na fila. Eu não reparei muito nela, fiquei concentrado no caixa. Quando cheguei, pedi um sorvete de brigadeiro. Paguei e a moça me entregou a sobremesa. Me sentei em uma das mesas que tinha por lá. Felipe me viu e longe e veio na minha direção. Eu fingi não ter visto ele. Em pouco tempo, a garota que estava atrás de mim na fila se sentou ao meu lado e ficou me olhando.

Eu: Que foi?

Ela: Nada. Meu nome é Clara, e o seu?

Eu: Miguel.

Clara: Miguel. Que nome lindo.

Eu: Obrigado. Seus olhos são lindos também.

Ela era loira de olhos castanhos claros. O nome até combinava. Clara dos olhos claros. Bem bonita e da minha altura. Não reparei nas partes íntimas dela.

Clara: Você está namorando?

Eu: Por que?

Clara: Só para saber.

Eu: Você está?

Clara: Não. Estou procurando um namorado. Um moreno, olhos pretos. Mas bem pretos mesmo, assim como os seus. Um bem bonito que use bermuda, seja gentil e forte...

Clara passou a mão direta pela meu braço. Ficou acariciando. Eu olhei para ela com cara de... Cara de nada!! O que se faz em uma situação dessas?

Felipe chegou todo bravo. Bateu a mão na mesa fazendo um estrondo enorme. Todos por perto olharam para a nossa mesa.

Felipe: Posso saber o que essa vaca está fazendo?

Eu: Não sei! Eu não conheço ela.

Felipe: Então dá licença. Vou estourar a cara dela.

Eu: Calma Felipe. Maria da Penha.

Felipe: Foda-se. Na hora do fight não existe essa Maria sei lá do que.

Eu: Calma amor. Calma calma calma.

Peguei na mão de Felipe e levei ele para o lugar de antes. Apoiei as costas na árvore. Ele deitou a cabeça no meu colo. Eu fiquei mexendo em seu cabelo com a mão direita, e com a esquerda, deixei em cima de seu tórax. Ele segurou minha mão esquerda, ainda em seu de seu peito.

Eu: Você ficou com ciúme mesmo?

Felipe: Sim. Muito na verdade.

Eu: Relaxa...

Felipe: Você não sabe o quanto isso me deixa puto mano.

Eu: Calma velho...

Felipe: Não consigo.

Eu: Vamos falar de outra coisa, beleza?

Felipe: Tá, beleza.

Eu: Quer fazer o que? Temos o dia todo livre.

Felipe: Sabe... Eu estava pensando em uma coisa nesses dias...

Eu: Pensando no que?

Felipe: O que acha de contar para os nossos pais?

Eu: Contar sobre o namoro?

Felipe: Sim.

Eu: Eles não vão gostar...

Felipe: Meus pais vão aceitar de boa. Eles já sabem que eu sou gay.

Eu: Sabem?

Felipe: Sim. Minha mãe sempre soube. Aí eu contei essa semana para o meu pai.

Eu: Ele ficou bravo?

Felipe: Ele disse que eu devo ser o que bem entender.

Eu: Nossa... Quem dera ter uma mãe assim...

Felipe: Você não contou para ela?

Eu: Minha mãe é homofóbica...

Felipe: Nossa... Sério?

Eu: Sim. Ela não vai aceitar.

Felipe: Podemos contar hoje para ela. Eu vou com você.

Eu: Está doido??

Felipe: Quanto antes melhor. Você pode dormir na minha casa hoje, para que não haja brigas nem discussões entre vocês.

Eu: Felipe... Eu não sei...

Felipe: Vamos amor... Você tem que falar quanto antes! Pense bem. Estamos namorando, certo?

Eu: Sim.

Felipe: E provavelmente você quer dormir comigo, certo?

Eu: Naturalmente.

Felipe: Então. Temos 15 anos, e até o final do ano já vamos ter 16. Em três anos vamos nos casar. Parece muito mas o tempo voa!

Eu: Vamos nos casar?

Felipe: Vamos. Eu vou te pedir em casamento. E vai ser no cartório, do jeito que você sempre quis.

Felipe se levantou, sentou no meu colo e me deu um beijo curto.

Felipe: E aí? Topa?

Eu: Topo...

Felipe: Isso! Aí sim.

Felipe se levantou cheio de energia. Eu estava um pouco para baixo, mas me levantei também. Ele pegou o skate, me puxou pela mão até perto da estrada do parque ( onde não passam carros, apenas bicicletas ) .

Felipe: Quer andar?

Eu: De skate?? Não não! Isso nem faz meu tipo.

Felipe: Tenta! É divertido.

Eu: Ah... Vai. Eu tento.

Felipe: Uhu! Suba nele.

Eu: Eu vou cair...

Felipe: Relaxa, eu te seguro! Me dê a mão.

Ficamos fora de casa até escurecer. Voltando no caminho, Felipe estava com o braço sobre meus ombros. Chegamos na frente da minha casa. Ele segurou uma de minhas mãos e olhou para mim.

Felipe: Hey... Vai ficar tudo bem. Eu te prometo.

Mexi a cabeça para dizer Ok, seguido de um suspiro.

Felipe: Beleza... Vamos...

Entramos na casa de mãos dadas. Minhas mãe estava vendo a novela na sala. Ela olhou para nós. Eu não entendi muito bem o que quis dizer a sua expressão. Meu coração batia extremamente rápido. Comecei a ficar com calor e muita vergonha.

Felipe sentou no sofá e foi me puxando pela mão para sentar ao lado dele. Colocou seu skate no chão. Com os dois braços me deu um abraço por trás. Minha mãe ficou olhando para nós. Eu virei para ela e disse com calma.

Eu: Mãe... Estou namorando o Felipe.

Ela fechou os olhos abaixando a cabeça. Eu tive uma vontade imensa de chorar. Peguei na mão de Felipe. Minha mãe levantou o rosto cheio de lágrimas.

Mãe: Quanto tempo faz?

Eu: Dois anos...

Mãe: Bom... Eu vou para o meu quarto. Tem comida na cozinha, só esquentar. Amanhã a gente conversa.

Ela subiu chorando. Assim que ela saiu de nossa visão, eu comecei a chorar também. Me apoiei no ombro de Felipe e escondi o rosto.

Felipe: Amor, calma. Foi tudo bem... Amanhã ela vai estar mais calma. Relaxa.

Eu: Eu te amo.

Felipe: Eu também te amo. Eu te amo muito na verdade.

Peguei uma troca de roupas no armário. Desligamos todas as luzes e fomos para a casa de Felipe. Ele pediu para eu subir para o quarto e fechar a porta. Eu fiz isso. Deixei minhas roupas na cama. Fui até a porta colocar o ouvido. Estava um pouco baixo pois eles estavam na sala mas eu ouvi um pouco da conversa.

Felipe: Pai, desliga a Tv.

O som da tv parou. Talvez ele tenha desligado.

Felipe: Eu estou namorando.

Mãe: Ele é bonito?

Felipe: Sim mãe. Ele é lindo.

Pai: Quando vamos conhecer o rapaz de sorte?

Felipe: Ele está lá em cima.

Pai: Traga ele!

Me deitei na cama. Depois de um tempo, Felipe abriu a porta.

Felipe: Venha.

Descemos as escadas. Entramos na cozinha. Seus pais estavam sentados na mesa. Felipe se sentou e eu fiquei ao seu lado.

Felipe: Pai, mãe, eu lhes apresento meu namorado.

Mãe: Que garoto lindo você arranjou filho.

Pai: E melhor ainda! É um que nós conhecemos. Felicidades para os dois.

Mãe: Pode dormir aqui sempre que quiser Miguel. Não precisa pedir! e juízo heim!

Felipe: Bom galera. A mãe do Miguel não gostou da ideia. Ela ficou chorando no quarto. Será que vocês podem falar com ela amanhã?

Mãe: Claro que sim!

Pai: Amanhã cedinho vamos na casa dele.

Felipe: Valeu gente. Amo vocês.

Mãe: Tudo por você filho.

Subimos. Felipe trancou a porta.

Eu: Seus pais são simplesmente incríveis.

Felipe: Eles são pessoas perfeitas.

Troquei de roupa e me deitei de baixo das cobertas. Felipe olhou para mim. Ele tirou a camisa e ficou apernas de bermuda. Deitou do meu lado. Ficamos com os rostos em 5 centímetros na distância.

Felipe: Amor, não fica triste... Amanhã vai estar tudo resolvido.

Minha expressão não mudou. Continuei triste. Felipe me deu um beijo na testa.

Felipe: Vai jantar?

Eu: Não. Estou sem fome.

Virei para o outro lado, de costas para Felipe. Ele desligou o abajur do lado da cama, me puxou e ficou na posição que chamam de "Dormir de Conchinha".

Felipe: Eu te amo.

Eu: Também te amo.


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